Doutoramento Lidia do Rosrio Cabral Agosto2007.pdf - Repositório ...
Doutoramento Lidia do Rosrio Cabral Agosto2007.pdf - Repositório ... Doutoramento Lidia do Rosrio Cabral Agosto2007.pdf - Repositório ...
RUSSEL e MEHRABIAN (1975), defendem que os efeitos bifásicos do álcool, resultam em diferentes padrões de consumo em antecipação aos resultados desejados no momento. Um estudo de MC COLLAM e cols. (1978) em que intervieram 60 bebedores sociais, revelou que as sensações eram mais acentuadas na fase de ascensão da taxa de alcoolémia do que na fase descendente, tendo-se daí inferido que os factores farmacológicos podem interagir com os factores psicossociais ao longo do tempo. Deste modo, a força do reforço é em parte determinada pelo período de tempo entre a recompensa e o comportamento e o efeito farmacológico imediato (euforia), poderá tornar-se como um estímulo poderoso em situações futuras. Assim, em síntese, podemos referir que o uso/abuso de álcool é influenciado por um conjunto variado de determinantes situacionais e pessoais do momento. Será um comportamento com deficit adaptativo ou disfuncional, se utilizado para lidar em função da auto-eficácia e expectativas acerca dos efeitos do álcool e o recurso ao mesmo é considerado a melhor alternativa para atingir os objectivos. Os factores situacionais e os efeitos de modelamento, são influenciadores do uso/abuso que, quando associados a factores operantes, desencadeiam consequências reforçadoras ou punitivas do comportamento. Os efeitos da acção bifásica do álcool conjuntamente com as expectativas acerca do seu efeito, são também importantes factores de determinação do consumo. Por outro lado, verificamos que a interacção de diferentes factores pode contribuir para o consumo do álcool como forma de resolução imediata de problemas ou de lidar com eles, como sejam os factores stressores situacionais, factores cognitivos, estados biológicos e psicológicos. Também concluímos que, após o início de consumo a interacção do grau de intoxicação e as aptidões de recusa poderão ser utilizadas como controladoras da continuidade da ingestão de álcool. Quando este início se justifica como forma de lidar com situações, o risco de abuso aumenta e quando associado a uma deficiente auto-regulação, a tolerância e a sintomas de abstinência funcionam como factores impulsionadores do processo e da transição de um consumo moderado para um consumo excessivo, com aumento do problema (ABRAMS e WILSON, 1986). 4.4. - MODELO MOTIVACIONAL Este modelo do uso do álcool reconhece diferentes estilos de bebida, pautando os bebedores num contínuo entre o não aditivo e o aditivo. Assim, o beber excessivamente, ocorre quando os factores contribuintes para a decisão de beber se sobrepõem aos da 170
decisão para não beber e decidir beber envolve componentes como as expectativas e os processos emocionais (PERVIN, 1983 e KLINGER, 1987). Para COX e KLINGER (1988), a decisão consciente ou inconscientemente do indivíduo consumir ou não álcool depende do facto de esperar ou não consequências positivas desse consumo. Segundo os autores, a base para o uso/abuso de álcool é motivacional, referindo que desde as experiências passadas com o álcool à situação de vida actual, vão surgindo um conjunto de factores modeladores da reactividade neuro-química do álcool que ajudam a formar expectativas de mudança emocionais como consequências da bebida. 