Doutoramento Lidia do Rosrio Cabral Agosto2007.pdf - Repositório ...

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No que se refere ás intervenções educativas preventivas sobre o álcool, o paradigma da instrução didáctica privilegia os factores cognitivos (informação, conhecimentos). No entanto NEGREIROS (1998), considera que o consumo de álcool é muito mais que ausência de conhecimento dos seus riscos, não descurando contudo a vertente afectiva (valores, crenças, atitudes). O autor, faz um analise das limitações do paradigma da instrução didáctica e aponta como justificações para o que se operou na referida reconstrução o desenvolvimento de novas concepções teóricas, a inclusão de procedimentos destinados a avaliar os efeitos das intervenções preventivas nesta área e a elaboração de novos métodos e técnicas de prevenção. 5.2 - PARADIGMA SOCIO-PSICOLÓGICO Impulsionado pelo relativo fracasso das abordagens anteriores da educação sobre o álcool, emerge entre finais dos anos 60 e início dos anos 70 este novo paradigma. Demarca- se dos pressupostos filosóficos e/ou morais do passado, como necessidade de ruptura com as anteriores abordagens de educação e prevenção do consumo de álcool e pela proliferação de estudos colocando em causa a ineficácia das estratégias até então adoptadas. Classifica-as de ingénuas, procurando assim conferir às estratégias preventivas estatuto de maior cientificidade e caracteriza-as por valorizar o conjunto de factores psicológicos e sociais envolvidos no consumo e prevenção do álcool e drogas. Este modelo começa por descredibilizar o modelo preventivo da instrução didáctica que é baseado na transmissão de informação. Incentiva a análise dos efeitos das estratégias preventivas, levando ao desenvolvimento de novas investigações centradas em questões metodológicas que se traduziram na elaboração de modelos conceptuais mais complexos, com destaque para a importância dos factores sociais e psicológicos no uso e prevenção do álcool. Para STUART (1974), as estratégias adoptadas no modelo de instrução didáctica terão efeitos negativos, nomeadamente o aumento de consumo. Este facto aconteceria porque ao fornecer certo tipo de informações, desinibir-se-iam os preconceitos que até aí estavam inibidos e que continham o consumo de álcool nos adolescentes. Iria também desensibilizar os jovens com discursos repetitivos acerca de substâncias psicoactivas nos meios que tradicionalmente estavam dissociados desse problema que é a escola e incentivaria os estudantes a reflectirem sobre si próprios como potenciais consumidores de drogas apenas porque estavam incluídos em programas de prevenção o que os levaria a reflectir sobre o desconhecido. Para o autor poder-se-ia ainda estar a provocar mudança de atitudes que até então foram o bastião de defesa contra o uso de drogas e, ao utilizar-se 206

informações pouco rigorosas e ocasionais correr-se-ia o risco de hipotecar a credibilidade das mensagens. Com efeito, é uma preocupação actual a eficácia/efeito contrário das intervenções baseadas em palestras e lições sobre o uso de drogas e álcool, pois as mudanças que se pretendem obter, por vezes ocorrem na direcção não desejada. Estudos realizados neste âmbito concluíram, que o efeito imediato de uma “lição” sobre drogas num grupo de estudantes dos 14 – 17 anos, foi tornar os adolescentes mais interessados pelas drogas e até menos antagonistas. Em estudos posteriores, com recurso a discussão informal sobre o tema, os resultados continuavam altamente questionáveis, o que colocou em causa os métodos tradicionais de educação sobre álcool e drogas. No decurso das investigações no âmbito do paradigma sócio-psicológico é aspecto central o binómio “avaliação-eficácia”, pois é preocupação conhecer os efeitos das estratégias preventivas e concomitantemente ver aumentada a sua eficácia. Esta perspectiva é notória nos estudos dos anos 70, 80 e 90 realizados entre outros por (BEAUCHESNE, 1986; WEPNER, 1979); LOGAN, 1991 e N.I.D.A., 1991, 1994). Este percurso inicia-se por discursos fortemente críticos relativamente às estratégias tradicionais informativas, orientado cientificamente para a reflexão das questões metodológicas inerentes à avaliação dos efeitos das estratégias preventivas, e á qualidade da eficácia das intervenções preventivas até á adopção de requisitos metodológicos básicos onde se procurava identificar as limitações metodológicas, com recomendações específicas para ultrapassar essas mesmas limitações, como por exemplo a utilização de pré-testes e a inclusão de grupos de controlo. BRY (1979), avalia as principais características metodológicas de sete estudos acerca do assunto e identificou as seguintes deficiências: fraca intensidade de intervenções (de 3 a 4 h); uma selecção aleatória dos indivíduos e não acções em turmas intactas; exclusão dos indivíduos com elevados níveis de absentismo escolar nos programas; não existência de grupos de controlo; insuficiência ou ausência de medidas sobre o álcool e/ou drogas e ausência de uma avaliação “follow-up”. Face aos resultados encontrados, a autora propõe as seguintes características básicas em futuros estudos de avaliação: Utilização de procedimentos de amostragem possibilitadores da análise dos efeitos das estratégias preventivas nos estudantes que fazem parte do grupo de “alto risco”; Um período de avaliação “follow-up” superior a dois anos; Uma selecção aleatória das turmas, nas situações experimental e de controlo; A análise dos efeitos dos programas preventivos em ambientes naturais O incentivo ao uso da entrevista, como técnica de recolha de informação acerca do consumo de drogas. 207

