Doutoramento Lidia do Rosrio Cabral Agosto2007.pdf - Repositório ...

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alcoolismo, dependerá da interacção duma aprendizagem em situações envolventes de factores fisiológicos e a forma como estes são interpretados e rotulados pelo sujeito, sendo as componentes fisiológicas e cognitivas, factores indissociáveis da experiência total do processo de alcoolismo. Para LINDSMITH (1969), nem os factores fisiológicos nem os cognitivo-psicológicos, são por si só, suficientes para explicar o alcoolismo. A abordagem biopsicossocial, não enfatiza de forma exclusiva a componente fisiológica (modelo médico), nem a responsabilidade pessoal no desenvolvimento do problema (modelo moral), mas salienta, a responsabilidade do sujeito na mudança do comportamento. Assim, todo o processo de mudança para ser concretizado implica a participação activa do sujeito, assumindo-se que os padrões de comportamento disfuncionais, adquiridos por influência de diversos factores, são possíveis de ser alterados através da aprendizagem de formas alternativas de lidar com a situação/problema. Reforça MARLATT (1985a), estas opiniões, quando afirma que nos comportamentos aditivos, é importante fazer a distinção entre responsabilidade pelo desenvolvimento do problema e responsabilidade pela solução do mesmo, assim como, entre os factores assumidos como determinantes-etiologia e os factores associados à mudança e tratamento do distúrbio. Devido às características específicas deste modelo, optou-se por designá-lo de “Biopsicossocial” embora os seus autores (MARLATT e GORDON 1985), o denominem de modelo de “Auto-Controlo” e outros autores, como BECK e cols. (1993) o considerem um modelo Cognitivo das Adições. Independentemente da designação que lhe é atribuída, a sua abrangência e ecletismo, tornam-no um marco de referência obrigatória para todos os que se dedicam ao estudo e intervenção deste tipo de distúrbios. Esta convergência, implica o reconhecimento (DONOVAN e CHANEY, 1985; MARLATT e cols. 1988) de que o risco do desenvolvimento de dependência, pode aumentar face aos processos biológicos no contexto dos factores ambientais (CONNORS e TARBOX, 1985). 4.5.1 - Princípios e Conceitos Fundamentais Surgem novos horizontes hermenêuticos para a intelecção dos fenómenos aditivos baseados em mudanças cognitivos ao nível da psicologia da aprendizagem social e da psicologia social experimental, que contribuíram para uma compreensão ampla e abrangente das diferentes fases: início, manutenção, cessação e recaída. É acerca do processo de recaída que MARLATT e GORDON (1985), desenvolvem um novo modelo denominado de Relapse Prevention (Prevenção da Recaída), pelo qual pretendem explicar a recaída e contribuir para uma nova visão deste problema, dado que se continua a assistir a elevadas taxas de recaída. Este modelo resulta numa conceptualização 182

abrangente, inovadora e globalizante na compreensão e tratamentos dos distúrbios aditivos. É um modelo hermenêutico, com perspectiva interventiva e eclética, dado que se baseia em conceitos dos vários paradigmas que têm surgido em psicoterapia. Aplica-se ao uso de drogas (álcool ou outras), substâncias auto-destrutivas, e a todo um conjunto de actividades aditivas, com padrão de hábito compulsivo no qual o sujeito procura um estado de gratificação imediata (MARLATT, 1985ª). Estuda também as determinantes dos hábitos aditivos (antecedentes ambientais e situacionais, crenças, expectativas, história familiar e as experiências prévias com a substância ou actividade) acompanhados pela procura das consequências destes comportamentos e por uma compreensão dos efeitos reforçadores contributivos do aumento do uso e das consequências negativas inibidoras desse comportamento e ainda, as reacções sociais e interpessoais vivenciados antes, durante e depois de terem iniciado um comportamento aditivo. A importância dos factores sociais envolvidos na aprendizagem inicial do comportamento aditivo e no desempenho subsequente da actividade, uma vez consolidado o padrão de comportamento são também importantes neste processo. Pela diversidade das variáveis em jogo e sua importância no desenvolvimento, manutenção e recaída do comportamento aditivo, este modelo é considerado por muitos autores uma abordagem multidimensional destes comportamentos, isto é, um Modelo Biopsicossocial que ultrapassa a mera perspectiva de prevenção de recaída. Assenta no pressuposto de que os comportamentos aditivos são padrões de comportamentos mal-adaptativos sobre-aprendidos, utilizados como forma de gerir as situações desagradáveis, obtendo assim um alívio da situação aversiva, ou uma gratificação imediata. As consequências destes comportamentos terão reflexos negativos em diferentes áreas da vida do indivíduo como saúde, família, relações sociais, auto-estima, e o uso ocasional ou moderado do álcool, com concomitante consciência das consequências negativas que poderá ser considerado aceitável, desde que não se torne frequente e repetitivo e sem consciência das consequências negativas a longo prazo (MARLATT, 1985ª). As crenças irracionais e as consequências das acções e emoções são para ELLIS e cols. (1988), aspectos importantes no desenvolvimento e manutenção do comportamento aditivo. Os autores consideram o sujeito como possuidor de uma forma de pensamento que designam de “aditiva” (automática, aprendida, praticada continuamente e resistente à mudança) constituída por um conjunto de crenças auto-verbalizações e atribuições que aplica em três domínios: o seu problema, as emoções negativas provocadas pelo problema e tentativas de mudança e as crenças e pensamentos sobre si próprio como pessoa (auto- controlo e valor pessoal). 183

