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drogas cujo efeito analgésico, euforizante ou dinamizante conheceram acidentalmente ou procuraram voluntariamente. Esta apetência torna-se rapidamente um hábito tirânico que conduz quase inevitavelmente ao aumento progressivo das doses. No entanto em 1961, um comité de peritos da OMS conforme relato da Rapports Techniques, nº 417, (1969,p 31) considera vantajoso usar o termo farmacodependência como substituição do termo toxicodependência, mantendo as noções de habituação (necessidade imperiosa de renovar o consumo), de tolerância (necessidade de aumento progressivo das doses) e de abstinência (perturbações ligadas à privação. Actualmente o conceito de adição pretende subestituir o conceito de dependência, considerando MILLER e GOLD (1993), citado por FARATE (2001 p. 36) como critérios para o definir, “a preocupação com a aquisição compulsiva e o modelo recidivante do seu uso interactivo”. FINICHEL também citado por FARATE, (2001, p. 38), considera a adição como “a urgência da necessidade e a insuficiência final de toda a tentativa a satisfazer”. Apesar dos termos alcoolismo agudo e alcoolismo crónico não serem utilizados na CID -10 ou no DSM -IV, consideramos útil defini-los. No tratado sobre alcoolismo, publicado por Magnus Huss, em 1851, o alcoolismo crónico é definido como "forma de doença correspondendo a uma intoxicação crónica" (HUSS, (1851) citado por MELLO e cols (1988, p. 10). Para MALIGNAC (1989, p. 11), o alcoolismo crónico é o "resultante dos efeitos tardios de um consumo excessivo e habitual" de bebidas alcoólicas enquanto alcoolismo agudo, é "provocado pelos efeitos imediatos de um grande consumo de bebidas alcoólicas”. GAMEIRO (1979, p. 25), define alcoolismo agudo como, um “estado geral de perturbação intensa da saúde e do comportamento, dependente da ingestão de grandes quantidades de bebidas alcoólicas". Normalmente, este tipo ocorre após uma ingestão ocasional de bebidas alcoólicas que pode acontecer ao fim do dia, ao fim do mês, quando recebem o ordenado, numa festa, e durante os restantes dias do mês ou do ano, o indivíduo mantém-se sóbrio ou consome quantidades reduzidas que não o levam de forma nenhuma a ter problemas. O autor citado define alcoolismo crónico, como “o mesmo estado com menos intensidade devido à ingestão de menores quantidades mas mais repetidas". O consumo é em excesso, em quantidades de pelo menos 10cl de álcool durante muitos anos e que embora distribuído por várias doses diárias, totaliza uma quantidade superior aquela que o fígado pode destruir. Os seus efeitos, são basicamente: • Lesões físicas (ex. gastrite, cirrose hepática, degenerescência arteriosclerótica do coração e das artérias, alterações das glândulas endócrinas que causam a hereditariedade das lesões, nevrite, cegueira); • Lesões psicológicas (irritabilidade, confusão mental, alucinações e até demência); 112
• Degradação ética, profissional e social: (desinteresse pela família, desinteresse pelo trabalho, delinquência). O alcoolismo agudo a que vulgarmente se chama embriaguez, é muitas vezes confundido com alcoolismo crónico. No primeiro caso, existe uma ingestão única de grande quantidade de álcool, num dia ou num espaço curto de tempo, podendo este estado ir desde a excitação psíquica até ao coma alcoólico. O alcoolismo crónico pressupõe uma ingestão excessiva habitual de bebidas alcoólicas, repartidas ao longo do dia em várias doses, mantendo uma alcoolização permanente do organismo. Vários autores distinguem ainda alcoolismo primário e alcoolismo secundário. O primário é o que instala no sujeito um quadro de comportamentos alcoólicos sem existência prévia de perturbações psiquiátricas. Assim o refere ADÈS e LEJOYEUX (1997, p. 51), quando afirma que este tipo de alcoolismo" Abrange todas as formas de comportamento alcoólicas que representam a primeira perturbação instalada no sujeito" e REYNAUD (1987), reforça a ideia ao dizer que o alcoolismo primário surge numa fase prévia a outro tipo de distúrbios. No alcoolismo secundário, o comportamento alcoólico surge posteriormente às perturbações psiquiátricas. Em concordância com este conceito está ADES e LEJOYEUX (1997, p. 51), ao referir que este tipo de alcoolismo " implica a coexistência do comportamento alcoólico e de perturbações psiquiátricas anteriores ao início do abuso de álcool independentes do alcoolismo e presentes durante os períodos de abstinência prolongada" e REYNAUD (1987, p. 113), afirma que" As condutas alcoólicas surgem em todo o indivíduo que apresentava, anteriormente ao alcoolismo, um distúrbio mental". EDWARDS e cols. (1999), Referem-se ainda a outros autores que apresentaram tipologias diferentes dando como exemplo as de CLONINGER e cols. (1985), que, sugeriram