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aquisição. Neste contexto parece importante destacamos os factores determinantes do comportamento de bebida: Factores situacionais: Vários estudos têm relacionado variáveis situacionais (contexto social) e padrão de consumo de álcool. WILLIAMS (1966) verificou que, em contextos sociais informais, existia maior probabilidade de vivenciar efeitos positivos do consumo de álcool do que em contextos mais formais. Por outro lado o contexto social tem efeitos no comportamento de bebida. Na realidade na presença de bebedores excessivos, os sujeitos consumem mais álcool do que quando na presença de bebedores ligeiros, com diferenças observadas de acordo com a capacidade de interacção dos modelos (sociáveis/não sociáveis), sendo a influência dos modelos superior quando estes estabeleciam uma boa interacção social. Também COLLINS e cols. (1985), concluíram que a taxa de consumo variava em função da taxa de consumo do modelo e do seu índice de sociabilidade. Estas conclusões poderão ser limitativas, já que, em grande parte tiveram em consideração modelos excessivos versus ligeiros, geralmente efectuados em laboratório o que permitiu um melhor controlo das variáveis em estudo, podendo funcionar como falseador, quando se procede à generalização dos resultados a outros contextos. Estas limitações também tiveram em consideração o facto de na sua maioria serem efectuados em estudantes bebedores não problemáticos e normalmente do sexo masculino. No seu conjunto, estes estudos revelam a existência de relação significativa entre o contexto social e o padrão de consumo bem como com o comportamento individual quando sob o efeito do álcool, pelo que devemos ser cautelosos a fazer generalizações. Factores Cognitivos: No processo informativo existe um conjunto de variáveis que quer pelo défice ou excesso devemos ter em consideração, já que podem influenciar a tomada de decisão do indivíduo beber, quando e quanto beber e do comportamento adquirido quando sob o efeito do álcool (ABRAMS e NIAURA, 1987; BECK e cols. 1993). De entre os factores interferentes os autores salientam: As expectativas individuais dependem do processo de aprendizagem social realizado e dos modelos (bebedores normais, e/ou excessivos), ou a ausência de normas culturais acerca do consumo moderado. Os indivíduos podem enfatizar as consequências positivas imediatas e desvalorizar ou ignorar as consequências negativas a longo prazo ou falsas expectativas de resultado, favorecendo assim a ingestão excessiva. A pessoa pode acreditar que o consumo de álcool é uma óptima forma de elevar o humor ou activar o processo fisiológico. O consumidor pode ter um défice de aptidões gerais para gerir o stress diário ou atingir objectivos sem o recurso ao álcool. 166

O défice de aptidões específicas pode resultar em dificuldades, para regular de forma adequada o comportamento de bebida. O indivíduo pode desprezar os indicadores psicofisiológicos e comportamentais dos efeitos do álcool. O consumo do álcool envolve pessoas com histórias de aprendizagem social individuais e únicas que em situações específicas e em estados emocionais específicos se influenciam e optam pelo álcool para satisfazer necessidades e expectativas biológicas/fisiológicas e cognitivo-emocionais (MARLATT e GORDON, 1985; WILLS e SHIFFMAN, 1985 e ABRAMS e WILSON, 1986). A teoria da aprendizagem sócio-cognitiva tem contribuído para a compreensão do papel das expectativas como variável mediadora do consumo de álcool e do comportamento adoptado sob os seus efeitos. As expectativas e os motivos do consumo de bebidas alcoólicas, têm sido consideradas como determinantes do comportamento de bebida e trouxeram novas informações que enriqueceram a compreensibilidade dos problemas relacionados com o álcool. O termo “expectativa”, quando aplicado ao álcool, é por vezes utilizado de forma indiscriminada traduzindo até conceitos diferentes. Inicialmente assumiu o sentido de expectativas de efeito ou de resultado, que quando associado às crenças acerca dos efeitos do álcool e como resultado do processo de aprendizagem, foram sendo desenvolvidas numa idade precoce pela interacção com a família, pares e contexto com tradução posterior nas primeiras experiências de contacto com o álcool. Posteriormente BANDURA (1969), nos seus trabalhos sobre a compreensão do processo de recaída do alcoólico, considera que o termo “expectativa” passou a estar ligado às expectativas das consequências resultantes do processo de modificação do comportamento do alcoólico (abstinência ou redução da ingestão), ou seja, as expectativas de consequências envolvem a avaliação que o próprio faz acerca da sua capacidade para lidar com a nova situação (não beber ou beber moderadamente), em contextos de alto risco, designando-as assim de expectativas de auto-eficácia. Quando contudo, foi considerado o efeito das expectativas em conjugação com o contexto de bebida, obteve-se um melhor esclarecimento e compreensão relativa a alguma inconsistência das teorias farmacológicas e das teorias da aprendizagem com base nos paradigmas clássico e operante. A teoria da aprendizagem social do abuso do álcool (ABRAMS e NIAURA, 1987), defendem que algumas características individuais (hereditárias ou adquiridas) se constituem como factores predisponentes do risco do alcoolismo e quando em interacção com factores situacionais e ambientais podem diminuir a capacidade de lidar de forma eficaz com o álcool, pois diminui a percepção de auto-eficácia e aumenta a probabilidade do consumo, dado que 167

