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Nos jovens as consequências dos efeitos do álcool, são segundo LOPES (1990), a quebra do rendimento escolar e do rendimento no trabalho, comportamento violento e delinquência, suicídios e homicídios, acidentes rodoviários e nos casos mais crónicos, estados depressivos e ansiosos. Como os jovens têm maior tendência para beber menos regularmente, mas mais intensamente em ocasiões propícias, não é de admirar a frequência com que surgem os problemas ligados a situações tóxicas agudas (comportamentos perigosos e legais). Repercussões sociais: Na vertente social do alcoolismo, torna-se pertinente considerar três tipos de consumidores de álcool: os bebedores ocasionais, os bebedores regulares e os bebedores compulsivos. Os ocasionais, contactam com o álcool de forma esporádica, geralmente em grupo, como forma de convivência, ao fim-de-semana, em festas, em sociedade proporcionando harmonia e bem-estar psíquicos e favorecendo a libertação do stress diário. Nos consumidores regulares, o hábito instala-se e o sujeito não pode enfrentar qualquer crise ou dificuldade sem ter o “apoio” e a “companhia” do álcool. É caracterizado por um equilíbrio instável pelo facto do indivíduo ocultar a sua dependência e tentar conciliá-la com a sua vida familiar, profissional e social. Os consumidores compulsivos, são os sujeitos que centram toda a sua vida no álcool, de que dependem, perdendo os seus princípios éticos e morais, tornando-se marginalizados e irresponsáveis (BORGES e cols. 1993). Além do sofrimento que o alcoolismo causa ao próprio, também existem severas repercussões ao nível da família, laboral e da vivência em sociedade/comunidade, sendo tanto mais graves quanto maior o grau de envolvimento com o álcool. Na evolução das perturbações da dinâmica familiar do consumidor excessivo de álcool, distinguem- se vários estádios que vão desde a “fase de minimizar o problema, até à desorganização total da família e sua reorganização, de recurso, à margem do elemento doente” (MELLO e cols. 1988, p. 66). A família sofre estádios intermédios carregados de conflitos, agressividade e dramatização podendo as relações conjugais ir desde a dependência, até à ambivalência e agressividade, o que conduz a uma elevada percentagem de separações e divórcios. As alterações perceptivas e sensitivas do consumidor excessivo de álcool (o delírio de ciúme, por exemplo) contribuem favoravelmente para os conflitos relacionais, tornando a vida conjugal insustentável. Nestas famílias, de instabilidade e insegurança, o ambiente tenso e conflituoso influencia especialmente o desenvolvimento de crianças e adolescentes com repercussões graves ao nível das perturbações como atrasos de desenvolvimento, dificuldades e insucesso escolar, (p. 67). 148

Não é possível estabelecer uma relação causa/efeito, mas os estudos revelam uma correlação positiva entre as alterações/perturbações verificadas nos filhos e a existência de pelo menos um consumidor excessivo na família. Estes efeitos podem ser indirectos através da acção psicológica ou directos através da acção tóxica, durante a gestação e da ingestão precoce de álcool durante a amamentação. Impossibilitados de uma vivência tranquila, os filhos vivem permanentemente angustiados, com o momento de regresso a casa do ente alcoolizado e o receio de violência. Quando o consumo excessivo de álcool é registado na figura paterna estão em jogo dificuldades de identificação e são frequentes as situações de carência de afectos e de cuidados acompanhados por maus-tratos físico e abandono. Nos casos de consumo observados na figura materna, verifica-se a carência de afecto, de cuidados maternos, também com maus-tratos e abandono. A nível económico, o orçamento familiar pode ser severamente atingido, pela perda do sentido da responsabilidade para com a família, gastando-se uma boa parte do mesmo em álcool, levando-os a privações materiais (MELLO e cols. 1988). As relações com os colegas, superiores ou subordinados assumem um papel preponderante. Sendo o indivíduo um consumidor excessivo, pode ser tolerado pelos seus companheiros e até protegido numa fase inicial, como tentativa de evitar acções disciplinares ou despedimento, contudo, com a persistência e continuidade de consumos, as relações degradam-se e surge a ruptura com os colegas de trabalho. O álcool, é um potencial gerador de agressividade e negligência, repercutindo-se em mudanças frequentes de trabalho, diminuição de produtividade e consequente desemprego, aumento de acidentes de trabalho, do número de doenças, com envelhecimento precoce, pensões de invalidez e reformas prematuras. O comportamento do consumidor excessivo de álcool origina ainda alguns problemas para a comunidade a que pertence. Alguns exemplos são: a prostituição, os atentados ao pudor, assassinatos (pela agressividade gerada), incêndios, roubos diversos, perturbações da ordem pública, destruição do património público, entre outros. Um dos mais graves problemas sociais relacionados com o consumo de álcool, são os acidentes de viação e de trabalho pois os efeitos do álcool, repercutem-se nas capacidades de reacção, ao nível da visão, audição, percepção, decisão e execução ficando estes alterados e, consequentemente, o tempo de reacção é aumentado. Segundo FONSECA (1987, p. 535), “todas as estatísticas são unânimes em referir a elevada participação do álcool nos acidentes de viação e do trabalho”. Recorde-se que nem só os acidentes de viação e do trabalho estão relacionados com o álcool, pois há muitas outras situações que podem surgir como consequência da embriaguez (submersão, envenenamento e asfixia). 149

