17.04.2013 Views

Simbologia e Alusão das Peças - Exército Português

Simbologia e Alusão das Peças - Exército Português

Simbologia e Alusão das Peças - Exército Português

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

02 KTM<br />

O BATALHÃO DE INFANTARIA MECANIZADO nasce em 15 de Março de 1977, dia em<br />

que foi publicada a 1ª Ordem de Serviço. O desfile em Lisboa, da 1ª Companhia de Atiradores, integrado<br />

nas comemorações do 25 de Abril de 1977, formalizou a apresentação pública do Batalhão.<br />

Inicia a sua actividade operacional com a participação no Exercício “ORION 77”, participando posteriormente,<br />

até aos dias de hoje, em todos os exercícios da série ARCO e ROSA BRAVA da Brigada<br />

Mecanizada Independente.<br />

A década de 80, marca o início de uma forte e intensa actividade militar no âmbito OTAN, destacando-se<br />

os intercâmbios militares com o <strong>Exército</strong> Inglês, Norte Americano, Italiano e Espanhol. O<br />

BIMec neste contexto participa nos seguintes exercícios militares – da OTAN - em Itália: “DISPLAY<br />

DETERMINATION – 80,82,84,86,89”; “DRAGON HAMMER - 91”; “ROMA 96” e “DINAMIC<br />

MIX - 96”; em Espanha: Primeira Batalha/FRONTEIRA.<br />

Por despacho de 17 de MARÇO de 1994 de SExa O General Chefe de Estado Maior <strong>Exército</strong>, a<br />

1ª Brigada Mista Independente passou a designar-se por Brigada Mecanizada Independente, tendo o<br />

BIMec passado a designar-se por “1º Batalhão de Infantaria Mecanizado”(1º BIMec).<br />

Em Fevereiro de 1997 e Janeiro de 1999, com as designações de 1º BIMoto/SFOR e 3º BIMoto/<br />

SFOR II, respectivamente, cumpre missões de manutenção de paz no Teatro de Operações da BÓS-<br />

NIA - HERZEGOVINA (BiH).<br />

Em Janeiro de 2000, cede uma Companhia de Atiradores Mecanizada ao Agrupamento DELTA que,<br />

entre Agosto de 2000 e Abril de 2001, cumpriu missão no KOSOVO.<br />

Em Janeiro de 2001 regressa novamente ao Teatro de Operações da BiH, com a designação de Agrupamento<br />

ECHO/SFOR II, tendo assumido a missão de Reserva Operacional Terrestre do Comandante<br />

da SFOR.<br />

Durante o primeiro semestre de 2003, o 1º BIMec, com a designação de 1ºBIMec/UNMISET, cumpre<br />

a missão no Teatro de Operações de TIMOR LESTE.<br />

No segundo semestre de 2004 e durante o ano de 2005, aprontou um Agrupamento Mecanizado que<br />

integrou a NATO Response Force 5, tendo sob seu Comando Operacional um Esquadrão do Grupo<br />

de Carros de Combate do RC4. Neste âmbito participou no Exercício COHESION 05 em Espanha.<br />

Em Janeiro de 2006 iniciou o aprontamento do 1º BIMec/TACRES/KFOR, para cumprir missão<br />

no Kosovo a partir de Mar06.<br />

No ano de 2008, de 11JUL a 30JAN09, aprontou um Agrupamento Mecanizado que integrou a<br />

NATO Response Force 12, tendo sob seu Comando Operacional um Esquadrão do Grupo de Carros<br />

de Combate do ECC. Neste âmbito participou em diversos Exercícios e num exercício internacional<br />

“NOBLE LIGTH 08”, em Espanha.<br />

No período de 26 de Setembro de 2009 a 24 de Março de 2010 , o 1BIMec, cumpre a missão no<br />

Teatro de Operações do KOSOVO, como reserva táctica.<br />

Ao longo dos 33 anos de existência, o 1º BIMec tem participado em inúmeras actividades, desdobrando-se<br />

no cumprimento de missões no âmbito dos compromissos da Política Externa do Estado, e<br />

apoio às populações em missões de cariz essencialmente não militares – cheias, incêndios etc.<br />

O 1º BIMec é actualmente comandado pelo Tenente-Coronel de Infantaria Lino Loureiro Gonçalves.


Ficha Técnica<br />

Director: TCor Inf Lino Gonçalves<br />

Sub-Director: Maj Inf António Esteves<br />

Editor: 1BIMec/BrigMec/KFOR<br />

Design e Montagem:<br />

Cap Art Paulo Rordrigues e SAJ Inf Vítor Rosa<br />

Publicação: Trimestral<br />

Distribuição: Gratuita<br />

Impressão: 150 Exemplares<br />

Reprodução: Tipografia Marques<br />

Colaboradores<br />

TCor SAR Jorge Matos<br />

Maj Art Fernando Martinho<br />

Maj Cav João Faria<br />

Cap TManMat Manuel Machado<br />

Cap Cav Jorge Marques<br />

Cap AM Luís Alberto<br />

Cap Inf Alexandre Capote<br />

Cap Inf Fausto Campos<br />

Cap Inf Carlos Narciso<br />

Cap Tms Pedro Grifo<br />

Cap Andreas Brückner<br />

Ten RC Sónia Abrantes<br />

Ten Inf André Valente<br />

Ten Inf Luis Fernandes<br />

Ten Inf António Barbosa<br />

SCh Inf José Barata<br />

SAj Manuel Rolhas<br />

SAj Inf Carlos Rascão<br />

SAj Inf João Sanches<br />

1Sar Enf Hugo Martins<br />

Sold Rc Marília Oliveira<br />

Sold Rc Bernardo Flôr<br />

Morada e Contactos<br />

Campo Militar de Santa Margarida<br />

1ºBatalhão de Infantaria Mecanizado<br />

2250-999 Santa Margarida<br />

Telf – 249730733<br />

Editorial 05<br />

A Continuidade 06<br />

O Kosovo, produto da desintegração da<br />

Jugoslávia 08<br />

O Rádio Táctico Militar P/GRC-525 na<br />

FND/KFOR 11<br />

DOE 14 Módulo de Apoio/KTM 14<br />

Equipamento, Formação e Doutrina de Controlo<br />

de Tumultos no Exêrcito <strong>Português</strong> 16<br />

Os principais desafios económicos no Kosovo 20<br />

1BIMec: Uma vida, 20 Anos 22<br />

CIMIC ou Solidariedade? 28<br />

1BIMec/KFOR em todo o espectro <strong>das</strong><br />

Operações 30<br />

O treino de uma Companhia de Atiradores 32<br />

A logística no Kosovo, Moving Forward 38<br />

A Ubiquidade no Kosovo 41<br />

O Apoio de Serviços da KTM 42<br />

A Manutenção do 1BIMec/KFOR 44<br />

Mighty Northern Winter Knight II 46<br />

From Multinacional Cooperation to friendship-<br />

- My experience with KTM 49<br />

Primeiras impressões no Kosovo 50<br />

Os Invocados dos Açores, Soldados de Portugal 51<br />

Alguns Anos depois 52<br />

Comer Bem 53<br />

Figuras e Actividades 54<br />

Na vida... Há sempre um Princípio, Meio e Fim 64<br />

Ao nosso "Dino" 66<br />

Classificação do Concurso de Fotografia 67<br />

KTM 03


Armas<br />

Escudo de vermelho, uma besta de ouro, acompanhada de duas margari<strong>das</strong><br />

de prata, abotoa<strong>das</strong> de ouro.<br />

- Elmo militar de prata, forrado de vermelho, a três quartos para a dextra;<br />

- Correia de vermelho perfilada de ouro;<br />

- Paquife e virol de vermelho e de ouro;<br />

- Timbre: um rinoceronte de prata, segurando nas patas dianteiras o escudete<br />

da Brigada Mecanizada Independente;<br />

- Divisa: num listel de prata, ondulado, sotoposto ao escudo, em letras de<br />

negro, maiúsculas, de estilo elzevir<br />

“O FUTURO DE NÓS DIRÁ”.<br />

<strong>Simbologia</strong> e <strong>Alusão</strong> <strong>das</strong> <strong>Peças</strong><br />

O VERMELHO do campo lembra o <strong>das</strong> armas da Divisão Nun’Álvares, antecessora da Brigada Mecanizada<br />

Independente em que o 1.º Batalhão de Infantaria Mecanizado está integrado.<br />

- A BESTA, como antepassada da espingarda, alude à Arma de Infantaria.<br />

- AS MARGARIDAS referem-se à localização do 1.º Batalhão de Infantaria Mecanizado da Brigada Mecanizada<br />

Independente desde a sua criação: Santa Margarida.<br />

- O RINOCERONTE, caracterizado pelo poder de ataque associado a uma eficaz blindagem, representa os meios<br />

de que a unidade dispõe.<br />

- O ESCUDETE alude à Grande Unidade Operacional que integra o 1.º Batalhão de Infantaria Mecanizado: a<br />

Brigada Mecanizada Independente.<br />

- A DIVISA, “O FUTURO DE NÓS DIRÁ” afirma a confiança dos militares do 1.º Batalhão de Infantaria Mecanizado<br />

no cumprimento <strong>das</strong> mais árduas missões, bem como a certeza de que elas serão factor de engrandecimento<br />

para o <strong>Exército</strong>.<br />

Os Esmaltes Significam<br />

- O OURO, constância e vigor;<br />

- A PRATA, eloquência e humildade;<br />

- O VERMELHO, ânimo e valentia;<br />

- O AZUL, justiça e lealdade.<br />

04 KTM


Estimados Leitores<br />

Conforme o planeado, publica-se a segunda e última<br />

edição de “O Mecanizado” por ocasião da missão que<br />

o 1ºBIMec cumpriu enquanto FND/KFOR, agora que<br />

a mesma oficialmente culminou com a realização, já<br />

em Território Nacional, da cerimónia de devolução do<br />

Estandarte Nacional que, com orgulho, esteve à nossa<br />

guarda.<br />

A presente Edição, para além de retratar algumas<br />

<strong>das</strong> principais actividades desenvolvi<strong>das</strong> durante o 2º<br />

trimestre, pretende igualmente divulgar algumas reflexões<br />

e até lições aprendi<strong>das</strong>, que com humildade e<br />

prazer, queremos partilhar com os prezados leitores.<br />

Gostaria, contudo, de salientar que os conteúdos que se<br />

publicam nestas páginas, são apenas uma pequena porção<br />

de to<strong>das</strong> as experiências e aprendizagens assimila<strong>das</strong><br />

e que os militares do Batalhão – principalmente os<br />

pertencentes ao quadro permanente – saberão decerto e<br />

no momento adequado, rentabilizar da melhor forma.<br />

Considero, pois que a juntar ao trabalho desenvolvido<br />

ao serviço <strong>das</strong> Forças Arma<strong>das</strong> e em prol dos superiores<br />

interesses de Portugal, esta missão constituiu ainda,<br />

um fortíssimo investimento na formação dos jovens<br />

quadros do Batalhão, que, acabados de sair <strong>das</strong> Escolas<br />

Militares, se iniciaram no desempenho como elementos<br />

de uma Força Militar Multinacional, liderada pela<br />

NATO, situação que, com elevada probabilidade, voltarão<br />

a vivenciar ao longo <strong>das</strong> respectivas carreiras.<br />

O balanço final da missão não nos cabe a nós fazêlo,<br />

ainda que as palavras proferi<strong>das</strong> por Sua Excelência<br />

o Tenente-General Cmdt da KFOR, que agora se publicam,<br />

possam dar algumas pistas. Enquanto Comandante,<br />

resta-me somente salientar, a supina honra e o<br />

enorme privilégio que tive em comandar esta Unidade.<br />

Termino, recordando com saudade o 1º Cabo Bernardino,<br />

que prematuramente nos deixou mas que viverá<br />

– para sempre – na nossa memória. Onde quer que<br />

esteja, será – também eternamente – um dos nossos. À<br />

sua chamada saberemos nós, em uníssono, responder:<br />

Pronto!!<br />

Um grande abraço, Camarada Bernardino. Descansa<br />

em paz e até sempre.<br />

O Futuro de Nós Dirá,<br />

O Comandante<br />

Lino Loureiro Gonçalves<br />

TCor Inf<br />

KTM 05


“Nunca faço previsões. Apenas olho através da janela<br />

e vejo o que é visível, mas que não foi visto.”<br />

Peter Drucker, em citação da “Executive Digest” de Maio de 1997<br />

No momento em que se fecha mais um ciclo com<br />

cerca de três anos e meio, da vida do nosso Batalhão,<br />

aproveito a oportunidade que me é dada, para uma vez<br />

mais escrever sobre o “BIMec”. Sendo que o objectivo<br />

do artigo não é fazer um balanço deste ciclo, mas sim,<br />

o de abordar a “regeneração” da Unidade, no sentido<br />

de garantir “continuidade” e o “espírito do Batalhão”.<br />

Pelas mais varia<strong>das</strong> razões , a Unidade vai sofrer mais<br />

uma reorganização .<br />

Depois deste período, repleto de desafios, em que cada<br />

um, ao seu nível, poderá analisar se valeu a pena e qual<br />

o significado que poderá ter, de uma coisa estamos certos,<br />

fizemos tudo o que tínhamos para fazer.<br />

REGENERAÇÃO<br />

Eis que chegou o momento de iniciar um novo ciclo,<br />

com outros desafios e outras oportunidades. E é com<br />

vista a esse novo ciclo que se pretende de continuidade,<br />

que a “regeneração” pode ser um período essencial<br />

para a Unidade.<br />

Sendo o treino <strong>das</strong> tarefas tácticas que concorrem para<br />

um objectivo, o “core business” da Unidade, quando<br />

esta não está empregue em operações, é a esta actividade<br />

que a Unidade deve dedicar o seu esforço, com<br />

todos os recursos da unidade e o máximo de tempo<br />

disponível. No entanto, esta situação nem sempre tem<br />

sido possível, por via de, entre outras razões, do não<br />

planeamento e execução da fase de “regeneração”.<br />

O que obriga a Unidade a desviar a sua atenção para<br />

a execução de tarefas, embora concorrentes para o<br />

treino , que poderiam ter sido executa<strong>das</strong> durante a fase<br />

da “regeneração”.<br />

Assim esta fase é uma excelente oportunidade para pre-<br />

06 KTM<br />

parar a Unidade para o seu “core business” – Treinar.<br />

Não se trata de manter a Unidade menos “activa”, mas<br />

sim de um período para revigorar os recursos humanos,<br />

materiais e actualização da documentação.<br />

Ao nível dos recursos humanos seria uma boa oportunidade<br />

para:<br />

- Possibilitar a todos os militares que regularizassem<br />

os períodos de férias que, como é do conhecimento de<br />

todos, está em muitos casos descontrolado;<br />

- Permitir que, de uma forma programada, os militares<br />

frequentem formação, tendo em conta as novas funções,<br />

sem prejudicar, o futuro período de treino;<br />

- Para possibilitar aos militares, poderem dedicar um<br />

pouco mais de tempo à família e a eles próprios, aspecto<br />

tantas vezes descurado numa Unidade com as<br />

características da nossa. Mas que seria um aspecto fundamental<br />

na motivação, de todos quantos servem na<br />

Unidade, e com reflexos positivos durante a fase do<br />

treino.<br />

Ao nível dos materiais, seria o período mais indicado<br />

para a Unidade:<br />

- Se centrar no controlo e acerto dos materiais;<br />

- Fazer a manutenção de equipamentos;<br />

- Dedicar algum tempo à manutenção <strong>das</strong> suas instalações,<br />

já que neste momento esta responsabilidade recai<br />

na própria Unidade;<br />

- Concentrar, numa situação ideal, e preparar os materiais<br />

necessários para o novo ciclo de treino.<br />

No que diz respeito à documentação, permitia:<br />

- Recolher a informação enquadrante e de apoio ao<br />

treino;<br />

- Efectuar o planeamento do treino, envolvendo todos<br />

os responsáveis pela sua execução;


- Organizar e actualizar outra documentação necessária<br />

para a nova fase, NEP’s, relatórios, etc, com a finalidade<br />

de poderem ser testados durante a fase de treino.<br />

No entanto, nesta fase, não se deve descurar o treino<br />

físico, o tiro de manutenção, o treino de algumas tarefas<br />

individuais e o manuseamento de armamento e<br />

equipamento.<br />

Seria também uma excelente oportunidade para ministrar<br />

formação na Unidade, através da execução de Escolas<br />

Preparatórias de Quadros (EPQ), com a finalidade<br />

de uniformizar procedimentos e onde os mais “velhos”<br />

poderiam de alguma forma transmitir “o que não vem<br />

nos livros”, alguns valores e tradições da Unidade.<br />

Este modelo, embora “teórico”, teria o intuito de criar<br />

as condições ideais para que a Unidade, durante a fase<br />

do Treino se “concentrasse” no seu “core business”,<br />

não dispersando o seu esforço em aspectos que naturalmente<br />

desviam a atenção do treino. Ou seja, em jeito<br />

de conclusão, esta seria a forma de “regeneração” do<br />

Batalhão. Para o efeito, bastava que a Unidade tivesse<br />

os objectivos de treino definidos para um ciclo de dois<br />

anos, e uma grande percentagem de pessoal, presente<br />

na Unidade, nomeadamente graduados, e ainda que a<br />

Unidade não fosse empregue em outras tarefas.<br />

CONTINUIDADE<br />

No entanto, e conhecendo a nossa realidade, tenho plena<br />

consciência que “não é fácil”.<br />

Resta-nos então a CONTINUIDADE, assunto sobejamente<br />

tratado nas nossas publicações, e que mais uma<br />

vez, tenho a ousadia de abordar. CONTINUIDADE,<br />

não no sentido “do deixa andar” ou “baixar os braços”<br />

perante a adversidade, que isso não é apanágio do<br />

“BIMec”, mas no sentido de manter vivo o espírito e o<br />

bom-nome do nosso Batalhão. Sim! Porque podemos<br />

ser os melhores tecnicamente, mas se não “vestirmos<br />

a camisola” e não nos sentirmos “comprometidos com<br />

a causa”, com alguém dizia, “dificilmente resulta”. E<br />

disto estou certo, se regenerar da forma anteriormente<br />

exposta vai ser difícil, vamos certamente manter a<br />

CONTINUIDADE, na busca incessante da excelência,<br />

enquanto “escola dos mecanizados”, na ligação que<br />

mantemos ao “velhinho 113”, na forma de ver uma<br />

oportunidade em cada desafio, e nas tradições, que “tão<br />

bem” temos sabido preservar.<br />

E, no que diz respeito às tradições, gostava de me<br />

referir só às mais emblemáticas : o S. JOÃO, que tem<br />

servido como razão do encontro anual de todos quantos<br />

serviram no “BIMec”, expressando assim os laços de<br />

amizade e camaradagem que nos unem; na forma como<br />

organizamos as nossas formaturas, com a leitura do código<br />

de honra e o lançamento do grito de saudação e<br />

do recente, mas já muito nosso, “RINO”, que surgiu<br />

na busca da excelência da liderança aos mais baixos<br />

escalões.<br />

Para concluir, CONTINUIDADE, na passagem do<br />

testemunho dos “mais velhos” para os “mais novos”,<br />

materializada com a nossa Cerimónia de Imposição de<br />

Crachás.<br />

“Estamos Prontos”…. para de forma “tranquila” concretizar<br />

mais esta reorganização.<br />

“O Futuro de nós dirá”<br />

KTM 07


“…Duelo de culturas, credos e memórias, marcada a<br />

cada passo por rituais de ódio e vingança de uma barbárie<br />

medievalesca, os conflito dos Balcãs desafiam o<br />

horror. Mas também a paixão. De todos quantos nele<br />

se embrenham para melhor compreender as razões de<br />

fundo. Militares ou políticos, observadores, diplomatas<br />

ou jornalistas, raros são os que não cederam por um<br />

instante ao apelo ao envolvimento emocional….“<br />

(Pereira, Carlos Santos; Da Jugoslávia à Jugoslávia, 1999)<br />

1. ANTECEDENTES<br />

O Marechal a quem foi<br />

atribuída a paternidade da<br />

Jugoslávia, proclamou em 25<br />

de Junho de 1943, uma estrutura<br />

Federal Socialista, com<br />

seis Repúblicas. A Croácia,<br />

a Eslovénia, a Macedónia, o<br />

Fig.1 - Josip Broz Tito Montenegro e a Bósnia-Herzegovina.<br />

Esta última, servia de “tampão” entre dois<br />

países com antecedentes rivais, a Sérvia e a Croácia.<br />

Uma frase celebre que caracteriza perfeitamente a Jugoslávia<br />

de Tito: “Seis Repúblicas, cinco Etnias, quatro<br />

Línguas, três Religiões, dois Alfabetos e um Partido”.<br />

Tito, durante a sua governação, tentou “jogar” o exercício<br />

do equilíbrio entre to<strong>das</strong> as Repúblicas, afastando<br />

qualquer tipo de hegemonia por parte da Sérvia, tendo<br />

por lema: Jugoslávia forte, Sérvia fraca. A língua oficial<br />

passou a ser o Servo-Croata, proibindo o uso do Sérvio<br />

ou o Croata como línguas puras.<br />

A governação com braço de ferro, mas também, com<br />

muitas cedências políticas, termina com a morte do<br />

Marechal, no dia 04 de Maio de 1980.<br />

Tito deixa um país dividido. Muitos choram a sua<br />

morte, por verem desaparecer a força que unia esta<br />

grande Nação, outros vêem na morte do Marechal, a<br />

oportunidade para aguçar as rivalidades nacionalistas.<br />

Dez anos depois da morte de Tito, e após uma profunda<br />

revolução cultural que se assiste na Sérvia e na Croácia,<br />

o quadro político Jugoslavo sofre uma enorme transformação.<br />

Sob o domínio da Sérvia, posicionaram-se<br />

a Vojvodina (província autónoma a Norte da Sérvia), o<br />

Kosovo e o Montenegro, liderados por Slobodan Mi-<br />

08 KTM<br />

losevic. A Eslovénia e a Croácia formam um segundo<br />

grupo de países, que contestam o modelo da Federação,<br />

afastando-se do seu escudo “protector”. Ambos<br />

os blocos, são pólos de atracão para as minorias que<br />

entretanto se vêm desloca<strong>das</strong> da sua esfera de influência<br />

étno-religiosa. Os Croatas que viviam na Sérvia, os<br />

Sérvios da Croácia, ou os que viviam n Bósnia-Herze-<br />

Fig 2 – A Federação Jugoslava de Tito<br />

govina, sendo estes, Bósnios-Croatas ou Bósnios-Sérvios,<br />

apontam para Zagreb ou Belgrado, como destino<br />

de fuga.<br />

Do equilíbrio alcançado por Tito, pouco ou nada resta,<br />

a desintegração da Jugoslávia era irreversível. As ambições<br />

dos herdeiros do Marechal levaram a Federação<br />

Jugoslava para a ruptura e para o confronto.<br />

Os ódios adormecidos começam a despertar, o Separatismo<br />

e o Nacionalismo ganham uma nova força. As<br />

declarações de independência por parte de Eslovenos<br />

e Croatas, no Verão de 1991, inspiraram os Kosovares<br />

Albaneses a organizarem o seu próprio referendo de independência.<br />

Em Maio de 1992, o escritor Ibrahim Rugova, líder da<br />

Liga Democrática de Kosovo (LDK), é eleito Presidente<br />

numa votação considerada clandestina. Frente á<br />

intolerância política e cultural da Sérvia e à impotência<br />

de Rugova em impedir a reintegração, surge o <strong>Exército</strong><br />

de Libertação de Kosovo (UÇK).


