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O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

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Parte IV<br />

mas <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r-se-á <strong>de</strong> um eventual ataque com to<strong>dos</strong> os meios e forças que<br />

estiver<strong>em</strong> ao seu alcance (uc. 1. 78. 4).<br />

Esta postura po<strong>de</strong>, por isso, ser encarada como <strong>de</strong>monstração da arrogância<br />

e egocentrismo <strong>de</strong> alguém que não preten<strong>de</strong> prestar contas <strong>dos</strong> seus atos diante<br />

<strong>dos</strong> pares, e conrma, <strong>de</strong> certo modo, a perceção <strong>dos</strong> alia<strong>dos</strong> <strong>de</strong> que Atenas, a<br />

cada dia, se tornava mais prepotente. Por outro lado, se consi<strong>de</strong>rada daquela<br />

que parece ser a perspetiva <strong>ateniense</strong>, esta posição ex<strong>em</strong>plica uma atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

respeito pela lei e pelos tribunais (cada assunto <strong>de</strong>ve ser resolvido <strong>em</strong> local e<br />

momento oportunos), mas também <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> prestou serviços e<br />

exige o <strong>de</strong>vido reconhecimento.<br />

O gran<strong>de</strong> serviço que Atenas elege como ban<strong>de</strong>ira da sua ação justiceira<br />

e civilizadora <strong>em</strong> prol da Héla<strong>de</strong> são as Guerras Medo-Persas (uc. 1.<br />

73. 2), que permitiram fomentar a união entre Helenos e a luta contra os<br />

Bárbaros 60 . Ao <strong>de</strong>screver a atuação da sua pátria no contexto <strong>de</strong>sse conito,<br />

o orador conrma qualida<strong>de</strong>s já antes exaltadas pelos Coríntios. Uma <strong>de</strong>las<br />

é o ardor 61 (), superlativamente qualicado como o mais resoluto<br />

(, uc. 1. 74. 1) e o mais audaz (, uc. 1. 74. 2) 62 .<br />

Outra, o <strong>de</strong>sprendimento <strong>de</strong> abandonar a cida<strong>de</strong> e os bens 63 por um objetivo<br />

maior: não pôr <strong>em</strong> causa o sucesso <strong>dos</strong> então alia<strong>dos</strong>.<br />

D<strong>em</strong>ais, o orador <strong>ateniense</strong> acrescenta qualida<strong>de</strong>s que os Coríntios<br />

certamente omitiram ou por não as reconhecer<strong>em</strong> ou por, reconhecendo-as,<br />

não lhes interessar chamar a atenção para elas. É o <strong>caso</strong> do espírito altruísta 64<br />

que se <strong>de</strong>preen<strong>de</strong> da ação <strong>de</strong> qu<strong>em</strong>, tendo a sua pátria já sido <strong>de</strong>struída e<br />

quando parecia já não haver solução para o probl<strong>em</strong>a, se entrega <strong>de</strong> corpo e<br />

alma à luta pela libertação conjunta ( – uc. 1. 74. 3; cf. Lys.<br />

2. 24) das gentes oprimidas pelos Bárbaros, <strong>dos</strong> que não acorreram <strong>em</strong> sua<br />

<strong>de</strong>fesa 65 e <strong>de</strong>les próprios. O mesmo acontece com a inteligência política 66 e<br />

60 Estas duas consequências da atuação <strong>ateniense</strong> nas Guerras Médicas são apontadas por<br />

Isoc. 4. 34-37 e Lys. 2. 56 como paradigma <strong>dos</strong> benefícios que a ação <strong>de</strong> Atenas trouxe às<br />

<strong>de</strong>mais cida<strong>de</strong>s gregas. Sobre os serviços presta<strong>dos</strong> por Atenas durante esta guerra, vi<strong>de</strong> uc.<br />

6. 82-83.<br />

61 Mencionado igualmente, por ex<strong>em</strong>plo, por Plu. Cim. 13. 1 ().<br />

62 uc. 1. 44. 2. Cf. supra p. 124. Os Atenienses voltam a referir-se a essa virtu<strong>de</strong> <strong>em</strong> uc.<br />

1. 75. 1 (), <strong>em</strong> 1. 74. 3 ( ‘afrontar o risco’) e <strong>em</strong> 1. 74. 3 ().<br />

63 Vi<strong>de</strong> supra p. 124. Cf. Isoc. 4. 94.<br />

64 Cf. p. 117, nota 14 e Lys. 2. 23.<br />

65 Trata-se <strong>de</strong> uma postura contrária à <strong>dos</strong> Lace<strong>de</strong>mónios que, segundo Coríntios e<br />

Atenienses (respetivamente uc. 1. 59. 3-5, 1. 74. 3-4), só ag<strong>em</strong> quando ve<strong>em</strong> o seu próprio<br />

território ameaçado. Cf. etiam Isoc. 12. 48.<br />

66 Cf. Hdt. 8. 57-63, on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>screve a mestria com que T<strong>em</strong>ístocles convenceu os alia<strong>dos</strong><br />

a combater <strong>em</strong> Salamina. Em uc. 1. 144, Péricles salienta que a vitória sobre os Persas cou<br />

a <strong>de</strong>ver-se mais à inteligência do que à sorte: . Também <strong>Plutarco</strong><br />

chama a atenção para a inteligência <strong>de</strong> T<strong>em</strong>ístocles, admirada pelo Rei (<strong>em</strong>. 28. 6 – <br />

, que surge associada à corag<strong>em</strong> – ) e pelos Espartanos (<strong>em</strong>. 17. 3 – ). Na<br />

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