alcoolismo, dependerá da interacção duma aprendizagem em situações envolventes de<br />

factores fisiológicos e a forma como estes são interpreta<strong>do</strong>s e rotula<strong>do</strong>s pelo sujeito, sen<strong>do</strong><br />

as componentes fisiológicas e cognitivas, factores indissociáveis da experiência total <strong>do</strong><br />

processo de alcoolismo. Para LINDSMITH (1969), nem os factores fisiológicos nem os<br />

cognitivo-psicológicos, são por si só, suficientes para explicar o alcoolismo.<br />

A abordagem biopsicossocial, não enfatiza de forma exclusiva a componente<br />

fisiológica (modelo médico), nem a responsabilidade pessoal no desenvolvimento <strong>do</strong><br />

problema (modelo moral), mas salienta, a responsabilidade <strong>do</strong> sujeito na mudança <strong>do</strong><br />

comportamento. Assim, to<strong>do</strong> o processo de mudança para ser concretiza<strong>do</strong> implica a<br />

participação activa <strong>do</strong> sujeito, assumin<strong>do</strong>-se que os padrões de comportamento<br />

disfuncionais, adquiri<strong>do</strong>s por influência de diversos factores, são possíveis de ser altera<strong>do</strong>s<br />

através da aprendizagem de formas alternativas de lidar com a situação/problema. Reforça<br />

MARLATT (1985a), estas opiniões, quan<strong>do</strong> afirma que nos comportamentos aditivos, é<br />

importante fazer a distinção entre responsabilidade pelo desenvolvimento <strong>do</strong> problema e<br />

responsabilidade pela solução <strong>do</strong> mesmo, assim como, entre os factores assumi<strong>do</strong>s como<br />

determinantes-etiologia e os factores associa<strong>do</strong>s à mudança e tratamento <strong>do</strong> distúrbio.<br />

Devi<strong>do</strong> às características específicas deste modelo, optou-se por designá-lo de<br />

“Biopsicossocial” embora os seus autores (MARLATT e GORDON 1985), o denominem de<br />

modelo de “Auto-Controlo” e outros autores, como BECK e cols. (1993) o considerem um<br />

modelo Cognitivo das Adições.<br />

Independentemente da designação que lhe é atribuída, a sua abrangência e<br />

ecletismo, tornam-no um marco de referência obrigatória para to<strong>do</strong>s os que se dedicam ao<br />

estu<strong>do</strong> e intervenção deste tipo de distúrbios. Esta convergência, implica o reconhecimento<br />

(DONOVAN e CHANEY, 1985; MARLATT e cols. 1988) de que o risco <strong>do</strong> desenvolvimento<br />

de dependência, pode aumentar face aos processos biológicos no contexto <strong>do</strong>s factores<br />

ambientais (CONNORS e TARBOX, 1985).<br />

4.5.1 - Princípios e Conceitos Fundamentais<br />

Surgem novos horizontes hermenêuticos para a intelecção <strong>do</strong>s fenómenos aditivos<br />

basea<strong>do</strong>s em mudanças cognitivos ao nível da psicologia da aprendizagem social e da<br />

psicologia social experimental, que contribuíram para uma compreensão ampla e abrangente<br />

das diferentes fases: início, manutenção, cessação e recaída.<br />

É acerca <strong>do</strong> processo de recaída que MARLATT e GORDON (1985), desenvolvem<br />

um novo modelo denomina<strong>do</strong> de Relapse Prevention (Prevenção da Recaída), pelo qual<br />

pretendem explicar a recaída e contribuir para uma nova visão deste problema, da<strong>do</strong> que se<br />

continua a assistir a elevadas taxas de recaída. Este modelo resulta numa conceptualização<br />

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