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fins-de-semana, em cafés, discotecas e festas onde se desencadeia o comportamento alcoólico. O primeiro contacto com as bebidas alcoólicas, acontece em casa, junto aos pais e com o seu consentimento, mas refere ANTUNES (1998) que é entre os adolescentes que têm a sua primeira experiência com o álcool em bar ou café que surgem as maiores probabilidades de se virem a tornar bebedores excessivos. Mas, porque bebem então os adolescentes? Bebem para afirmar a sua condição de adultos? Bebem para se iniciarem e afirmarem no grupo? Bebem para se assumirem e mostrarem-se autónomos e de maioridade? De certa forma, os jovens bebem por todas estas razões e por muitas outras que desconhecemos. O adolescente bebe procurando dar solução ao problema da sua não independência, para construir o seu espaço e tempo não utilitário, para se introduzir ritualmente na família, no grupo, na sociedade, para vencer a timidez, a sua falta de confiança, o medo de ser diferente. Bebe porque é enorme o peso cultural do álcool no Ocidente, no qual o acto de beber se assume como um importantíssimo acto na organização social do seu tempo livre (CARVALHO, 1994). Para SANKS citado por ANTUNES, (1998, p. 32) “o jovem ao beber não se sente mais criança e beber faz parte do desenvolvimento adolescente. Beber não é apenas um prazer ou ocasião para conviver, é ascender a um estado adulto imediatamente reconhecível”. Não raras vezes o álcool é usado como um símbolo, uma espécie de ritual de iniciação, como se o seu consumo marcasse o fim da infância. Os adolescentes encaram o álcool como uma solução fácil e rápida dos seus problemas de medo, inibição, fracasso sentimental, angústia ou ansiedade. Os jovens libertam as suas energias em acções imprevisíveis, resultando muitas vezes em consequências nefastas para o próprio e para os outros. Os principais riscos/problemas colocados, são que estes podem oscilar entre a incapacidade de pôr fim ao período de crise, ao suicídio, à fuga através do álcool ou de outras drogas, à delinquência (OLIVEIRA, 1997) e (MATOS e cols. 2000). O adolescente que bebe, normalmente encontra-se numa crise existencial típica de oposição, busca de identidade, crise narcisista, momentos depressivos, morosidade e sentimentos de incerteza em relação a tudo e a todos (TRIDON, 1987). Este jovem poderá ter comportamentos desviantes, principalmente quando o consumo excessivo de álcool interfere com as fases normais do processo de desenvolvimento em que se encontra. “O jovem vê-se confrontado com tarefas complexas a realizar no plano emocional, sexual, intelectual e social relacionadas com as alterações físicas, o estabelecimento duma relação heterossexual, a emancipação em relação aos pais, a interiorização de valores éticos e morais e a aquisição duma identidade que integrará todas estas dimensões, onde a ocorrência de hábitos alcoólicos poderá por em causa todo este processo” (ANTUNES, 1998, p. 30). 96

As características do período adolescente como um momento de crise/conflito, sugerem que, se por um lado há um momento de crescimento e “permeabilidade ao apoio”, por outro torna-se um período de grande perigo e de maior vulnerabilidade. É neste momento, que pode surgir o consumo de álcool ou outras drogas, por os considerar a melhor solução para os seus problemas. O início precoce de ingestão de bebidas alcoólicas em adolescentes é marcado por episódios frequentes de ingestão maciça onde procuram ficar o mais intoxicados possível (CARVALHO, 1994). PATRICIO (2002), considera que o consumo de bebidas alcoólicas se inicia em casa, com amigos, em locais de diversão, na área circundante à escola, no trabalho, em situações de lazer, de festa e despreocupação e nos concertos mas também em situações de solidão e de tristeza. Refere GAMEIRO (1998), que beber em bares ou festas, é já beber de forma diferente. Estes jovens vão a festas porque nestas há bebidas e podem beber à vontade (10%). É um beber diferente dos outros, beber muito e depressa. São indivíduos com organismos especificamente sensíveis ao álcool. Esses jovens de 18-20 anos aumentam sucessivamente de semana para semana as quantidades que ingerem, tornando-se mais resistentes aos efeitos imediatos das bebidas alcoólicas mas prejudicando sempre a saúde. Actualmente, assiste-se ao aparecimento de novos hábitos de beber entre os jovens. Primeiro surgiram os shots, que são bebidas baratas, bebem-se rapidamente e associam-se a um ritual que passa por os engolir num estilo de “bota abaixo” com os amigos a assistir. Com este tipo de bebida, o adolescente consegue atingir, por um preço reduzido, uma rápida e elevada taxa de alcoolémia dado que possuem um alto teor alcoólico e açúcar, o que facilita a absorção (CORDEIRO, 1999). Seguiram-se depois, as novas bebidas da moda designadas de “designer drinks” das quais fazem parte um conjunto de bebidas classificadas de alcapops com sabor a sumos ou colas, sendo estas, habitualmente mais consumidas em bares e discotecas. As “designer drinks” de sabor adocicado possuem concentrações de etanol desde os 3% aos 40% (barbados blues, woody’s twist cocktail ou vodka eristoff com laranja). São misturas de álcool com aditivos como Whisky com coca-cola, limonadas e colas com álcool e outros cocktails designados por “tubo de ensaio”, “unhas” e “shots” bebidas de uma só vez, que embora parecendo inofensivas, afirmam os especialistas, constituírem um perigo para os jovens que até agora escapavam ao consumo de álcool, pois trata-se como diz PINTO (2001), de usar uma imagem de marca popular e apetecível aos jovens, adicionar-lhe álcool e comercializá- la. FRAZÃO e cols (1997, p. 1) ao referir-se aos “alcopops” afirma que, a “pressão para beber álcool sempre foi enorme e naturalmente não haverá necessidade de juntar álcool a bebidas não alcoólicas, de grande impacto na juventude, a não ser a procura incessante de novos clientes a alcoolizar”. 97

