17.04.2013 Views

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Parte III - A Vida <strong>de</strong> Teseu<br />

110<br />

261<br />

“armado, atacando os bárbaros <strong>em</strong> sua <strong>de</strong>fesa.”<br />

Apenas nessa altura – ou seja, vários séculos após a sua morte e por<br />

indicação da Pítia – é que os ingratos Atenienses tentaram recuperar os ossos<br />

<strong>de</strong> Teseu para lhes prestar as homenagens merecidas. Mas só sob a ação <strong>de</strong><br />

Címon 262 , <strong>em</strong> 476 a.C., foi possível fazê-lo, já que, tendo conquistado a ilha<br />

<strong>de</strong> Esciro, pôs m à oposição que os Dólopes ofereciam ao resgate <strong>dos</strong> ossos<br />

<strong>de</strong> Teseu.<br />

É curioso notar que o processo <strong>de</strong> recuperação <strong>dos</strong> ossos <strong>de</strong> Teseu <strong>de</strong>scrito<br />

por <strong>Plutarco</strong> apresenta paralelos com a <strong>de</strong>scrição que Heródoto (1. 67-68) faz<br />

da recuperação <strong>dos</strong> ossos <strong>de</strong> Orestes 263 . Em ambos os <strong>caso</strong>s, há um oráculo <strong>de</strong><br />

Delfos que <strong>de</strong>spoleta o processo <strong>de</strong> recuperação. Este revela-se particularmente<br />

difícil, porque, do túmulo – que se situa <strong>em</strong> território hostil – não se conhece a<br />

localização exata, até que aparece um cidadão (Címon, no <strong>caso</strong> <strong>de</strong> Teseu), com<br />

perspicácia suciente para compreen<strong>de</strong>r as indicações divinas e encontrar as<br />

ossadas 264 . Uma vez encontra<strong>dos</strong> os esqueletos, que impressionam pelas suas<br />

gran<strong>de</strong>s dimensões 265 , são transporta<strong>dos</strong> para um novo túmulo que, a partir<br />

<strong>de</strong>sse momento, passa a proteger a cida<strong>de</strong> <strong>em</strong> cujo centro se situa.<br />

No que respeita ao túmulo <strong>de</strong> Teseu, importa realçar que se tornou <strong>em</strong><br />

um abrigo on<strong>de</strong> os mais <strong>de</strong>sprotegi<strong>dos</strong> buscavam refúgio. Tal facto evi<strong>de</strong>ncia<br />

a humanida<strong>de</strong> () que caracterizava a personalida<strong>de</strong> do herói,<br />

retratada, por ex<strong>em</strong>plo, nas tragédias <strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s ou no Édipo <strong>em</strong> Colono<br />

<strong>de</strong> Sófocles e na oratória, textos nos quais Teseu surge como alguém s<strong>em</strong>pre<br />

pronto a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r os fracos e a justiça 266 . E prenuncia o apoio que Atenas viria<br />

a dar àqueles povos que mais tar<strong>de</strong> pediram o seu auxílio.<br />

<strong>Plutarco</strong> naliza a biograa <strong>de</strong> Teseu com uma alusão às cerimónias<br />

que eram anualmente celebradas <strong>em</strong> sua homenag<strong>em</strong>. Importa, acerca <strong>de</strong>ste<br />

assunto, fazer duas chamadas <strong>de</strong> atenção: a primeira, para salientar que este é<br />

um el<strong>em</strong>ento que só ocorre <strong>em</strong> algumas biograas <strong>de</strong> fundadores ou <strong>de</strong> guras<br />

261 es. 35. 8. Esta aparição miraculosa foi retratada no Pórtico Pintado; cf. Paus. 1. 15. 3.<br />

262 Cf. Cim. 8. 5-7. A propósito da discussão <strong>de</strong>sta data, vi<strong>de</strong> Podlecki (1975: 1-20).<br />

263 A s<strong>em</strong>elhança entre os dois <strong>caso</strong>s é mencionada por Pausânias (3. 3. 5-8). Sobre este<br />

assunto, vi<strong>de</strong> Moreau (1990, 209-218).<br />

264 Ao lado da <strong>de</strong> Teseu foram igualmente encontradas armas <strong>de</strong> bronze (es. 36. 2). Tal<br />

achado reveste-se <strong>de</strong> particular importância, pois o facto <strong>de</strong> as armas ser<strong>em</strong> <strong>de</strong> bronze funcionava<br />

como «certicado» da antiguida<strong>de</strong> da ossada, já que as armas <strong>dos</strong> heróis míticos eram fabricadas,<br />

segundo a tradição, nessa liga metálica.<br />

265 Acreditavam os antigos que os primitivos heróis eram verda<strong>de</strong>iros gigantes. Cf. Il. 1.<br />

262-272; Hdt. 2. 91. 3.<br />

266 Cf. supra p. 81, nota 147.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!