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população geral, nada concluíram, sobre um perfil do alcoólico, quer do ponto de vista genético quer da personalidade (LARANJEIRA e PINSKY, 1997). A idade do primeiro drink (13-15 anos), a idade da primeira intoxicação (15-17 anos) e a idade do primeiro problema relacionado ao consumo de álcool (16-22 anos) observados em indivíduos que desenvolveram alcoolismo, não diferem basicamente do esperado da população geral que não tem problema posterior de abuso ou dependência de álcool (SHUCKIT, 1999). Em suma, não há um consenso entre os investigadores de que uma explicação causal para o alcoolismo seja mais determinante do que outra. O desenvolvimento do adolescente é caracterizado por uma série de transformações já abordadas, que o torna vulnerável ao consumo de álcool, principalmente na busca pela identidade adulta. Este é permanentemente confrontado pelos amigos, adultos que conhece e pelas expectativas com incentivos ao consumo de álcool. MARTI e GUERRA (1996, p. 71 e 72), afirmam “a adolescência é o período em que as características do indivíduo favorecem em maior grau o início do consumo de drogas, e inclusive, a sua tendência para a dependência (...) o estimulo para beber cerveja pode partir do meio familiar, social e em particular do grupo de amigos”. Também as expectativas do adolescente face aos efeitos do álcool influenciam o seu consumo. BROWN (1985); CHRISTIANSEN e cols. (1982) e ROHSENOW, citado por TRINDADE (1999), referem que a importância das expectativas como factor relacionado e/ou explicativo do consumo de álcool na adolescência resulta da evidência cada vez mais consistente da importância dos factores cognitivos. CARVALHO (1996), efectuou um estudo em que concluiu que a intensidade das expectativas dos alcoólicos é mais forte, seguida pelos alcoólicos recuperados e em último lugar os bebedores normais ou moderados, sendo elas de efeitos globais positivos e facilitação das interacções sociais, activação e prazer sexual, efeitos positivos na actividade e no humor, escape a estados emocionais negativos, desinibição sexual, diminuição de sentimentos negativos de si mesmo e da ansiedade. Em síntese, e de acordo com BORGES (2001), os adolescentes geralmente bebem como recreação, ritual de passagem, socialização; para experimentar e correr riscos, ter prazer, ser aceite, em rebelião, retaliação contra os pais vistos como restritivos, resposta ao impulso, auto exploração, para se inserir, provar potencial sexual, reduzir stress, aliviar ansiedade / depressão ou medo, aliviar dor ou situações destrutivas em casa, resolver problemas pessoais e de identificação ao adulto. Estabelece-se que inúmeros factores do tipo biológico, psicológico e social estão envolvidos na origem do alcoolismo e que a interacção com factores genéticos aumenta a sua predisposição. 124

3.5.2 - Epidemiologia Os estudos epidemiológicos são essenciais para a melhoria da saúde da população, uma vez que fornecem informações fundamentais para a compreensão da etiologia e da distribuição das doenças, além de proporcionarem elementos para a prevenção e tratamento (RAMOS e BERTOLOTE, 1997). Os factores sócio-culturais que englobam costumes, tradições, falsos conceitos e determinadas expectativas, transmitidos de geração em geração, vão determinar as atitudes, hábitos e comportamentos face ao álcool. As estatísticas oficiais não permitem estimar o verdadeiro número de indivíduos com problemas de alcoolismo devido às dificuldades de detecção do problema, mas supõe-se que o número seja bastante elevado. OLIVEIRA (2002) refere que o álcool é o principal factor de mortalidade entre os jovens europeus do sexo masculino. Faz ainda referência a uma pesquisa publicada pela OMS, que revela que morrem na Europa, todos os anos, mais de 55 mil indivíduos entre os 15 e os 29 anos devido a acidentes de viação, envenenamento, suicídio, homicídios associados ao álcool. O DECRETO-LEI n° 9/2002 de 24 de Janeiro, refere qu e em Portugal "o consumo de bebidas alcoólicas é frequentemente inadequado ou excessivo. Dados recentes apontam inclusivamente para um aumento deste consumo. Simultaneamente, numerosos estudos têm vindo a demonstrar que a iniciação no consumo de álcool ocorre geralmente na adolescência". Para STANTOR, citado por FARATE (2001), a iniciação de abuso encontra- se frequentemente associada ao medo ressentido dos pais pela separação. MELLO e cols. (2001), afirmam que, devido às características vitivinícolas de alguns países como Portugal, o vinho ocupa um lugar de destaque na alimentação e vida do ser humano. O seu uso "alimentar”, os hábitos e costumes, tradições, "falsos conceitos", têm impregnado todo o esquema da vida do indivíduo, do seu grupo familiar e social, estimulando e mantendo um fácil acesso a bebidas alcoólicas, um uso excessivo das mesmas e uma alcoolização generalizada da população. A este consumo tradicional de vinho veio juntar-se um crescente consumo de cerveja e de bebidas com um maior teor alcoólico, surgindo assim, novos modos de beber e novos grupos de bebedores como por exemplo as mulheres e os jovens (BREDA, 2000). Alguns estudos referem que cerca de 10% da população portuguesa apresenta incapacidades graves ligadas ao álcool. Estes estudos, atribuem a este grupo o vértice da parte visível do "iceberg" a que o fenómeno do alcoolismo tem sido comparado, ou seja, sabendo-se que apenas 15 a 25% de indivíduos se abstêm ou consomem esporadicamente 125