O défice de aptidões específicas pode resultar em dificuldades, para regular de forma adequada o<br />

comportamento de bebida.<br />

O indivíduo pode desprezar os indica<strong>do</strong>res psicofisiológicos e comportamentais <strong>do</strong>s efeitos <strong>do</strong><br />

álcool.<br />

O consumo <strong>do</strong> álcool envolve pessoas com histórias de aprendizagem social<br />

individuais e únicas que em situações específicas e em esta<strong>do</strong>s emocionais específicos se<br />

influenciam e optam pelo álcool para satisfazer necessidades e expectativas<br />

biológicas/fisiológicas e cognitivo-emocionais (MARLATT e GORDON, 1985; WILLS e<br />

SHIFFMAN, 1985 e ABRAMS e WILSON, 1986). A teoria da aprendizagem sócio-cognitiva<br />

tem contribuí<strong>do</strong> para a compreensão <strong>do</strong> papel das expectativas como variável media<strong>do</strong>ra <strong>do</strong><br />

consumo de álcool e <strong>do</strong> comportamento a<strong>do</strong>pta<strong>do</strong> sob os seus efeitos.<br />

As expectativas e os motivos <strong>do</strong> consumo de bebidas alcoólicas, têm si<strong>do</strong><br />

consideradas como determinantes <strong>do</strong> comportamento de bebida e trouxeram novas<br />

informações que enriqueceram a compreensibilidade <strong>do</strong>s problemas relaciona<strong>do</strong>s com o<br />

álcool. O termo “expectativa”, quan<strong>do</strong> aplica<strong>do</strong> ao álcool, é por vezes utiliza<strong>do</strong> de forma<br />

indiscriminada traduzin<strong>do</strong> até conceitos diferentes. Inicialmente assumiu o senti<strong>do</strong> de<br />

expectativas de efeito ou de resulta<strong>do</strong>, que quan<strong>do</strong> associa<strong>do</strong> às crenças acerca <strong>do</strong>s efeitos<br />

<strong>do</strong> álcool e como resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> processo de aprendizagem, foram sen<strong>do</strong> desenvolvidas numa<br />

idade precoce pela interacção com a família, pares e contexto com tradução posterior nas<br />

primeiras experiências de contacto com o álcool.<br />

Posteriormente BANDURA (1969), nos seus trabalhos sobre a compreensão <strong>do</strong><br />

processo de recaída <strong>do</strong> alcoólico, considera que o termo “expectativa” passou a estar liga<strong>do</strong><br />

às expectativas das consequências resultantes <strong>do</strong> processo de modificação <strong>do</strong><br />

comportamento <strong>do</strong> alcoólico (abstinência ou redução da ingestão), ou seja, as expectativas<br />

de consequências envolvem a avaliação que o próprio faz acerca da sua capacidade para<br />

lidar com a nova situação (não beber ou beber moderadamente), em contextos de alto risco,<br />

designan<strong>do</strong>-as assim de expectativas de auto-eficácia.<br />

Quan<strong>do</strong> contu<strong>do</strong>, foi considera<strong>do</strong> o efeito das expectativas em conjugação com o<br />

contexto de bebida, obteve-se um melhor esclarecimento e compreensão relativa a alguma<br />

inconsistência das teorias farmacológicas e das teorias da aprendizagem com base nos<br />

paradigmas clássico e operante.<br />

A teoria da aprendizagem social <strong>do</strong> abuso <strong>do</strong> álcool (ABRAMS e NIAURA, 1987),<br />

defendem que algumas características individuais (hereditárias ou adquiridas) se constituem<br />

como factores predisponentes <strong>do</strong> risco <strong>do</strong> alcoolismo e quan<strong>do</strong> em interacção com factores<br />

situacionais e ambientais podem diminuir a capacidade de lidar de forma eficaz com o álcool,<br />

pois diminui a percepção de auto-eficácia e aumenta a probabilidade <strong>do</strong> consumo, da<strong>do</strong> que<br />

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