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Em sociedades tradicionalmente consumidoras, como o sul da Europa, estas restrições são de difícil justificação e consequentemente é mais complexo e menos eficiente a elaboração de programas educativos baseados no modelo proscriptivo. Os desenvolvimentos teóricos e práticos acerca das bebidas alcoólicas e o impacto dos factores sócio-culturais e psicológicos na origem dos problemas relacionados com o seu consumo, fazem diminuir a influência deste modelo e apostar num modelo preventivo baseado nos contextos “sócio-cultural” ou de “socialização”. Novas perspectivas surgem acerca do uso do álcool e com NOBLE (1984), diferentes visões do alcoolismo, como o seu reconhecimento como doença a partir dos anos 30, focando essa doença num “número restrito de indivíduos desviantes” e a partir dos anos 60, com os resultados de investigações que consideraram as dificuldades biológicas e químicas como causa do alcoolismo, terá também contribuído para o declínio do modelo proscriptivo. Sem dúvida, o foco da atenção passa do agente (álcool) para o hospedeiro (pessoa que bebe excessivamente) o que faz com que os problemas de álcool (COOK 1985), se restrinjam ao tratamento dos alcoólicos e das doenças decorrentes do “impacto fisiológico” do abuso de bebidas alcoólicas. Modelo Sociocultural: O modelo sócio-cultural assenta numa filosofia geral de prevenção, entroncada em princípios e pressupostos oriundos da pesquisa e aplicações clínicas das áreas da antropologia, sociologia, psicologia e psiquiatria, não se limitando por isso a uma visão unitária, na forma como os problemas relativos ao álcool podem ser analisados e conceptualizados (NEGREIROS, 1998). Este modelo, baseia a definição de objectivos, métodos e conteúdos de programas educativos e preventivos sobre as bebidas alcoólicas, em investigações realizadas em dois domínios distintos que são as investigações sobre o uso do álcool numa perspectiva sociológica e mais recentemente, as teorias explicativas da iniciação e manutenção dos diferentes padrões de consumo na adolescência. O grande impacto deste modelo, traduz-se fundamentalmente, por uma valorização das interpretações sociológicas e culturais do consumo de álcool e as teorias de socialização sobre o comportamento da bebida no adolescente. Relativamente às interpretações sociológicas do consumo de álcool, surgem nos anos 60/70 e valorizam concepções teóricas propiciadoras do consumo, ligados a normas sociais e culturais, originando a partir daí, um conjunto de observações. Tendem a demonstrar que o uso da bebida alcoólica, apresenta variações de acordo com divisões nacionais, étnicas e religiosas, que podem ser entendidas com base em diferentes 202
costumes, crenças e valores adquiridos pelas sociedades e indivíduos acerca das bebidas alcoólicas (BLANE, 1968). Trata-se de uma perspectiva que defende ser o consumo de álcool e seus problemas, resultante do sistema de normas sociais e crenças adoptadas pelas diferentes sociedades acerca das bebidas alcoólicas. Esta posição, considera o consumo de álcool, um comportamento social assimilado e consequentemente indissociável do padrão cultural em vigor, sendo o seu consumo, o resultado das diferenças na qualidade e estrutura das normas, que as sociedades defendem acerca da bebida (NEGREIROS, 1998). O pressuposto teórico mais importante deste modelo baseia-se em fazer uma distinção entre normas, valores e crenças propiciadoras de aumentar o consumo e na aplicação dessas normas, que fomentassem a sua utilização mas de forma não problemática. Este modelo, defende, não a abstinência total associado a significações negativas, mas sim o seu uso dentro de padrões socialmente aceitáveis e de critérios razoáveis e responsáveis. Assim, o “locus” de causalidade deixa de ser o individuo para passar a ser o grupo e a sociedade, o que significa, não ser o “fraco de carácter moral” com desordens da personalidade o centro do problema mas sim a força social e cultural instaladas. A nossa sociedade, é o exemplo desta tolerância ao incentivar o consumo pelo conjunto de normas e crenças instaladas. As intervenções educativas propostas por este modelo baseiam-se no princípio de que é possível provocar modificações nas normas, valores e crenças instaladas socialmente e que são promotoras do consumo abusivo. Uma dessas intervenções preventivas passaria pela manipulação de alguns factores ambientais e sociais como por exemplo a definição exacta dos limites que definem o “uso moderado” e o “uso