Violentos confrontos entre o UÇK e as Forças Sérvias,<br />

com elevados danos colaterais, levam a uma crise humanitária,<br />

sendo necessária a intervenção da Comunidade<br />

Internacional, para restabelecer a paz e a segurança<br />

nesta região.<br />

Em Junho de 1999, uma Missão de Manutenção de Paz<br />

da NATO, recebia o nome de Kosovo Force (KFOR),<br />

para ser projectada na Província Sérvia Autónoma do<br />

Kosovo.<br />

2. O KOSOVO NA SÉRVIA E NA JUGOSLÁVIA<br />

Em Junho de 1389, na planície de Kosovo Polje<br />

(Campo dos Melros), a Sérvia enfrenta a mais famosa<br />

batalha da sua história. Sofre uma pesada derrota, perde<br />

o seu líder, o Príncipe Lazar, e não consegue impedir o<br />

avanço do Império Otomano que irá dominar a maior<br />

parte da península até ao início do século XX.<br />

A batalha do Kosovo, torna-se, desta forma, um símbolo<br />

para a Nação Sérvia, representando o seu patriotismo<br />

e o seu desejo de alcançar a independência.<br />

Precisamente 600 anos mais tarde, em 1989, os Sérvios<br />

reúnem-se em Kosovo Polje, para uma outra batalha.<br />

Liderado pelo Presidente Slobodan Milosevic, o apelo<br />

ao Nacionalismo seria o elemento dinamizador do seu<br />

discurso. “…We will not let you be beaten again…”; “…<br />

Fig 3 – Milosevic em Kosovo Polje<br />

We will defend you…”; “…Serbia for the Serbians…”.<br />

Na tentativa de uma vez mais consolidar o seu<br />

poder, pela invocação da ameaça externa à integridade<br />

e existência da Nação Sérvia, Slobodan Milosevic<br />

retira a autonomia à região do Kosovo, concedida<br />

por Tito em 1974, numa tentativa de enfraquecer<br />

o Nacionalismo Albanês.<br />

O parlamento foi dissolvido, e, em 1991, o<br />

representante Kosovar na assembleia Sérvia foi destituído.<br />

Os albaneses, então, proclamaram a República<br />

do Kosovo que não seria reconhecida pela Sérvia, nem<br />

por nenhuma <strong>das</strong> outras Repúblicas da Federação.<br />

O Kosovo não merece a mesma atenção por parte da<br />

Comunidade Internacional, que as restantes Repúblicas.<br />

O seu estatuto dentro da Federação Jugoslava era<br />

diferente. Enquanto a Eslovénia, a Croácia e a Bósnia,<br />

tinham o direito à separação, reconhecido pela Constituição<br />

de 1974, o Kosovo era parte integrante da Sérvia.<br />

Protestos surgem por todo o Kosovo, os mais significativos<br />

são as greves de fome, conduzi<strong>das</strong> pelos mineiros<br />

Albaneses de Trepca <strong>das</strong> minas de Zinco, que levaram<br />

a manifestações massivas e consequentemente duras<br />

represálias por parte da polícia.<br />

O regime de Slobodam Milosevic, encena a política de<br />

despedimentos dos Albaneses dos cargos estatais. Impedidos<br />

de ter acesso aos cargos do estado, os Albaneses<br />

kosovares vêm-se forçados a criar um regime paralelo,<br />

o que se designaria por “shadow government”.<br />

Elegem os seus representantes nesta estrutura, abrem<br />

escolas em apartamentos ou casas, criam clínicas em<br />

espaços privados, mesmo sem pessoal médico treinado<br />

e mesmo por vezes, sem medicamentos.<br />

Em Dezembro de 1989, Ibrahim Rugova funda o LDK<br />

(Liga Democrática do Kosovo), sendo largamente<br />

apoiado e proclamado presidente em 1991. O movimento<br />

de Rugova boicota to<strong>das</strong> as instituições oficiais,<br />

iniciando-se o período de uma administração paralela<br />

ou “shadow state” no Kosovo.<br />

A perda do controle sobre o Kosovo, berço e bandeira<br />

desse novo nacionalismo, baseado na homogeneização<br />

étnica, representaria um golpe duríssimo na estrutura<br />

de poder, construída por Milosevic.<br />

Desta forma, Belgrado aumenta a repressão sobre o<br />

Kosovo, mobiliza os recursos militares para a província,<br />

numa derradeira tentativa de a manter sob o seu<br />

domínio.<br />

Treinados no Norte da Albânia por antigos militares Jugoslavos<br />

de origem Albanesa, e armados com o produto<br />

do saque dos quartéis e arsenais de uma Albânia em<br />

colapso, surge em 1996 o Exercito de Libertação do<br />

Fig 4 – Guerrilheiros do UÇK<br />

KTM 09


Kosovo (UÇK).<br />

O UÇK, torna-se extremamente activo, e reivindica<br />

uma série de atentados. A guerrilha, agora com bastião<br />

em Drenica, vê milhares de jovens juntarem-se á causa,<br />

reforçando-a, permitindo encetar ataques em larga escala<br />

contra as forças Sérvias.<br />

No verão de 1998, travaram-se violentos confrontos<br />

entre as Forças Sérvias e o UÇK. A tentativa de<br />

aniquilar a rebeldia da guerrilha e retomar o controlo da<br />

província, tem como resultado uma catástrofe humanitária,<br />

com milhares de mortos, desaparecidos e deslocados<br />

em todo o Kosovo. A experiência da Bósnia-<br />

-Herzegovina, parece ter sido decisiva na formação <strong>das</strong><br />

percepções dos actores da Comunidade Internacional,<br />

acerca do que estaria em jogo no Kosovo, levando-os a<br />

reagir rapidamente.<br />

O desafio do Presidente Milosevic<br />

á Comunidade Internacional,<br />

torna-se insustentável,<br />

e no dia 24 de Março<br />

Fig 5 – Xavier Solana<br />

de 1999, Xavier Solana, dá<br />

a voz de “fogo” à máquina<br />

da Aliança. Os bombardeiros e os mísseis de cruzeiro<br />

Tomahawk, cumprem a sua Missão.<br />

Durante 78 dias, a campanha aérea da NATO provocou<br />

sérios danos na estrutura do território que restou da<br />

Federação Jugoslava (Sérvia, Montenegro e Kosovo),<br />

proporcionando a maior destruição na região desde a<br />

Segunda Guerra Mundial.<br />

Em Junho de 1999, Milosevic, assina um acordo para<br />

a retirada <strong>das</strong> suas Forças do Kosovo, a criação duma<br />

Zona de Segurança Terrestre no Montenegro Ocidental<br />

e Sérvia Meridional, adjacente ao Kosovo (ABL), e<br />

a criação duma Comissão Consultiva Conjunta (JIC),<br />

como instrumento para o contacto permanente entre a<br />

KFOR e o <strong>Exército</strong> Sérvio.<br />

O Conselho de Segurança da ONU aprova em 10 de<br />

Junho de 1999 a Resolução 1244, que autoriza a projecção<br />

para o Kosovo duma Força de Apoio à Paz,<br />

liderada pela NATO, designada por Kosovo Force ou<br />

KFOR.<br />

3. CONCLUSÕES<br />

Esta região dos Balcãs, tão bem conhecida dos militares<br />

Portugueses, também eles “…cederam ao apelo e<br />

ao envolvimento emocional….“, como afirma o Carlos<br />

Santos Pereira no seu livro”.<br />

Foi neste caldeirão de credos e culturas, que se ergueu a<br />

10 KTM<br />

Federação Socialista da Jugoslávia. Que, após a morte<br />

do seu “arquitecto”, Josip Broz Tito e motivada por<br />

diferenças religiosas, desmorona-se, abrindo feri<strong>das</strong><br />

insaráveis.<br />

A NATO, que de uma forma tímida tomou conta do<br />

conflito, “permitindo” os massacres nos enclaves Bósnios,<br />

no Kosovo foi impiedosa, jogou uma cartada decisiva<br />

para a sua credibilidade. No seu 50º aniversário,<br />

a NATO esteve em guerra, mostrando ao mundo, ser<br />

um garante da estabilidade na Europa.<br />

Desde o início da intervenção da NATO no Kosovo em<br />

1999, até à actualidade, foram alcançados inúmeros<br />

progressos, um longo caminho foi percorrido, mas,<br />

muito está ainda para se fazer, só sendo possível, com o<br />

apoio da Comunidade Internacional.<br />

O Futuro para esta região, deverá obrigatoriamente passar<br />

pela esfera de influência do grande espaço Europeu.<br />

O Kosovo, ainda no início do processo, mas dando<br />

sinais de querer alcançar a sua estabilidade, constitui<br />

um caso particular. A independência unilateral, declarada<br />

em 17 de Fevereiro de 2008, não suscitou uma crise<br />

imediata, mas o território encontra-se perante numerosos<br />

desafios. Aguarda uma decisão do Tribunal Internacional<br />

de justiça (ICJ), em relação ao reconhecimento<br />

da sua soberania; No seio da União Europeia, nem todos<br />

os Estados-membros a reconheceram; A existência<br />

de estruturas paralelas de governação, é prejudicial<br />

à estabilidade e desenvolvimento; As suas fronteiras<br />

continuam extremamente permeáveis ao tráfico de<br />

todo o tipo; A polícia, o sistema judicial e as demais<br />

instituições, estão a dar os primeiros passos, com a<br />

monitorização da Comunidade Internacional.<br />

No entanto surge uma esperança. A União Europeia<br />

tem dado sinais claros que o Kosovo será bem acolhido<br />

no seio da grande família. Poderá ser este o seu maior<br />

desafio, assim tenham coragem os Kosovares e seus<br />

governantes para o enfrentar.<br />

Bibliografia:<br />

(1) “Da Jugoslávia á Jugoslávia“ Pereira, Carlos Santos, 1999;<br />

(2) “O Virus Balcânico“ Niksic, Stevan; Rodrigues, Pedro Caldeira;<br />

(3) “Srebrenica record of a War Crime” both,Norbert; Honig Jan<br />

Willem;<br />

(4) “The Balcans, Nationalism, War, and the Great Powers,1804-<br />

-1999”Glenny Misha;<br />

(5) “Two concepts of sovereignty”, ANNAN, Kofi A, 1999;<br />

(6)“Endgame in Kosovo”.DANNER, Mark. 1999.


“There are no secrets to success. It is the result of<br />

preparation, hard work, learning from failure.”<br />

Colin Powell<br />

Decorridos 6 meses de missão no Teatro de<br />

Operações (TO) do Kosovo, pode-se afirmar seguramente<br />

que a KTM continua a ser uma escola de excelência<br />

de Quadros, pelas experiências proporciona<strong>das</strong><br />

durante esse período.<br />

Neste TO foi possível ter contacto com diversos meios<br />

de comunicações, tanto da KFOR como nacionais,<br />

muito particularmente com um meio de comunicações<br />

de campanha, que equipa, há relativamente pouco tempo,<br />

o <strong>Exército</strong> <strong>Português</strong>.<br />

Montagem Dupla P/GRC525<br />

O meio de comunicações que se pretende fazer referência<br />

é o rádio táctico militar P/GRC-525 1 , equipamento<br />

este bastante actual e com grandes capacidades. É um<br />

rádio multibanda, cobrindo uma grande faixa do espectro<br />

electromagnético, desde 1,5 MHz a 512 MHz.<br />

Suporta diversas modulações, quer em fonia quer em<br />

dados, com débitos elevados para este tipo de redes<br />

(até 72 Kbps utilizando OFDM 2 ), dispõe de receptor<br />

GPS 3 integrado, medi<strong>das</strong> de protecção electrónica<br />

(TRANSEC e COMSEC 4 ), assim como a integração<br />

com outros sistemas, funcionando como repetidor ou<br />

gateway, permitindo fazer chama<strong>das</strong> selectivas para<br />

subscritores noutras redes.<br />

Ao longo destes seis meses de missão, o P/GRC-525<br />

foi amplamente utilizado, explorando ao máximo as<br />

suas valências, quer na transmissão de dados em modo<br />

seguro (SECOM-V 5 ), quer em fonia. Ao nível da transmissão<br />

de dados, o sistema utilizado consistiu no equipamento<br />

rádio táctico militar P/GRC-525, interligado<br />

com um computador robusto através da porta-série de<br />

comunicações (protocolo RS-232) e software adequado.<br />

No início da missão, foi necessário ministrar formação<br />

a nível de operação do P/GRC-525 aos militares do<br />

Batalhão, tendo cabido esta tarefa ao Módulo de Transmissões.<br />

Para além desta tarefa, foi necessário proceder<br />

à instalação de alguns meios P/GRC-525, efectuar a actualização<br />

dos P/GRC-525, visto que antes de se iniciar<br />

a missão, foi disponibilizada a versão 5.21 de firmware<br />

e software, assim como criar as configurações com as<br />

redes necessárias (dados e fonia), para serem carrega<strong>das</strong><br />

nos equipamentos.<br />

1 Para mais informação sobre o P/GRC-525 ver: http://www.eid.<br />

pt/en/tactical-radio-systems/product/PRC-525%20Combat%20<br />

Net%20Radio.<br />

2 É um tipo de modulação utilizada pelo P/GRC-525 e significa<br />

Orthogonal Frequency Division Multiplexing.<br />

3 Ver em http://www.cienciaviva.pt/latlong/anterior/gps.asp.<br />

4 Informação relativa a TRANSEC e COMSEC: http://en.wikipedia.<br />

org/wiki/Transmission_security.<br />

5 Significa Secure Communicanions – VHF: http://www2.rohdeschwarz.com/en/products/secure_communications/tactical_radiocommunications/M3TR-%7C-Features-%7C-103-%7C-4656-<br />

%7C-25681.html<br />

KTM 11


O software utilizado para transmissão de dados foi, o<br />

T-Email (Tactical-Email) .<br />

Terminal de mensagens T-Email<br />

O T-Email utiliza o mesmo protocolo de comunicações<br />

que a aplicação MAIL525 para Pocket PC 6 , mas possui<br />

outras valências como por exemplo a compressão de<br />

dados, tendo como consequência a redução do tempo<br />

de transmissão, para o mesmo tamanho de dados, aumentando<br />

desta forma a sua performance. Este software<br />

permite a transmissão de mensagens tipo e-mail<br />

com ficheiros de qualquer tipo em anexo, não podendo<br />

o tamanho da mensagem exceder 1 Megabyte. O limite<br />

imposto, deve-se ao facto da rede ser táctica e, desta<br />

forma, ser considerado um tamanho razoável para este<br />

tipo de rede. O software tem a opção de garantir que a<br />

mensagem chega ao seu destinatário, implementando o<br />

protocolo ARQ 7 .<br />

A necessidade de utilização do rádio táctico militar<br />

P/GRC-525 para transmissão de dados, deve-se ao facto<br />

da KTM se encontrar frequentemente em operações<br />

com a necessidade de envio de relatórios entre o TCP 8<br />

projectado, na área de responsabilidade (AOR) de<br />

12 KTM<br />

Meios de Comunicações instalados no TCP.<br />

uma <strong>das</strong> MNTF (Multinational Task Force), e o TOC 9<br />

situado no aquartelamento em Slim Lines, próximo de<br />

Pristina.<br />

A forma existente até esta altura para envio de relatórios,<br />

era somente com recurso à rede de dados disponibilizada<br />

por cada uma <strong>das</strong> MNTF, sendo um procedimento<br />

pouco prático. Devido a esta limitação, o TCP estava<br />

confinado a operar sempre a partir do aquartelamento<br />

de uma MNTF. Como forma de explorar as capacidades<br />

do rádio táctico militar P/GRC-525 e colmatar a<br />

lacuna descrita, procurou-se efectuar testes nos diversos<br />

modos de comunicações disponíveis, quer a nível<br />

da transmissão de dados, quer em fonia. Esses testes<br />

de comunicações realizaram-se inicialmente dentro do<br />

aquartelamento, para verificar o correcto funcionamento<br />

do sistema montado.<br />

Seguidamente e durante a operação de reconhecimento<br />

realizada na AOR da MNTF-S (26 a 30OUT09),<br />

fizeram-se novos testes de comunicações em VHF. O<br />

TCP encontrava-se a operar a partir do campo Prizren<br />

Airfield, pertencente ao contingente alemão situado na<br />

cidade de Prizren e o TOC a partir Slim Lines. Os testes<br />

consistiram na utilização de fonia em claro, fonia segura<br />

(modo SECOM-V para fonia), dados seguros (modo<br />

SECOM-V para dados) e dados em OFDM. Para a realização<br />

dos testes houve necessidade de se instalar um<br />

repetidor, devido à inexistência de linha de vista entre<br />

6Trabalho final de curso desenvolvido, durante a frequência da licenciatura<br />

na AM, por de dois oficiais da Arma de Transmissões<br />

(Trabalho Final de Curso “Programa de Comunicações Militares<br />

de Dados MAIL525 para Plataforma Pocket PC 2004”, ano lectivo<br />

2004/2005, IST).<br />

7Significa Automatic ReQuest e diz respeito a um protocolo de comunicações<br />

que garante a entrega de informação ao destinatário,<br />

através do reenvio dessa informação, quando esta chega com erros<br />

ou foi perdida devido a problemas na comunicação: http://<br />

en.wikipedia.org/wiki/ARQ.<br />

8Significa Tactical Command Post ou Posto de Comando Táctico<br />

em português.<br />

9Significa Tactical Operations Center ou Centro de Operações<br />

Tácticas em português.