As características <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> a<strong>do</strong>lescente como um momento de crise/conflito,<br />

sugerem que, se por um la<strong>do</strong> há um momento de crescimento e “permeabilidade ao apoio”,<br />

por outro torna-se um perío<strong>do</strong> de grande perigo e de maior vulnerabilidade. É neste<br />

momento, que pode surgir o consumo de álcool ou outras drogas, por os considerar a melhor<br />

solução para os seus problemas. O início precoce de ingestão de bebidas alcoólicas em<br />

a<strong>do</strong>lescentes é marca<strong>do</strong> por episódios frequentes de ingestão maciça onde procuram ficar o<br />

mais intoxica<strong>do</strong>s possível (CARVALHO, 1994).<br />

PATRICIO (2002), considera que o consumo de bebidas alcoólicas se inicia em casa,<br />

com amigos, em locais de diversão, na área circundante à escola, no trabalho, em situações<br />

de lazer, de festa e despreocupação e nos concertos mas também em situações de solidão e<br />

de tristeza. Refere GAMEIRO (1998), que beber em bares ou festas, é já beber de forma<br />

diferente. Estes jovens vão a festas porque nestas há bebidas e podem beber à vontade<br />

(10%). É um beber diferente <strong>do</strong>s outros, beber muito e depressa. São indivíduos com<br />

organismos especificamente sensíveis ao álcool. Esses jovens de 18-20 anos aumentam<br />

sucessivamente de semana para semana as quantidades que ingerem, tornan<strong>do</strong>-se mais<br />

resistentes aos efeitos imediatos das bebidas alcoólicas mas prejudican<strong>do</strong> sempre a saúde.<br />

Actualmente, assiste-se ao aparecimento de novos hábitos de beber entre os jovens.<br />

Primeiro surgiram os shots, que são bebidas baratas, bebem-se rapidamente e associam-se<br />

a um ritual que passa por os engolir num estilo de “bota abaixo” com os amigos a assistir.<br />

Com este tipo de bebida, o a<strong>do</strong>lescente consegue atingir, por um preço reduzi<strong>do</strong>, uma rápida<br />

e elevada taxa de alcoolémia da<strong>do</strong> que possuem um alto teor alcoólico e açúcar, o que<br />

facilita a absorção (CORDEIRO, 1999).<br />

Seguiram-se depois, as novas bebidas da moda designadas de “designer drinks” das<br />

quais fazem parte um conjunto de bebidas classificadas de alcapops com sabor a sumos ou<br />

colas, sen<strong>do</strong> estas, habitualmente mais consumidas em bares e discotecas. As “designer<br />

drinks” de sabor a<strong>do</strong>cica<strong>do</strong> possuem concentrações de etanol desde os 3% aos 40%<br />

(barba<strong>do</strong>s blues, woody’s twist cocktail ou vodka eristoff com laranja). São misturas de álcool<br />

com aditivos como Whisky com coca-cola, limonadas e colas com álcool e outros cocktails<br />

designa<strong>do</strong>s por “tubo de ensaio”, “unhas” e “shots” bebidas de uma só vez, que embora<br />

parecen<strong>do</strong> inofensivas, afirmam os especialistas, constituírem um perigo para os jovens que<br />

até agora escapavam ao consumo de álcool, pois trata-se como diz PINTO (2001), de usar<br />

uma imagem de marca popular e apetecível aos jovens, adicionar-lhe álcool e comercializá-<br />

la. FRAZÃO e cols (1997, p. 1) ao referir-se aos “alcopops” afirma que, a “pressão para<br />

beber álcool sempre foi enorme e naturalmente não haverá necessidade de juntar álcool a<br />

bebidas não alcoólicas, de grande impacto na juventude, a não ser a procura incessante de<br />

novos clientes a alcoolizar”.<br />

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