Doutoramento Lidia do Rosrio Cabral Agosto2007.pdf - Repositório ...

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As implicações preventivas das competências sociais tem suscitado interesse no âmbito do álcool pois as investigações realizadas, defendem por um lado a existência de uma correlação negativa entre o uso da substância e outros comportamentos desviantes e a aquisição de certas competências sociais e por outro que a aquisição dessas competências pode ser considerada uma abordagem adequada no tratamento de alcoólicos. A conceptualização das competências sociais no sentido de estas funcionarem como um mediador de certos comportamentos (ALBEE, 1981), como o uso de substâncias psicoactivas e até, enquanto meio de promover o próprio desenvolvimento humano (WINE, 1981), levou GOLDSTEIN e cols. (1975), a admitirem que uma aquisição tardia de competências sociais na adolescência, poderá desencadear certos problemas associados ao uso de drogas (delinquência, agressividade, insucesso escolar) tendo, outros autores como ARKIN e cols. (1981); PERNY e MURRAY (1982), concluído que quanto maior for a necessidade de aquisição de competências sociais, maior a incidência e prevalência do consumo dessas substâncias. Sendo a assertividade uma das competências sociais HORAN e cols. (1975) e WILLIAMS e cols. (1981), defendem que o seu deficit é característico de consumidores de álcool. Estudos realizados com alcoólicos, nos quais a aprendizagem de competências assertivas foi a componente de intervenção terapêutica utilizada, levaram a que a sua aplicação se estendesse à prevenção do seu abuso, isto porque se constatou que os níveis de consumo desta substância aumentam após situações de stress interpessoal (MILLER e cols. 1974). Estas conclusões continuam com (MARTORAMO, 1974 e FOY e cols. 1976) a evidenciar limitações para provar se esses procedimentos se associavam à redução do uso de álcool. Os autores, sugerem apenas que o método pode estar associado a uma utilização das competências aprendidas, com sucesso, do aumento da sociabilização e do seu nível de actividade. A influência do grupo de pares, tem sido, dentro da possível diversidade de influências sociais, o alvo privilegiado dos investigadores e considerado o mais influente no processo de iniciação e manutenção de padrões de consumo de álcool, (PENDERGAST e SCHAFFER, 1974; DC RICCO e GARLINGHTON, 1977 e KANDEL e cols. 1978), tendo os primeiros autores demonstrado existir uma forte correlação entre o uso de álcool pelo jovem e pelo grupo de amigos propondo nesta sequência, um modelo conceptualizado no âmbito de uma perspectiva desenvolvimentista, considerando o processo de iniciação sequencial e progressivo, indo de um consumo de álcool na fase inicial, passando posteriormente ao consumo de outras drogas ilícitas. 228

Este modelo, defende como principais elementos conceptuais, a influência dos pais e do grupo, das crenças e valores do próprio consumidor e dos factores externos (ambiente físico e social). Aposta na aquisição de competências específicas (assertividade), tendo as modificações nas atitudes um efeito nas próprias modificações no comportamento. Ainda para PENDERGAST e SCHAFFER (1974), a influência do grupo no comportamento de bebida do jovem irá depender da percepção que o jovem possui do número de amigos que consomem bebida alcoólica, dos actuais níveis de consumo de álcool por parte desse grupo, das atitudes dos considerados melhores amigos pelo próprio acerca dos custos do consumo de álcool e dos tipos de envolvimento de jovem em actividades grupais. BOTVIN (1996), também considera o processo de iniciação de álcool enquadrado num “modelo de influência social” em que o primeiro contacto com a substância tem origem na influência social pelos apelos ou pressões sociais percepcionados. As estratégias preventivas baseadas no desenvolvimento de competências sociais específicas são justificadas por DUPONT e JASON (1984), após análise dos resultados de alguns estudos, segundo os quais o sucesso obtido na maioria dos modelos de prevenção limitou-se a um aumento de conhecimentos neste âmbito e a eficácia das técnicas de clarificação de valores surge apenas com o intuito de modificar as atitudes dos jovens no sentido de posições mais desfavoráveis ao seu uso. Este limitado alcance é interpretado por WILLIAMS e cols. (1983, p. 202), como o resultado da ausência de técnicas que desenvolvam nos jovens as competências necessárias para saber dizer “não”: Para NEGREIROS (1998), os pressupostos teóricos globais do modelo de desenvolvimento de competências sociais baseiam-se no facto de que as competências sociais podem ser objecto de uma aprendizagem, a sua utilização poderá ser adequada no tratamento de diversas perturbações psicológicas, os consumidores destas substâncias terão um deficit de determinadas competências sociais impedindo-os de sair de situações encorajadoras desse consumo, a aplicação de procedimentos baseados na aprendizagem de competências sociais faz todo o sentido como método terapêutico e preventivo e a iniciação e manutenção do consumo depende de influências sociais ou pressões como factores facilitadores. Pelo exposto, torna-se necessário proporcionar aos jovens a aprendizagem necessária para que possam, eles próprios, neutralizar as referidas influências, defendendo- se a valorização de aprendizagens de competências em contextos propiciadores de situações que abordem temas directamente relacionados com o consumo, levando esse mesmo jovem a conseguir recusar a oferta em determinado contexto interpessoal. Outra atitude será o desenvolvimento de competências sociais positivas, proporcionando-lhes oportunidades intensificadoras do seu funcionamento interpessoal (BOTVIN 1996), o que 229

