Doutoramento Lidia do Rosrio Cabral Agosto2007.pdf - Repositório ...

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situacionais, contextuais e comportamentais), propiciadoras desse consumo, familiarizando- se assim como o conceito de inoculação e a aquisição e treino de competências, subdividindo-as em três categorias estratégicas: a) Estratégias cognitivas - baseadas em diversos materiais de inoculação (filmes, slides) demonstrando diferentes tipos de influências ao consumo. Seguidamente, propicia-se o aparecimento de respostas verbais consideradas mais adequadas, para contrariar os diferentes tipos de pressões anteriormente demonstradas. b) Estratégias afectivas - promotoras de comunicação afectiva de sentimentos. c) Estratégias comportamentais - mediante a utilização de técnicas de dinâmica de grupo, como o “role-play” e discussão em grupos pequenos. Os estudos de SHAFLER e cols. (1983), obtiveram resultados favoráveis no que respeita ao consumo de tabaco, mas tal não ocorreu em relação ao consumo de álcool, constatando que a pressão do grupo, não constituirá um factor essencial na determinação do consumo desta substância na adolescência, admitindo os autores ser necessário “desenvolver programas específicos de inoculação relativamente aos comportamentos de bebida” (p. 182) utilizando os adultos como modelos influentes. DURYEA (1983), estudou a eficácia da inoculação social, em intervenções preventivas relativamente ao álcool, baseando-se em filmes, perguntas e respostas, “role-play” e apresentação de slides. Após conclusão de cada exercício, cada adolescente fazia um “feed-back avaliativo”. A avaliação do programa, utilizou os conhecimentos, a refutação de argumentos justificativos de condução sob alcoolização, a participação em situações de risco aquando do consumo, atitudes relativamente à condução sob alcoolização e frequência do consumo, produzindo a intervenção impacto positivo em todos as medidas dependentes, excepto no que se refere à frequência do consumo de álcool, que não evidenciou modificação nos grupos experimental e de controlo. 5.4 - PERSPECTIVAS HUMANISTAS Ainda na década de 70, emergem as condições teóricas e conceptuais humanistas, aplicadas à prevenção do consumo de álcool e drogas surgindo como tentativa de superar as evidentes limitações das estratégias baseadas na transmissão de conhecimentos. Esta perspectiva exerceu influência considerável também nos domínios educativos, da psicoterapia e na investigação. Os referenciais teóricos fundamentais na concepção das estratégias humanistas aplicadas à prevenção do abuso de álcool, centram-se nos desenvolvimentos da corrente de psicologia humanista (ROGERS, 1961; MASLOW, 1969), no movimento da educação humanista (VALLET, 1979) e no impacto das teorias e intervenções desenvolvimentais 218

(PIAGET, 1932 e ERICKSON, 1959). A psicologia humanista, surge como modelo alternativo à psicanálise tradicional e ás teorias behavioristas, com novas formas de visão do ser humano, considerando que este deve ser visto da mesma forma como ele se vê a si próprio. A decisão de consumir ou não, baseia-se na dimensão afectiva (atitudes, crenças, valores) e pode ser entendido como uma forma de satisfação de algumas “necessidades da personalidade” assumindo este um aspecto funcional. O indivíduo, será analisado como um todo integrado, e daí que a prevenção do consumo deva convergir no reconhecimento de elaboração de abordagens educativas psicologicamente significativas e não no fornecimento de informações sem componente afectiva, como primado da educação tradicional. Nesta perspectiva, as estratégias preventivas terão de encorajar a criatividade e a imaginação e incentivar a exploração e o reconhecimento dos seus sentimentos. Para NOWLIS (1969), os factores psicológicos envolvidos no uso de drogas foram objecto de várias investigações, tendo-se caracterizado pela existência de associação forte entre atitudes, crenças, valores e alguns factores de personalidade e o consumo de substâncias psicoactivas específicas. Tais investigações vem deslocar o alvo de atenção da substância para o indivíduo utilizador e consequentemente, as estratégias preventivas deslocam-se da transmissão de informação para a experiência subjectiva do sujeito, suas motivações e necessidades psicológicas. Reconhecendo-se a multifactoridade e a complexidade do consumo de drogas, os estudos realizados, nos anos 70 centraram-se nas características de personalidade, crenças, atitudes e susceptibilidade de valores diferenciadores dos indivíduos dependentes ou não (NEGREIROS, 1998). Os defensores das teorias humanistas, criticam os modelos informativos, baseando- se nos argumentos de que estes centram as estratégias preventivas na substância (álcool) e desprezam os factores emocionais e afectivos (possíveis responsáveis pela iniciação e/ou manutenção), considerando-os mesmo como irrelevantes, inadequados e até contraproducentes. Relativamente aos pressupostos teóricos das abordagens humanistas, quando aplicadas à prevenção do consumo de drogas, optam por programas preventivos focalizados nas dimensões afectivas ou nos aspectos psicológicos, que se traduzem numa ruptura com o modelo baseado na transmissão de informação. As abordagens humanistas orientam, as estratégias preventivas neste domínio, em duas noções fundamentais: a primeira, é a de que não são os factores cognitivos os mais influentes na tomada de decisão de usar ou não usar drogas, mas sim as atitudes, valores e necessidades e a segunda, diz respeito ao significado que as abordagens humanistas atribuem às drogas e seus efeitos, sendo que o “uso” assume um significado funcional, isto é, as diferentes substâncias psicoactivas podem funcionar como benéficas, neutras ou 219