4.4.1 - Factores Influentes na Decisão de Beber COX e KINGER (1988, 1990), consideram que a decisão de beber resulta de uma combinação de processos emocionais e racionais, assente na mudança efectiva esperada como consequência do beber e em que as consequências imediatas esperadas assumem um papel primordial na decisão. O indivíduo no período pré decisão de beber, pode pensar nas consequências negativas originando-lhe alguma apreensão, mas, se obtiver alívio ou prazer no momento presente, esta decisão pode sobrepor-se à que lhe faria pensar nas consequências negativas a longo prazo. Esta tomada de decisão e todos os factores nela envolvidos, podem ser não “conscientes” “e automáticas” e embora, as primeiras decisões possam por vezes ser conscientes, podem conduzir a um conjunto sequencial de decisões nos quais a quantidade de álcool consumida ocorre de forma automática. Para os mesmos autores, o comportamento aditivo é, determinado pelos nexos motivacionais do indivíduo e por processos susceptíveis de análise formal em termos de valor dos estímulos, expectativas, processos afectivos e tomada de decisão. Se as decisões são voluntárias, o indivíduo pode ter controlo sobre elas, mas se conflituosas, colocam o indivíduo na decisão de escolha entre a próxima bebida e as consequências negativas dessa decisão. Consideram ainda que a decisão de beber ou não beber depende da interacção de diversos factores dos quais salientam: a) - Factores históricos: Ajudam a determinar e compreender a natureza das experiências passadas com o álcool e que no presente influenciam a motivação para beber. Consideram como mais importante, as características de personalidade, o ambiente sócio-cultural e a reactividade bioquímica individual ao álcool. b) - Factores actuais: Destacam a qualidade e quantidade de estímulos positivos ou negativos, isto é, as razões ou motivos para beber e assentam nas seguintes premissas: Os sujeitos bebem com o objectivo de obter determinado efeito (COX e KLINGER, 1988); 171
- Page 119 and 120: procurar nele próprio uma fonte de
- Page 121 and 122: intrínseca portanto insuperável d
- Page 123 and 124: (1993), os factores psicológicos p
- Page 125 and 126: 3.5.2 - Epidemiologia Os estudos ep
- Page 127 and 128: apazes e 87% nas raparigas. Nos alu
- Page 129 and 130: Hungria Dinamarca Alemanha Rep.Chec
- Page 131 and 132: Universidade de Coimbra, concluiu-s
- Page 133 and 134: consumo de vinho e o aumento do con
- Page 135 and 136: Quadro 4 - Taxa de mortalidade padr
- Page 137 and 138: 2 Abstinência manifestada por um o
- Page 139 and 140: É na adolescência que ocorre a de
- Page 141 and 142: Maior probabilidade de uso de droga
- Page 143 and 144: CORMILLOT (1994), que qualquer pess
- Page 145 and 146: cerebral, diminuindo a resistência
- Page 147 and 148: é caracterizada por confusão ment
- Page 149 and 150: Não é possível estabelecer uma r
- Page 151 and 152: crimes, incluindo crimes violentos
- Page 153 and 154: 4 - MODELOS TEÓRICOS DO ALCOOLISMO
- Page 155 and 156: como indivíduo com comportamento p
- Page 157 and 158: estratégias de mudança e com limi
- Page 159 and 160: situações específicas como refei
- Page 161 and 162: de consumo excessivo do que quando
- Page 163 and 164: substâncias, mas sim um conjunto d
- Page 165 and 166: interacção, contribuem para os di
- Page 167 and 168: O défice de aptidões específicas
- Page 169: social, conflitos familiares e baix
- Page 173 and 174: Consideram-se como mediadores cogni
- Page 175 and 176: Os estudos desenvolvidos no sentido
- Page 177 and 178: 4.4.3 - Influências sócio-cultura
- Page 179 and 180: Quanto aos motivos de melhoria, alg
- Page 181 and 182: Independentemente da reacção bioq
- Page 183 and 184: abrangente, inovadora e globalizant
- Page 185 and 186: tornam relevantes como suporte teó
- Page 187 and 188: A identificação dos determinantes
- Page 189 and 190: B - Lidar com Estados Físico-Fisio
- Page 191 and 192: focalizar-se em estratégias instru
- Page 193 and 194: efectivamente lidar com esta situa
- Page 195 and 196: Fonte: - Gouveia (1977)-A importân
- Page 197 and 198: efeitos positivos imediatos e agrad
- Page 199 and 200: de sentimentos negativos quando imp
- Page 201 and 202: Os programas educativos sobre preve
- Page 203 and 204: costumes, crenças e valores adquir
- Page 205 and 206: abordagens baseadas na abstinência
