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Doutoramento Lidia do Rosrio Cabral Agosto2007.pdf - Repositório ...

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É na a<strong>do</strong>lescência que ocorre a desorganização deste “pseu<strong>do</strong>-equilíbrio” surgin<strong>do</strong> o<br />

conflito e evidencian<strong>do</strong> a qualidade <strong>do</strong> vínculo estabeleci<strong>do</strong> com os pais que, serão o suporte<br />

identificatório capaz de minorar as dificuldades relacionais. São os jovens marca<strong>do</strong>s por<br />

estas dificuldades que demonstram maior dependência afectiva face ao meio exterior e<br />

maiores dificuldades de utilização <strong>do</strong> “espaço psíquico alarga<strong>do</strong>” (família, escola, grupo)<br />

acentuan<strong>do</strong> o deficit no processo de autonomização.<br />

Com base nestes pressupostos FARATE (2001; p. 172) propõe o conceito de<br />

“fragilidade relacional”. Perante os re-arranjos necessários e a situação de impasse<br />

relacional, o a<strong>do</strong>lescente na fase inicial poderá desenvolver situações que o autor distingue<br />

como momentos depressivos (situações normais na maioria <strong>do</strong>s jovens) e situações de<br />

síndroma depressivo (tristeza e lentificação psicomotora). Jovens com dificuldade relacional<br />

sofrem pela proximidade (indefinição de limites e autoridade) e pelo afastamento (vazio<br />

interior) e face a situações de conflito ou acontecimentos “traumáticos” acentuam um deficit<br />

de soluções defensivas organizadas.<br />

Para o a<strong>do</strong>lescente “ser como” será ser ele próprio objecto de relação, diferente e<br />

distinto, será “estar perto de” (suporte) e “afastar-se de” (autonomia).<br />

Os conflitos identificatórios e uma indiferenciação relacional, facilitam, em jovens<br />

vulneráveis, a “identidade negativa” que FARATE (2001), considera ser uma situação<br />

facilita<strong>do</strong>ra de consumos aditivos como álcool, tabaco, absentismo escolar, fugas, entre<br />

outras, encontran<strong>do</strong>-se o jovem numa situação de “<strong>do</strong>mínio/sujeição”.<br />

O autor considera a “fragilidade relacional” uma forma de organização relacional<br />

a<strong>do</strong>ptada por a<strong>do</strong>lescentes cuja vulnerabilidade narcísica leva a excessiva dependência<br />

afectiva face aos pais ou pessoas mais significativas. Um investimento relacional conduz a<br />

um afastamento progressivo que terá consequentemente manifestações comportamentais ao<br />

nível pessoal, familiar, escolar e social.<br />

O modelo explicativo aponta<strong>do</strong> por FARATE (2001), baseia-se no facto <strong>do</strong>s conflitos<br />

serem uma problemática marcante da a<strong>do</strong>lescência. Assim, o consumo de álcool pode<br />

revelar-se como uma forma de “experiência de afrontamento <strong>do</strong>s limites” <strong>do</strong> próprio, da<br />

família ou social, percebida nesta fase de forma diferente.<br />

Estes consumos, inicialmente de carácter social, assumem significa<strong>do</strong>s diferentes<br />

para os a<strong>do</strong>lescentes “cujo equilíbrio narcísico é largamente tributário da relação com os<br />

objectos externos” (FARATE, 2001,p. 208) ten<strong>do</strong> nestes uma lógica depressiva na forma de<br />

“patologia de ligação objectal”. As relações internas com o mun<strong>do</strong> substituem-se por um<br />

“objecto de adição” demonstran<strong>do</strong> o carregamento de conflitualidade, aspecto que conduz ao<br />

comportamento aditivo como deslocamento e/ou rejeição <strong>do</strong> afecto.<br />

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