as estações, provocada por uma grande obstrução do<br />

terreno, tendo a ligação total uma extensão de 60 Km.<br />

Estes testes serviram para verificar as possibilidades do<br />

sistema montado para o efeito, detectar problemas e encontrar<br />

formas de corrigi-los, assim como definir qual<br />

o modo de funcionamento mais eficiente, quer para dados,<br />

quer para fonia.<br />

Posteriormente, iniciou-se uma nova fase, as operações<br />

de proximidade ou Proximity Operations, onde o objectivo<br />

principal é a recolha de informação. A primeira<br />

operação deste género, levada a cabo pela KTM, foi<br />

na área de responsabilidade da MNTF-N, tendo decorrido<br />

de 07 a 11DEC09. Para dar apoio a esta operação,<br />

houve necessidade de se instalar um repetidor para fonia,<br />

utilizando meios P/GRC-525, o que permitiu dar<br />

cobertura radioeléctrica a toda a MANBOX (Manoeuvre<br />

Box) utilizada para recolha de informação. As patrulhas,<br />

de nível secção, estavam equipa<strong>das</strong> com meios<br />

da família P/PRC-425 instalados nas viaturas, tendo-se<br />

garantido a interoperabilidade entre estes equipamentos<br />

distintos.<br />

No final de Dezembro de 2009, decorreu o exercício de<br />

Batalhão designado de MIGHTY SRONG RHINO 01<br />

SABER. Neste exercício, para além da exploração <strong>das</strong><br />

Redes de Comando e Operações da KTM e utilização<br />

de diversos equipamentos de comunicações, também<br />

se fez a exploração de uma Packet Radio Network 10<br />

(PRN), utilizando meios P/GRC-525 no modo SEC-<br />

OM-V e a aplicação T-Email. Com o sistema montado,<br />

foi possível o envio de relatórios entre o TCP instalado<br />

no campo de treino da KFOR em Camp Vrelo e o TOC<br />

em Slim Lines, distando estas estações de 14 Km.<br />

Na continuação do planeamento operacional, continuaram-se<br />

a levar a cabo diversas Proximity Operations<br />

Viatura com cabine repetidora de radiofrequência em Operações<br />

nas AOR <strong>das</strong> MNTF, <strong>das</strong> quais duas na MNTF-W e<br />

uma na MNTF-S, na MNTF-C e na MNTF-N. Relativamente<br />

às operações realiza<strong>das</strong> na AOR da MNTF-<br />

W, garantiu-se a exploração de uma rede táctica de<br />

dados, via rádio, para o fluxo de informação entre o<br />

TCP, a operar a partir do aquartelamento italiano Villagio<br />

d’Italia, na proximidade da cidade de PEC, numa<br />

ligação com extensão de 70Km. Nesta situação, houve<br />

necessidade de se instalar um repetidor para a ligação<br />

de dados, mas a de fonia foi conseguida directamente.<br />

Na operação levada a cabo na MNTF-S, o TCP ficou<br />

instalado no aquartelamento alemão Prizren FC, na<br />

cidade de Prizren, situado a 60 Km de Slim Lines.<br />

Devido à obstrução do sinal de radiofrequência, não foi<br />

possível estabelecer a ligação directa por causa do terreno,<br />

tendo-se instalado também um repetidor para as<br />

comunicações de dados.<br />

Também na AOR da MNTF-N, garantiu-se o apoio de<br />

comunicações de dados e fonia, ao Posto de Comando<br />

da Companhia BRAVO. Este encontrava-se instalado<br />

no aquartelamento francês de Belvedere, próximo da<br />

cidade de Mitrovica e distava 40 Km de Slim Lines,<br />

tendo esse apoio sido possível através da utilização de<br />

meios P/GRG-525.<br />

Em to<strong>das</strong> as operações referi<strong>das</strong> anteriormente, foi possível<br />

estabelecer uma rede táctica de dados seguros, que<br />

sustentou o fluxo de informação entre Postos de Comando,<br />

utilizando os meios P/GRC-525 e a aplicação<br />

T-Email, tendo-se enviado mensagens com 1 MByte de<br />

tamanho de uma forma segura, eficaz e confiável.<br />

A utilização de meios P/GRC-525 neste TO, permitiu<br />

implantar pela primeira vez comunicações tácticas<br />

de dados seguros, completamente projectáveis, assim<br />

como exploração de outras valências do equipamento,<br />

nomeadamente as comunicações terra – ar e comunicações<br />

seguras entre P/GRC-525.<br />

De referir ainda que, este meio com as capacidades<br />

demonstra<strong>das</strong>, permitiu aumentar a capacidade de Comando<br />

e Controlo da KTM, revelando-se um meio de<br />

comunicações essencial nesta missão.<br />

No que concerne ao software de transmissão de dados<br />

utilizado, o <strong>Exército</strong> <strong>Português</strong> tem a capacidade de<br />

desenvolver ferramentas que são extremamente úteis<br />

em campanha. Esta é uma <strong>das</strong> razões pela qual se deve<br />

continuar a apostar no desenvolvimento e investigação<br />

de projectos semelhantes.<br />

10 Significa Rede Rádio de Pacotes e diz respeito a uma rede para<br />

transmissão de dados via rádio: http:// en.wikipedia.org/wiki/<br />

Packet_radio.<br />

KTM 13


O Módulo de Apoio da KFOR, Tactical Reserve<br />

Manoeuvre Battalion (KTM), é materializado<br />

pelo Destacamento de Operações Especiais (DOE),<br />

constituído por um Oficial (TEN\CAP), dois Sargentos<br />

(1SAR\2SAR) e três Praças (2CAB\1CAB\CADJ).<br />

A formação em Operações Especiais, garante que o<br />

DOE esteja habilitado a efectuar diferentes tarefas,<br />

nomeadamente, no âmbito da Recolha de Informações<br />

(antes, durante e após as Operações), Protecção da Força<br />

(com o atirador Sniper), Protecção Próxima a Altas<br />

Entidades (CPT) , Apoio a Crowd Riot Control (CRC)<br />

(com o atirador Sniper e a continua monitorização de<br />

possíveis ameaças) e Combate a Curtas Distâncias.<br />

Na actual realidade do Teatro Operações (TO) do<br />

KOSOVO, após o GATE 1 e a preparação para o GATE<br />

2, as informações adquirem um papel de destaque de<br />

elevada importância, sendo fundamental ter uma boa<br />

perspectiva da situação geral e particular, assim como,<br />

o <strong>das</strong> TACRES . Face ao anteriormente exposto, o DOE<br />

constitui-se como uma ferramenta valiosa ao dispor do<br />

Comandante da KTM, em virtude da sua participação<br />

na permanente actualização dos estudos de zona e área<br />

existentes, na resposta a planos de reconhecimento,<br />

requisitos de informação e em outras necessidades de<br />

informação.<br />

O peso de pertencer à TACRES da KFOR, confere a<br />

responsabilidade de poder actuar em qualquer região do<br />

KOSOVO, daí que as necessidades de informações sobre<br />

a área, concorrem em conformidade com os Property<br />

Designated Special Status (PrDSS) , as Named Area<br />

14 KTM<br />

of Interest (NAI) e os Hot Spots actuais pertencentes<br />

aos Multi National Battle Groups (MNBG). Desde o<br />

início da missão que o DOE sempre contribuiu para<br />

dar resposta às necessidades de informação da KTM,<br />

respondendo oportunamente aos planos de reconhecimentos<br />

e de recolha de informação atribuídos.<br />

Durante as Operações de Proximidade, explorou as informações<br />

junto dos líderes locais, através <strong>das</strong> Liasion<br />

and Monitoring Team (LMT). Estas últimas, permitiram<br />

agendar e acompanhar os encontros com líderes<br />

locais, possibilitando, desta forma, sentir o pulso da<br />

população local e responder aos quesitos concretos<br />

atribuídos à KTM.<br />

O apoio a operações e exercícios CRC prestado pelo<br />

DOE, permite montar até 02 postos de observação<br />

(PO’s), sendo um com atirador Sniper (equipado com<br />

a espingarda Accuracy 7,62 mm) e o outro com atirador<br />

especial (equipado com espingarda automática G-3<br />

7,62 mm com alça Hensoldt). As informações destes,<br />

são difundi<strong>das</strong> ao comando da Companhia no esforço,<br />

ou ao Batalhão através da equipa de comando do DOE,<br />

que concentra as informações recebi<strong>das</strong> dos PO’s. Estes<br />

postos permitem, ainda, a actualização permanente dos<br />

acontecimentos, monitorizando to<strong>das</strong> as actividades<br />

da manifestação. A conjugação de aparelhos ópticos<br />

com fotografia e vídeo, permitem efectuar o registo<br />

<strong>das</strong> pessoas presentes na manifestação, acumular provas<br />

de actos contra as nossas forças ou contra os locais<br />

e pessoas a proteger. Esta ferramenta também é útil<br />

para as Lições Aprendi<strong>das</strong>, pois os executantes podem<br />

analisar, durante a Revisão Após a Acção, exactamente<br />

o que fizeram, corrigir e melhorar desta forma as suas<br />

Técnicas, Tácticas e Procedimentos (TTP). O DOE, em<br />

DIRECTIVA N.º 07/Cmd Op/09 .<br />

Do inglês CPT – Close Protection Team, equipa de protecção próxima.<br />

Do inglês CRC – controlo de tumultos.<br />

GATE 1 e GATE 2 - Reestruturação da Força Militar para o Kosovo.<br />

Do inglês TACRES - Tactical Reserve, reserva táctica<br />

Do inglês PrDSS - Propriedades com estatuto especial, cuja protecção<br />

é vital para o cumprimento da missão da KFOR.<br />

Do inglês NAI – área designada de interesse<br />

Do inglês Hotspot - Ponto Sensível.<br />

Do inglês LMT - Equipas de ligação e monitorização, têm por tarefas<br />

“sentir o pulso” da população e são o elo de ligação entre a anterior e<br />

a KFOR.


CRC apoia a manobra da KTM, de forma a identificar<br />

potenciais agitadores, permanecendo apto a suprimir /<br />

eliminar qualquer ameaça.<br />

A monitorização de Alvos em Operações de Cerco e<br />

Busca, consiste em “colocar os olhos” no Objectivo,<br />

com a antecedência suficiente para confirmar a presença<br />

dos alvos, verificar a existência de sentinelas e<br />

detectar rotinas. O DOE, poderá assim, dirigir a Força<br />

para uma melhor abordagem ao alvo em caso de necessidade.<br />

A vigilância decorre durante a acção, sendo<br />

possível criar uma posição Sniper e uma posição de atirador<br />

especial, para protecção da Força e detecção de<br />

possíveis ameaças.<br />

A Protecção Próxima, foi uma tarefa ocasional para o<br />

DOE. A nível operacional materializou-se pela Escolta<br />

a VIP’s Portugueses que visitaram o Kosovo e escoltas<br />

ao Comandante da KTM. Em exercícios, o DOE<br />

garantiu protecção próxima a VIP em ambiente CRC,<br />

possibilitando que as Companhias de manobra não<br />

perdessem efectivo e capacidade CRC. As Companhias<br />

de manobra garantiam a segurança afastada, fornecendo<br />

uma Viatura Blindada para o transporte do(s) VIP(s) e<br />

da Close Protection Team (CPT), ficando responsáveis<br />

pela escolta e a Freedom of Movement (FOM) durante<br />

o itinerário a realizar até à zona segura.<br />

O Combate a Curtas Distâncias em ambiente de áreas<br />

edifica<strong>das</strong> desempenhado pelo DOE, prima pela velocidade<br />

e precisão de acção, utilizando TTP’s de Operações<br />

Especiais. Foi treinado em exercícios de Batalhão,<br />

a utilização do DOE na tarefa de captura de pessoal,<br />

sendo as Companhias de Manobra responsáveis pelo<br />

cerco próximo, cerco afastado e posterior processamento<br />

do objectivo. A intenção era capturar e retirar<br />

os detidos o mais rápido possível da área do Objectivo,<br />

para uma área segura. Após captura, o DOE passa a<br />

CPT dos detidos e uma Companhia de Manobra fornece<br />

a Viatura Blindada, a escolta e a FOM.<br />

As valências existentes no DOE são e serão sempre<br />

uma mais-valia para a KTM, pois permitem apoiar o<br />

Batalhão em to<strong>das</strong> as Actividades, Operações e Exercícios.<br />

A crescente importância <strong>das</strong> Reservas na KFOR,<br />

justifica por si só, a diversidade de possibilidades que a<br />

KTM possui e deve manter.<br />

KTM 15


INTRODUÇÃO<br />

As Forças Nacionais Destaca<strong>das</strong> estão treina<strong>das</strong><br />

e equipa<strong>das</strong>, desde 2001, para actuarem em cenários<br />

de alteração à ordem pública nos Teatros de Operações<br />

da Bósnia-Herzegovina, do Kosovo e de Timor-Leste,<br />

onde têm participado em missões de apoio à paz.<br />

Como tal, as Forças do <strong>Exército</strong> <strong>Português</strong> no Teatro de<br />

Operações do Kosovo, estão organiza<strong>das</strong> actualmente,<br />

instruí<strong>das</strong> e treina<strong>das</strong> para essas missões de apoio à paz,<br />

possuindo capacidade para responder a situações onde<br />

ocorram distúrbios civis, que ameacem a liberdade de<br />

movimentos e um ambiente seguro e estável. No entanto,<br />

as tarefas de controlo de distúrbios civis têm características<br />

especiais e diferentes <strong>das</strong> restantes missões de<br />

apoio à paz, tomando-se pois, necessário adaptar a estrutura,<br />

instrução e treino <strong>das</strong> tropas a esses trabalhos,<br />

tendo em consideração que no cenário actual, existe<br />

grande probabilidade de virem a ser empenha<strong>das</strong> nesse<br />

tipo de missão.<br />

FORÇAS COM CAPACIDADE DE CONTROLO<br />

DE TUMULTOS<br />

O levantamento e aprontamento de uma Força Operacional<br />

eficaz, capaz de realizar com êxito tais missões,<br />

16 KTM<br />

depende em grande parte de uma adequada organização,<br />

cujos princípios devem ser aplicados, desde o<br />

elemento isolado até ao conjunto dessa Força. De acordo<br />

com este conceito e sempre que possível, deve proceder-se<br />

à selecção do pessoal a empregar em acções<br />

deste tipo, de modo a enquadrar na Força, elementos<br />

com características adequa<strong>das</strong> a essa difícil tarefa. Os<br />

aspectos complexos, delicados e muitas vezes violentos<br />

que caracterizam os distúrbios civis, exigem também<br />

tácticas e equipamentos especiais. Paralelamente,<br />

é indispensável ministrar a essas Forças, um treino<br />

eficiente e constante, que lhes permita enfrentarem as<br />

ocorrências peculiares dos distúrbios e adaptarem-se o<br />

mais rapidamente possível a situações novas que eventualmente<br />

se lhes oponham.<br />

As acções de controlo de tumultos podem<br />

envolver múltiplos aspectos, o que cria a possibilidade<br />

de empenhamento simultâneo <strong>das</strong> Forças em cenários<br />

e operações diversifica<strong>das</strong>. Este factor deve ser cuidadosamente<br />

planeado e constantemente considerado<br />

na organização de uma Força Operacional eficaz. Deste<br />

modo, há toda a vantagem dos Comandantes constituírem<br />

pequenas Unidades, Companhias e respectivos<br />

Pelotões de atiradores, com capacidade de Crowd and<br />

Riot Control (CRC), capazes de actuarem de modo independente<br />

e também como parte do conjunto total da<br />

Força. Estas Pequenas Unidades devem estar, permanentemente,<br />

em condições de responder às alterações<br />

da situação, de acordo com as decisões dos seus Co-


mandantes, possuindo treino específico e o equipamento<br />

necessário para o cumprimento da missão.<br />

EQUIPAMENTO, FORMAÇÃO E DOUTRINA<br />

DE CRC<br />

Tendo em consideração o equipamento, a doutrina e a<br />

formação de uma Força com capacidade de CRC, tomando<br />

como referência a Companhia e o Pelotão de<br />

Atiradores no Teatro de Operações do Kosovo, considero<br />

que existem alguns aspectos, relativamente à<br />

estrutura orgânica de pessoal, ao equipamento, à formação<br />

e à própria doutrina que lhe serve de base, que<br />

devem ser reequacionados, por forma a optimizar e tornar<br />

mais eficientes as Forças do <strong>Exército</strong>, empregues<br />

em missões fora do Território Nacional, enquadra<strong>das</strong><br />

por Organizações Internacionais, cujo contributo, para<br />

satisfazer os compromissos internacionais assumidos<br />

pelo nosso País, requeiram Forças dota<strong>das</strong> com este<br />

tipo de capacidade.<br />

O primeiro aspecto que deve ser analisado, prende-se<br />

com a formação e com a própria Doutrina que lhe serve<br />

de base. Esta última é baseada na Doutrina da Guarda<br />

Nacional Republicana (GNR), onde vários Oficiais e<br />

Sargentos frequentaram cursos de formação e a adaptaram<br />

para uso no <strong>Exército</strong>. O CRC usado pelo <strong>Exército</strong><br />

apenas é empregue fora do Território Nacional e em<br />

operações de apoio à paz, num quadro legal muito diferente<br />

do existente em Portugal. As Forças do <strong>Exército</strong><br />

usam técnicas de CRC em cenários de pós-conflito<br />

durante a fase de transição, devendo estar permanente-<br />

mente prepara<strong>das</strong> para passar de uma situação ordinária<br />

de CRC, para uma situação de combate. Impõe-se, portanto,<br />

o uso <strong>das</strong> viaturas blinda<strong>das</strong> e do seu armamento<br />

orgânico, de forma a possuírem protecção blindada e<br />

poder de fogo, que lhes possibilite passarem rapidamente<br />

de uma situação para a outra. Os equipamentos<br />

de CRC utilizados, devem complementar os equipamentos<br />

militares e não o contrário. A missão primária<br />

e principal do Soldado, é combater, podendo em casos<br />

específicos, as unidades militares onde estão integrados,<br />

utilizar técnicas e equipamentos de CRC para<br />

cumprirem as suas missões. Uma Força Militar, mesmo<br />

que possua capacidade de CRC, não é uma Força policial<br />

especializada em CRC.<br />

Assim sendo, as Forças do <strong>Exército</strong> que se constituem<br />

como Forças Nacionais Destaca<strong>das</strong>, após obterem formação<br />

junto <strong>das</strong> entidades militares competentes, ao<br />

chegarem aos Teatros de Operações da Bósnia ou do<br />

Kosovo, confrontam-se com cenários de actuação algo<br />

diferentes dos cenários treinados em Território Nacional.<br />

A formação em Portugal não contempla, de forma<br />

adequada, o uso de viaturas blinda<strong>das</strong>, nem contempla<br />

a necessária capacidade <strong>das</strong> Forças Militares passarem<br />

de uma postura de CRC, para uma postura de combate.<br />

A instrução ministrada deve estudar mais de perto a<br />

realidade dos Teatros, onde esta deve ser aplicada. Os<br />

meios e os equipamentos utilizados devem de ser retirados<br />

desta última análise.<br />

Relativamente aos materiais e ao equipamento individual<br />

utilizado, este último deve ser revisto. Os equipamentos<br />

actuais em uso são óptimos para treino, não<br />

conferindo no entanto o grau de protecção desejável<br />

para situações reais. Tome-se como exemplo, o escu-<br />

KTM 17


do: este, como principal arma defensiva, é demasiado<br />

frágil para ser utilizado em situações reais. O restante<br />

equipamento confere alguma protecção, mas, existem<br />

equipamentos no mercado que conferem muito mais<br />

protecção e são mais cómodos de utilizar. Apontando<br />

como outro ponto fraco do equipamento individual,<br />

a pouca resistência <strong>das</strong> molas, dos fechos e dos velcros,<br />

os quais se danificam muito rapidamente, quer<br />

por acções mecânicas, quer em contacto com o fogo.<br />

Tome-se como outro exemplo, o colete balístico: necessário<br />

utilizar devido à ameaça constante de armas de<br />

fogo. Constata-se facilmente que este não foi concebido<br />

para ser utilizado conjuntamente com toda a panóplia<br />

de equipamentos de protecção de CRC, porque torna<br />

o militar demasiado pesado e pouco ágil, levando-o a<br />

cansar-se mais rapidamente. O uniforme B, o casaco e<br />

as calças gore-tex, não estão concebidos para resistir<br />

a agentes incendiários, devendo o fardamento ser confeccionado<br />

com tecido resistente ao fogo, do tipo<br />

NOMEX, por exemplo.<br />

É de equacionar a utilização da viatura blindada de reconhecimento<br />

M11 Panhard em CRC. Esta é demasiado<br />

pequena e com pouca capacidade de transporte de<br />

pessoal, sendo que estas não são viaturas adequa<strong>das</strong><br />

para CRC, pois possuem pouca capacidade de choque<br />

(abrir uma brecha numa barricada) e conferem pouca<br />

protecção contra cocktail Molotov. A viatura ideal,<br />

para além <strong>das</strong> viaturas especiais específicas para CRC,<br />

é uma viatura blindada de transporte de pessoal com<br />

capacidade para transportar uma Secção de Atiradores,<br />

tal como a Pandur, por exemplo. Esta última é blindada,<br />

possui armamento pesado e volume suficiente,<br />

quer para ultrapassar obstáculos, quer para conferir<br />

protecção à sua Secção. Não existe, no entanto, uma<br />

18 KTM<br />

Doutrina estabelecida no <strong>Exército</strong> <strong>Português</strong>, em como<br />