Nos jovens as consequências <strong>do</strong>s efeitos <strong>do</strong> álcool, são segun<strong>do</strong> LOPES (1990), a<br />

quebra <strong>do</strong> rendimento escolar e <strong>do</strong> rendimento no trabalho, comportamento violento e<br />

delinquência, suicídios e homicídios, acidentes ro<strong>do</strong>viários e nos casos mais crónicos,<br />

esta<strong>do</strong>s depressivos e ansiosos. Como os jovens têm maior tendência para beber menos<br />

regularmente, mas mais intensamente em ocasiões propícias, não é de admirar a frequência<br />

com que surgem os problemas liga<strong>do</strong>s a situações tóxicas agudas (comportamentos<br />

perigosos e legais).<br />

Repercussões sociais: Na vertente social <strong>do</strong> alcoolismo, torna-se pertinente considerar três tipos de<br />

consumi<strong>do</strong>res de álcool: os bebe<strong>do</strong>res ocasionais, os bebe<strong>do</strong>res regulares e os bebe<strong>do</strong>res compulsivos. Os<br />

ocasionais, contactam com o álcool de forma esporádica, geralmente em grupo, como forma de convivência,<br />

ao fim-de-semana, em festas, em sociedade proporcionan<strong>do</strong> harmonia e bem-estar psíquicos e favorecen<strong>do</strong> a<br />

libertação <strong>do</strong> stress diário.<br />

Nos consumi<strong>do</strong>res regulares, o hábito instala-se e o sujeito não pode enfrentar qualquer crise ou<br />

dificuldade sem ter o “apoio” e a “companhia” <strong>do</strong> álcool. É caracteriza<strong>do</strong> por um equilíbrio instável pelo<br />

facto <strong>do</strong> indivíduo ocultar a sua dependência e tentar conciliá-la com a sua vida familiar, profissional e social.<br />

Os consumi<strong>do</strong>res compulsivos, são os sujeitos que centram toda a sua vida no álcool, de que<br />

dependem, perden<strong>do</strong> os seus princípios éticos e morais, tornan<strong>do</strong>-se marginaliza<strong>do</strong>s e irresponsáveis<br />

(BORGES e cols. 1993). Além <strong>do</strong> sofrimento que o alcoolismo causa ao próprio, também existem severas<br />

repercussões ao nível da família, laboral e da vivência em sociedade/comunidade, sen<strong>do</strong> tanto mais graves<br />

quanto maior o grau de envolvimento com o álcool.<br />

Na evolução das perturbações da dinâmica familiar <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r excessivo de álcool, distinguem-<br />

se vários estádios que vão desde a “fase de minimizar o problema, até à desorganização total da família e sua<br />

reorganização, de recurso, à margem <strong>do</strong> elemento <strong>do</strong>ente” (MELLO e cols. 1988, p. 66). A família sofre<br />

estádios intermédios carrega<strong>do</strong>s de conflitos, agressividade e dramatização poden<strong>do</strong> as relações conjugais ir<br />

desde a dependência, até à ambivalência e agressividade, o que conduz a uma elevada percentagem de<br />

separações e divórcios. As alterações perceptivas e sensitivas <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r excessivo de álcool (o delírio de<br />

ciúme, por exemplo) contribuem favoravelmente para os conflitos relacionais, tornan<strong>do</strong> a vida conjugal<br />

insustentável. Nestas famílias, de instabilidade e insegurança, o ambiente tenso e conflituoso influencia<br />

especialmente o desenvolvimento de crianças e a<strong>do</strong>lescentes com repercussões graves ao nível das<br />

perturbações como atrasos de desenvolvimento, dificuldades e insucesso escolar, (p. 67).<br />

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