situacionais, contextuais e comportamentais), propicia<strong>do</strong>ras desse consumo, familiarizan<strong>do</strong>-<br />

se assim como o conceito de inoculação e a aquisição e treino de competências,<br />

subdividin<strong>do</strong>-as em três categorias estratégicas:<br />

a) Estratégias cognitivas - baseadas em diversos materiais de inoculação (filmes, slides)<br />

demonstran<strong>do</strong> diferentes tipos de influências ao consumo. Seguidamente, propicia-se o<br />

aparecimento de respostas verbais consideradas mais adequadas, para contrariar os<br />

diferentes tipos de pressões anteriormente demonstradas.<br />

b) Estratégias afectivas - promotoras de comunicação afectiva de sentimentos.<br />

c) Estratégias comportamentais - mediante a utilização de técnicas de dinâmica de<br />

grupo, como o “role-play” e discussão em grupos pequenos.<br />

Os estu<strong>do</strong>s de SHAFLER e cols. (1983), obtiveram resulta<strong>do</strong>s favoráveis no que<br />

respeita ao consumo de tabaco, mas tal não ocorreu em relação ao consumo de álcool,<br />

constatan<strong>do</strong> que a pressão <strong>do</strong> grupo, não constituirá um factor essencial na determinação <strong>do</strong><br />

consumo desta substância na a<strong>do</strong>lescência, admitin<strong>do</strong> os autores ser necessário<br />

“desenvolver programas específicos de inoculação relativamente aos comportamentos de<br />

bebida” (p. 182) utilizan<strong>do</strong> os adultos como modelos influentes. DURYEA (1983), estu<strong>do</strong>u a<br />

eficácia da inoculação social, em intervenções preventivas relativamente ao álcool,<br />

basean<strong>do</strong>-se em filmes, perguntas e respostas, “role-play” e apresentação de slides. Após<br />

conclusão de cada exercício, cada a<strong>do</strong>lescente fazia um “feed-back avaliativo”. A avaliação<br />

<strong>do</strong> programa, utilizou os conhecimentos, a refutação de argumentos justificativos de<br />

condução sob alcoolização, a participação em situações de risco aquan<strong>do</strong> <strong>do</strong> consumo,<br />

atitudes relativamente à condução sob alcoolização e frequência <strong>do</strong> consumo, produzin<strong>do</strong> a<br />

intervenção impacto positivo em to<strong>do</strong>s as medidas dependentes, excepto no que se refere à<br />

frequência <strong>do</strong> consumo de álcool, que não evidenciou modificação nos grupos experimental<br />

e de controlo.<br />

5.4 - PERSPECTIVAS HUMANISTAS<br />

Ainda na década de 70, emergem as condições teóricas e conceptuais humanistas,<br />

aplicadas à prevenção <strong>do</strong> consumo de álcool e drogas surgin<strong>do</strong> como tentativa de superar<br />

as evidentes limitações das estratégias baseadas na transmissão de conhecimentos. Esta<br />

perspectiva exerceu influência considerável também nos <strong>do</strong>mínios educativos, da<br />

psicoterapia e na investigação.<br />

Os referenciais teóricos fundamentais na concepção das estratégias humanistas<br />

aplicadas à prevenção <strong>do</strong> abuso de álcool, centram-se nos desenvolvimentos da corrente de<br />

psicologia humanista (ROGERS, 1961; MASLOW, 1969), no movimento da educação<br />

humanista (VALLET, 1979) e no impacto das teorias e intervenções desenvolvimentais<br />

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