aplicar os vários tipos de viaturas blinda<strong>das</strong> em CRC.<br />

Em relação ao armamento, falta à nossa Força de controlo<br />

de tumultos uma arma não letal, que se situe entre<br />

o uso do gás lacrimogéneo e a Espingarda Automática<br />

G3, tal como a shotgun para disparar bagos de borracha.<br />

Deveriam existir duas armas destas por Pelotão de<br />

Atiradores. É também de equacionar, se o armamento<br />

individual deve já estar distribuído a todos os militares<br />

quando em situações de CRC, ou se este deve ser transportado<br />

nas viaturas. De qualquer <strong>das</strong> formas, o armamento<br />

individual, transportado pelo combatente ou não,<br />

deve estar sempre rapidamente disponível. Os Granadeiros<br />

equipados com lança grana<strong>das</strong>, devem constituir<br />

uma Secção de Granadeiros e estar sob controlo da<br />

Companhia, que destaca equipas para os Pelotões em<br />

caso de necessidade, ou então, utiliza a Secção como<br />

um todo, de forma a maximizar os efeitos do seu uso.<br />

O mesmo se passa com as equipas de Atiradores Especiais,<br />

sendo de equacionar se existe viabilidade dos<br />

Pelotões, quando empregues integrados numa Companhia,<br />

possuírem elementos equipados com armas de<br />

precisão. Um Atirador Especial para ter observação e<br />

fazer fogo ajustado sobre um alvo no meio de uma multidão,<br />

não pode estar imediatamente à retaguarda <strong>das</strong><br />

Secções de protecção.<br />

Os meios de comunicação devem ser apropriados, e<br />

permitir a comunicação, mesmo quando da colocação<br />

da mascara antigás.<br />

Finalmente, fazendo uma análise à estrutura orgânica<br />

de pessoal, que define o quantitativo de militares que<br />

um Pelotão de Atiradores deve ter, e tendo em conta<br />

que normalmente essas estruturas têm por vezes, por


detrás da sua elaboração, uma lógica economicista,<br />

facilmente se conclui que o número de Soldados num<br />

Pelotão, por exemplo, nunca é suficiente para pôr em<br />

prática a estrutura doutrinária orgânica para um Pelotão<br />

de CRC, que prevê um quantitativo de 35 militares.<br />

Não está prevista nesta estrutura, a utilização de viaturas<br />

blinda<strong>das</strong>, apenas pessoal apeado. Refira-se, que<br />

normalmente as estruturas de pessoal dos Pelotões de<br />

Atiradores, são adapta<strong>das</strong> de forma a encaixarem-se na<br />

estrutura doutrinária, não havendo de raiz e na fase da<br />

formação, uma estrutura de um Pelotão de Atiradores,<br />

mais as respectivas viaturas blinda<strong>das</strong> de transporte de<br />

pessoal. A função primária de um Pelotão de Atiradores<br />

é combater num quadro de acções convencionais, podendo,<br />

no entanto ser empregue, envergando o respectivo<br />

equipamento transportado dentro da própria viatura,<br />

em tarefas de CRC. Existe a necessidade de retirar<br />

as necessárias lições aprendi<strong>das</strong> deste Teatro e reajustar<br />

a formação e os equipamentos necessários, de forma a<br />

cumprir de forma eficaz, to<strong>das</strong> as missões cometi<strong>das</strong>,<br />

incluindo as que imponham capacidade CRC.<br />

CONCLUSÃO<br />

O controlo de distúrbios civis é uma missão difícil,<br />

que exige treino e equipamento específico por parte<br />

<strong>das</strong> Forças Militares treina<strong>das</strong> e equipa<strong>das</strong> para CRC,<br />

que devem ser capazes de aplicar, em cada momento,<br />

qualquer uma <strong>das</strong> possíveis combinações tácticas e técnicas,<br />

adequa<strong>das</strong> às mais varia<strong>das</strong> situações.<br />

No Teatro de Operações do Kosovo, a maioria <strong>das</strong> Forças<br />

Militares presentes, possuiem treino, equipamento<br />

e capacidade de CRC, sendo esta a área de maior<br />

probabilidade de emprego, tomando como exemplo, os<br />

acontecimentos de Março de 2004, que afectaram na<br />

generalidade quase todo o Território do Kosovo e mais<br />

recentemente, a manifestação que ocorreu no Tribunal<br />

de Mitrovica em Março de 2008, onde foi patente a necessidade<br />

<strong>das</strong> Forças Militares empregues, possuírem,<br />

simultaneamente, capacidade de CRC e capacidade<br />

militar, sendo particularmente evidente, a necessidade<br />

do uso de viaturas blinda<strong>das</strong> e de equipas Sniper,<br />

devido ao facto de os distúrbios civis degenerarem<br />

muito rapidamente em confrontos directos, com recurso<br />

a armas ligeiras, cocktail Molotov e grana<strong>das</strong> de mão<br />

defensivas.<br />

Esta realidade, impõe que as Forças Militares no cumprimento<br />

de Missões de Apoio à Paz, num estágio<br />

avançado de estabilização, em que se caminha para a<br />

transição para as autoridades locais, tenham de possuir<br />

capacidade de CRC, de forma a lidarem com situações<br />

de alteração à ordem pública, sem terem que recorrer<br />

ao armamento letal, mas que mantenham uma forte<br />

capacidade militar, que permita responder de forma<br />

oportuna e eficaz, caso a situação degenere em conflito<br />

armado e que funcione como meio de dissuasão.<br />

As Forças actualmente no Teatro de Operações do<br />

Kosovo, devem ter a capacidade e a respectiva facilidade<br />

para transitarem de uma situação de emprego em<br />

controlo de tumultos, para uma situação de combate em<br />

alta intensidade, embora, esta última e no respectivo<br />

quadro actual, seja de menor probabilidade de acontecer,<br />

devendo no entanto nunca ser esquecida ou posta<br />

de parte.<br />

KTM 19


A 17 de Fevereiro de 2008, o Kosovo declarou-se<br />

unilateralmente como Estado independente. Em Abril<br />

de 2008, a Assembleia adoptou uma nova Constituição<br />

que foi decretada a 15 de Junho de 2008. As autoridades<br />

do Kosovo começaram por realizar um controlo<br />

rigoroso a uma grande parte <strong>das</strong> Instituições e funções<br />

Estatais. A resposta da Comunidade Internacional no<br />

Kosovo será um teste para a determinação do sucesso<br />

<strong>das</strong> Organizações Internacionais, na construção de um<br />

processo de paz durável em zonas de pós-conflito. A<br />

reconstrução do processo de paz na zona dos Balcãs<br />

tem um impacto internacional muito relevante, com<br />

implicações para a teorização <strong>das</strong> medi<strong>das</strong> em que um<br />

processo de paz deve ser estabelecido.<br />

Nos últimos anos, a economia do Kosovo tem<br />

demonstrado um progresso significativo, tentando alcançar<br />

a estabilidade macro económica, mas este país<br />

encontra-se ainda muito dependente da Comunidade<br />

Internacional e do envio <strong>das</strong> reservas dos emigrantes<br />

no que concerne a finanças e a assistência técnica especializada.<br />

Os habitantes do Kosovo são os mais pobres<br />

da Europa com um rendimento per capita anual de<br />

1.800,00 €. Cerca de 45% da população subsiste com<br />

menos de 1,5 euros / dia. Os salários médios rondam<br />

os 220 euros /mês, e a maioria <strong>das</strong> casas de família<br />

recebem remessas de familiares que se encontram no<br />

estrangeiro.<br />

O desemprego ronda os 40% da população, o que de<br />

certa forma provoca a imigração dos mais jovens, bem<br />

como atrai para actividades ilícitas. Cerca de 30.000<br />

jovens entram para o mercado de trabalho todos os<br />

anos, cinco vezes mais do que o mercado de trabalho<br />

do Kosovo consegue absorver. Existem intenções do<br />

Governo do Kosovo formalizar acordos de trabalho<br />

com países da União Europeia. A população do Kosovo<br />

ronda os 2 milhões de habitantes e apenas um quarto<br />

desta população trabalha para os restantes três quartos.<br />

Este facto torna-se, obviamente, desapontante para a<br />

população activa, bem como para o índice de produtividade<br />

de todo o Kosovo.<br />

A maioria da população vive em zonas rurais que se encontram<br />

bastante carencia<strong>das</strong>, face à ineficiente produtividade<br />

causada pela mecanização limitada e sem possibilidade<br />

de recorrer a técnicos especializados.<br />

20 KTM<br />

A exploração de recursos naturais era a espinha dorsal<br />

da indústria no Kosovo, mas tem vindo a entrar em declínio<br />

devido à idade avançada dos equipamentos e à<br />

falta de investimento. A falível e limitada distribuição<br />

de energia, causada por problemas técnicos e financeiros,<br />

é o maior impedimento para o desenvolvimento<br />

económico. O Governo do Kosovo já apelou para que<br />

investidores privados demonstrassem interesse na<br />

construção de uma nova central eléctrica, com o intuito<br />

de solucionar o problema da distribuição eléctrica em<br />

todo o Kosovo.<br />

O Kosovo está bastante debilitado a nível de infra-<br />

-estruturas. A rede rodoviária e ferroviária do Kosovo<br />

foi extremamente negligenciada desde o tempo da Jugoslávia<br />

e em 1999 encontravam-se bastante destruí<strong>das</strong>.<br />

A reparação tem vindo a ser efectuada principalmente<br />

junto a Pristina (Capital do Kosovo), mas com<br />

materiais de baixa qualidade.<br />

Recursos como a água e a energia, são instáveis apesar<br />

de se notar um melhoramento nesta última década. Um<br />

projecto de grande dimensão chamado “New Kosovo”,<br />

a terceira central de energia térmica, tem como objectivo<br />

a exploração de várias minas de lignite (carvão<br />

fóssil), com o intento de tornar o Kosovo como um dos<br />

principais exportadores de carvão até ao ano de 2015.<br />

É necessário que exista um acordo com a minoria Sérvia<br />

residente nos arredores da principal reserva de água<br />

existente no norte do Kosovo, para que se construa uma<br />

rede de distribuição fiável.<br />

Em termos educacionais, existe um sistema que assenta<br />

na separação de etnias e como consequências<br />

começaram a surgir escolas de baixa qualidade. Algumas<br />

eram forma<strong>das</strong> em casas particulares, reunindo<br />

apenas pequenos grupos de alunos, aparecendo também<br />

alguns colégios de qualidade dúbia que se traduzem<br />

em escolas de parcas competências inclusive no<br />

que respeita às Universidades. A maioria da população,<br />

principalmente os mais jovens, adquiriu a competência<br />

de falar uma ou duas Línguas Europeias, devido essencialmente<br />

às experiências de emigração e da convivência<br />

com a presença de organizações internacionais.<br />

O legado do tempo do conflito armado, bem como a<br />

antiga tradição dos negócios familiares dos Albaneses,<br />

criou um sistema de ligações pessoais, permeável<br />

e transversal a to<strong>das</strong> as áreas de actividades sociais,


económicas e políticas. Em termos de legislação, o<br />

Kosovo importou quase “ipsis verbis” as leis dos Estados<br />

Unidos da América, mas que foram implementa<strong>das</strong><br />

como uma manta de retalhos. A corrupção tornou-se<br />

um factor macroeconómico adicional. Cerca de 20%<br />

da opinião pública acredita que 25% <strong>das</strong> instituições<br />

públicas são manobra<strong>das</strong> pela corrupção. A corrupção<br />

tem efeitos negativos no desenvolvimento económico,<br />

pois tem uma conotação de imposto que tem que ser<br />

pago. Tem também a desvantagem de reduzir a eficiência<br />

dos investimentos, pois o dinheiro é empregue para<br />

suportar dificuldades impostas pelas instituições públicas,<br />

em vez de servir de financiamento <strong>das</strong> necessidades<br />

dos negócios. A corrupção incrementa custos de<br />

produção em geral e consequentemente reduz o volume<br />

de negócios <strong>das</strong> empresas e a competitividade <strong>das</strong> mesmas<br />

no mercado.<br />

Em relação ao ambiente económico instalado, o que arrasta<br />

a confiança do investidor e a competitividade, é<br />

um sistema legal fraco de taxas de juro eleva<strong>das</strong> e um<br />

sistema de taxas baseada principalmente na obtenção<br />

de receitas através dos serviços alfandegários e bens<br />

de primeira necessidade. O acesso a instituições financeiras<br />

internacionais, deve ajudar à obtenção de linhas<br />

de crédito mais acessíveis, e os planos governamentais<br />

devem realizar a recolha de impostos, favorecendo o<br />

desenvolvimento <strong>das</strong> pequenas e médias empresas.<br />

Para atrair os investidores internacionais, o governo do<br />

Kosovo estabeleceu uma taxa empresarial de 10%. Alguns<br />

analistas macroeconómicos afirmam que o Kosovo<br />

detém uma economia de mercado com problemas<br />

estruturais e deficiências, que justificam o ambiente<br />

de competitividade imperfeito. O desenvolvimento<br />

económico é verdadeiramente muito lento, constatando-se<br />

que a maioria <strong>das</strong> empresas emprega cerca de<br />

cinco trabalhadores. O sector económico dominante é<br />

a construção, mas tem-se verificado uma diminuição à<br />

medida que se aproxima o fim do período de<br />

reconstrução pós-conflito.<br />

A estrutura de Importações e Exportações do Kosovo,<br />

está demasiadamente dependente da União Europeia.<br />

A adopção unilateral do Euro, como moeda de<br />

referência e sucessor do Marco Alemão, impôs disciplina<br />

e segurança financeira, garantindo uma taxa de<br />

inflação baixa, e fez com que a política fiscal fosse a<br />

principal ferramenta da política económica. A estabilidade<br />

orçamental é vista como crucial, na medida em<br />

que o governo assuma as suas responsabilidades e os<br />

custos inerentes, pelos observadores internacionais.<br />

Todos estes indicadores e factores económicos levam<br />

os analistas a acreditar que a recuperação económica do<br />

Kosovo ainda se encontra numa fase prematura e com<br />

bastantes dificuldades de auto sustentação, prevendo<br />

um desenvolvimento económico lento e de difícil recuperação.<br />

O caminho para a uma situação sustentável no Kosovo,<br />

requer reformas radicais ao nível social e económico.<br />

Ao mesmo tempo, as ferramentas macroeconómicas do<br />

mercado livre podem criar relações mais estáveis entre<br />

o Kosovo e os Países ao seu redor. Outra alternativa<br />

para garantir o desenvolvimento sustentado, é a criação<br />

de redes económicas e cooperação regionais, de forma<br />

a inverter a dependência <strong>das</strong> doações e assistência internacionais.<br />

O caso específico do Kosovo parece ser complexo e<br />

de difícil resolução, pelo facto da Comunidade Internacional<br />

ainda não ter decidido qual o verdadeiro “status<br />

quo” do Kosovo. A actual situação cria tensões e a performance<br />

económica pode não ser sustentável, se não<br />

houver estabilidade e segurança política. De qualquer<br />

forma, tem que existir garantias de que toda a população<br />

tem direito a segurança e respeito pela lei comum,<br />

e que são assegurados os Direitos Humanos Internacionais,<br />

seja qual for o destino político do Kosovo.<br />

KTM 21


“Apresenta-se o 2SAR INF 15231187<br />

CARLOS MANUEL BARGÃO MARQUES RASCÃO,<br />

por ter sido colocado no BIMec.”<br />

Era o dia 03 de Setembro de 1990 e foi assim que<br />

iniciei a minha vida militar como Sargento de Infantaria<br />

do Quadro Permanente.<br />

Fui colocado no Batalhão de Infantaria Mecanizado,<br />

Comandado pelo TCor Inf António Fontes Ramos, aumentado<br />

à 1.ª Companhia de Atiradores “OS DUROS”,<br />

Comandada na altura pelo Cap Inf Paulo Emanuel<br />

Maia Pereira. O Adj do Cmdt era o SMor Ventura e o<br />

Adjunto do Cmdt da 1CAt era o Ten Lino Gonçalves.<br />

Fui colocado no 2.º Pelotão de Atiradores, tinha pela<br />

frente as portas do mundo dos mecanizados, um mundo<br />

novo, fascinante e totalmente diferente daquele que<br />

me foi mostrado, enquanto aluno do CFSI, durante a<br />

visita que fiz à Brigada Mista Independente e do que<br />

experimentei durante a realização de dois exercícios no<br />

CMSM, integrados no Curso de Formação de Sargentos,<br />

que, apesar de ter ficado impressionado, não podia<br />

ter tomado noção completa do que me esperava.<br />

E lá iniciei a minha vida como Cmdt de Secção, logo<br />

a seguir ao almoço, onde embarquei num carismático<br />

Unimog e o 2Sar Sacramento levou-me para o distante<br />

e desconhecido Delta Sanguinheira, onde se encontrava<br />

a 1CAt a treinar. Aí foi onde me apresentei e fui<br />

apresentado, aos restantes camara<strong>das</strong>.<br />

O choque inicial da operacionalidade<br />

desta “nova casa”, rapidamente<br />

teve que ser absorvido com<br />

o início do estagio de VBTP, que<br />

ocupou as duas primeiras semanas,<br />

incluindo o primeiro de muitos fins-<br />

-de-semana que tinha pela frente<br />

a dar a esta casa, terminado o es-<br />

22 KTM<br />

tagio, o qual hoje seria qualificado, como “Mestrado<br />

em 113”, (devido à proficiência, ao amor e dedicação<br />

que condutores e chefes de viatura nutriam pelas suas<br />

viaturas na época). Estávamos prontos para iniciar o<br />

merecido fim-de-semana, quando surge a informação<br />

que o pessoal da 1CAt, estava de permanência, actividade<br />

na qual se aproveitava para aperfeiçoar técnicas,<br />

ministrar instruções, conviver nos já saudosos bancos<br />

de Pelotão, onde em redor do armamento individual e<br />

colectivo do Pelotão, se contavam as histórias mais ou<br />

menos fidedignas da actividade dos últimos dias…<br />

INSTRUÇÃO<br />

Recordo as incorporações que ocupavam duas Companhias,<br />

a Companhia de Instrução e uma <strong>das</strong> Companhias<br />

de Atiradores que estivesse desactivada, ministrava-se<br />

nesta época a chamada “Instrução Básica<br />

e Instrução de Especialidades”, cabendo ao BIMec<br />

formar militares nas especialidades necessárias à sua<br />

orgânica, tais como, CVBTP, MortM, MortP, ACar<br />

(TOW), Atiradores e ainda a primeira parte (Instrução<br />

Básica), de Socorrismo, onde posteriormente os Soldados<br />

efectuavam a especialidade nas Unidades do país<br />

desta aérea especifica, fornecendo assim, para todo o<br />

<strong>Exército</strong>, militares formados nesta casa. Com o tempo<br />

e com as sucessivas reestruturações do <strong>Exército</strong> e <strong>das</strong><br />

Forças Arma<strong>das</strong>, tudo se modificou.


Não me posso recordar da instrução sem fazer<br />

referência ao célebre turno de recrutas, que envergavam<br />

a tão famosa farda TP (trabalho com quico e bota<br />

de lona, passeio com bivaque, gravata e bota de couro),<br />

com bota de lona, óptima para o calhau rolado de Santa<br />

Margarida. Em conclusão, passa<strong>das</strong>, se bem me lembro,<br />

cerca de 2 semanas o número de militares em instrução<br />

sem botas e em condições de as poderem utilizar em<br />

simultâneo com o número de entorses, era significativo<br />

A saga do exercício, onde a preparação para os mesmos<br />

nos colocavam, semanas a fio na área de servidão<br />

do Campo Militar, o qual tive o prazer de conhecer, ao<br />

mais ínfimo buraco desta tão querida área, para alguns<br />

milhares de Portugueses que serviram neste Campo,<br />

era a saída à Segunda-feira, e o regressar à Quinta, já<br />

a lua ia alta lá para os lados da Chamusca, e à luz de<br />

projectores, lá se lavavam os “meninos”,<br />

para que na sexta-feira, durante<br />

a revista, feita na altura por mestres na<br />

arte, pudéssemos passar com distinção,<br />

e eram raros os que recebiam reparos,<br />

mas com mais assiduidade se recebiam<br />

palavras de ânimo, acompanha<strong>das</strong> do sorriso malicioso<br />

do Oficial de Manutenção, que por vezes até deixava<br />

passar pequenas coisas, insignificantes, relembro com<br />

saudade o Oficial de Manutenção, Cap Barreto Martins.<br />

Os prémios foram surgindo e o primeiro, veio com um<br />

telefonema de um Oficial da 1CAt, que me perguntou<br />

se queria ir a Itália, a um exercício em Florença, com<br />

o Regimento Lupi de Toscana, mas que tinha que interromper<br />

as férias. Claro que respondi positivamente<br />

e lá segui com um Pelotão mais três Sargentos e dois<br />

Oficiais, num voo militar rumo a Itália, onde passei<br />

cerca de vinte dias, em que ficou bem patente a postura<br />

dos soldados do BIMec e de Portugal, tantas vezes<br />

reconhecida Internacionalmente. Depois deste, vieram<br />

outros exercícios, tais como DYNAMIC MIX, ESPE-<br />

RIA, ROMA, e outros, no âmbito do ERncargo Operacional<br />

que a 1.ª Brigada Mista Independente tinha na<br />

NATO.<br />

Do convencional, às Operações de Apoio a Paz, foi um<br />

salto enorme, novas doutrinas, novos ensinamentos,<br />

atitudes e formas de agir, tiveram que ser assimila<strong>das</strong><br />

por todos os Quadros, para que a mensagem pudesse<br />

KTM 23


chegar ao mais baixo dos escalões que se manobrava.<br />

Conseguimos mais uma vez, apesar da confusão de algumas<br />

cabeças, já muito caleja<strong>das</strong> pelo capacete, mas<br />

lá chegamos a bom porto e a nova doutrina foi rapidamente<br />

aceite, praticada e repetida, até sair um brinco,<br />

como se diz neste “Castro”.<br />

1.ª MISSÃO<br />

Em meados de Setembro de 1996, recebida a ordem para<br />

uma reunião na Sala 11. A notícia foi dada pelo Cmdt, o<br />

qual transportava na mão alguns papéis, e começou por<br />

dizer: “Foi atribuída ao BIMec uma missão no TO da<br />

Bósnia Herzegovina, no 1.º Semestre de 1997, (na qual<br />

participei como Sargento de Operações) e a Ordem de<br />

Batalha é a seguinte…”, caras alegres, outras tristes,<br />

outras surpreendi<strong>das</strong>. O BIMec foi a primeira Unidade<br />

da BMI a ser nomeada para uma missão no TO da BiH,<br />

porque até à data, estas missões eram da exclusividade<br />

<strong>das</strong> Tropas Aerotransporta<strong>das</strong>, vulgo, pára-quedistas.<br />

