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Doutoramento Lidia do Rosrio Cabral Agosto2007.pdf - Repositório ...

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SOFIA (1988), opina que já no princípio <strong>do</strong> século XIX era aceite que os factores<br />

sócio-culturais e económicos tinham um peso preponderante na modelação das atitudes<br />

perante o álcool. A autora, estabelece o paralelo entre os países consumi<strong>do</strong>res de bebidas<br />

alcoólicas e o grau de permissividade das suas sociedades, concluin<strong>do</strong> que nos países com<br />

consumo eleva<strong>do</strong> de álcool a sociedade tem uma atitude permissiva, em países nórdicos, a<br />

sociedade apresenta uma atitude restritiva e por último, nos países consumi<strong>do</strong>res de cerveja<br />

a sociedade apresenta uma atitude ambivalente. Para PIRES (1999,p.4), a "sociedade é<br />

permissiva e ambivalente em relação ao álcool - não só permite e encoraja o consumo<br />

quotidiano (...) como encoraja e admite consumos excessivos". A autora, apresenta algumas<br />

justificações para o facto, sen<strong>do</strong> as modificações da política agrícola, o início da era<br />

industrial e não menos importantes, os factores económicos (intensificação da viticultura e o<br />

baixo preço das bebidas alcoólicas) as responsáveis pela situação em causa.<br />

SOFIA (1988), advoga que não há classes sociais imunes ao etilismo. Se no passa<strong>do</strong><br />

o consumo exagera<strong>do</strong> de bebidas alcoólicas, estava associa<strong>do</strong> a classes sociais mais<br />

desfavorecidas, com o decorrer <strong>do</strong> tempo o flagelo passou a constatar-se em to<strong>do</strong>s os<br />

estratos socio-económicos da população e hoje em dia, encontra-se associa<strong>do</strong> ao sucesso e<br />

ao prestígio. Considera ainda que, o aumento <strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s de lazer assim como o aumento<br />

de contactos e de convívios multinacionais tem contribuí<strong>do</strong> para o aumento <strong>do</strong> consumo.<br />

Estamos numa sociedade de tempos livres e assim sen<strong>do</strong>, o álcool foi eleito como<br />

indispensável nos contactos sociais, talvez devi<strong>do</strong> a facilidade na sua aquisição. Por um<br />

outro la<strong>do</strong>, acrescenta que se tem" assisti<strong>do</strong> a uma maior participação <strong>do</strong> consumo em<br />

priva<strong>do</strong>, o que no fun<strong>do</strong> representa uma outra faceta resultante da modificação nos padrões<br />

sócio-culturais".<br />

Um outro marco que não pode passar despercebi<strong>do</strong> na opinião <strong>do</strong> mesmo autor é a<br />

Segunda Guerra Mundial. Com o término desta, houve um decréscimo na população<br />

agrícola e simultaneamente verificou-se um aumento da industrialização. Foi neste perío<strong>do</strong><br />

que um maior número de mulheres entrou no mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho e consequentemente um<br />

aumento <strong>do</strong> consumo de bebidas alcoólicas por estas.<br />

Este forte enraizamento social e cultural, acarreta e tem dramáticas consequências<br />

que se "projectam na vida relacional das famílias, no trabalho” (MOREIRA, 1997,p.10). Esta<br />

projecção, é facilmente visível através <strong>do</strong> insucesso escolar, síndromes fetais alcoólicos,<br />

mortes prematuras, absentismo laboral e reformas precoces. Neste senti<strong>do</strong>, GAMEIRO<br />

(1996,p.55), opina que os problemas <strong>do</strong> álcool, antes de constituírem um "problema médico<br />

de <strong>do</strong>ença, hospital, tratamentos pesa<strong>do</strong>s, etc., eles são problemas de prevenção da<br />

dependência, problemas das famílias; da condução nas estradas e <strong>do</strong> funcionamento<br />

equilibra<strong>do</strong> <strong>do</strong>s indivíduos nos lugares <strong>do</strong> trabalho".<br />

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