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desenvolvidos por WENT (1965), provaram que qualquer bebida alcoólica, absorvida durante longo período poderá causar patologias cardíacas. • O álcool “é um alimento”: O álcool não é um alimento, pois produz calorias inúteis que não são utilizadas pelos músculos e não serve para o funcionamento das células de nenhum órgão. Ao contrário dos verdadeiros nutrientes, não ajuda na construção e reconstrução do organismo pelo que não alimenta. • As crenças veiculam a falsa ideia de que o álcool alimenta. No entanto, ao substituírem- se alimentos por álcool, esta a fornecer-se ao organismo calorias ao invés do necessário fornecimento de vitaminas e nutrientes. O álcool não é considerado alimento pois, por alimento entende-se toda a substância que é utilizada para nutrir os seres vivos, isto é, para assegurar pelo menos uma das seguintes funções: fornecimento de materiais para a formação, crescimento e reparação das células e tecidos, fornecimento de substâncias necessárias à obtenção de energia necessária ao funcionamento do organismo, nomeadamente para o metabolismo basal e vida de relação, fornecimento dos materiais necessários para assegurar o metabolismo orgânico equilibrado, e fornecimento de materiais de reserva que irão ser armazenados no organismo. Os alimentos são constituídos por substâncias orgânicas e inorgânicas indispensáveis para o organismo a que chamamos de nutrimentos ou nutrientes. Ora, no álcool não são encontradas estas funções características dos alimentos. • O “álcool aquece”: O álcool não aquece; provoca o etanol uma sensação de calor devido a uma vasodilatação que origina a deslocação de sangue do interior do organismo para a superfície da pele, dando assim a sensação de calor. Todavia, com essa deslocação, há perda de calor interno pela pele, diminuindo a temperatura corporal, o que vai prejudicar o bom funcionamento de todos os órgãos. Por isso, uma pessoa alcoolizada, não deve ser exposta ao frio, mas pelo contrário, deve ser aquecida. Já em 1953, VITOR citado por HARICHAUX e HUMBERT (1978: 38), nos diz que "todos os meus camaradas observaram que a absorção de álcool, mesmo em pequena quantidade, produzia uma sensação imediata de calor bem depressa seguida de sensação de frio e de fadiga". • O álcool “estimula”: Ao álcool, é por vezes dado o falso papel excitante. Uma pessoa sob a influência do álcool julga-se mais forte, mais confiante em si mesmo, mais hábil e mais desinibido. O que ocorre de facto, é que a acção anestésica do álcool, actua em primeiro lugar a nível do córtex cerebral, estando assim as acções do indivíduo fora do seu controle. 108
A nível fisiológico, o álcool aumenta a rapidez de reacção e diminui as capacidades intelectuais. Como nos demonstrou WILLIAMS (1968), a ingestão prolongada do álcool acaba por alterar definitivamente o funcionamento bioquímico do cérebro, afirmando HARICHAUX e HUMBERT (1978 p. 40), que embora nos faça "crer numa exaltação das nossas possibilidades, na realidade, ele só as diminui." 3.5 - ALCOOLISMO O alcoolismo é considerado como a mais devastadora toxicodependência que afecta directamente mais de meio milhão de cidadãos PATRÍCIO (2002). Para RAMOS e BERTOLOTE (1997, p.17) “constitui um fenómeno cuja exacta natureza há séculos tem desafiado as possibilidades do próprio conhecimento humano". MELLO e cols (1988), dizem-nos que embora os efeitos do álcool sejam conhecidos desde a antiguidade, os fenómenos do alcoolismo crónico eram ignorados, sendo apenas o estado de embriaguez a única perturbação considerada associada ao uso de bebidas alcoólicas. Para os citados autores, o termo alcoolismo refere-se às consequências da ingestão de álcool pelo indivíduo, mas, esta visão não traduz a extensão e complexa problemática ligada ao consumo de bebidas alcoólicas. No século XIX é descrito o quadro clínico do Delirium Tremens por Thomas Sulton, o que constitui a primeira abordagem médica à doença alcoólica. Mais tarde, já na segunda metade deste século (1851), o médico sueco Magnus Huss, publica o tratado sobre alcoolismo crónico referindo-se ao mesmo como um síndroma autónomo, tendo-o definido como "forma de doença correspondendo a uma intoxicação crónica" e descrito os "quadros patológicos desenvolvidos em pessoas com hábitos