E assim, lá foi o BIMec, entre abraços apertados dos familiares<br />

e amigos, onde os votos de boa sorte ecoavam,<br />

nas paredes do AT1, parecendo querer dizer “Deus vos<br />

acompanhe”, e cumpriu-se a missão durante 6 meses,<br />

sem férias para a maioria, sem internet, com um sistema<br />

telefónico que para funcionar na perfeição, tínhamos<br />

que ministrar uma instrução ao pessoal lá em casa, mas<br />

tínhamos os voos semanais de sustentação da FAP, que<br />

transportavam as notícias, umas boas, outras más, as<br />

encomen<strong>das</strong> com a amalgama de cheiros provenientes<br />

dos enchidos e dos queijos enviados pelos familiares,<br />

para fazer encurtar a distância. São as dificuldades que<br />

fortalecem a camaradagem e a união, e no degustar<br />

destas iguarias, que substituíam a afamada Ração<br />

de Combate nos Domingos, viveram-se momentos<br />

inesquecíveis, que hoje recordo com saudade, mas,<br />

tenho a sorte de poder recordá-los, ao encontrar camara<strong>das</strong><br />

de armas que serviram a mesma missão.<br />

Seguiram-se outras, de igual importância, prestígio e<br />

valor, nas quais participei: Bósnia 1999, Bósnia 2001,<br />

Timor 2003, Kosovo 2007 e 2009/10.<br />

EQUIPAMENTO<br />

Do velho M/64 ao gore-tex, de 1990 a 1997, nunca me<br />

consegui separar do eterno e fiel equipamento de combate<br />

modelo M/64, ano de entrada ao serviço, deste tão<br />

fiel camarada, incómodo, pouco prático, o qual tentávamos<br />

ajustar, para facilitar a doma, assim como do resto<br />

do equipamento de protecção contra as intempéries<br />

meteorológicas, que tínhamos que adaptar ao uniforme<br />

militar para que nos pudéssemos proteger do rigor do<br />

inverno de Santa Margarida. Recordo os famosos casacos<br />

de oleado, tipo dos empregados <strong>das</strong> obras, que<br />

24 KTM<br />

sorrateiramente envergávamos durante os deslocamentos<br />

de viatura, principalmente durante a noite. Recordo<br />

também com saudade, uma <strong>das</strong> peças de equipamento,<br />

que devido a sua versatilidade, seria, no meu entender,<br />

digno de ser guardado e exposto em lugar de destaque,<br />

o chamado poncho/tenda, que durante a actividade<br />

era poncho, protegendo o Soldado durante os primeiros<br />

cinco minutos de chuva, devidamente apertado<br />

nas suas inúmeros ilhoses e através do seu cinto conferia<br />

aos militares um aspecto mais “fashion”, mas<br />

que com o cair da noite quase por magia se transformava<br />

em tenda, na qual ou cabia o tronco ou cabiam<br />

as pernas, era uma coisa assim do género. Mas pronto,<br />

lá conseguíamos cumprir as tarefas. Era uma visão um<br />

pouco degradante assistir ao romper da aurora, onde o<br />

chilrear dos pássaros era acompanhado com o protocolar<br />

aquecimento <strong>das</strong> viaturas, onde alguns militares se<br />

colocavam por cima da grelha do radiador e tentavam<br />

enxugar a farda arrefecida pela chuva ou fortes gea<strong>das</strong><br />

da noite anterior.<br />

Um dos objectivos do Infante a nível de conforto, era<br />

o tão notável capacete de ferro, onde a luta entre os<br />

grampos de fixação do forro interior, que quase tatuavam<br />

a cabeça e a esponja, que era colocada a fim de<br />

diminuir a pressão causada pelo peso, era cansativo e<br />

incomodo. Finalmente chegaram os novos capacetes,<br />

chegou a fibra e depois o Kevlar, aliviando assim o<br />

peso e conferindo até mais protecção. Felizmente, ou<br />

talvez graças às missões no exterior, no âmbito NATO,<br />

os equipamentos foram gradualmente sofrendo melhorias<br />

bastante visíveis, proporcionando ao militar cumprir<br />

a missão em qualquer tipo de TO. Ten<strong>das</strong> de arcos,<br />

ten<strong>das</strong> gore-tex, botas gore-tex, calças e casaco do mesmo<br />

material, polar tec, luvas, meias, camelback, vinham<br />

nos sendo apresentados os quais recebíamos com<br />

alegria porque noas davam mais conforto. Claro que<br />

ainda hoje temos as velhinhas G-3 e pistolas Walther,<br />

mudamos de LG-40mm, para o HK-79, o que já não<br />

foi mau.


S. JOÃO DO BIMEC<br />

No final do mês de Junho<br />

Há festa no Batalhão<br />

Traz a boa disposição<br />

Ó meu rico S. João<br />

No dia de S. João<br />

Há alegria no ar<br />

Recebemos os convidados<br />

Está o BIMec a brilhar<br />

O S. João do BIMec, festa única do <strong>Exército</strong> <strong>Português</strong>!<br />

Para quem não sabe, esta festa foi criada por haver nas<br />

fileiras do BIMec, um grande número de militares oriundos<br />

do norte do país e como nem sempre se podiam<br />

deslocar ao norte, no dia de S. João, passou-se a festejar<br />

o Santo no BIMec. Assim a festa enraizou-se nas<br />

tradições do Batalhão, que dura e durará, estou certo,<br />

enquanto existir BIMec.<br />

E todos os anos, no S. João do BIMec se encontram<br />

velhos camara<strong>das</strong>, antigos Comandantes, Oficiais, Sargentos<br />

e Praças, que nesta ocasião visitam a Unidade,<br />

recordando tempos aqui vividos onde são recebidos<br />

sempre com alegria e amizade. Nesse dia, nunca faltou<br />

lugar nas diversas mesas <strong>das</strong> diferentes áreas <strong>das</strong> Companhias,<br />

para todos os visitantes. Também se fazem jogos,<br />

em que se disputa a conquista do “ELO DOURA-<br />

DO”, estabelecendo-se uma rivalidade saudável entre<br />

as subunidades.<br />

Tive a honra de pertencer às Companhias que o venceram,<br />

por quatro vezes, três delas na CAC e uma na<br />

3CAt. Bem-haja a todos aqueles que me proporcionaram<br />

maravilhosos dias de alegria, no BIMec.<br />

UNMISET- MISSÃO DAS NAÇÕES UNIDAS EM<br />

TIMOR LESTE<br />

O BIMec, foi a única Unidade da Brigada Mecanizada,<br />

a constituir uma Força de cerca de 600 militares, que<br />

cumpriram missão no TO de Timor Leste, de Janeiro a<br />

Julho de 2003. Esta Força era constituída por Comando<br />

e Grupo de Comando; Companhia de Apoio; 2 Companhias<br />

de Atiradores do BIMec e uma Companhia de<br />

Fuzileiros da Armada.<br />

Teatro novo e distante, missão muito diferente <strong>das</strong><br />

cumpri<strong>das</strong> sob a égide da NATO, e o BIMec mais uma<br />

vez soube responder ao “Estamos Prontos?”,mostrando<br />

categoricamente que estávamos. E ficámos com a<br />

certeza da missão cumprida.<br />

NRF 5 - NATO RESPONSE FORCE<br />

Mais um enorme desafio, se apresenta pela frente<br />

desta pequena Unidade no tamanho, mas enorme na<br />

arte de bem-fazer, a NRF-5. O que é isto? perguntavam<br />

uns, outros diziam, só serve para arranhar, e depois os<br />

outros é que fazem as missões, mas para quem nunca<br />

ouviu falar e que um dia venham a ler estas passagens,<br />

vou tentar descrever, mediante a minha diminuta<br />

“cátedra”, o significado de NATO RESPONSE FORCE<br />

5.<br />

Tudo teve início no final da Primavera de 2004, nas<br />

sucessivas reuniões ao mais alto escalão do nosso<br />

<strong>Exército</strong>, para se avaliar a capacidade de organizar<br />

um Agrupamento Mecanizado, que pudesse integrar a<br />

KTM 25


Nato Response Force (Força de resposta/intervenção<br />

da NATO), lá para os lados de Santa Margarida. Agrupamento<br />

este que, para ser formado, seria necessário<br />

mover uma enorme massa humana, para não falar dos<br />

aspectos relacionados com o material.<br />

Em Setembro de 2004 teve o seu início, com o apoio<br />

incondicional do Comandante da Brigada Mecanizada<br />

e do seu Estado-maior, traçando planos e buscando<br />

respostas às inúmeras solicitações que seria necessário<br />

responder. O primeiro teste, foi a Inspecção em Dezembro,<br />

no decorrer do exercício de Brigada da série Arco<br />

043, onde o 1BIMec, ainda não tinha preenchido na totalidade<br />

a sua Ordem de Batalha, nem tinha recebido<br />

todos os materiais, mas através de um esforço impar,<br />

da motivação e do querer, conseguiu-se ultrapassar<br />

os obstáculos burocráticos, mostrando mais uma vez<br />

a vontade e a determinação, o espírito de sacrifício, a<br />

abnegação e a vontade de participar nos problemas da<br />

vida da Unidade, elementos estes que viriam a ser fundamentais<br />

para combater a adversidade e a incerteza.<br />

Em Janeiro de 2005 lá se chegou a bom porto, e através<br />

de um esforço “hercúleo”, movimentando centenas<br />

de militares, tanto a nível interno da Brigada como<br />

a nível nacional, os Quadros Orgânicos da NRF 5 ficaram<br />

preenchidos, onde as requisições de materiais<br />

necessários ao treino diário e à possível projecção,<br />

começavam a chegar ao BIMec.<br />

De Janeiro a Março, foi um flash, com um profundo<br />

empenhamento de todo o Agrupamento, quer nas<br />

inúmeras tarefas de treino, quer na busca de novas<br />

soluções logísticas, quer na área do pessoal e no âmbito<br />

do planeamento. Março, para mim, foi o tiro de partida<br />

com a Inspecção para a Avaliação da Prontidão para o<br />

Combate (CREVAL), efectuada pela IGE. Certificou a<br />

NRF 5 como pronta, mas o maior desafio do AgrMec<br />

foi a participação no exercício COHESION 05, em Espanha,<br />

para o qual foi necessário uma enorme operação<br />

logística, provavelmente a maior, jamais realizada pela<br />

BrigMec. A projecção do AgrMec para o Campo Militar<br />

de S. Gregório, situado nos arredores de Saragoça,<br />

as mais de 1000 tonela<strong>das</strong> de material, incluindo 35<br />

viaturas de lagartas, 36 de ro<strong>das</strong> e 286 militares, tudo<br />

foi transportado em dois comboios, durante quase dois<br />

dias de viagem.<br />

No exercício pudemos pôr em prática o excelente nível<br />

operacional alcançado, à custa dos elevados padrões de<br />

treino, postos em prática durante o aprontamento. Assim,<br />

mais uma vez, recebemos rasgados elogios pelo<br />

trabalho realizado, um dos quais lavrado no nosso<br />

“Livro de Honra” que não posso deixar de transcrever:<br />

26 KTM<br />

“…Contar com o Batalhão <strong>Português</strong>, o 1BIMec é uma<br />

garantia de êxito para qualquer missão, pois a tecnologia<br />

uma vez mais, é superada pelo espírito dos seus<br />

militares…”<br />

Extracto da mensagem do Comandante da Brigada<br />

NRF 5<br />

Exmo BG DIAZ de VILLEGAS<br />

São Gregório, Maio de 2005<br />

Adquirimos a certificação NATO e até 11 de Janeiro<br />

de 2006, o AgrMec/BrigMec/NRF5 ficou em “Stand<br />

by”, período de disponibilidade para ser empregue<br />

em qualquer missão da NATO, em qualquer cenário.<br />

Após ter terminado esse período, parte dos militares<br />

do AgrMec integraram um Agrupamento para a missão<br />

da EUROFOR “ALTHEA”, preparado no GCC que<br />

cumpriu missão na Bósnia-Herzegovina, de Janeiro a<br />

Junho de 2006, tendo a maioria continuado no 1BIMec,<br />

a preparar mais uma missão, que levariam a cabo entre<br />

Março e Setembro de 2006, em terras do Kosovo. Mas<br />

todos partiram com o sentido de dever cumprido e com<br />

a certeza, que os próximos desafios, seriam vencidos.<br />

NRF 12<br />

Ano de 2007, mais uma vez a escolha recaiu no BIMec,<br />

para formar um Agrupamento Mecanizado para integrar<br />

a NRF 12. Desta vez, muitos pensaram que a empresa<br />

seria mais fácil devido à experiência adquirida na<br />

NRF 5, que os problemas do pessoal e material seriam<br />

facilmente ultrapassados, mas as dificuldades foram<br />

maiores e a muito custo, pouco a pouco lá se conseguiu<br />

levar a “água ao moinho”.<br />

A missão assemelhou-se em todos os aspectos à missão<br />

da NRF5. Dentro dos mesmos moldes de pessoal e de<br />

material, a NRF 12 teve como aspectos mais marcantes<br />

de calendarização as seguintes etapas:<br />

11JAN08 a 30JUN08 - Treino nacional<br />

01JUL08 a 11JAN09 - Treino multinacional<br />

12JAN09 a 30JUN09 - Período de emprego, também<br />

chamado período de Stand-by.<br />

A Força foi sujeita a duas Inspecções (CREVAL) no<br />

seu período de preparação durante o Exercício “Rosa


Brava 08”.e a outra, durante o Exercício “LINCE 082”<br />

A nível de exercícios em que o Agr participou, saliento<br />

os da série LINCE (081; 082;083 e 091);<br />

O Exercício “ORION 08“ de 09OUT08 a 17OUT08;<br />

Exercício “ROSA BRAVA 08” de 14ABR08 a 23ABR08;<br />

Exercício “ROSA BRAVA 09” de 22ABR09 a 30ABR09;<br />

Exercício Internacional de 07OUT08 a 18OUT08;<br />

“NOBLE LIGHT 08”, realizado no Land HQ Madrid,<br />

exercício este constituído por duas partes, sendo<br />

a primeira um “EXCON Training” e a segunda CPX-<br />

“LIVEX Operations”<br />

Aqui foi testada a eficiência e a capacidade de resposta<br />

do Agrupamento a este tipo de exercícios, simulando<br />

acções e efectuando relatórios, testando assim, principalmente<br />

o Comando do Agrupamento, eficaz no<br />

trabalho com ferramentas diversas e diferentes para a<br />

nossa representação.<br />

Acabado o período de treino e de certificação, cumprimos<br />

o período de Stand-by, mantendo a operacionalidade<br />

do pessoal e material. Terminado este período,<br />

outros desafios esperavam esta nobre Unidade, o Kosovo,<br />

em Setembro de 2009, para mais uma missão.<br />

E é nesta missão que me encontro, ao escrever estas<br />

parcas linhas sobre uma vida de 20 anos de dedicação<br />

e paixão ao BIMec, onde tenho permanecido,<br />

adquirindo e passando conhecimentos, absorvendo a<br />

essência do ser militar, da camaradagem, dos amigos,<br />

<strong>das</strong> horas difíceis e incertas, <strong>das</strong> alegres déca<strong>das</strong> de<br />

convívio, da sã e recomendável partilha de experiências<br />

adquiri<strong>das</strong> por estes Teatros de Operações. Encerro<br />

este ano, festejando o meu vigésimo aniversário de<br />

permanência na Unidade a que chamo de “Escola da<br />

Prática”, com a saída para outra Unidade do Exercito<br />

<strong>Português</strong>, deixando nesta casa, duas déca<strong>das</strong> de vida,<br />

onde aprendi o que significa ter o mais elevado<br />

espírito de sacrifício, a confiar nos camara<strong>das</strong>, a cumprir<br />

as tarefas cometi<strong>das</strong> ao Batalhão e a si próprio, em<br />

prol da proficiência, a ter iniciativa para resolver os<br />

problemas do dia-a-dia, a orgulhar-me de pertencer ou<br />

ter pertencido à primeira Unidade Mecanizada do Exercito<br />

<strong>Português</strong>, demonstrando para isso e sendo visto,<br />

como possuidor de uma exemplar conduta como militar<br />

e cidadão de Portugal.<br />

Quem não reconhecer este último paragrafo, foi porque<br />

nunca interiorizou o espírito do BIMec, escrito no nosso<br />

código de honra, inúmeras vezes lido, se não declamado,<br />

por inúmeros camara<strong>das</strong>, ao longo dos trinta e dois<br />

anos de existência do Batalhão. Aos mais novos, que<br />

agora iniciam a sua vida como militares, sejam eles<br />

Oficiais, Sargentos ou Praças desta casa, lanço-lhes<br />

um repto, o da continuidade, do não cruzar de braços<br />

quando a adversidade se quer impor, tentando por meios<br />

claros e rectos cumprir a missão, o desafio de não<br />

deixarem cair a “velhinha” Escola dos Mecanizados e<br />

<strong>das</strong> armas combina<strong>das</strong>, que tão bem sabemos fazer, o<br />

desafio de não terem medo de dar ao Batalhão e consequentemente<br />

ao <strong>Exército</strong>, as horas do merecido descanso,<br />

em troca de um sentimento de missão cumprida,<br />

Não há melhor sensação neste “Castro”, que a de dum<br />

forte abraço num dia de S. João, dado por um ex-militar<br />

do Batalhão que serviu a vosso lado.<br />

Relembro com saudade os camara<strong>das</strong> que serviram nesta<br />

casa a meu lado e que já não estão entre nos, com a<br />

esperança de talvez um dia, formar-mos um Regimento<br />

Mecanizado. Finalizo estes breves apontamentos de 20<br />

anos de BIMec, com uma frase, de um camarada mais<br />

antigo, que me tem servido de linha orientadora durante<br />

a minha permanência, nas fileiras.<br />

”FAZ O TEU TRABALHO NATURALMENTE, MAS<br />

PREOCUPA-TE TAMBÉM, COM O HOMEM QUE<br />

ESTÁ AO TEU LADO”.<br />

“O FUTURO DE NÓS DIRÁ”<br />

KTM 27


Durante a preparação para a missão no TO Kosovo,<br />

foi-nos proposto que assumíssemos as actividades a<br />

realizar no âmbito CIMIC, Civil Military Co-operation.<br />

Para isso, no exercício final em Fronteira fez-se o contacto<br />

com a população de modo a cooperar e projectar a<br />

imagem do 1BIMec. A avaliar pela reacção dos locais,<br />

esse objectivo foi alcançado.<br />

Ao chegar ao TO, deparamo-nos com um cenário<br />

bastante diferente, pois os nossos objectivos de 1)<br />

fomentar a cooperação civil para correntes e futuras<br />

Operações militares; 2) desencadear efeitos psicológicos<br />

favoráveis; e 3) melhorar relações locais entre civis<br />

e militares, dificilmente poderiam ser alcançados,<br />

tendo em conta a realidade local.<br />

Esta dificuldade não se encerra no tipo de preparação<br />

que fizemos, estando mais relacionada com o próprio<br />

conceito de CIMIC e com os efeitos pretendidos pela<br />

KFOR nesta fase, onde se previa uma grande redução<br />

<strong>das</strong> forças no TO, bem como o desvanecer <strong>das</strong> acções<br />

