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úlcera gastroduodenal, a neoplasia do esófago e do estômago, a pancreatite e a cirrose hepática são as principais doenças gastrointestinais que podem afectar um consumidor de álcool. No que respeita à pancreatite PONTES (1992), refere que 75% dos doentes alcoólicos sofrem desta patologia, enquanto que 50% dos doentes assintomáticos têm lesões a nível do pâncreas. Para o autor, só ao fim de aproximadamente 6 a 12 meses de abuso de álcool é que começam a surgir os sintomas de pancreatite crónica, em indivíduos já detentores desta lesão. Ainda na sua opinião 75% dos doentes alcoólicos com pancreatite evoluem para carcinoma do pâncreas. Entre as patologias que atingem o fígado, a cirrose hepática é responsável pela maior taxa de mortalidade nos doentes alcoólicos (DÓRIA, 1995). SCHUCKIT (1991), afirma que 1/5 alcoólicos apresenta cirrose hepática clinicamente significativa. É uma doença, na qual existe uma desorganização total do parênquima hepático, havendo simultaneamente destruição e regeneração de micro e macronódulos e tecido fibroso. Desta destruição resulta uma diminuição das funções hepáticas e hipertensão portal. PONTES (1992), explica que a diminuição das funções hepáticas se deve, à redução do número de hepatócitos do lóbulo inicial (hepatócitos cheios de "gordura” e fibrose nodular). A hipertensão portal resulta das alterações do parênquima hepático que consequentemente oferecem uma maior resistência à circulação trans-hepática. Estes dois factores são para PONTES (1992) e DÓRIA (1995), os responsáveis pelo quadro clínico cirrótico do qual fazem parte a ascite, a icterícia e as varizes esofágicas. Os efeitos do álcool no sistema cardiovascular, é ainda um tema controverso já que LOPES (1999), refere que o consumo de álcool em doses moderadas não traz prejuízos, podendo até ter algumas vantagens embora seja de opinião que o consumo excessivo desta substância traz “danos” tanto para o coração como para aos vasos sanguíneos. SCHUCKIT (1991), diz-nos que as acções do álcool têm um efeito tóxico a nível do músculo estriado do coração causando diversas patologias. É de realçar que, 25% dos alcoólicos, desenvolvem doenças cardíacas ou do sistema cardiovascular. O miocárdio sofre os efeitos do abuso do álcool através de alterações metabólicas, verificando-se frequentes hipertrofias e dilatações com quadros de insuficiência cardíaca, miocardiopatias, perturbações arteriais, fragilidade das paredes vasculares, hemorragias e hipertensão arterial. A depressão cárdio- respiratória, observada na intoxicação alcoólica grave surge devido a mecanismos vasomotores centrais e depressão central respiratória. Nos grandes consumidores de bebidas alcoólicas as anormalidades cardiovasculares são geralmente decorrentes da subnutrição dos vasos cutâneos, com calor e rubor da pele. Em quantidades suficientes para produzir intoxicação alcoólica grave, o álcool aumenta o fluxo sanguíneo 144

cerebral, diminuindo a resistência vascular cerebral, e com isso, o consumo de oxigénio pelo cérebro torna-se muito reduzido. Ocorre ainda, um aumento da transpiração e redução da temperatura interna dissipando-se o calor mais facilmente. Pode inclusivamente, em situações de alcoolização elevada, ocorrer depressão do mecanismo central de termorregulação, o que aumenta mais a descida da temperatura interna (MELLO e BARRIAS, 1986; DÓRIA, 1995). No sistema hematopoiético são comuns as alterações ao nível da anemia, diminuição de plaquetas, alterações da série branca e da coagulação sanguínea (MELLO e BARRIAS, 1986). Segundo BARROS e cols. (1997), a anemia pode ser secundária a deficieências nutricionais, hemorragia gastrointestinal permanente, disfunção ou a efeitos tóxicos directos do álcool na eritropoiese. Mesmo antes de uma pessoa apresentar sinais físicos de danos orgânicos devido ao consumo exagerado de álcool, já pode suspeitar-se de alcoolismo através de exames laboratoriais que revelam o aparecimento de macrocitose, bem como a diminuição de todas as células brancas do sangue. Ocorre também uma diminuição da aderência e mobilidade dos granulócitos alterando assim a função dos macrófagos, o que expõe a pessoa a um maior número de infecções. Uma outra alteração que ocorre num alcoólico crónico é a trombocitopenia, resultando da cirrose hepática e a esplenomegália congestiva. Como uma percentagem do álcool é eliminado pela via respiratória, pequenas quantidades de álcool podem estimular o ritmo respiratório de forma leve e transitória, pelo facto de aumentar o fornecimento de energia ao organismo. Maiores quantidades, produzem depressão respiratória central, com risco para o indivíduo, em níveis muito elevados pode conduzir à morte (SANTOS, 1999). As perturbações músculo-esqueléticas são também muito frequentes (BARROS e cols 1997). Vários factores contribuem para o seu aparecimento mas em maior numero são os traumatismos decorrentes do etilismo agudo como sejam as fracturas, luxações, distenções, as contusões, contraturas e atrofias musculares, as carências alimentares e vitamínicas e a atrofia óssea nomeadamente a osteopenia, osteomalácia e osteoporose. (MELLO e BARRIAS, 1986; FORTES, SANTOS, 1999). A atrofia muscular pode ser generalizada ou concentrar-se em alguns músculos em particular como nos quadrícipes. A miopatia e a miocardiopatia que afectam o sistema cardiovascular dos doentes alcoólicos, está à partida relacionada com o efeito tóxico do álcool sobre os músculos estriados, pois estes entram em enfraquecimento. 145

