17.04.2013 Views

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Atenas, o umbigo da Héla<strong>de</strong><br />

a perspicácia 67 , virtu<strong>de</strong>s personicadas por T<strong>em</strong>ístocles, o <br />

(uc. 1. 74. 1), responsável pela estratégia que conduziu à<br />

vitória.<br />

Na perspetiva <strong>dos</strong> «injustiça<strong>dos</strong> Atenienses», toda a má vonta<strong>de</strong> existente<br />

<strong>em</strong> relação a eles <strong>de</strong>corre da inveja () contra o seu império 68 , um<br />

sentimento que é imerecido e sobretudo pouco coerente, porque aquele foi<br />

como que um presente <strong>dos</strong> alia<strong>dos</strong> 69 e não teve orig<strong>em</strong> <strong>em</strong> iniciativas <strong>de</strong><br />

Atenas, apesar da sua natural superiorida<strong>de</strong>.<br />

De facto, os Atenienses atribu<strong>em</strong> à Lace<strong>de</strong>mónia uma quota-parte <strong>de</strong><br />

participação na constituição do império, porque se <strong>de</strong>mitiram <strong>de</strong> expurgar<br />

totalmente os Bárbaros da Héla<strong>de</strong> (cf. Lys. 2. 44) e porque hostilizaram os<br />

alia<strong>dos</strong> (Plu. Arist. 23, Cim. 6. 2) 70 . Foi por essa razão que muitos Gregos,<br />

enxovalha<strong>dos</strong> por Pausânias, se dirigiram aos Atenienses – nomeadamente<br />

a Aristi<strong>de</strong>s e Címon 71 –, pedindo-lhes que os orientass<strong>em</strong> na condução da<br />

estratégia para expulsar <strong>de</strong>nitivamente o inimigo. Com este argumento,<br />

Atenas preten<strong>de</strong> provar que, <strong>de</strong> início, não tinha qualquer intenção imperialista<br />

e que não usou <strong>de</strong> violência para formar o império <br />

– uc. 1. 75. 2), dando provas do seu caráter mo<strong>de</strong>rado (). Os<br />

únicos culpa<strong>dos</strong> pelo <strong>de</strong>spoletar <strong>de</strong>ssa situação foram os que se <strong>de</strong>mitiram <strong>de</strong><br />

ajudar os alia<strong>dos</strong> e aqueles que se lhes dirigiram a pedir auxílio 72 . Por isso, o<br />

primeiro gran<strong>de</strong> responsável pela dimensão que o império <strong>ateniense</strong> assumiu<br />

verda<strong>de</strong>, os Atenienses acreditavam na sua superiorida<strong>de</strong> intelectual relativamente aos <strong>de</strong>mais,<br />

nomeadamente sobre o inimigo (uc. 2. 62). Disso nos dão test<strong>em</strong>unho ainda, por ex<strong>em</strong>plo,<br />

Hdt. 1. 60 (on<strong>de</strong> o historiador arma que os Atenienses eram <br />

) e E. Med. 824-832, on<strong>de</strong> se elogia a mais pura sabedoria <strong>de</strong> Atenas<br />

().<br />

67 Em uc. 1. 75. 1, o orador refere-se à perspicácia da estratégia como <br />

Não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser curioso notar que os Coríntios, <strong>em</strong>bora não se tenham referido à perspicácia<br />

<strong>de</strong> Atenas, mencionaram a ausência <strong>de</strong>ssa virtu<strong>de</strong> nos Lace<strong>de</strong>mónios – <br />

(uc. 1. 69. 3). Sobre a natureza intuitiva <strong>de</strong> T<strong>em</strong>ístocles, vi<strong>de</strong> uc. 1. 138 e comentários a<br />

este passo <strong>em</strong> Gomme (1945-1956: 442-443); Hornblower (1991: 123); Finley (1947: 95-8);<br />

Milman Parry (1981: 141).<br />

68 uc. 1. 75. 1. A inveja () também é apresentada por Lys. 2. 48 como causa<br />

da guerra entre Gregos.<br />

69 Lys. 2. 47.<br />

70 Curiosamente, segundo Plu. Arist. 23. 7, a reação <strong>de</strong> Esparta à perda da heg<strong>em</strong>onia foi<br />

admiravelmente pacíca.<br />

71 Plu. Cim. 16. 2-3 atribui a responsabilida<strong>de</strong> da heg<strong>em</strong>onia <strong>de</strong> Atenas sobre a Grécia não ao<br />

po<strong>de</strong>r das armas mas à doçura () e humanida<strong>de</strong> com que Címon, por causa do seu caráter,<br />

acolhia os alia<strong>dos</strong>. O biógrafo faz, contudo, questão <strong>de</strong> salientar que esta aproximação não foi um<br />

processo pr<strong>em</strong>editado pelos Atenienses, quando arma que Címon e Aristi<strong>de</strong>s, apercebendo-se<br />

da insatisfação da generalida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> Helenos, ainda tentaram, s<strong>em</strong> sucesso, chamar Pausânias à<br />

razão. Fica, pois, mais uma vez a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que a heg<strong>em</strong>onia foi algo que aconteceu a Atenas por<br />

incúria <strong>de</strong> Esparta.<br />

72 Cf. uc. 1. 75. 2, 1. 95. 1 e 7. Segundo E. Supp. 188-190, ajudar é inato aos Atenienses.<br />

127

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!