que incidem directamente sobre os locais.<br />

Foi esta a questão inicial, perante a qual tivemos<br />

que optar por outro tipo de actividade com as quais<br />

podería-mos alcançar os mesmo objectivos: actividades<br />

de solidariedade.<br />

Assim, desde cedo começámos por avaliar onde<br />

poderíamos intervir incidindo mais na AOR Centro, em<br />

coordenação com a, na altura, MNTF C.<br />

Logo em Outubro deslocámo-nos à Escola Primária de<br />

28 KTM<br />

Radevo, Vuk Karadzic, e verificámos algumas necessidades<br />

que poderíamos colmatar.<br />

Assim, com o trabalho empenhado do nosso Módulo<br />

de Engenharia, a vedação exterior e o chão de uma sala<br />

foram recuperados e fez-se a montagem de um abrigo<br />

de passageiros, oferecido pela empresa Portuguesa<br />

Cabena. Doámos material escolar e de limpeza, e iniciou--se<br />

um intercâmbio cultural com o Colégio Nossa<br />

Senhora do Amparo de Mirandela.<br />

Gostaria de focar a importância deste intercâmbio, que<br />

por razões de falta de serviços de correio civil no TO<br />

ainda não foi concluído. O Colégio de Mirandela teve<br />

esta iniciativa que é de louvar, e foi bem aceite, quer<br />

pelo responsável da escola de Radevo quer pelos seus<br />

alunos. Dando-nos conhecimento do tema a trabalhar<br />

“Eu e tu por um mundo melhor”, o Colégio mostrou<br />

claramente que se iria empenhar neste intercâmbio<br />

também com o objectivo de envolver as crianças do<br />

Kosovo. Em Portugal fizeram uma colecta de material<br />

escolar que nos chegou e já distribuímos, recebendo<br />

como feedback um cartaz de agradecimento que será<br />

entregue ao Colégio em Mirandela. A colecta foi para<br />

além do material, enviando-nos 600€ para empenhar na<br />

escola. Com estes fundos foi possível adquirir material<br />

e mão-de-obra necessários para que o nosso Módulo<br />

de Engenharia concluísse com sucesso as obras supra<br />

menciona<strong>das</strong>. Por fim, adquirimos material de ginástica<br />

diverso, para colocar na sala que tem o chão novo, em<br />

consequência da intenção dessa sala ser utilizada como<br />

ginásio.<br />

Aqui se sente o amargo da não conclusão de um projecto<br />

iniciado. Será que após o nosso regresso a Portugal estas<br />

escolas continuam com o intercâmbio que até agora<br />

tem sido feito por nosso intermédio? Seria necessário


muito mais que 4 meses (tempo real do projecto) para<br />

criarem essa autonomia, atendendo às condições actuais<br />

do Kosovo. Estas condições não são apenas materiais,<br />

como o correio ou Internet, mas sim de disponibilidade<br />

psicológica da população local se envolver por inteiro<br />

com população exterior ao Kosovo.<br />

Como as necessidades locais são muitas, não nos centrámos<br />

apenas nesta escola. Após um pequeno pedido<br />

de oferta de roupa, comida e brinquedos, entrámos em<br />

contacto com a HANDIKOS, uma instituição sem fins<br />

lucrativos que apoia pessoas com deficiência, e respectivas<br />

famílias. O pedido foi atendido, com os fundos<br />

angariados com as actividades de ocupação de tempos<br />

livres do Batalhão. Pelo nosso Módulo de Manutenção,<br />

foi feita a manutenção da única viatura utilizada para a<br />

distribuição por todo o Município, visto que não existe<br />

um lar ou dormitório adequado às necessidades evidentes.<br />

Para estas actividades foram envolvi<strong>das</strong> Secções de<br />

Atiradores, com vários objectivos. Para além dos já<br />

referidos inicialmente, acrescentamos também o enriquecimento<br />

dos próprios militares, ficando estes em<br />

contacto com outras realidades, com outras emoções<br />

que não são possíveis de viver ao passar de viatura<br />

em patrulhas pelas casas que encerram estas pessoas.<br />

A própria quebra de rotina também é importante. Para<br />

que isto fosse vivido mais intensamente, sabendo que<br />

não é objectivo desta missão, seria importante que todos<br />

os envolvidos soubessem exactamente qual o objectivo<br />

actual em realizarmos este tipo de actividades.<br />

Voltando à questão inicial, CIMIC ou solidariedade?<br />

Civil Military, sim, pois estiveram envolvidos civis<br />

locais e os nossos militares. Mas Co-operation não,<br />

pois na realidade quem realizou foram apenas militares.<br />

Para ser cooperação teriam que ser ambos, teria<br />

que existir distribuição de tarefas. Por exemplo, a Escola<br />

de Radevo teria que agir também em vez de continuar<br />

apenas à espera que a carta de Portugal chegue.<br />

Penso que aqui entramos para algo mais complexo,<br />

pois as mentalidades não se mudam apenas porque o<br />

empenhamento da KFOR muda.<br />

Solidariedade? Claro que sim, pode ser solidariedade<br />

egoísta, pois temos algum interesse em realizar estas<br />

actividades. Mas com toda a certeza que, quer a HAN-<br />

DIKOS quer a Escola de Radevo, ficaram gratas pela<br />

nossa pequena ajuda. Verificou-se pelo sorriso <strong>das</strong> crianças,<br />

onde as emoções transparecem sem qualquer intenção,<br />

onde as reacções são espontâneas.<br />

Assim, avaliando de forma positiva, podemos dizer que<br />

as crianças de hoje podem crescer numa realidade de<br />

inter-ajuda, iniciando o processo de mudança de mentalidades,<br />

que poderá não funcionar. Esperemos que<br />

sim.<br />

KTM 29


O BIMec, desde a sua criação em 1977, tem um<br />

vasto historial e experiência internacional, que adquiriu<br />

nos exercícios conjuntos e missões de apoio à paz (não<br />

artigo 5º) em que participou. Esta caminhada internacional<br />

começa na década de 80, numa série de exercícios<br />

nomeadamente em Itália: “DISPLAY DETERMI-<br />

NATION 80, 82, 84, 86, 89”; “DRAGON HAMMER<br />

91”; “ROMA 96” e “DINAMIC MIX 96”; em Espanha:<br />

“FRONTERA 04, 07”; “COHESION 05” e “NOBLE<br />

LIGHT 08”. Na década de 90, inicia a participação em<br />

Operações de Apoio à Paz, nomeadamente em 1997,<br />

1999 e 2001, no Teatro de Operações (TO) da Bósnia<br />

– Herzegovina (BiH). A partir desta data, participou<br />

em mais dois TO, Timor-Leste em 2003 e Kosovo em<br />

2000, 2006 e actualmente.<br />

Com a evolução dos conflitos e dos autores nele intervenientes,<br />

o sistema político internacional alterou<br />

significativamente as missões/operações militares. Em<br />

2001, com a criação por parte do <strong>Exército</strong> dos Estados<br />

Unidos, aparece o conceito de Operações em todo o espectro<br />

<strong>das</strong> Operações. O aparecimento deste conceito,<br />

motivado pela intervenção da OTAN no Kosovo em<br />

1999 e reforçada pela necessidade de intervir no Afeganistão<br />

e no Iraque, levou a que os países membros<br />

da OTAN tivessem que adequar a sua doutrina e, consequentemente,<br />

o seu processo de preparação e treino .<br />

As Forças da OTAN, aliança da qual Portugal é membro,<br />

encontram-se perante um enorme desafio que é estarem<br />

prepara<strong>das</strong> para actuar em todo o espectro <strong>das</strong><br />

operações, com a possibilidade de serem empregues<br />

em operações Art.º 5º ou Não Art.º 5º.<br />

30 KTM<br />

É perante este cenário de incerteza e de grande ambiguidade,<br />

que as Forças Arma<strong>das</strong> Nacionais irão ser empregues<br />

no futuro, quer tenham tempo de preparação e<br />

planeamento para a missão (caso <strong>das</strong> Forças Nacionais<br />

Destaca<strong>das</strong>), quer sejam projecta<strong>das</strong> num curto espaço<br />

de tempo, no âmbito de uma Operação de Resposta a<br />

Crises (caso <strong>das</strong> NATO RESPONSE FORCES) .<br />

O 1BIMec, segundo a Directiva 07-09 de 03FEB09,<br />

da Brigada Mecanizada, recebeu a tarefa de aprontar<br />

a Força para cumprir a missão de reserva (TACRES),<br />

ESTAR PRONTO PARA…, no TO do KOSOVO,<br />

tendo por base os seguintes requisitos de treino “…O<br />

ambiente multinacional onde se inserem as Forças Nacionais<br />

Destaca<strong>das</strong> (FND), acarreta alguns requisitos<br />

particulares que não podem deixar de ser considerados<br />

num quadro de aprontamento e preparação <strong>das</strong> Forças,<br />

nomeadamente a necessidade de conduzir simultaneamente<br />

tarefas de ajuda humanitária, acções de<br />

presença e segurança <strong>das</strong> populações, demonstrações<br />

de força e acções de imposição da paz…”. Da análise<br />

da Directiva, ressalta o conceito de actuar em todo o<br />

espectro <strong>das</strong> Operações. Uma força para actuar neste<br />

tipo de ambiente, tem que ser proficiente, tem que possuir<br />

flexibilidade e adaptabilidade para executar uma<br />

grande diversidade de tarefas (3BW) 4 , e deste modo<br />

garantir um elevado número de capacidades para<br />

poder executar as referi<strong>das</strong> tarefas. O treino tem que<br />

ser abrangente e diversificado, sendo a sua duração superior<br />

ao que está padronizado para efeitos de aprontamento<br />

de FND’s no <strong>Exército</strong> <strong>Português</strong> (6 meses).<br />

Este deve ser faseado, numa primeira fase, gradual,<br />

até atingir níveis de proficiência<br />

aceitáveis e, numa segunda<br />

fase, cíclico, de forma a abranger<br />

as tarefas inerentes a Operações<br />

em todo o espectro (FM 7-0 US<br />

ARMY, 2008, 1-8). Após a Força<br />

ser considerada apta, deverá obter<br />

uma Certificação Nacional<br />

para iniciar o treino orientado<br />

para a missão específica, findo o<br />

qual obterá a Certificação Internacional<br />

(da mesma forma como


se verifica para as NRF) . (trabalho TIG CPC)<br />

Analisando o treino que o Batalhão realizou antes de<br />

receber a missão de aprontar a Força e tendo em consideração<br />

que anteriormente integrava a NRF 12, em<br />

que o ciclo de treino se assemelha ao anteriormente<br />

descrito, podemos dizer que a Força estava preparada<br />

para cumprir a missão que lhe fora atribuída. Contudo,<br />

a missão de reserva num ambiente Multinacional, implica<br />

um treino adicional, onde os meios, a Doutrina e a<br />

organização <strong>das</strong> Forças que integram a KFOR, variam<br />

de País para País. Isto porque, a reserva tem que estar<br />

pronta para actuar em qualquer parte do TO: logo,<br />

esta tem que ser interoperável (pelo menos nos meios e<br />

doutrina) com as Forças que têm essa responsabilidade.<br />

Isto só se adquire com treino, formação adicional, nomeadamente<br />

operar com meios atribuídos e trabalhando<br />

com as outras Forças, sabendo assim as suas técnicas,<br />

tácticas e procedimentos. Foi através de Operações,<br />

treinos e exercícios conjuntos, que o Batalhão superou<br />

esta última parte (interoperabilidade).<br />

Outro aspecto que uma Força deve ter em consideração<br />

para actuar em todo o espectro <strong>das</strong> operações<br />

é a sua organização. A Força para fazer face à grande<br />

panóplia de tarefas que pode vir a cumprir, não pode ser<br />

rígida, tem de ser adaptável à tarefa que irá realizar, por<br />

exemplo, a organização de uma Força que está a cumprir<br />

uma tarefa de “Crowd and Riot Control” (CRC),<br />

sendo diferente da que está a cumprir uma tarefa de<br />

Combate em Áreas Edifica<strong>das</strong> (CAE). Para além de ser<br />

adaptável à tarefa que irá realizar, tem de ser flexível<br />

e“mutável”, isto é, permitir uma rápida reorganização e<br />

adaptação para cumprir outro tipo de tarefa, para além<br />

da que estava previamente a cumprir. Esta flexibilidade<br />

é atingida através de treinos de situação, ou seja, num<br />

determinado cenário, por exemplo de CRC, originar<br />

situações distintas como a Limpeza de um edifício,<br />

operar um “Check Point”, efectuar uma Escolta…, de<br />

forma a obrigar a Força a reagir e a reorganizar num<br />

curto espaço de tempo, sob pressão da Força opositora<br />

(OPFOR). Para atingir esta rápida reorganização e<br />

adaptação, é necessário ter meios (viaturas e equipamentos)<br />

que facilitem essa transição. Foi nesta parte<br />

que o Batalhão teve e tem a sua maior dificuldade,<br />

devido à diversidade e características dos diferentes<br />

meios, existentes na sua estrutura orgânica. Contudo,<br />

através de uma correcta análise da missão e identificando<br />

to<strong>das</strong> as tarefas necessárias para a cumprir, e assumindo<br />

determinados riscos com muito treino, esta<br />

lacuna foi atenuada.<br />

Concluindo, e fazendo jus ao grito do 1BIMec,<br />

“ESTAMOS PRONTOS…”,<br />

para actuar em todo o espectro <strong>das</strong> Operações, nós<br />

respondemos:<br />

“ESTAMOS…”<br />

1 Trabalho TIG CPC<br />

2 Art.5º – Operações/Acções de Guerra<br />

Não Art.5º – Operações de Paz e Resposta a Crises<br />

3 Trabalho TIG CPC<br />

4 3BW – Three Block War (capacidade de uma força em realizar<br />

tarefas/missões em simultâneo em todo o espectro <strong>das</strong><br />

Operações)<br />

5 Trabalho TIG CPC<br />

KTM 31


1. Introdução<br />

O actual Conceito Estratégico de Defesa Nacional<br />

(CEDN 2003), expressa o empenhamento do<br />

Estado <strong>Português</strong> no contributo para a segurança internacional,<br />

na manutenção da paz e na resolução dos<br />

conflitos, para além da defesa dos interesses Nacionais 1<br />

. Do anterior descrito, resulta um conjunto de tarefas<br />

passíveis de serem atribuí<strong>das</strong> ao <strong>Exército</strong>, para o qual<br />

as Forças Terrestres devem estar prepara<strong>das</strong>, capazes<br />

de as cumprir em qualquer ambiente e em todo o espectro<br />

de Operações.<br />

Figura 1 – Espectro <strong>das</strong> Operações<br />

R. C. Operações 2005<br />

De forma a poderem estar prepara<strong>das</strong> para responder<br />

a qualquer solicitação, as unidades têm necessidade<br />

de realizar actividades de treino que, face aos novos<br />

riscos, às potenciais ameaças e aos factores de instabilidade,<br />

terão sempre de estar orienta<strong>das</strong> para realizar<br />

Operações em todo o espectro, devendo a prioridade<br />

recair para a área do espectro de Operações que se<br />

situa entre as Operações de combate e as Operações de<br />

resposta a crises. Este facto obriga a uma mudança de<br />

postura e mentalidade, face à forma como é encarado<br />

o treino <strong>das</strong> unidades, pois requer Líderes mentalmente<br />

ágeis, capazes de conduzir Operações ao longo de todo<br />

o espectro de uma forma descentralizada2 .<br />

Agora, mais do que em algum período da história, o<br />

papel dos Líderes é decisivo, pois o processo de decisão<br />

está cada vez mais centralizado nos Comandantes<br />

e Líderes, do que nos Estados – Maiores. Só através<br />

de um treino eficaz se atinge o sucesso em Operações,<br />

pois é através deste que Líderes, Soldados e Unidades,<br />

adquirem as competências técnicas e tácticas que lhes<br />

32 KTM<br />

permitem executar as diversas missões 2 .<br />

Quando um novo Comandante assume o comando de<br />

uma Companhia, enfrenta o dilema de: o que treinar<br />

e como treinar, de forma a atingir e manter um nível<br />

de proficiência aceitável nas numerosas tarefas que lhe<br />

podem ser atribuí<strong>das</strong>. Foi esse o dilema que enfrentei<br />

quando assumi o comando da 2ª CAt / 1º BIMec, em<br />

Outubro de 2007 e que num curto espaço de tempo,<br />

viria a ser a 2ª CAt / AgrMec / NRF 12. O presente artigo<br />

apresenta uma perspectiva do planeamento, condução e<br />

avaliação do treino de uma subunidade de Atiradores,<br />

para o possível cenário de emprego da NRF 12, sendo<br />

apresenta<strong>das</strong> algumas lições retira<strong>das</strong> <strong>das</strong> actividades<br />

desenvolvi<strong>das</strong> como Comandante da 2ª CAt / AgrMec /<br />

NRF 12 e posteriormente, como Adjunto do Oficial de<br />

Operações do 1º BIMec / KFOR.<br />

O artigo está dividido em duas partes. Numa primeira,<br />

abordam-se alguns aspectos do planeamento e organização<br />

do treino de uma subunidade, e na segunda<br />

parte, são apresenta<strong>das</strong> ferramentas de trabalho que<br />

auxiliam no planeamento, na condução e na avaliação<br />

do treino.<br />

2. Planeamento e Organização<br />

Uma <strong>das</strong> primeiras tarefas a realizar, para se conseguir<br />

ultrapassar o dilema, será conversar com o S3 e com o<br />

Comandante de Batalhão, de forma a obter as orientações<br />

necessárias para o treino, como por exemplo: qual<br />

a filosofia de treino da Unidade, quais as prioridades<br />

de treino, que riscos são aceitáveis, como se processam<br />

os ciclos de treino no Batalhão e o que esperam<br />

da Companhia. O S3 pode fornecer as ferramentas necessárias<br />

para iniciar o planeamento do treino, como<br />

por exemplo: o calendário de actividades, os planos de<br />

treino, as listas de TECM 3 , as prioridades de treino e<br />

as actividades calendariza<strong>das</strong> pelo Batalhão e Brigada.<br />

É também importante tomar conhecimento <strong>das</strong> NEP’s 4<br />

relaciona<strong>das</strong> com o planeamento, condução e avaliação<br />

do treino.<br />

Outro elemento que pode dar indicações importantes<br />

sobre a filosofia de treino do comando, sobre quais os<br />

1RC Operações, 2005.<br />

2Tradução livre: FM 7-0 Training for Full Spectrum Operations.<br />

3TECM: Tarefas essenciais para o cumprimento da missão.<br />

4NEP: Norma de Execução Permanente.


objectivos do Comando relativamente à manutenção de<br />

viaturas 5 e equipamento, e indicações sobre os militares<br />

da Companhia, é o 2º Comandante.<br />

Dos planos operacionais, listas de TECM 6 , planos de<br />

formação individual, avaliação do ambiente operacional,<br />

missões atribuí<strong>das</strong> e orientação do escalão superior,<br />

o Comandante de Companhia retira a informação<br />

que lhe permite começar a trabalhar. Combinando esta<br />

informação com a avaliação da situação de treino da<br />

subunidade, do tempo disponível e da disponibilidade<br />

de recursos 7 , ele elabora o plano de treino da subunidade<br />

e os respectivos horários, tendo em atenção as<br />

tarefas e áreas que são prioridade de treino e os objectivos<br />

internos da Companhia 8 .<br />

FM 7-0 Training the Force 2002<br />

Figura 2 – Responsabilidades no treino<br />

Devem ser defini<strong>das</strong> ainda, quais as áreas de treino prioritárias,<br />

como por exemplo o treino físico, o tiro de<br />

armas ligeiras, as TTP 9 de pequenas unidades (Secção<br />

e Pelotão), prestar os primeiros socorros e evacuar<br />

baixas, e, dentro de cada área, quais os objectivos ou<br />

níveis a atingir.<br />

O planeamento do treino tem de ser visto como uma<br />

actividade cíclica, em que as tarefas sejam individuais<br />

ou colectivas, sejam treina<strong>das</strong> de uma forma regular e<br />

sequencial, e que to<strong>das</strong> as tarefas possam concorrem<br />

umas para as outras, não podendo ser vistas de forma<br />

independente. Assim, deve-se evitar ter períodos de<br />

treino demasiado longos, em que não se treinem as<br />

tarefas considera<strong>das</strong> prioritárias, sob pena de o nível<br />

de execução destas decrescer bastante. Penso que terá<br />

de se deixar de falar de longos ciclos / períodos de<br />

treino, em que apenas se treinam Operações ofensivas,<br />

Operações defensivas, Operações de resposta a crises<br />

ou mesmo de ciclos / períodos de treino em áreas edifica<strong>das</strong>,<br />

e caminhar para integrar as tarefas num mesmo<br />

ciclo. Não se deve esquecer outras áreas de treino<br />

complementares, como por exemplo o tiro e o treino<br />

físico, que são áreas prioritárias de treino, devendo estar<br />

associa<strong>das</strong> às tarefas colectivas que estão a ser alvo<br />

de treino 10 .<br />

Associado às tarefas tácticas prioritárias e às áreas prioritárias<br />

de treino, estão os ciclos ou períodos de treino.<br />

Estes, definem os períodos dedicados ao treino e que<br />

actividades têm prioridade de execução, por exemplo<br />

num ciclo verde: o ponto central do treino está nas tarefas<br />

colectivas, o número máximo de Soldados devem<br />

estar presentes, os distractores do treino devem ser<br />

reduzidos ao máximo e as licenças devem ser reduzi<strong>das</strong><br />

ao mínimo; num ciclo amarelo: o ponto central do<br />

treino está no treino de tarefas individuais, de guarnição<br />

e Equipas / Esquadras, os militares podem frequentar<br />

cursos e acções de formação, algumas subunidades podem<br />

treinar tarefas colectivas, devem ser calendariza<strong>das</strong><br />

tarefas de manutenção e alguns militares podem ser<br />

empregues em outras tarefas; num ciclo vermelho: o<br />

número de militares de licença é maximizado, as tarefas<br />

administrativas são calendariza<strong>das</strong> e aproveitam-se<br />

as oportunidades para o treino individual e de líderes 11 .<br />

O treino também deve ser multi – Escalão, em que se<br />

treina em mais do que um Escalão, tarefas diferentes ou<br />

complementares, de acordo com o ciclo de treino em<br />

que se está a trabalhar.<br />

O horário é a ferramenta que indica aos diversos líderes<br />

subordinados, quais as tarefas a treinar e a janela de<br />

tempo atribuída, no entanto deve ser dada liberdade<br />

de acção aos líderes subordinados, por exemplo numa<br />

semana em que quatro dias são dedicados ao treino<br />

de tarefas de combate em áreas edifica<strong>das</strong> e um para<br />

tarefas de manutenção de viaturas, armamento e equipamento,<br />

pode-se definir que o objectivo da semana é<br />

treinar até escalão Pelotão, sendo dado meio dia para<br />

relembrar tarefas individuais, dois dias para treino ao<br />

escalão Secção e um dia para treino ao escalão Pelotão.<br />

5Sobre este aspecto, o Oficial de Manutenção é um elemento importante,<br />

pois dá orientações sobre o planeamento da manutenção programada, sobre<br />

os militares da Secção de Manutenção orgânica da Companhia e sobre<br />

cuidados especiais a ter com as viaturas e demais materiais,<br />

6O S3 do Batalhão, deve indicar quais as tarefas colectivas prioritárias<br />

para cada período de treino.<br />

7Os principais recursos a ter em conta são: pessoal, combustível e munições<br />