uma dicotomia de tipo 1 versus tipo 2 com base no sexo, na história familiar e na idade de início, ou BABOR e cols. (1992), fazem a distinção entre tipo A e B com base na vulnerabilidade e na gravidade. O alcoolismo é cerca de duas a três vezes mais frequente no sexo masculino. Tradicionalmente, a raça branca apresenta maiores consumo per capita, atingindo todas as classes sociais. Neste contexto parece-nos ainda pertinente falar de alcoolémia Para MELLO e cols. (1988), alcoolémia é a designação dada ao teor de álcool existente num determinado momento, no sangue do indivíduo. Mede-se em gramas e traduz a impregnação de álcool naquele momento. Está relacionada com os processos de difusão e de destruição ocorrendo este último, num indivíduo de estatura média, em cerca de 0,1 gramas por hora, BREDA (2000), o que significa que num sujeito com 0,8 gr. de alcoolémia á noite, pela manhã não será encontrado álcool no sangue. A taxa de álcool no sangue está 113
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drogas cujo efeito analgésico, euforizante ou dinamizante conheceram acidentalmente ou<br />
procuraram voluntariamente. Esta apetência torna-se rapidamente um hábito tirânico que<br />
conduz quase inevitavelmente ao aumento progressivo das <strong>do</strong>ses.<br />
No entanto em 1961, um comité de peritos da OMS conforme relato da Rapports<br />
Techniques, nº 417, (1969,p 31) considera vantajoso usar o termo farmacodependência<br />
como substituição <strong>do</strong> termo toxicodependência, manten<strong>do</strong> as noções de habituação<br />
(necessidade imperiosa de renovar o consumo), de tolerância (necessidade de aumento<br />
progressivo das <strong>do</strong>ses) e de abstinência (perturbações ligadas à privação. Actualmente o<br />
conceito de adição pretende subestituir o conceito de dependência, consideran<strong>do</strong> MILLER e<br />
GOLD (1993), cita<strong>do</strong> por FARATE (2001 p. 36) como critérios para o definir, “a preocupação<br />
com a aquisição compulsiva e o modelo recidivante <strong>do</strong> seu uso interactivo”. FINICHEL<br />
também cita<strong>do</strong> por FARATE, (2001, p. 38), considera a adição como “a urgência da<br />
necessidade e a insuficiência final de toda a tentativa a satisfazer”.<br />
Apesar <strong>do</strong>s termos alcoolismo agu<strong>do</strong> e alcoolismo crónico não serem utiliza<strong>do</strong>s na<br />
CID -10 ou no DSM -IV, consideramos útil defini-los. No trata<strong>do</strong> sobre alcoolismo, publica<strong>do</strong><br />
por Magnus Huss, em 1851, o alcoolismo crónico é defini<strong>do</strong> como "forma de <strong>do</strong>ença<br />
corresponden<strong>do</strong> a uma intoxicação crónica" (HUSS, (1851) cita<strong>do</strong> por MELLO e cols (1988,<br />
p. 10). Para MALIGNAC (1989, p. 11), o alcoolismo crónico é o "resultante <strong>do</strong>s efeitos tardios<br />
de um consumo excessivo e habitual" de bebidas alcoólicas enquanto alcoolismo agu<strong>do</strong>, é<br />
"provoca<strong>do</strong> pelos efeitos imediatos de um grande consumo de bebidas alcoólicas”.<br />
GAMEIRO (1979, p. 25), define alcoolismo agu<strong>do</strong> como, um “esta<strong>do</strong> geral de<br />
perturbação intensa da saúde e <strong>do</strong> comportamento, dependente da ingestão de grandes<br />
quantidades de bebidas alcoólicas". Normalmente, este tipo ocorre após uma ingestão<br />
ocasional de bebidas alcoólicas que pode acontecer ao fim <strong>do</strong> dia, ao fim <strong>do</strong> mês, quan<strong>do</strong><br />
recebem o ordena<strong>do</strong>, numa festa, e durante os restantes dias <strong>do</strong> mês ou <strong>do</strong> ano, o indivíduo<br />
mantém-se sóbrio ou consome quantidades reduzidas que não o levam de forma nenhuma a<br />
ter problemas.<br />
O autor cita<strong>do</strong> define alcoolismo crónico, como “o mesmo esta<strong>do</strong> com menos<br />
intensidade devi<strong>do</strong> à ingestão de menores quantidades mas mais repetidas". O consumo é<br />
em excesso, em quantidades de pelo menos 10cl de álcool durante muitos anos e que<br />
embora distribuí<strong>do</strong> por várias <strong>do</strong>ses diárias, totaliza uma quantidade superior aquela que o<br />
fíga<strong>do</strong> pode destruir. Os seus efeitos, são basicamente:<br />
• Lesões físicas (ex. gastrite, cirrose hepática, degenerescência arteriosclerótica <strong>do</strong> coração e<br />
das artérias, alterações das glândulas endócrinas que causam a hereditariedade das lesões,<br />
nevrite, cegueira);<br />
• Lesões psicológicas (irritabilidade, confusão mental, alucinações e até demência);<br />
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