17.04.2013 Views

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Parte IV<br />

120<br />

Recor<strong>de</strong>mos o que diz Tucídi<strong>de</strong>s.<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

28<br />

“N<strong>em</strong> jamais calculastes contra que tipo <strong>de</strong> inimigo será a luta. São<br />

Atenienses! Quanto e como difer<strong>em</strong> <strong>de</strong> vós <strong>em</strong> tudo!<br />

Eles são inovadores e vivos no planear e realizar o que têm <strong>em</strong> mente (...). E<br />

ainda, são audazes além da força, t<strong>em</strong>erários além da razão, no perigo, otimistas;<br />

é característica vossa agir aquém das forças, não conar n<strong>em</strong> sequer nas reexões<br />

seguras e julgar que jamais vos livrareis <strong>dos</strong> perigos. Eles são resolutos e vós,<br />

hesitantes; dispostos a <strong>de</strong>ixar a sua terra, e vós apegadíssimos à vossa (...).”<br />

Do excerto que acabámos <strong>de</strong> transcrever (e da totalida<strong>de</strong> do parágrafo on<strong>de</strong><br />

se insere), ressalta a 29 , consi<strong>de</strong>rada por muitos o principal<br />

traço do caráter <strong>ateniense</strong>, <strong>em</strong>bora Tucídi<strong>de</strong>s não utilize o substantivo abstrato<br />

que o <strong>de</strong>signa. Esse dinamismo, esse <strong>em</strong>preen<strong>de</strong>dorismo, essa prontidão para<br />

a ação que os impe<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> meros espectadores <strong>dos</strong> acontecimentos é,<br />

direta ou indiretamente, responsável por to<strong>dos</strong> os sucessos que Atenas logrou<br />

e pela crítica que os Coríntios lhe faz<strong>em</strong> <strong>de</strong> nunca <strong>de</strong>ixar<strong>em</strong> ninguém <strong>em</strong> paz 30 .<br />

O êxito <strong>de</strong>sta característica está, segundo Péricles (uc. 2. 40) 31 ,<br />

28 uc. 1. 70. 1-4. A tradução apresentada é <strong>de</strong> Prado (1999: 93). Para uma análise linguística<br />

e literária do discurso <strong>dos</strong> Coríntios, leia-se Milman Parry (1981: 126-138).<br />

29 Vi<strong>de</strong> Adkins (1971: 301-327); Allison (1979: 10-22); Ehrenberg (1947: 46-67);<br />

Gutglueck (1988: 21-39). Sobre este conceito <strong>em</strong> Tucídi<strong>de</strong>s, vi<strong>de</strong> Gomme (1945-1956: 232)<br />

e Hornblower (1991: 115). A maior prova da ativida<strong>de</strong> frenética <strong>dos</strong> Atenienses é o relato <strong>de</strong><br />

uc. 1. 89-117, conhecido por Pentecontaitia, que <strong>de</strong>screve os acontecimentos <strong>de</strong>corri<strong>dos</strong> entre<br />

o m das Guerras Medo-Pérsicas e o <strong>de</strong>bate <strong>de</strong> Esparta, ou seja a formação do império.<br />

30 A paródia que Ar. Plu. 911-915 faz <strong>de</strong>sta característica não podia estar mais <strong>de</strong> acordo com<br />

a perspetiva <strong>dos</strong> Coríntios: o Sicofanta consi<strong>de</strong>ra prestar um serviço à cida<strong>de</strong> o «meter o nariz»<br />

(913) na vida alheia, para socorrer as leis existentes e impedir prevaricações.<br />

Havia, contudo, logo no início da formação do império, políticos com a perceção <strong>de</strong> que este<br />

excesso <strong>de</strong> vitalida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> Atenienses, incapazes <strong>de</strong> car tranquilos e s<strong>em</strong>pre prontos para novas<br />

<strong>em</strong>presas e conquistas, podia <strong>de</strong>sagradar aos alia<strong>dos</strong>. Segundo Plu. Cim. 18. 1, foi por isso que<br />

Címon, <strong>em</strong> uma tentativa <strong>de</strong> direcionar a atenção <strong>dos</strong> concidadãos para longe <strong>dos</strong> povos da<br />

mesma raça, <strong>de</strong>cidiu realizar uma expedição contra o Egito e Chipre. Sobre o comportamento<br />

contrário <strong>de</strong> Péricles, vi<strong>de</strong> p. 262, n. 238.<br />

31 Cf. Isoc. 8. 52.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!