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Doutoramento Lidia do Rosrio Cabral Agosto2007.pdf - Repositório ...

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em todas as faculdades e universidades. É por e através deles e das suas incessantes<br />

recolhas junto <strong>do</strong>s meios rurais, que muitas peças chegam ao grande público e são<br />

reabilitadas para a posteridade.<br />

Em tempo de festejos académicos, nas tradicionais queimas das fitas levadas a cabo<br />

pelas instituições de ensino superior, são inúmeras as actividades lúdicas desenvolvidas. É o<br />

caso <strong>do</strong>s cortejos académicos, que integram carros alegóricos de todas as faculdades e<br />

cursos, onde a irreverência estudantil aliada à crítica mordaz a tu<strong>do</strong> quanto é criticável, com<br />

mais ou menos respeito, concebe por vezes, verdadeiras obras de arte. Outros, contu<strong>do</strong>,<br />

primam pelo gosto duvi<strong>do</strong>so e pela má educação, confundin<strong>do</strong> liberdade de expressão com<br />

achincalhar de ideologias e crenças individuais ou colectivas.<br />

Em alguns meios estudantis são ainda tradicionais as garraiadas, cujo étimo - garraio<br />

- significa, entre outras coisas, novato, inexperiente, que é como quem diz, caloiro. Em jeito<br />

de chacota às lides taurinas nacionais, vulgo touradas, adquirem-se a título gratuito, as mais<br />

belas nó<strong>do</strong>as negras e hematomas por entre corridas desenfreadas à frente <strong>do</strong> espécime<br />

taurino, quase sempre um novilho, ao invés <strong>do</strong> possante e majestoso touro. Para terminar,<br />

uma breve referência ao designa<strong>do</strong> rally das capelas que nos últimos anos tem adquiri<strong>do</strong><br />

forte implementação. À noite, em magotes, já toca<strong>do</strong>s pelos vapores etílicos <strong>do</strong> vespertino<br />

cortejo académico, correm as tascas e bares da urbe emborcan<strong>do</strong>, aqui e ali, litradas de<br />

vinho e cerveja. Este périplo termina, como não podia deixar de ser, em valentes e rui<strong>do</strong>sas<br />

carraspanas e com autênticas chicotadas psicológicas a fíga<strong>do</strong>s incautos. Tu<strong>do</strong> se paga no<br />

dia seguinte com colossais arrevessos, monumentais <strong>do</strong>res de cabeça e bocas sequiosas<br />

que sabem agora a papel de música.<br />

O estudante com o seu traje típico foi habituan<strong>do</strong> a sociedade portuguesa, àquele<br />

indivíduo simultaneamente generoso, impertinente e sentimental. Criou-se quase uma lenda,<br />

um tipo social, a quem todas as audácias eram permitidas. As suas extravagâncias e<br />

boémias, to<strong>do</strong> um conjunto de usos e costumes que a tradição oral e escrita fixou e<br />

transmitiu, constituem uma lei e uma moral à parte da sociedade. É este tipo de estudante<br />

que se imortalizou e fez passar a tradição de geração em geração.<br />

Desta forma demarca-se da população, constituin<strong>do</strong> um grupo cada vez mais<br />

prestigia<strong>do</strong> pelo uso <strong>do</strong> traje académico, cuja forma original sobrevive ainda no “Habitato<br />

Talar” <strong>do</strong>s actos de <strong>Doutoramento</strong>. Esta separação da sociedade está patente na afirmação<br />

de PRATA (1994) ao referir que, a porta férrea da universidade de Coimbra separa o mun<strong>do</strong><br />

sagra<strong>do</strong> (a universidade) <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> profano (o exterior).<br />

Celebrizou-se o estudante libertino da quadra popular, <strong>do</strong> canto amoroso, da<br />

saudade, <strong>do</strong> eternizar da mocidade, nos quais se contam Augusto Hilário, imortal estudante<br />

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