17.04.2013 Views

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Parte V – O <strong>hom<strong>em</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>Estado</strong> do século V<br />

Assim, po<strong>de</strong>mos armar que a , enquanto formação cultural e<br />

ética, começou por ser apanágio da classe <strong>de</strong>tentora do po<strong>de</strong>r. Aliás, este tipo<br />

<strong>de</strong> educação servia <strong>de</strong> el<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> distinção entre os aristocratas educa<strong>dos</strong> e<br />

«superiores» e o povo, que n<strong>em</strong> tinha t<strong>em</strong>po para essas ativida<strong>de</strong>s n<strong>em</strong> fora<br />

criado para participar nelas. Nesse sentido, é curioso l<strong>em</strong>brar que diferentes<br />

autores chamam a nossa atenção para o facto <strong>de</strong> a só dar frutos se<br />

«aplicada» a alguém que tenha condições conatas para recebê-la. Píndaro (N.<br />

3. 40 sqq.), por ex<strong>em</strong>plo, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que<br />

138<br />

<br />

<br />

[<br />

<br />

“A glória, só quando é inata, t<strong>em</strong> real valor.<br />

Qu<strong>em</strong> só t<strong>em</strong> o que apren<strong>de</strong>u é um <strong>hom<strong>em</strong></strong> obscuro e [in<strong>de</strong>ciso,<br />

nunca caminha com um passo seguro.<br />

Apenas experimenta inúmeras formas <strong>de</strong> excelência com um espírito<br />

[imperfeito.”<br />

E arma ainda <strong>em</strong> O. 2. 86 sqq.:<br />

<br />

<br />

<br />

“Sábio é qu<strong>em</strong> muito sabe por natureza.<br />

Os que precisam <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r são como corvos<br />

alarves na garrulice, que grasnam <strong>em</strong> vão<br />

contra a ave sagrada <strong>de</strong> Zeus 14 .”<br />

Po<strong>de</strong>mos, por isso, concluir que, segundo este poeta, ainda que a instrução<br />

tenha algum valor, só alcançará a sua plenitu<strong>de</strong> se se unir a alguém cuja<br />

ascendência seja digna <strong>de</strong> recebê-la 15 .<br />

Já <strong>Plutarco</strong> (Moralia 8E) apresenta como condição não tanto o «sangue»,<br />

mas a riqueza 16 possuída pela família, s<strong>em</strong> a qual é quase impossível que um pai<br />

14 A tradução apresentada é <strong>de</strong> Lourenço (2006: 105).<br />

15 Este t<strong>em</strong>a é retomado <strong>em</strong> E. Hec. 592-600 a propósito da <strong>de</strong> Políxena. Nesse<br />

passo, Hécuba (como já antes o coro nos versos 379-381) valoriza a importância da orig<strong>em</strong> para<br />

que uma pessoa tenha uma natureza boa, que po<strong>de</strong> ser ainda melhorada se se tiver acesso a uma<br />

educação condigna. Como ver<strong>em</strong>os adiante (p. 148), Platão e Aristóteles têm uma perspetiva<br />

s<strong>em</strong>elhante, pois relacionam as qualida<strong>de</strong>s/capacida<strong>de</strong>s das crianças com as <strong>dos</strong> progenitores.<br />

16 Platão (Prt. 326c) salienta que os pais que têm possibilida<strong>de</strong>s (e diz os ricos são os que

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!