As implicações preventivas das competências sociais tem suscita<strong>do</strong> interesse no<br />

âmbito <strong>do</strong> álcool pois as investigações realizadas, defendem por um la<strong>do</strong> a existência de<br />

uma correlação negativa entre o uso da substância e outros comportamentos desviantes e a<br />

aquisição de certas competências sociais e por outro que a aquisição dessas competências<br />

pode ser considerada uma abordagem adequada no tratamento de alcoólicos.<br />

A conceptualização das competências sociais no senti<strong>do</strong> de estas funcionarem como<br />

um media<strong>do</strong>r de certos comportamentos (ALBEE, 1981), como o uso de substâncias<br />

psicoactivas e até, enquanto meio de promover o próprio desenvolvimento humano (WINE,<br />

1981), levou GOLDSTEIN e cols. (1975), a admitirem que uma aquisição tardia de<br />

competências sociais na a<strong>do</strong>lescência, poderá desencadear certos problemas associa<strong>do</strong>s ao<br />

uso de drogas (delinquência, agressividade, insucesso escolar) ten<strong>do</strong>, outros autores como<br />

ARKIN e cols. (1981); PERNY e MURRAY (1982), concluí<strong>do</strong> que quanto maior for a<br />

necessidade de aquisição de competências sociais, maior a incidência e prevalência <strong>do</strong><br />

consumo dessas substâncias.<br />

Sen<strong>do</strong> a assertividade uma das competências sociais HORAN e cols. (1975) e<br />

WILLIAMS e cols. (1981), defendem que o seu deficit é característico de consumi<strong>do</strong>res de<br />

álcool. Estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s com alcoólicos, nos quais a aprendizagem de competências<br />

assertivas foi a componente de intervenção terapêutica utilizada, levaram a que a sua<br />

aplicação se estendesse à prevenção <strong>do</strong> seu abuso, isto porque se constatou que os níveis<br />

de consumo desta substância aumentam após situações de stress interpessoal (MILLER e<br />

cols. 1974). Estas conclusões continuam com (MARTORAMO, 1974 e FOY e cols. 1976) a<br />

evidenciar limitações para provar se esses procedimentos se associavam à redução <strong>do</strong> uso<br />

de álcool. Os autores, sugerem apenas que o méto<strong>do</strong> pode estar associa<strong>do</strong> a uma utilização<br />

das competências aprendidas, com sucesso, <strong>do</strong> aumento da sociabilização e <strong>do</strong> seu nível de<br />

actividade.<br />

A influência <strong>do</strong> grupo de pares, tem si<strong>do</strong>, dentro da possível diversidade de<br />

influências sociais, o alvo privilegia<strong>do</strong> <strong>do</strong>s investiga<strong>do</strong>res e considera<strong>do</strong> o mais influente no<br />

processo de iniciação e manutenção de padrões de consumo de álcool, (PENDERGAST e<br />

SCHAFFER, 1974; DC RICCO e GARLINGHTON, 1977 e KANDEL e cols. 1978), ten<strong>do</strong> os<br />

primeiros autores demonstra<strong>do</strong> existir uma forte correlação entre o uso de álcool pelo jovem<br />

e pelo grupo de amigos propon<strong>do</strong> nesta sequência, um modelo conceptualiza<strong>do</strong> no âmbito<br />

de uma perspectiva desenvolvimentista, consideran<strong>do</strong> o processo de iniciação sequencial e<br />

progressivo, in<strong>do</strong> de um consumo de álcool na fase inicial, passan<strong>do</strong> posteriormente ao<br />

consumo de outras drogas ilícitas.<br />

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