excessivos e prolongados de bebidas alcoólicas “ (MELLO e cols. 1988, p. 10) e introduz o termo Alcoolismo no sentido de doença crónica (BREDA, 2000a). Para BREDA (2002), a “fronteira invisível” entre consumidor normal, consumidor excessivo e consumidor com dependência física e psíquica, o considerado doente alcoólico, não está completamente esclarecida. Tal défice de esclarecimento impõe a noção de nocividade potencial do álcool constituindo assim um risco para a saúde e segurança do ser humano. Outros autores, como GOODWIN, citado por ADÉS e LEJOYEUX (1997, p. 37), procuraram encontrar uma definição global de alcoolismo, mas depararam-se com a dificuldade de explicitar todos os seus significados definindo-o como "uma compulsão a beber, com consequências negativas para o próprio ou para os outros”. Segundo FOUQUET, citado por ADÉS e LEJOYEUX, (1997, p. 37) o alcoolismo é caracterizado pela " perda da liberdade de, se abster de beber álcool ". 109
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A nível fisiológico, o álcool aumenta a rapidez de reacção e diminui as capacidades<br />
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nossas possibilidades, na realidade, ele só as diminui."<br />
3.5 - ALCOOLISMO<br />
O alcoolismo é considera<strong>do</strong> como a mais devasta<strong>do</strong>ra toxicodependência que afecta<br />
directamente mais de meio milhão de cidadãos PATRÍCIO (2002). Para RAMOS e<br />
BERTOLOTE (1997, p.17) “constitui um fenómeno cuja exacta natureza há séculos tem<br />
desafia<strong>do</strong> as possibilidades <strong>do</strong> próprio conhecimento humano".<br />
MELLO e cols (1988), dizem-nos que embora os efeitos <strong>do</strong> álcool sejam conheci<strong>do</strong>s<br />
desde a antiguidade, os fenómenos <strong>do</strong> alcoolismo crónico eram ignora<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> apenas o<br />
esta<strong>do</strong> de embriaguez a única perturbação considerada associada ao uso de bebidas<br />
alcoólicas. Para os cita<strong>do</strong>s autores, o termo alcoolismo refere-se às consequências da<br />
ingestão de álcool pelo indivíduo, mas, esta visão não traduz a extensão e complexa<br />
problemática ligada ao consumo de bebidas alcoólicas.<br />
No século XIX é descrito o quadro clínico <strong>do</strong> Delirium Tremens por Thomas Sulton, o<br />
que constitui a primeira abordagem médica à <strong>do</strong>ença alcoólica. Mais tarde, já na segunda<br />
metade deste século (1851), o médico sueco Magnus Huss, publica o trata<strong>do</strong> sobre<br />
alcoolismo crónico referin<strong>do</strong>-se ao mesmo como um síndroma autónomo, ten<strong>do</strong>-o defini<strong>do</strong><br />
como "forma de <strong>do</strong>ença corresponden<strong>do</strong> a uma intoxicação crónica" e descrito os "quadros<br />
patológicos desenvolvi<strong>do</strong>s em pessoas com hábitos excessivos e prolonga<strong>do</strong>s de bebidas<br />
alcoólicas “ (MELLO e cols. 1988, p. 10) e introduz o termo Alcoolismo no senti<strong>do</strong> de <strong>do</strong>ença<br />
crónica (BREDA, 2000a).<br />
Para BREDA (2002), a “fronteira invisível” entre consumi<strong>do</strong>r normal, consumi<strong>do</strong>r<br />
excessivo e consumi<strong>do</strong>r com dependência física e psíquica, o considera<strong>do</strong> <strong>do</strong>ente alcoólico,<br />
não está completamente esclarecida. Tal défice de esclarecimento impõe a noção de<br />
nocividade potencial <strong>do</strong> álcool constituin<strong>do</strong> assim um risco para a saúde e segurança <strong>do</strong> ser<br />
humano. Outros autores, como GOODWIN, cita<strong>do</strong> por ADÉS e LEJOYEUX (1997, p. 37),<br />
procuraram encontrar uma definição global de alcoolismo, mas depararam-se com a<br />
dificuldade de explicitar to<strong>do</strong>s os seus significa<strong>do</strong>s definin<strong>do</strong>-o como "uma compulsão a<br />
beber, com consequências negativas para o próprio ou para os outros”. Segun<strong>do</strong> FOUQUET,<br />
cita<strong>do</strong> por ADÉS e LEJOYEUX, (1997, p. 37) o alcoolismo é caracteriza<strong>do</strong> pela " perda da<br />
liberdade de, se abster de beber álcool ".<br />
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