úlcera gastroduodenal, a neoplasia <strong>do</strong> esófago e <strong>do</strong> estômago, a pancreatite e a cirrose hepática são as<br />

principais <strong>do</strong>enças gastrointestinais que podem afectar um consumi<strong>do</strong>r de álcool.<br />

No que respeita à pancreatite PONTES (1992), refere que 75% <strong>do</strong>s <strong>do</strong>entes<br />

alcoólicos sofrem desta patologia, enquanto que 50% <strong>do</strong>s <strong>do</strong>entes assintomáticos têm<br />

lesões a nível <strong>do</strong> pâncreas. Para o autor, só ao fim de aproximadamente 6 a 12 meses de<br />

abuso de álcool é que começam a surgir os sintomas de pancreatite crónica, em indivíduos<br />

já detentores desta lesão. Ainda na sua opinião 75% <strong>do</strong>s <strong>do</strong>entes alcoólicos com pancreatite<br />

evoluem para carcinoma <strong>do</strong> pâncreas.<br />

Entre as patologias que atingem o fíga<strong>do</strong>, a cirrose hepática é responsável pela maior<br />

taxa de mortalidade nos <strong>do</strong>entes alcoólicos (DÓRIA, 1995). SCHUCKIT (1991), afirma que<br />

1/5 alcoólicos apresenta cirrose hepática clinicamente significativa. É uma <strong>do</strong>ença, na qual<br />

existe uma desorganização total <strong>do</strong> parênquima hepático, haven<strong>do</strong> simultaneamente<br />

destruição e regeneração de micro e macronódulos e teci<strong>do</strong> fibroso. Desta destruição resulta<br />

uma diminuição das funções hepáticas e hipertensão portal. PONTES (1992), explica que a<br />

diminuição das funções hepáticas se deve, à redução <strong>do</strong> número de hepatócitos <strong>do</strong> lóbulo<br />

inicial (hepatócitos cheios de "gordura” e fibrose nodular). A hipertensão portal resulta das<br />

alterações <strong>do</strong> parênquima hepático que consequentemente oferecem uma maior resistência<br />

à circulação trans-hepática. Estes <strong>do</strong>is factores são para PONTES (1992) e DÓRIA (1995),<br />

os responsáveis pelo quadro clínico cirrótico <strong>do</strong> qual fazem parte a ascite, a icterícia e as<br />

varizes esofágicas.<br />

Os efeitos <strong>do</strong> álcool no sistema cardiovascular, é ainda um tema controverso já que<br />

LOPES (1999), refere que o consumo de álcool em <strong>do</strong>ses moderadas não traz prejuízos,<br />

poden<strong>do</strong> até ter algumas vantagens embora seja de opinião que o consumo excessivo desta<br />

substância traz “danos” tanto para o coração como para aos vasos sanguíneos. SCHUCKIT<br />

(1991), diz-nos que as acções <strong>do</strong> álcool têm um efeito tóxico a nível <strong>do</strong> músculo estria<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

coração causan<strong>do</strong> diversas patologias. É de realçar que, 25% <strong>do</strong>s alcoólicos, desenvolvem<br />

<strong>do</strong>enças cardíacas ou <strong>do</strong> sistema cardiovascular.<br />

O miocárdio sofre os efeitos <strong>do</strong> abuso <strong>do</strong> álcool através de alterações metabólicas, verifican<strong>do</strong>-se<br />

frequentes hipertrofias e dilatações com quadros de insuficiência cardíaca, miocardiopatias, perturbações<br />

arteriais, fragilidade das paredes vasculares, hemorragias e hipertensão arterial. A depressão cárdio-<br />

respiratória, observada na intoxicação alcoólica grave surge devi<strong>do</strong> a mecanismos vasomotores centrais e<br />

depressão central respiratória. Nos grandes consumi<strong>do</strong>res de bebidas alcoólicas as anormalidades<br />

cardiovasculares são geralmente decorrentes da subnutrição <strong>do</strong>s vasos cutâneos, com calor e rubor da pele.<br />

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