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Doutoramento Lidia do Rosrio Cabral Agosto2007.pdf - Repositório ...

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tolerância. PATRÍCIO, (2002) traduz na seguinte afirmação to<strong>do</strong> o processo evolutivo que<br />

ocorre da experiência até à dependência:<br />

“De início o candidato a... apenas deseja experimentar, ser consumi<strong>do</strong>r nessa ocasião ou<br />

esporadicamente; manten<strong>do</strong> essa atitude de consumir passa a consumi<strong>do</strong>r regular;<br />

Manten<strong>do</strong> o consumo regular; passará a sentir a falta da substância; para não sentir a<br />

falta, poderá ter que usar maior quantidade ou mais vezes; está dependente; Mas pode<br />

dizer-se que nunca desejou ficar dependente; As pessoas dependentes, antes de o<br />

serem, sempre imaginaram poder <strong>do</strong>minar, controlar, os consumos”.<br />

Esta concepção tradicional de dependência, aplicada ao consumo de substâncias a<br />

partir <strong>do</strong>s anos 80 estende-se a um vasto conjunto de comportamentos. Levan<strong>do</strong> esta<br />

perspectiva ao extremo, qualquer comportamento agradável ou redutor <strong>do</strong> stress pode ser<br />

envolvi<strong>do</strong> em padrões comportamentais de dependência. Para que esta concepção tenha<br />

validade científica, é necessário que se estabeleça ligação entre o padrão aditivo e um<br />

padrão neuroquímico. Estes padrões aditivos têm que estimular em indivíduos predispostos<br />

a produção endógena de opiáceos (β en<strong>do</strong>rfinas), psicoestimulantes (activação <strong>do</strong> sistema<br />

<strong>do</strong>paminérgico) ou outros análogos das substâncias exógenas de alto potencial aditivo.<br />

Contu<strong>do</strong> estas condições, tão lógicas para que um comportamento se possa<br />

considerar aditivo, têm si<strong>do</strong> ultrapassadas pelos defensores <strong>do</strong> conceito unitário de<br />

dependência, utilizan<strong>do</strong> explicações comportamentais para "demonstrar" a validade das suas<br />

concepções. Vejamos, por exemplo, o exercício de REISH e SCHERHOR (1996) cita<strong>do</strong> em<br />

VILLARINO e cols (2001), para demonstrarem como as compras compulsivas são uma<br />

dependência:<br />

"[...] como a experiência de comprar proporciona sentimentos positivos e alívio<br />

instantâneo, os aditos descuram outras fontes de gratificação e os seus interesses<br />

limitam-se às compras, toman<strong>do</strong>-se dependentes. Mas como o alívio não compensa a<br />

frustração, as <strong>do</strong>ses aumentam. Com o aumentar <strong>do</strong>s comportamentos, em frequência e<br />

em magnitude, aparece a tolerância psicológica. A compra transforma-se numa<br />

preocupação primária. O tentar parar já não consegue ter êxito. Aparecem então me<strong>do</strong><br />

difuso e ansiedade, depressão e <strong>do</strong>enças psicossomáticas – síndrome de abstinência...".<br />

Critérios semelhantes determinaram um proliferar de dependências comportamentais<br />

como jogo (jogo patológico); compras (adição às compras; compras compulsivas;<br />

oniomania); sexo (adição sexual, compulsões sexuais); comida (acessos bulímicos); trabalho<br />

em excesso; exercício físico exagera<strong>do</strong>; internet (adição à internet e tendência a descobrir<br />

novas adições, (MAYOR, 1980). Mas esta concepção unitária da dependência, apesar <strong>do</strong>s<br />

seus exageros e generalizações, sem grande validade científica tem vin<strong>do</strong> a afirmar-se e a<br />

ganhar credibilidade, de tal forma que se nota a sua influência nos critérios diagnósticos da<br />

última versão da classificação de perturbações mentais norte-americana (DSM-IV - TR,<br />

2002): [. . .] 3 ou mais <strong>do</strong>s seguintes, durante 12 meses.<br />

1 - Tolerância definida por qualquer um <strong>do</strong>s seguintes:<br />

80

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