disponíveis.<br />

8Variam de subunidade para subunidade, por exemplo, atingirem um status<br />

de “T” – treinado para as seguintes tarefas colectivas de Secção: assaltar<br />

e limpar um edifício, abrir uma brecha num obstáculo de protecção<br />

e reagir ao contacto por fogos directos.<br />

9TTP: Técnicas Tácticas e Procedimentos.<br />

10Outras áreas de treino são: defesa nuclear, biológica e química, comunicações<br />

e sistemas de informação, topografia, técnicas de transposição de<br />

obstáculos, sapadores, etc.<br />

11Tradução livre: Battle focus training<br />

KTM 33


São ainda defini<strong>das</strong> as tarefas prioritárias a treinar em<br />

cada um dos escalões e cada líder ao seu nível, define<br />

as janelas de tempo a afectar, consoante as necessidades<br />

de treino de cada Secção / Pelotão.<br />

Também importantes são as acções de formação, quer<br />

sejam cursos ou simples palestras, permitem aos militares<br />

que os (as) frequentam, recolher informação que<br />

depois pode ser aplicada no treino da subunidade.<br />

2.1 Treino individual<br />

O treino individual é extremamente importante, pois<br />

representa a base de todo o restante treino. No entanto<br />

é difícil, manter um bom nível de proficiência se as<br />

tarefas não forem treina<strong>das</strong> de uma forma regular. É<br />

claro que não se pode estar sempre a treinar tarefas<br />

individuais, mas perder 2 a 3 dias por mês para treinar<br />

tarefas individuais, é um bom rácio. Muitas <strong>das</strong> tarefas<br />

individuais são comuns à maior parte <strong>das</strong> tarefas colectivas<br />

e são estas que devem ter a prioridade de treino,<br />

após o qual se treinam as restantes.<br />

Um dos problemas para qualquer Secção, Pelotão ou<br />

Companhia é a continua rotação de pessoal, a chegada<br />

de militares novos e com pouca experiência leva a que<br />

se volte a iniciar um novo ciclo de treino. Existem formas<br />

de colmatar esta necessidade, como sejam, treiná-<br />

-los à parte nas tarefas individuais, orientados por um<br />

Sargento de Pelotão e auxiliado por um ou dois dos<br />

Cabos mais experientes. Mesmo assim, o tempo disponível<br />

é reduzido e a quantidade de tarefas a treinar<br />

é enorme, sendo que é necessário aproveitar todos os<br />

momentos disponíveis para treino, surgindo assim o<br />

conceito de treino de oportunidade, em que os militares<br />

recém-chegados aproveitam os períodos de intervalo e<br />

outros períodos, para aperfeiçoarem a sua técnica, supervisionados<br />

por um ou dois Cabos. Esta técnica permite<br />

dar confiança e sentido de responsabilidade aos<br />

Cabos, além de aumentar o seu espírito de liderança,<br />

permitindo também fomentar a vontade de saber, fazer<br />

nos militares menos experientes.<br />

É importante manter o registo do nível de proficiência<br />

de cada militar, podendo ser utilizada uma matriz com<br />

o conjunto <strong>das</strong> tarefas individuais que o militar tem necessidade<br />

de dominar, a respectiva caracterização de<br />

treinado, se necessita de prática ou não treinado e a data<br />

da última avaliação na tarefa. Esta ferramenta permite<br />

aos seus respectivos líderes terem a perfeita noção <strong>das</strong><br />

tarefas que o militar é capaz de realizar e de acordo<br />

com a sua classificação, afectar tempo de treino ou não.<br />

2.2 Treino colectivo.<br />

A condução do treino de tarefas colectivas deve ter<br />

uma preocupação, que é o de estar permanentemente<br />

34 KTM<br />

enquadrado, dado que actualmente qualquer intervenção<br />

militar está integrada numa conjuntura política e<br />

rodeada de uma componente legal própria, os militares<br />

terão de estar conscientes de determina<strong>das</strong> limitações<br />

ou obrigações. Tanto é mais importante, pois uma técnica<br />

ou tarefa pode-se aplicar num teatro e não se aplicar<br />

em outro, ou ter de ser executada mediante algumas<br />

restrições 12 .<br />

Figura 3 – STX de uma SecAt na modalidade LFX<br />

Caso o treino não seja enquadrado, os militares podem<br />

assumir que a técnica ou tarefa se executa sempre da<br />

mesma forma, facto que numa operação pode não ser<br />

verdade. Uma forma de enquadrar as actividades de<br />

treino é criar e trabalhar dentro de um cenário, podendo<br />

a situação geral e particular variar, consoante as tarefas<br />

que se pretendem realizar. O cenário, numa situação de<br />

treino em Território Nacional, deve permitir o treino<br />

em todo o espectro de operações, sendo caracterizado<br />

por áreas de operações não contíguas, ameaça dispersa<br />

e tanto simétrica como assimétrica, necessidade de evitar<br />

danos colaterais, necessidade de uma transição rápida<br />

entre tarefas de operações de combate para tarefas<br />

de operações de resposta a crises 13 , uso de efeitos letais<br />

e não letais, presença dos media no campo de batalha,<br />

apoio a Organizações Não Governamentais 14 , fazendo<br />

jus ao conceito de Three Block War 15 . Numa situação<br />

em que a Força está projectada num TO 16 , o cenário<br />

12Dois exemplos são a execução de buscas e a detenção de pessoas.<br />

13Tradução livre: FM 3-06.11 Combined Arms Operations in Urban Terrain.<br />

14US Amy Infantry School: Urban operations briefing 2002.<br />

15O Gen Charles krulack, no final dos anos 90 referiu que “….soldiers<br />

may be required to conduct full scale military actions, peacekeeping<br />

Operations and humanitarian aid within the space of three contiguous city<br />

blocks….” e que os exércitos têm de ser treinados para poderem operar<br />

nas três condições em simultâneo, facto que implica possuir uma grande<br />

capacidade de liderança aos mais baixos escalões.<br />

16TO: Teatro de Operações.


deve ser adequado à realidade que se vive no momento.<br />

Extremamente importante é a caracterização da ameaça<br />

em cada cenário, pois permite retirar algumas necessidades<br />

de treino operacional, por exemplo para uma<br />

ameaça em que a modalidade de acção mais provável<br />

se caracteriza pela execução de embosca<strong>das</strong> de flagelação,<br />

conjuga<strong>das</strong> com o uso de IED 17 , podemos retirar<br />

as seguintes necessidades: treino de tiro para alvos<br />

elevados, a curtas distâncias e a partir de viaturas em<br />

movimento e treino na detecção de indicadores de IED<br />

e zonas de morte, além da habituação a um clima de<br />

insegurança permanente 18 .<br />

O treino colectivo deve ser progressivo e sequencial<br />

seguindo a sequência: CRALL, WALK e RUN 19 , de<br />

acordo com o quadro seguinte:<br />

Figura 4 – Evolução do treino colectivo<br />

FM 7-1 Battle Focused Training 2003<br />

Uma <strong>das</strong> melhores técnicas de avaliar uma Força na<br />

execução de uma ou mais tarefas, é através da execução<br />

de pequenos exercícios tipo STX 20 , pois permite à<br />

Força executar as tarefas enquadrada por um cenário,<br />

com uma Força Opositora a representar as tarefas da<br />

ameaça.<br />

2.3 Treino de líderes<br />

O treino de líderes é fundamental, pois são eles que,<br />

primáriamente, vão treinar e liderar os Soldados em to<strong>das</strong><br />

as actividades, seja em paz ou em operações. O seu<br />

treino individual depende muito da sua iniciativa pessoal,<br />

vontade de aprender e de querer melhorar os seus<br />

conhecimentos técnico – tácticos e de liderança. Assim,<br />

devem ser “treinados” antes de se começar um novo<br />

ciclo de treino, pois se não acontecer, pode-se tornar<br />

frustrante ir assistir a uma actividade de treino e não<br />

ver resultados, pois possivelmente a Força vai gastar<br />

uma boa parte do tempo disponível para treino, apenas<br />

a tentar organizar-se.<br />

Existem diversas técnicas de treinar os líderes, por<br />

exemplo, através da realização de Escolas Preparatórias<br />

de Quadros, no entanto, mais uma vez nem sempre é<br />

possível retirar os líderes <strong>das</strong> suas tarefas diárias para<br />

assistirem ou participarem em sessões de treino. Pode-<br />

-se colmatar esse facto fazendo-o por curtos períodos<br />

de tempo, por exemplo, uma manhã ou tarde por semana.<br />

Outra técnica, é através da execução de exercícios<br />

tipo TEWT 21 .<br />

Figura 5 – STX de uma SecAt<br />

Em Operações, todos os militares com tarefas de<br />

lideranças devem estar preparados para assumir o comando<br />

de subunidades um escalão acima 22 , sendo também<br />

responsabilidade sua ensinar aqueles que estão<br />

imediatamente abaixo, quais as suas responsabilidades<br />

e tarefas.<br />

3. Ferramentas de apoio ao treino<br />

Existem diversas ferramentas que auxiliam o planeamento,<br />

a condução e a avaliação do treino de uma subunidade.<br />

3.1 Listas de tarefas<br />

Incluem as tarefas que uma determinada Unidade ou<br />

subunidade pode executar, e constitui uma <strong>das</strong> ferramentas<br />

principais para o planeamento do treino. Estão<br />

associa<strong>das</strong> a um escalão e tipo específico de unidade /<br />

subunidade, podendo as tarefas ser retira<strong>das</strong> ou aumenta<strong>das</strong><br />

consoante se apliquem ou não à Força e situação<br />

particular.<br />

3.2 Reuniões de treino<br />

Permitem rever planos, prioridades e discutir as tarefas<br />

a treinar e / ou realizar, coordenando locais, “timings”,<br />

responsabilidades, apoios e recursos a alocar para as<br />

actividades. Devem ser precedi<strong>das</strong> de uma preparação<br />

prévia, de forma a rentabilizar-se o tempo disponível.<br />

17IED: Do inglês Improvised Explosive Device, engenho explosive improvisado.<br />

18Barros, Maj João, Modalidade de acção da ameaça nos TO do Iraque e<br />

Afeganistão no uso de IED e montagem de embosca<strong>das</strong>.<br />

19Mc Donald, Lt John D., Battle Drill Training Lagger.<br />

20STX: Do inglês Situational Training Exercise, exercício de treino de<br />

situação.<br />

21TEWT: Do inglês Training Exercise Without Troops, exercício de treino<br />

sem tropas. Executado no terreno com os líderes subordinados, permite<br />

treinar a sincronização de acções e a tomada de decisão.<br />

22Obalde, LCol M. M.: How to train your Squad, a training guide for<br />

infantry Squad leaders.<br />

KTM 35


3.3 Horários de treino<br />

É a ferramenta principal na execução <strong>das</strong> actividades<br />

de treino, permitindo a sua condução em tempo e local<br />

adequados. Dá informação <strong>das</strong> actividades de<br />

treino (tarefas) 23 a realizar, a sua localização, “timing”<br />

e referências para a preparação <strong>das</strong> respectivas actividades<br />

de treino.<br />

3.4 Matriz integrada de treino<br />

A matriz integrada de treino é uma ferramenta para<br />

ser utilizada ao escalão Companhia e abaixo, e ajuda<br />

a planear e preparar o treino de uma subunidade, permitindo<br />

a identificação, preparação e integração <strong>das</strong><br />

tarefas a serem treina<strong>das</strong> aos vários escalões 24 . Pode<br />

ser usada como auxiliar na elaboração dos horários da<br />

Companhia, através da análise <strong>das</strong> tarefas treina<strong>das</strong> ou<br />

não na semana anterior, permitindo também retirar orientações<br />

para o treino individual, quer seja dos militares<br />

em geral, quer seja dos líderes. Auxilia na difusão<br />

de informação nas diversas reuniões de treino, dando<br />

uma orientação precisa sobre as tarefas a treinar pelos<br />

Pelotões, ajudando assim, o planeamento e a condução<br />

do seu treino.<br />

Figura 6 – Matriz integrada de treino<br />

3.5 Relatórios de situação de treino<br />

Os relatórios de situação de treino, são uma ferramenta<br />

que permite transmitir ao escalão superior um resumo<br />

<strong>das</strong> actividades de treino desenvolvi<strong>das</strong>, durante um<br />

determinado período de tempo, e a situação da subunidade<br />

face á execução <strong>das</strong> tarefas. Permite também ao<br />

Comandante de Companhia tecer comentários sobre<br />

as actividades realiza<strong>das</strong> e fazer propostas de forma<br />

a melhorar o treino da sua subunidade. Para o Comandante<br />

de Companhia, funciona como ferramenta<br />

de trabalho, pois auxilia na elaboração de horários e<br />

no planeamento de actividades de treino, mediante a<br />

avaliação que faz <strong>das</strong> tarefas e da necessidade de alocar<br />

janelas de tempo nos futuros horários.<br />

36 KTM<br />

Figura 7 – Matriz de tarefas com a avaliação face à capacidade de<br />

execução<br />

T - Treinado<br />

NT - Não Treinado<br />

NP - Necessidade de prática<br />

3.6 Listas de verificação<br />

As listas de verificação são<br />

uma ferramenta que permite a<br />

recolha de dados para uma futura<br />

utilização, na revisão após<br />

acção <strong>das</strong> actividades de treino,<br />

que devem estar de acordo com<br />

a tarefa a realizar, e penso, contrariamente<br />

à opinião geral,<br />

que não se devem limitar a<br />

ser uma lista de acções que se<br />

classificam como executada<br />

ou não, mas sim uma lista de<br />

tópicos sobre os quais o avaliador<br />

coloca o que observou<br />

e algum comentário que ache<br />

necessário. Penso que deve ser<br />

esta a postura correcta, pois a<br />

execução de tarefas tácticas<br />

varia de situação para situação,<br />

havendo pontos que se aplicam<br />

em algumas situações e em<br />

outras não.<br />

23 Especifica tarefas individuais, de líder e colectivas a treinar.<br />

24 Spiszer, Major John M., A tool for Commanders, the integrated train-<br />

ning task matrix.<br />

Figura 9 – Pista de obstáculos<br />

em áreas urbanas.


Figura 10 – Exemplo de uma lista de verificação para a tarefa de assaltar<br />

e limpar um edifício<br />

3.7 Revisão após acção<br />

A revisão após acção, não é mais do que uma conversa<br />

entre os diversos participantes de uma actividade de<br />

treino, que permite “descobrir” o que aconteceu, porque<br />

aconteceu e o que se pode fazer para melhorar. Deve-se<br />

apoiar no registo dos acontecimentos da actividade de<br />

treino, através do preenchimento de listas de verificação.<br />

Tem uma sequência flexível, por exemplo:<br />

1. Introdução e regras para a discussão.<br />

2. Revisão dos objectivos e intenções (FRFOR e<br />

OPFOR 25 )<br />

3. Discussão de assuntos chave<br />

a. Ordem cronológica dos eventos;<br />

b. Unidades / sistemas funcionais envolvidos;<br />

c. Assuntos chave / acontecimentos chave.<br />

4. Discussão de assuntos secundários<br />

a. Desempenhos individuais;<br />

b. Tarefas a melhorar;<br />

c. Estatísticas (quantas vezes acontecem?);<br />

d. Outros assuntos.<br />

5. Discussão de segurança.<br />

6. Sumário e final da Sessão<br />

4. Conclusões<br />

O treino de uma subunidade de atiradores é, no presente,<br />

uma <strong>das</strong> tarefas mais difíceis de conduzir, pois<br />

o ambiente operacional apresenta características que<br />

constituem desafios imensos, a instabilidade é um factor<br />

dominante do dia a dia, as Técnicas, Tácticas e Procedimentos<br />

que o Soldado de Infantaria tem de dominar,<br />

são cada vez mais e mais complexas, além de nos últimos<br />

anos terem aumentado em número. Exige-se hoje,<br />

ao Soldado, não apenas que seja um Soldado comum,<br />

mas também que seja um embaixador do seu <strong>Exército</strong> e<br />

País, responsável por tomar decisões instantâneas, que<br />

podem ser de vida ou morte, algumas <strong>das</strong> quais com<br />

consequências estratégicas 26 .<br />

Assim, cada vez mais, o segredo do sucesso está na capacidade<br />

de liderança de todos aqueles que têm essa<br />

responsabilidade, pois não temos o luxo de poder escolher<br />

o futuro campo de batalha, conflito ou guerra.<br />

Referencias bibliográficas<br />

Documentos oficiais:<br />

- FM 7-0 (2002) Training the Force.<br />

- FM 7-1 (2003) Battle Focused Training.<br />

- FM 7-0 (2008) Training for Full Spectrum Operations.<br />

- RC Operações. (2005) – Regulamento de Campanha -<br />

Operações. Lisboa: EME.<br />

- FM 3-06.11 (2002) Combined Arms Operations in Urban<br />

Terrain.<br />

Apresentações:<br />

- Centro de Tropas Comandos, Treino Operacional.<br />

- US Army Infantry School, IPCC Urban operations<br />

briefing 2002.<br />

- BARROS, Major João, Modalidade de acção da ameaça<br />

nos TO do Iraque e Afeganistão no uso de IED e montagem<br />

de embosca<strong>das</strong>.<br />

- Battle focus training.<br />

Artigos:<br />

- MANNS, Tyrone T.: Company training calendar, tips and<br />

strategies.<br />

- CROSS, Michael A.: Training adaptive leaders for full<br />

spectrum operations: an outcomes-based approach.<br />

- OBALDE, LCol M. M.: How to train your squad, a trainning<br />

guide for infantry squad leaders.<br />

- MC DONALD, Lt John D., Battle Drill Training Lagger.<br />

- SPISZER, Major john M., A tool for Commanders, the integrated<br />

training task matrix.<br />

- KERNAN, LtGen William F., BOLGER, Colonel Daniel<br />

P., Train as we fight.<br />

25 FRFOR: Do inglês Friendly Forces, Forças amigas, OPFOR: Do<br />

inglês Opposing Forces, Forças opositoras.<br />

26 Cross, Michael A.: Training adaptive leaders for full spectrum Operations:<br />

an outcomes-based approach.<br />

KTM 37


“ O apoio de serviços em campanha, visa a manutenção<br />

do potencial de combate da Força, durante o tempo<br />

necessário ao cumprimento da sua missão…”<br />

Desde a última década do século passado, Portugal<br />

tem aumentado e diversificado a sua participação<br />

em teatros de Operações de Apoio à Paz (OAP). Essa<br />

participação nestas tipologias de operações, tem levado<br />

a reflexões profun<strong>das</strong> sobre as capacidades de sustentação,<br />

mantendo um padrão elevado de operacionalidade.<br />

É sobre essa temática que nos propomos falar, especificamente<br />

da experiência vivida no Teatro de Operações<br />

do Kosovo.<br />

Vivem-se tempos de mudança. Estando a missão deste<br />

Batalhão na recta final, importa, de uma forma simples,<br />

tratar como se tem realizado o apoio de serviços no<br />

Teatro de Operações, quais as mudanças ocorri<strong>das</strong> ou<br />

que venham a acontecer num futuro próximo.<br />

Quaisquer capacidades militares só podem ser efectivas<br />

se a Força possuir uma Logística sólida e dimensionada<br />

à missão que lhe foi atribuída. O apoio<br />

Logístico existente, requer cuidados especiais e<br />

ponderações, pois dele depende a sustentabilidade, mas<br />

também a sobrevivência da Força que actua a milhares<br />

de quilómetros do nosso Território. O apoio é sempre<br />

dimensionado em função <strong>das</strong> infra-estruturas e apoios<br />

existentes no Teatro em que se opera, numa óptica de<br />

economia de meios e custos, de forma a proporcionar<br />

as melhores condições aos militares. “Pode afirmar-se<br />

que o bom funcionamento do apoio de serviços é uma<br />

38 KTM<br />

face invisível e que o seu sucesso muitas vezes passa<br />

despercebido, onde, por contrário, ao mais pequeno sinal<br />

de falta, esta é amplamente manifestada e sentida.<br />

O <strong>Exército</strong> tem garantido que as suas Forças são servi<strong>das</strong><br />