responsável”, do comportamento de bebida “socialmente aceitável” e “socialmente inaceitável”, o que passaria por introduzir mudança de atitude relativamente ao álcool. Esta perspectiva, preconiza uma abordagem formativa indirecta, propiciadora da promoção da saúde mental e das condições sociais dos indivíduos. O modelo sócio-cultural pretende influenciar a definição de programas educativos sobre o álcool, com base em investigações dos domínios sociológicos e antropológicos do uso/abuso de bebidas alcoólicas, e, das teorizações efectuadas sobre o comportamento da bebida do adolescente, contextualizadas no processo de socialização. Esta concepção, parte do referencial que a noção de que os padrões de uso de bebida alcoólica no adolescente, são o reflexo dos padrões de consumo de bebida alcoólica padronizadas e adoptados pelos adultos inseridos no mesmo contexto sócio-cultural e de que a noção de o uso de bebida alcoólica pelo adolescente, traduziria um comportamento social “normal” inserido numa 203
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costumes, crenças e valores adquiri<strong>do</strong>s pelas sociedades e indivíduos acerca das bebidas<br />
alcoólicas (BLANE, 1968).<br />
Trata-se de uma perspectiva que defende ser o consumo de álcool e seus problemas,<br />
resultante <strong>do</strong> sistema de normas sociais e crenças a<strong>do</strong>ptadas pelas diferentes sociedades<br />
acerca das bebidas alcoólicas. Esta posição, considera o consumo de álcool, um<br />
comportamento social assimila<strong>do</strong> e consequentemente indissociável <strong>do</strong> padrão cultural em<br />
vigor, sen<strong>do</strong> o seu consumo, o resulta<strong>do</strong> das diferenças na qualidade e estrutura das<br />
normas, que as sociedades defendem acerca da bebida (NEGREIROS, 1998). O<br />
pressuposto teórico mais importante deste modelo baseia-se em fazer uma distinção entre<br />
normas, valores e crenças propicia<strong>do</strong>ras de aumentar o consumo e na aplicação dessas<br />
normas, que fomentassem a sua utilização mas de forma não problemática.<br />
Este modelo, defende, não a abstinência total associa<strong>do</strong> a significações negativas,<br />
mas sim o seu uso dentro de padrões socialmente aceitáveis e de critérios razoáveis e<br />
responsáveis. Assim, o “locus” de causalidade deixa de ser o individuo para passar a ser o<br />
grupo e a sociedade, o que significa, não ser o “fraco de carácter moral” com desordens da<br />
personalidade o centro <strong>do</strong> problema mas sim a força social e cultural instaladas. A nossa<br />
sociedade, é o exemplo desta tolerância ao incentivar o consumo pelo conjunto de normas e<br />
crenças instaladas.<br />
As intervenções educativas propostas por este modelo baseiam-se no princípio de<br />
que é possível provocar modificações nas normas, valores e crenças instaladas socialmente<br />
e que são promotoras <strong>do</strong> consumo abusivo. Uma dessas intervenções preventivas passaria<br />
pela manipulação de alguns factores ambientais e sociais como por exemplo a definição<br />
exacta <strong>do</strong>s limites que definem o “uso modera<strong>do</strong>” e o “uso responsável”, <strong>do</strong> comportamento<br />
de bebida “socialmente aceitável” e “socialmente inaceitável”, o que passaria por introduzir<br />
mudança de atitude relativamente ao álcool. Esta perspectiva, preconiza uma abordagem<br />
formativa indirecta, propicia<strong>do</strong>ra da promoção da saúde mental e das condições sociais <strong>do</strong>s<br />
indivíduos.<br />
O modelo sócio-cultural pretende influenciar a definição de programas educativos<br />
sobre o álcool, com base em investigações <strong>do</strong>s <strong>do</strong>mínios sociológicos e antropológicos <strong>do</strong><br />
uso/abuso de bebidas alcoólicas, e, das teorizações efectuadas sobre o comportamento da<br />
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<strong>do</strong> referencial que a noção de que os padrões de uso de bebida alcoólica no a<strong>do</strong>lescente,<br />
são o reflexo <strong>do</strong>s padrões de consumo de bebida alcoólica padronizadas e a<strong>do</strong>pta<strong>do</strong>s pelos<br />
adultos inseri<strong>do</strong>s no mesmo contexto sócio-cultural e de que a noção de o uso de bebida<br />
alcoólica pelo a<strong>do</strong>lescente, traduziria um comportamento social “normal” inseri<strong>do</strong> numa<br />
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