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lentamente o fazem sentir-se portador de uma identidade social e pessoalmente construída (LEPRE 2003). Para BALLONE (2003), á medida que se estabelecem vínculos sociais desenvolvem- se e valorizam-se características, necessárias à aceitação num grupo e à expressão de um estilo próprio, fundamentais ao desempenho dos papéis sociais pois, "as identificações com os grupos/companheiros e com outras figuras fora da família, permitem ao adolescente, a vivência de uma crise que só será resolvida através de novas identificações" (MARTINS, 1995, p.35), alertando-nos o autor para o facto de que todos os acontecimentos e reacções, que ocorrem, quer na infância quer na adolescência preparam o indivíduo para a idade adulta. A formação da identidade, envolve também a escolha do papel vocacional e este determina, em parte, a identidade da pessoa. Os factores que influenciam a sua escolha são segundo FAW (1981), a familiaridade com o papel, a classe social, influencias parentais e as expectativas em relação a determinado cargo. Por tudo isto, conclui-se, que a adolescência se evidencia como um período de preparação, em que tudo se centra em " torno da busca de identidade, de coesão, de integração e de continuidade, ao mesmo tempo que o indivíduo se vai diferenciando dos objectos formadores, adquirindo a sua individualidade" (MARTINS, 1995, p. 37). Todavia, problemas com a identidade pessoal podem verificar-se em qualquer época da vida, como resultado de mudanças que ocorrem ao mesmo tempo e rapidamente, com o indivíduo, ou quando o contexto social é alterado de forma repentina. É a denominada crise de identidade que regra geral está associada a uma história de ruptura, de continuidade e de gradualismo. Nesta crise de identidade há o temor de se perder a continuidade da história. Se as tábuas de um barco de madeira são substituídas à medida que apodrecem, após 50 anos não é o barco original mas continua a ser o mesmo barco, ou seja, o facto das tábuas serem substituídas gradualmente não alterou a "identidade" do barco. Entretanto, se as tábuas são trocadas ao mesmo tempo, a "identidade" do barco não pode ser mantida (LEWIS, 1999). Assim, a adolescência caracterizada por rápidas mudanças físicas, psicológicas e sociais que podem originar crise de identidade. Metaforicamente, o adolescente será como o barco cujas tábuas devem ser quase todas substituídas ao mesmo tempo. Daí a adolescência, ser o período por excelência, de risco para o ingresso no uso de substâncias psicoactivas, não só por querer experienciar o novo, buscar novas emoções e desafios, mas também, encontrar nessas novas buscas "respostas" para o seu viver. A sociedade, nos seus diversos segmentos e o poder mediático influenciando o 48

comportamento social, na maioria das vezes, apontam caminhos mais para a obtenção de objectos de consumo e menos preocupados estão com respostas visando o crescimento interior. Num contexto de desigualdades sociais e de uma “mídia” apelativa para o consumismo e para pseudovalores da vida, os adolescentes cumprem com eficácia essas expectativas, ou seja, movem-se socialmente pelo consumo e pela mera aquisição e acumulação de objectos para um status considerado mais elevado. A ideologia, linguagem dos que controlam o poder, exactamente inculca a confusa percepção social de que padrão de vida é o mesmo que qualidade de vida. Eles não se excluem, mas o jogo ideológico, faz com que os indivíduos aceitem que basta melhorar o padrão de vida para que a qualidade melhore. O meio social oferece mais riscos que protecção aos adolescentes. De facto, pais preocupados com seus filhos adolescentes, não se sentem seguros ou tranquilos, quando estes saem de casa, mesmo que essas saídas, sejam para locais considerados tradicionalmente seguros pelo temor do consumo das drogas e o da violência. No que se refere ao álcool, consideramos que o problema é mais grave pela sua proximidade, acessibilidade e publicidade pois está inserido na cultura, nos lazeres e encontros de adolescentes dentro das casas e presente tanto na vida profana como no ritual religioso. Consumir álcool, pode parecer normal para o adolescente, sem muita censura ou orientação por parte dos pais. Um estudo apresentado pela UNESCO (2002), revela que os "estudantes começam a beber por curiosidade, pelo desejo de inserção social, para esquecer problemas e para ter coragem nas paqueras'". Na construção da sua identidade, o adolescente, percebe que o álcool, pode amenizar momentos de angústias e interferir na elaboração dum novo sentido de si mesmo, podendo agudizar uma vida já de si fragilizada. De um modo geral, o adolescente percebe que quando consome álcool tudo fica teoricamente mais fácil não percebendo que, inadvertidamente, o consumo de álcool pode transformar-se num ingrediente indispensável na elaboração das suas crises. Os distúrbios resultantes da crise de identidade estão claramente definidos na DSM IV (1996), que indica os seguintes critérios de diagnóstico: • A – Sofrimento subjectivo intenso, devido à incerteza a vários aspectos da identidade e que incluam três ou mais das seguintes características: Objectivos a longo prazo; Escolha de carreira; Tipos de amizade; Orientação e comportamento sexual; Identificação religiosa; Sistema de valores morais e Fidelidade na adesão a grupos. • B – Insuficiência na actividade social ou profissional, como resultado dos sistemas de A. • C – A duração da perturbação é de, pelo menos, três meses. 49