- Page 207 and 208: informações pouco rigorosas e oca
- Page 209 and 210: O modelo de “atitudes-comportamen
- Page 211 and 212: independentes, as quais forneceram
- Page 213 and 214: eceptor, condicionam as mensagens b
- Page 215 and 216: a repetição dos aspectos mais imp
- Page 217 and 218: isso, também necessário contraria
- Page 219 and 220: (PIAGET, 1932 e ERICKSON, 1959). A
RUSSEL e MEHRABIAN (1975), defendem que os efeitos bifásicos <strong>do</strong> álcool,<br />
resultam em diferentes padrões de consumo em antecipação aos resulta<strong>do</strong>s deseja<strong>do</strong>s no<br />
momento. Um estu<strong>do</strong> de MC COLLAM e cols. (1978) em que intervieram 60 bebe<strong>do</strong>res<br />
sociais, revelou que as sensações eram mais acentuadas na fase de ascensão da taxa de<br />
alcoolémia <strong>do</strong> que na fase descendente, ten<strong>do</strong>-se daí inferi<strong>do</strong> que os factores<br />
farmacológicos podem interagir com os factores psicossociais ao longo <strong>do</strong> tempo. Deste<br />
mo<strong>do</strong>, a força <strong>do</strong> reforço é em parte determinada pelo perío<strong>do</strong> de tempo entre a recompensa<br />
e o comportamento e o efeito farmacológico imediato (euforia), poderá tornar-se como um<br />
estímulo poderoso em situações futuras.<br />
Assim, em síntese, podemos referir que o uso/abuso de álcool é influencia<strong>do</strong> por um<br />
conjunto varia<strong>do</strong> de determinantes situacionais e pessoais <strong>do</strong> momento. Será um<br />
comportamento com deficit adaptativo ou disfuncional, se utiliza<strong>do</strong> para lidar em função da<br />
auto-eficácia e expectativas acerca <strong>do</strong>s efeitos <strong>do</strong> álcool e o recurso ao mesmo é<br />
considera<strong>do</strong> a melhor alternativa para atingir os objectivos. Os factores situacionais e os<br />
efeitos de modelamento, são influencia<strong>do</strong>res <strong>do</strong> uso/abuso que, quan<strong>do</strong> associa<strong>do</strong>s a<br />
factores operantes, desencadeiam consequências reforça<strong>do</strong>ras ou punitivas <strong>do</strong><br />
comportamento. Os efeitos da acção bifásica <strong>do</strong> álcool conjuntamente com as expectativas<br />
acerca <strong>do</strong> seu efeito, são também importantes factores de determinação <strong>do</strong> consumo.<br />
Por outro la<strong>do</strong>, verificamos que a interacção de diferentes factores pode contribuir<br />
para o consumo <strong>do</strong> álcool como forma de resolução imediata de problemas ou de lidar com<br />
eles, como sejam os factores stressores situacionais, factores cognitivos, esta<strong>do</strong>s biológicos<br />
e psicológicos.<br />
Também concluímos que, após o início de consumo a interacção <strong>do</strong> grau de<br />
intoxicação e as aptidões de recusa poderão ser utilizadas como controla<strong>do</strong>ras da<br />
continuidade da ingestão de álcool. Quan<strong>do</strong> este início se justifica como forma de lidar com<br />
situações, o risco de abuso aumenta e quan<strong>do</strong> associa<strong>do</strong> a uma deficiente auto-regulação, a<br />
tolerância e a sintomas de abstinência funcionam como factores impulsiona<strong>do</strong>res <strong>do</strong><br />
processo e da transição de um consumo modera<strong>do</strong> para um consumo excessivo, com<br />
aumento <strong>do</strong> problema (ABRAMS e WILSON, 1986).<br />
4.4. - MODELO MOTIVACIONAL<br />
Este modelo <strong>do</strong> uso <strong>do</strong> álcool reconhece diferentes estilos de bebida, pautan<strong>do</strong> os<br />
bebe<strong>do</strong>res num contínuo entre o não aditivo e o aditivo. Assim, o beber excessivamente,<br />
ocorre quan<strong>do</strong> os factores contribuintes para a decisão de beber se sobrepõem aos da<br />
170