informações pouco rigorosas e ocasionais correr-se-ia o risco de hipotecar a credibilidade<br />

das mensagens.<br />

Com efeito, é uma preocupação actual a eficácia/efeito contrário das intervenções<br />

baseadas em palestras e lições sobre o uso de drogas e álcool, pois as mudanças que se<br />

pretendem obter, por vezes ocorrem na direcção não desejada. Estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s neste<br />

âmbito concluíram, que o efeito imediato de uma “lição” sobre drogas num grupo de<br />

estudantes <strong>do</strong>s 14 – 17 anos, foi tornar os a<strong>do</strong>lescentes mais interessa<strong>do</strong>s pelas drogas e<br />

até menos antagonistas. Em estu<strong>do</strong>s posteriores, com recurso a discussão informal sobre o<br />

tema, os resulta<strong>do</strong>s continuavam altamente questionáveis, o que colocou em causa os<br />

méto<strong>do</strong>s tradicionais de educação sobre álcool e drogas.<br />

No decurso das investigações no âmbito <strong>do</strong> paradigma sócio-psicológico é aspecto<br />

central o binómio “avaliação-eficácia”, pois é preocupação conhecer os efeitos das<br />

estratégias preventivas e concomitantemente ver aumentada a sua eficácia. Esta perspectiva<br />

é notória nos estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s anos 70, 80 e 90 realiza<strong>do</strong>s entre outros por (BEAUCHESNE,<br />

1986; WEPNER, 1979); LOGAN, 1991 e N.I.D.A., 1991, 1994).<br />

Este percurso inicia-se por discursos fortemente críticos relativamente às estratégias<br />

tradicionais informativas, orienta<strong>do</strong> cientificamente para a reflexão das questões<br />

meto<strong>do</strong>lógicas inerentes à avaliação <strong>do</strong>s efeitos das estratégias preventivas, e á qualidade<br />

da eficácia das intervenções preventivas até á a<strong>do</strong>pção de requisitos meto<strong>do</strong>lógicos básicos<br />

onde se procurava identificar as limitações meto<strong>do</strong>lógicas, com recomendações específicas<br />

para ultrapassar essas mesmas limitações, como por exemplo a utilização de pré-testes e a<br />

inclusão de grupos de controlo.<br />

BRY (1979), avalia as principais características meto<strong>do</strong>lógicas de sete estu<strong>do</strong>s<br />

acerca <strong>do</strong> assunto e identificou as seguintes deficiências: fraca intensidade de intervenções<br />

(de 3 a 4 h); uma selecção aleatória <strong>do</strong>s indivíduos e não acções em turmas intactas;<br />

exclusão <strong>do</strong>s indivíduos com eleva<strong>do</strong>s níveis de absentismo escolar nos programas; não<br />

existência de grupos de controlo; insuficiência ou ausência de medidas sobre o álcool e/ou<br />

drogas e ausência de uma avaliação “follow-up”. Face aos resulta<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s, a autora<br />

propõe as seguintes características básicas em futuros estu<strong>do</strong>s de avaliação:<br />

Utilização de procedimentos de amostragem possibilita<strong>do</strong>res da análise <strong>do</strong>s efeitos das<br />

estratégias preventivas nos estudantes que fazem parte <strong>do</strong> grupo de “alto risco”;<br />

Um perío<strong>do</strong> de avaliação “follow-up” superior a <strong>do</strong>is anos;<br />

Uma selecção aleatória das turmas, nas situações experimental e de controlo;<br />

A análise <strong>do</strong>s efeitos <strong>do</strong>s programas preventivos em ambientes naturais<br />

O incentivo ao uso da entrevista, como técnica de recolha de informação acerca <strong>do</strong> consumo<br />

de drogas.<br />

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