comportamento social, na maioria das vezes, apontam caminhos mais para a obtenção de<br />

objectos de consumo e menos preocupa<strong>do</strong>s estão com respostas visan<strong>do</strong> o crescimento<br />

interior.<br />

Num contexto de desigualdades sociais e de uma “mídia” apelativa para o<br />

consumismo e para pseu<strong>do</strong>valores da vida, os a<strong>do</strong>lescentes cumprem com eficácia essas<br />

expectativas, ou seja, movem-se socialmente pelo consumo e pela mera aquisição e<br />

acumulação de objectos para um status considera<strong>do</strong> mais eleva<strong>do</strong>.<br />

A ideologia, linguagem <strong>do</strong>s que controlam o poder, exactamente inculca a confusa<br />

percepção social de que padrão de vida é o mesmo que qualidade de vida. Eles não se<br />

excluem, mas o jogo ideológico, faz com que os indivíduos aceitem que basta melhorar o<br />

padrão de vida para que a qualidade melhore. O meio social oferece mais riscos que<br />

protecção aos a<strong>do</strong>lescentes. De facto, pais preocupa<strong>do</strong>s com seus filhos a<strong>do</strong>lescentes, não<br />

se sentem seguros ou tranquilos, quan<strong>do</strong> estes saem de casa, mesmo que essas saídas,<br />

sejam para locais considera<strong>do</strong>s tradicionalmente seguros pelo temor <strong>do</strong> consumo das drogas<br />

e o da violência.<br />

No que se refere ao álcool, consideramos que o problema é mais grave pela sua<br />

proximidade, acessibilidade e publicidade pois está inseri<strong>do</strong> na cultura, nos lazeres e<br />

encontros de a<strong>do</strong>lescentes dentro das casas e presente tanto na vida profana como no ritual<br />

religioso. Consumir álcool, pode parecer normal para o a<strong>do</strong>lescente, sem muita censura ou<br />

orientação por parte <strong>do</strong>s pais.<br />

Um estu<strong>do</strong> apresenta<strong>do</strong> pela UNESCO (2002), revela que os "estudantes começam a<br />

beber por curiosidade, pelo desejo de inserção social, para esquecer problemas e para ter<br />

coragem nas paqueras'". Na construção da sua identidade, o a<strong>do</strong>lescente, percebe que o<br />

álcool, pode amenizar momentos de angústias e interferir na elaboração dum novo senti<strong>do</strong><br />

de si mesmo, poden<strong>do</strong> agudizar uma vida já de si fragilizada. De um mo<strong>do</strong> geral, o<br />

a<strong>do</strong>lescente percebe que quan<strong>do</strong> consome álcool tu<strong>do</strong> fica teoricamente mais fácil não<br />

perceben<strong>do</strong> que, inadvertidamente, o consumo de álcool pode transformar-se num<br />

ingrediente indispensável na elaboração das suas crises. Os distúrbios resultantes da crise<br />

de identidade estão claramente defini<strong>do</strong>s na DSM IV (1996), que indica os seguintes critérios<br />

de diagnóstico:<br />

• A – Sofrimento subjectivo intenso, devi<strong>do</strong> à incerteza a vários aspectos da identidade e que<br />

incluam três ou mais das seguintes características: Objectivos a longo prazo; Escolha de<br />

carreira; Tipos de amizade; Orientação e comportamento sexual; Identificação religiosa;<br />

Sistema de valores morais e Fidelidade na adesão a grupos.<br />

• B – Insuficiência na actividade social ou profissional, como resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s sistemas de A.<br />

• C – A duração da perturbação é de, pelo menos, três meses.<br />

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