3.5.2 - Epidemiologia<br />

Os estu<strong>do</strong>s epidemiológicos são essenciais para a melhoria da saúde da população,<br />

uma vez que fornecem informações fundamentais para a compreensão da etiologia e da<br />

distribuição das <strong>do</strong>enças, além de proporcionarem elementos para a prevenção e tratamento<br />

(RAMOS e BERTOLOTE, 1997). Os factores sócio-culturais que englobam costumes,<br />

tradições, falsos conceitos e determinadas expectativas, transmiti<strong>do</strong>s de geração em<br />

geração, vão determinar as atitudes, hábitos e comportamentos face ao álcool.<br />

As estatísticas oficiais não permitem estimar o verdadeiro número de indivíduos com<br />

problemas de alcoolismo devi<strong>do</strong> às dificuldades de detecção <strong>do</strong> problema, mas supõe-se<br />

que o número seja bastante eleva<strong>do</strong>. OLIVEIRA (2002) refere que o álcool é o principal<br />

factor de mortalidade entre os jovens europeus <strong>do</strong> sexo masculino. Faz ainda referência a<br />

uma pesquisa publicada pela OMS, que revela que morrem na Europa, to<strong>do</strong>s os anos, mais<br />

de 55 mil indivíduos entre os 15 e os 29 anos devi<strong>do</strong> a acidentes de viação, envenenamento,<br />

suicídio, homicídios associa<strong>do</strong>s ao álcool.<br />

O DECRETO-LEI n° 9/2002 de 24 de Janeiro, refere qu e em Portugal "o consumo de<br />

bebidas alcoólicas é frequentemente inadequa<strong>do</strong> ou excessivo. Da<strong>do</strong>s recentes apontam<br />

inclusivamente para um aumento deste consumo. Simultaneamente, numerosos estu<strong>do</strong>s têm<br />

vin<strong>do</strong> a demonstrar que a iniciação no consumo de álcool ocorre geralmente na<br />

a<strong>do</strong>lescência". Para STANTOR, cita<strong>do</strong> por FARATE (2001), a iniciação de abuso encontra-<br />

se frequentemente associada ao me<strong>do</strong> ressenti<strong>do</strong> <strong>do</strong>s pais pela separação.<br />

MELLO e cols. (2001), afirmam que, devi<strong>do</strong> às características vitivinícolas de alguns<br />

países como Portugal, o vinho ocupa um lugar de destaque na alimentação e vida <strong>do</strong> ser<br />

humano. O seu uso "alimentar”, os hábitos e costumes, tradições, "falsos conceitos", têm<br />

impregna<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o esquema da vida <strong>do</strong> indivíduo, <strong>do</strong> seu grupo familiar e social, estimulan<strong>do</strong><br />

e manten<strong>do</strong> um fácil acesso a bebidas alcoólicas, um uso excessivo das mesmas e uma<br />

alcoolização generalizada da população. A este consumo tradicional de vinho veio juntar-se<br />

um crescente consumo de cerveja e de bebidas com um maior teor alcoólico, surgin<strong>do</strong><br />

assim, novos mo<strong>do</strong>s de beber e novos grupos de bebe<strong>do</strong>res como por exemplo as mulheres<br />

e os jovens (BREDA, 2000).<br />

Alguns estu<strong>do</strong>s referem que cerca de 10% da população portuguesa apresenta<br />

incapacidades graves ligadas ao álcool. Estes estu<strong>do</strong>s, atribuem a este grupo o vértice da<br />

parte visível <strong>do</strong> "iceberg" a que o fenómeno <strong>do</strong> alcoolismo tem si<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>, ou seja,<br />

saben<strong>do</strong>-se que apenas 15 a 25% de indivíduos se abstêm ou consomem esporadicamente<br />

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