Doutoramento Lidia do Rosrio Cabral Agosto2007.pdf - Repositório ...
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(1995), o refúgio em comportamentos aditivos, sendo por isso um poderoso influenciador de atitudes, considerando-o, este autor, uma cultura em si mesmo, com valores próprios sobre sexo, drogas, álcool, maneira de vestir, política, etc. Quase metade dos progenitores possui como habilitações literárias o 6º ano de escolaridade e apenas 10.6% cursos médios e superiores. Associava-se no passado o consumo de álcool a baixos níveis de escolaridade, mas os dados que possuímos não nos permitem retirar este tipo de ilações. Actualmente, esta afirmação é também questionada pois a literatura refere que os problemas de estilismo são comuns a todos os estratos sociais. SOFIA (1988) advoga que não há classes sociais imunes ao estilismo, surgindo este em todos os estratos sócio-económicos da população encontrando-se estes associados a sucesso e prestígio. É reconhecida por VILLA (1996); (MISHARA e YSTGAARD, 2000) e (MACFARLANE 2000), a função da escola e dos pais na preparação dos jovens para a vida. No nosso estudo o contributo de professores, profissionais de saúde e órgãos de comunicação social como fonte de informação acerca das bebidas alcoólicas é diminuto e a dos pais é de cerca de 30.0%, mas as preferidas pelos estudantes são os amigos (para 33.6%) sendo estes mais valorizados pelas raparigas. 3.2.2 - Consumo de bebidas alcoólicas em rituais / praxes académicas e variáveis sócio culturais São vários os estudos que demonstram que nas famílias com hábitos alcoólicos, os jovens apresentam uma maior tendência para a ingestão precoce de bebidas alcoólicas CARVALHO (1996), PIRES (1999) e BREDA (2000). Este ultimo autor no seu estudo encontrou 58% de jovens que afirmaram que o pai bebia diariamente e 20% das mães também o faziam. Os resultados do nosso estudo apontam para 13.9% de estudantes que afirmaram ter familiares consumidores de bebidas alcoólicas em excesso. Aliás, parece-nos que as virtudes simbólicas enraizadas em mitos acerca das bebidas alcoólicas têm sido responsáveis pela manutenção do hábito de beber não só no meio familiar como em meio social, e nesse sentido LAMEIRAS e PINTO (1999) e MELLO e cols. (2001), justificam o uso abusivo de bebidas alcoólicas com base em ideias gerais que estão erradas e por isso mesmo, se traduzem em falsos conceitos e em modelos culturais de utilização do álcool. Embora a literatura consultada não nos elucide acerca da relação entre as representações sociais e o facto de os estudantes consumirem ou não bebidas alcoólicas, seria previsível que a progressão académica traria alterações na forma de 370
interpretação das representações sociais. O nosso estudo veio confirmar tal facto pois registaram-se na fase dois do estudo índices médios mais elevados em todos os indicadores da escala excepto nos itens “o álcool melhora a coordenação motora e os reflexos” e “as bebidas alcoólicas também são alimento”. Verificou-se também que as raparigas possuíam, na primeira fase do estudo, uma melhor opinião em todos os indicadores excepto nos relacionados com a publicidade, mas as diferenças com os rapazes só se observam nos itens: “A oferta de uma bebida alcoólica pressiona as pessoas para beber”, “A publicidade às bebidas alcoólicas pode levar os jovens a consumir mais”, “Whisky ou aguardentes velhas, podem ajudar a digestão”,“o álcool melhora a coordenação motora e os reflexos” e “O álcool e as bebidas alcoólicas podem dar força”. Os rapazes mantêm, na segunda fase do estudo, melhor opinião nestes mesmos indicadores e melhoram-na ainda nos itens seguintes: “Depois de beber é mais fácil expressar os sentimentos”, “É possível morrer por uma ingestão elevada de álcool num só dia” e “A publicidade às bebidas alcoólicas pode levar os jovens a consumir mais”. BREDA (2000), considera a publicidade como uma possível causa da ingestão abusiva de álcool por parte dos jovens. No seu estudo verificou que 18.0 % dos jovens inquiridos concordaram com a afirmação "ver jovens como eu a tomar bebidas alcoólicas, por vezes leva-me a beber também". Esta mesma opinião é também partilhada por SANTOS (1999); PIRES (1999) e OLIVEIRA (2002), ao afirmarem que os adolescentes experimentam o álcool porque são encorajados pela publicidade permanente e diversidade de bebidas alcoólicas. Tanto na primeira como na segunda fase do estudo, encontramos em alguns dos itens que compõe a escala, principalmente nos relacionados com os falsos conceitos, valores tradutores de preocupação dado os seus elevados índices percentuais. Com efeito, perante os resultados obtidos, parece-nos ser baixo o nível de conhecimentos acerca do álcool, já que cerca de metade dos estudantes desconhece se “Um copo de cerveja de 5 o tem tanto álcool como um copo de vinho de 12 o” e igual percentagem refere não concordar nem discordar nos indicadores “Martini ou alguns tipos de vinho do Porto abrem o apetite” e “Whisky ou aguardentes velhas, podem ajudar a digestão”. Por outro lado, as percentagens obtidas nos itens “Um indivíduo que bebeu pode conduzir, desde que não se sinta embriagado” (85.6% vs 89.0%), “O álcool melhora a coordenação motora e os reflexos” (96.6% vs 96.5%),“ O álcool e as bebidas alcoólicas podem dar força” (85.8% vs 85.3%)” e “As bebidas alcoólicas também são alimento” (88.9% vs 87.3%), são também reveladoras não só de falta de conhecimentos sobre o álcool como ainda da existência de falsos conceitos 371
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(1995), o refúgio em comportamentos aditivos, sen<strong>do</strong> por isso um poderoso<br />
influencia<strong>do</strong>r de atitudes, consideran<strong>do</strong>-o, este autor, uma cultura em si mesmo, com<br />
valores próprios sobre sexo, drogas, álcool, maneira de vestir, política, etc.<br />
Quase metade <strong>do</strong>s progenitores possui como habilitações literárias o 6º ano de<br />
escolaridade e apenas 10.6% cursos médios e superiores. Associava-se no passa<strong>do</strong> o<br />
consumo de álcool a baixos níveis de escolaridade, mas os da<strong>do</strong>s que possuímos não<br />
nos permitem retirar este tipo de ilações. Actualmente, esta afirmação é também<br />
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os estratos sociais. SOFIA (1988) advoga que não há classes sociais imunes ao<br />
estilismo, surgin<strong>do</strong> este em to<strong>do</strong>s os estratos sócio-económicos da população<br />
encontran<strong>do</strong>-se estes associa<strong>do</strong>s a sucesso e prestígio.<br />
É reconhecida por VILLA (1996); (MISHARA e YSTGAARD, 2000) e<br />
(MACFARLANE 2000), a função da escola e <strong>do</strong>s pais na preparação <strong>do</strong>s jovens para<br />
a vida. No nosso estu<strong>do</strong> o contributo de professores, profissionais de saúde e órgãos<br />
de comunicação social como fonte de informação acerca das bebidas alcoólicas é<br />
diminuto e a <strong>do</strong>s pais é de cerca de 30.0%, mas as preferidas pelos estudantes são os<br />
amigos (para 33.6%) sen<strong>do</strong> estes mais valoriza<strong>do</strong>s pelas raparigas.<br />
3.2.2 - Consumo de bebidas alcoólicas em rituais / praxes académicas e<br />
variáveis sócio culturais<br />
São vários os estu<strong>do</strong>s que demonstram que nas famílias com hábitos<br />
alcoólicos, os jovens apresentam uma maior tendência para a ingestão precoce de<br />
bebidas alcoólicas CARVALHO (1996), PIRES (1999) e BREDA (2000). Este ultimo<br />
autor no seu estu<strong>do</strong> encontrou 58% de jovens que afirmaram que o pai bebia<br />
diariamente e 20% das mães também o faziam. Os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> nosso estu<strong>do</strong><br />
apontam para 13.9% de estudantes que afirmaram ter familiares consumi<strong>do</strong>res de<br />
bebidas alcoólicas em excesso. Aliás, parece-nos que as virtudes simbólicas<br />
enraizadas em mitos acerca das bebidas alcoólicas têm si<strong>do</strong> responsáveis pela<br />
manutenção <strong>do</strong> hábito de beber não só no meio familiar como em meio social, e nesse<br />
senti<strong>do</strong> LAMEIRAS e PINTO (1999) e MELLO e cols. (2001), justificam o uso abusivo<br />
de bebidas alcoólicas com base em ideias gerais que estão erradas e por isso mesmo,<br />
se traduzem em falsos conceitos e em modelos culturais de utilização <strong>do</strong> álcool.<br />
Embora a literatura consultada não nos elucide acerca da relação entre as<br />
representações sociais e o facto de os estudantes consumirem ou não bebidas<br />
alcoólicas, seria previsível que a progressão académica traria alterações na forma de<br />
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