por uma Logística que contempla, na quase totalidade,<br />

responsabilidades nacionais completa<strong>das</strong> à<br />

custa da projecção, a partir do Território Nacional para<br />

os TO, de diversos artigos, e que integra ainda, dois<br />

sistemas alternativos:<br />

- Acordos com outros Países que têm Forças no TO sobre<br />

a forma de contratos;<br />

- O recurso ao mercado local.<br />

A aquisição de artigos no mercado local e aos diversos<br />

Contingentes, tem sido primordial, face aos escassos<br />

voos de sustentação. O apoio prestado pelo Contingente<br />

Francês localizado em Camp Novo Selo, ao<br />

nível <strong>das</strong> viaturas M11 Panhard, no reabastecimento de<br />

classe IX, e em alguns trabalhos mais específicos de<br />

manutenção, como é o caso da montagem de pneus e<br />

fornecimento de componentes para as latrinas, duches e<br />

cozinha de campanha tem sido importante. Outro material<br />

fornecido, de origem Francesa, tem sido de extremo<br />

valor, pois através dele temos conseguido manter um<br />

elevado grau de operacionalidade dos equipamentos. O<br />

Contingente Americano situado em Bondsteel é outra<br />

situação que se aplica na obtenção de sobressalentes<br />

para viaturas de origem Norte-Americana. Devido<br />

ao seu avançado sistema Logístico, este permite-nos<br />

efectuar requisições de peças que nos são necessárias<br />

para resolução de problemas que surgem. Falamos de


sobressalentes para as viaturas M816 Pronto Socorro,<br />

M49 auto tanque de combustível 4500L e o camião<br />

tractor M818.<br />

A manutenção, entendida na sua globalidade, combina<br />

acções de gestão, técnicas e económicas, aplica<strong>das</strong> a<br />

to<strong>das</strong> as viaturas, aos equipamentos e armamento existentes<br />

no TO do Kosovo, tendo como objectivo primário<br />

a operacionalidade dos meios do Batalhão. De facto,<br />

esta cooperação e apoio prestado pelos Contingentes<br />

tem sido exemplar, fruto, em parte, de um bom relacionamento<br />

com os mesmos (estando convictos de que<br />

mantivemos a “fasquia do relacionamento”, elevada.).<br />

Além deste processo, o mercado local tem sido outro<br />

recurso bastante eficaz, uma vez que economicamente<br />

versus rapidez de satisfação dos artigos pretendidos,<br />

verifica-se ser mais vantajoso a sua aquisição no TO,<br />

do que o seu fornecimento via Nacional. Contudo a<br />

sua aquisição carece sempre de uma proposta e uma<br />

aprovação pelos órgãos competentes. Importa salientar<br />

outro ponto no apoio na sustentação da força, o transporte<br />

aéreo. Sem querer-mos alongar sobre as vantagens,<br />

inconvenientes e limitações na utilização deste<br />

meio, certo é que Portugal devido aos compromissos<br />

internacionais e nacionais, não terá aviões (C-130)<br />

suficientes para as necessidades. Associado à falta de<br />

meios está o custo do transporte, que se torna bastante<br />

oneroso ao <strong>Exército</strong>. Como força destacada no Kosovo,<br />

estava previsto a sustentação através de um avião,<br />

não se efectuando devido a dificuldades várias. Como<br />

alternativa, foi utilizado o meio terrestre (um camião<br />

TIR). Realizado este apoio, verificou-se ser uma forma<br />

a explorar no futuro. Acautelando alguns pormenores<br />

referentes a questões alfandegárias e transporte de determinados<br />

materiais, conclui-se que a capacidade de<br />

carga é bastante superior e os custos associados serão<br />

bastante menores.<br />

O apoio de serviços, numa lógica de aquisição e prestação<br />

de serviços “outsourcing”, é um sinal evidente de<br />

evolução e inovação neste TO por parte do <strong>Exército</strong>.<br />

A contratação de uma empresa civil para fornecimento<br />

de alimentação e manutenção de instalações, tem como<br />

objectivo aligeirar o apoio Logístico Nacional, bem<br />

como o <strong>das</strong> Forças Destaca<strong>das</strong>. Deste modo, permite-<br />

-nos uma maior concentração no âmbito operacional.<br />

Importa nunca esquecer outro objectivo implícito: “A<br />

óptica de economia de meios e custos, de forma a proporcionar<br />

as melhores condições aos militares”.<br />

Como inicialmente foi afirmado, vivem-se tempos de<br />

mudança no TO do Kosovo. A redução de Tropas está<br />

a decorrer de acordo com o plano gizado pela NATO.<br />

Este factor levou à inclusão de uma unidade logística,<br />

com características polivalentes, que visa suplantar as<br />

lacunas provoca<strong>das</strong> pela saída ou redução dos Contingentes.<br />

Estamos a referir-nos ao Joint Logistic Support<br />

Group (JLSG). O JLSG, é a mais nova Unidade<br />

da KFOR, visando o apoio logístico aos Contingentes<br />

na KFOR. Esta nova estrutura, a operar neste Teatro<br />

desde Novembro de 2009, encontra-se numa fase de<br />

implementação e organização. As capacidades desta<br />

unidade vão para além <strong>das</strong> do Teatro de Operações<br />

do Kosovo. O JLSG é constituído por uma Unidade<br />

de Transporte, uma Unidade de Engenharia e uma de<br />

Reception Staging and Onward Movement (RSOM).<br />

Também integrado nesta Unidade, mas fora do TO,<br />

existe o porto de embarque e desembarque na Grécia,<br />

Zona de Comunicações, (COMMZ Thessaloniki (S)) e<br />

as instalações médicas de apoio à KFOR. O objectivo<br />

principal é aumentar o nível de cooperação entre as Nações<br />

e a NATO, através dos National Support Element<br />

(NSE’s), dos Contingentes. A cooperação, permitirá às<br />

Nações reduzir os meios logísticos nacionais no TO,<br />

mantendo a mesma capacidade de resposta, rentabilizando<br />

os meios existentes. No final, os países participantes<br />

na KFOR vão observar uma redução nos custos<br />

globais, algo que será recebido de bom grado, num<br />

período de crise económica.<br />

KTM 39


Organigrama do Joint Logistic Support Group<br />

O JLSG também vai desempenhar um papel importante<br />

no fornecimento de combustível através da NATO<br />

Maintainance and Supply Agency (NAMSA), para<br />

veículos, geradores e helicópteros, outrora da responsabilidade<br />

da França (Lead Nation). A sua localização<br />

ficará no HQ da KFOR em Film City / Pristina. Esta<br />

será a primeira operação em que o novo conceito de<br />

Logística Internacional é introduzido. O envolvimento<br />

<strong>das</strong> nações participantes na NATO, permitirá dar apoio,<br />

a pedido do JLSG, às outras Nações. Descrevendo<br />

um pouco a missão e o modo de emprego desta Unidade,<br />

podemos afirmar que Portugal irá beneficiar com<br />

esta implementação. Sabendo que na nossa orgânica<br />

não está contemplado um NSE, ao analisarmos as dependências<br />

e relações de comando no organigrama<br />

apresentado neste artigo, verificamos que os Contingentes<br />

contribuem com Unidades constituí<strong>das</strong>. Através<br />

de uma dedução lógica, chegamos a uma conclusão:<br />

não temos NSE, não contribuímos com nenhum tipo de<br />

meio e sendo uma força NATO no TO do Kosovo, em<br />

caso de necessidade, podemos usufruir <strong>das</strong> valências do<br />

JLSG. Não seria descabido no futuro pensar-se num envolvimento<br />

de empresas Portuguesas no apoio logístico<br />

aos Contingentes Portugueses. Poderia pensar-se em<br />

ter as refeições com géneros Portugueses. O moral e<br />

bem-estar dos militares estavam mais salvaguardados,<br />

fomentava-se a economia nacional e estabelecia-se<br />

contactos locais com possíveis empresas ou comércio<br />

local. Assim a integração logística civil ou militar seria<br />

uma realidade posta em prática com vantagens sobejamente<br />

identifica<strong>das</strong>.<br />

Os tempos que se avizinham serão de grande mudança,<br />

existindo a possibilidade de sair do aquartelamento em<br />

SLIM LINES ou sermos reforçados no actual.<br />

Perante as opções, deverá ser equacionado uma Unidade<br />

de apoio (NSE). Esta contribuiria com meios<br />

para JLSG e ainda poderia reforçar ou libertar a Força<br />

Destacada de tarefas ditas logísticas, para focalizar-se<br />

na parte operacional.<br />

40 KTM<br />

Foram muitos os desafios que tivemos e que ainda vamos<br />

enfrentar, pois todos foram assumidos colectivamente<br />

e por isso, os objectivos até agora alcançados,<br />

pertencem a todos os militares.<br />

É através de um forte espírito de missão e a flexibilidade<br />

de conduta, alia<strong>das</strong> a uma elevada competência<br />

técnica dos militares que servem neste Batalhão, que se<br />

atingem padrões elevados de sucesso na KTM, sabendo<br />

que cumprimos o nosso papel e que contribuímos para<br />

o prestígio de Portugal.<br />

“O Batalhão vive, porque a Logística faz<br />

acontecer…”


Eis-nos no TO do Kosovo.<br />

Aqui passámos e trabalhámos como um todo, num espírito<br />

de sã camaradagem, passados que estão 4 meses<br />

de missão.<br />

Durante este tempo de missão, compartilhamos áreas<br />

que nos são comuns: refeitório, instalações sanitárias,<br />

zonas de lazer, alojamentos vulgo “CORIMEC” , etc.<br />

A vida em comunidade nem sempre é fácil. Cada um<br />

de nós tem a sua própria personalidade, as suas exigências,<br />

os seus hábitos, mas temos que viver em conjunto<br />

e para isso é necessário bom senso, respeito e capacidade<br />

de aceitação de tais diferenças.<br />

No que concerne ao módulo de Engenharia, os seus<br />

militares cumprem com garbo a sua missão quando<br />

executam as suas tarefas no dia-a-dia, sendo notório a<br />

satisfação pessoal de cada um de pertencerem a este<br />

Módulo, tornando-se parte integrante <strong>das</strong> Missões de<br />

Manutenção de Apoio à Paz, e sem dúvida alguma, são<br />

um elemento precioso. Acresce dizer que este Módulo<br />

está orientado para duas vertentes:<br />

1. Trabalhos em benefício de melhoramentos <strong>das</strong><br />

instalações do Batalhão;<br />

2. Trabalhos no âmbito de acções CIMIC, se assim for<br />

intenção do Comando do Batalhão (cooperando com<br />

a população civil do Kosovo).<br />

Pertencer a esta equipa é cumulativamente cooperar<br />

em prol do bem-estar dos militares do nosso Batalhão,<br />

pelo facto de possuir elementos com vontade e capacidade<br />

de desenvolver diversificado volume de trabalho,<br />

com qualidade e prontidão.<br />

Por vezes, as solicitações “são mais que muitas” o que<br />

nos afecta a todos, o que implica que cada militar tenha<br />

que ser multifuncional para que se consiga cumprir a<br />

missão que nos propusemos alcançar. Mas tudo isto é<br />

encarado da melhor forma.<br />

É dentro deste espírito que todos contribuímos com<br />

elevado empenho, pese embora que a cada um, compete<br />

uma tarefa específica na difusão do bem, sendo<br />

to<strong>das</strong> elas de crucial importância. Todos são fiéis no<br />

cumprimento de todos os seus deveres e se esforçam<br />

para darem cumprimento a to<strong>das</strong> as solicitações.<br />

À medida que formos caminhando, os horizontes tornar-se-ão<br />

amplos e maravilhosos, contudo, temos a<br />

consciência tranquila de que com esforço/sacrifício<br />

conseguiremos alcançar o...<br />

“...cimo da montanha”.<br />

KTM 41


1. INTRODUÇÃO<br />

Na qualidade de Comandante da Companhia<br />

de Comando e Serviços da KFOR Tactical Reserve<br />

Monoeuvre Battalion (KTM), estacionada em Pristina,<br />

pretendo deixar algumas impressões pessoais sobre a<br />

Unidade que comando.<br />

A Alfa Company (ACoy) é a Companhia de Comando e<br />

Serviços da KTM, com a missão de apoiar as Unidades<br />

de Manobra, quer em Exercícios quer em Operações, e<br />

garantir o normal funcionamento do Campo <strong>Português</strong><br />

em Pristina.<br />

Sendo uma Companhia com diversas capacidades e<br />

valências, e sempre com inúmeras frentes de trabalho<br />

em simultâneo, obrigatoriamente tem características<br />

próprias, <strong>das</strong> quais se destacam: a elevada necessidade<br />

de descentralização de tarefas e respectiva confiança<br />

nos subordinados, e ainda planeamento diário, inopinado,<br />

detalhado e personalizado. Personalizado, porque<br />

os recursos humanos são sempre escassos, para a multiplicidade<br />

de tarefas que surgem no dia-a-dia, e, como<br />

tal, as ordens são da<strong>das</strong> homem a homem.<br />

Por diversas vezes costumo referir que “trabalhamos<br />

no escuro”, mas sempre em prol <strong>das</strong> Operações do<br />

Batalhão.<br />

No dia-a-dia nada pode falhar, desde um simples parafuso,<br />

à dobradiça da porta, à colocação da tela nas vedações<br />

exteriores, passando pela comida que nos vem<br />

parar ao prato, à viatura que não tem travões, ao rádio<br />

que não transmite, ao esquentador que não funciona ou<br />

uma simples constipação a incomodar… tudo é responsabilidade<br />

da ACoy. Então…cabe à ACoy repor a normalidade<br />

no Campo <strong>Português</strong>.<br />

42 KTM<br />

Desde muito cedo considerámos importante resolver os<br />

problemas antes deles acontecerem, mas para tal, são<br />

necessárias duas coisas: ter experiência nas diferentes<br />

áreas e antever medi<strong>das</strong> preventivas.<br />

Todos estes aspectos, obrigam-nos a não cometer erros,<br />

porque no dia em que algum aspecto falhar, dificilmente<br />

se conseguirá ocultar.<br />

A ACoy é como um relógio de corda, do qual precisamos<br />

de to<strong>das</strong> as suas peças para trabalhar, que precisa<br />

de andar sempre bem apertado ao pulso e sobretudo de<br />

alguém que diariamente lhe dê corda. No seu interior<br />

este relógio é composto por ro<strong>das</strong> denta<strong>das</strong>, que trabalham<br />

to<strong>das</strong> no mesmo sentido e em perfeita sintonia.<br />

2. CAPACIDADES<br />

Estas são as principais capacidades que a ACoy garante<br />

ao Batalhão:<br />

1. Garantir comunicações no interior do aquartelamento,<br />

em exercícios e Operações;<br />

2. Assegurar a manutenção e reparação de material de<br />

Transmissões;<br />

3. Reparar e assegurar a manutenção de to<strong>das</strong> as viaturas<br />

do Batalhão;<br />

4. Evacuar e tratar dos indisponíveis;<br />

5. Reparar qualquer problema de qualquer equipamento<br />

eléctrico;<br />

6. Reparar qualquer problema em instalações de trabalho<br />

ou alojamento;<br />

7. Capacidade de executar trabalhos de canalização e<br />

carpintaria;<br />

8. Garantir reabastecimento ao Batalhão;<br />

9. Capacidade para montar e operar banhos e latrinas;<br />

10. Assegurar capacidade de transporte ao Batalhão;


11. Garantir a confecção de alimentação em qualquer<br />

local do Teatro de Operações.<br />

Para assegurar estas capacidades, apenas se consegue<br />

com pessoal treinado, especializado, e acima de tudo,<br />

com muita vontade de bem servir.<br />

3. LIMITAÇÕES<br />

Até Junho de 2009, a maioria dos trabalhos de manutenção<br />

do Aquartelamento, eram da responsabilidade do<br />

National Support Element do Reino Unido (NSE UK),<br />

regendo-se pelo acordo técnico celebrado entre os dois<br />

países. Esta realidade permitia à ACoy ter o seu potencial<br />

direccionado essencialmente para os Exercícios e<br />

Operações.<br />

Pós Junho de 2009, a ACoy, para além de garantir a<br />

manutenção do aquartelamento, continua a garantir o<br />

apoio às diversas Operações e Exercícios com praticamente<br />

20% do seu efectivo. Tendo em consideração<br />

que praticamente to<strong>das</strong> as semanas decorrem Exercícios<br />

ou Operações, a ACoy tem, na maioria <strong>das</strong> vezes,<br />

20% do seu Efectivo no Exterior do Aquartelamento.<br />

Ou seja, como limitações, considero apenas o efectivo<br />

da ACoy que se encontra demasiadamente subdimensionado<br />

para a multiplicidade de tarefas atribuí<strong>das</strong>.<br />

4. ACOY EM OPERAÇÕES<br />

“O apoio de serviços em campanha, visa a manutenção<br />

do potencial de combate da força durante o tempo necessário<br />

ao cumprimento da sua missão. Materializa-se<br />

na procura e obtenção dos abastecimentos, incluindo o<br />

seu armazenamento, acondicionamento e transporte, a<br />

manutenção e reparação de material, o apoio sanitário,<br />

a evacuação e tratamento de baixas, os recompletamentos<br />

e os serviços de moral e bem-estar necessários ."<br />

Relativamente ao Conceito de emprego da ACoy na<br />

projecção para Operações, pode ser empregue em duas<br />

modalidades: KTM Group ou KTM Force.<br />

Após recepção da ordem para emprego da KTM, serão<br />

analisados todos os factores e será feita a opção pelos<br />

meios de apoio de serviços necessários para cada<br />

Operação. Este apoio também varia consoante a área de<br />

implementação e respectivas infra-estruturas de apoio.<br />

Para a projecção rápida dos meios da Alfa, é importante<br />

ter um bom plano de carregamento e acima de tudo,<br />

conduzir treinos em diferentes modalidades (KTM<br />

Group e KMT Force) quer de dia, quer em condições<br />

de visibilidade reduzida.<br />

A ACoy, como “músculo” e executor logístico, mantém<br />

ligação directa com a Logística, no sentido de garantir<br />

apoio contínuo às operações e optimizar recursos humanos<br />

e materiais.<br />

5. COMANDAR A ACOY<br />

Torna-se fácil comandar a ACoy, com recursos humanos<br />

qualificados, com vontade de bem cumprir, com<br />

disponibilidade e profissionalismo. Atendendo ao nível<br />

de descentralização de trabalhos, é crucial ter bons Comandantes<br />

de Módulos /Pelotões e acima de tudo boas<br />

relações que nos permita uma confiança mútua.<br />

Para além da ligação descendente, é importante<br />

estreitar ligações com o 2º Comandante da Força, que<br />

por via <strong>das</strong> suas responsabilidades, terá que andar dois<br />

passos à minha frente, e com o Oficial de Logística, um<br />

passo à minha frente. Para além desta ligação, é também<br />

importante perceber as necessidades <strong>das</strong> Unidades<br />

de manobra, porque é a estas unidades a quem a ACoy<br />

presta serviços.<br />

KTM 43


O Quadro Orgânico do 1BIMec/KFOR contempla<br />

na Alfa Coy, um Módulo de Manutenção composto<br />

por 14 militares (1 Oficial, 4 Sargentos e 9 Praças), que<br />

se constituem em 4 equipas: Equipa de Manutenção de<br />

Equipamento Geral, Equipa de Reabastecimento e duas<br />

Equipas de Manutenção Auto.<br />

Este Módulo tem como missão executar trabalhos de<br />

Manutenção Intermédia de Apoio Directo e a responsabilidade<br />

de evacuar e recuperar viaturas.<br />

A Manutenção é uma Função Logística que combina,<br />

acções de gestão, técnicas e económicas, aplica<strong>das</strong> a<br />

to<strong>das</strong> as viaturas, equipamentos e armamento, neste<br />

caso, existentes no Teatro de Operações do Kosovo.<br />

Passando pelas acções de conservação para manter os<br />

equipamentos em boas condições de utilização e de armazenamento,<br />

pelas acções correctivas para reposição<br />

da operacionalidade, até às acções preventivas, que são<br />

executa<strong>das</strong> de acordo com um programa pré-concebido.<br />

Depressa se depreende, que os objectivos da Manutenção<br />

concorrem para os do 1BIMec/KFOR, já que esta<br />

influencia largamente o seu desempenho operacional.<br />

44 KTM<br />

Como seria se em combate e na hora de nos defendermos,<br />

o armamento não disparasse ou a viatura ficasse<br />

imobilizada? A situação seria deveras complicada, podendo<br />

colocar em risco muitas vi<strong>das</strong>.<br />

Desde a constituição da FND e ainda durante a fase do<br />

Aprontamento, muitos foram os trabalhos e as evacuações<br />

efectua<strong>das</strong> pela Manutenção. Após a chegada<br />

ao Teatro de Operações, já foram efectua<strong>das</strong> mais de<br />

Seiscentas (600) Ordens de Trabalho, essencialmente<br />

respeitantes a viaturas (cerca de 80%), tendo sido gasta<br />

uma elevada quantia na Manutenção Preventiva e Correctiva.<br />

Não tem sido fácil manter a operacionalidade de 107<br />

Viaturas, 36 Atrelados, 520 Armas e 345 Equipamentos<br />

Óptico/Optrónicos e Eléctricos existentes no Teatro<br />

de Operações, mas o que é um facto, é que tem sido<br />

conseguida, evidentemente com a necessária e imprescindível<br />

colaboração de cada um dos militares que<br />

constituem o 1BIMec e que têm à sua responsabilidade<br />

cada viatura/equipamento/armamento. É de referir<br />

ainda o acréscimo de trabalho com a aquisição do Campo<br />

aos Ingleses, nomeadamente 1 viatura Land Rover,


16 Geradores de 250KVA, 1 Gerador de 80KVA e todos<br />

os equipamentos mecânicos <strong>das</strong> instalações sanitárias.<br />

As condições climatéricas vivi<strong>das</strong> no Kosovo, mais<br />

propriamente a neve, o gelo e as baixas temperaturas,<br />

já permitiram perceber a todos, o quanto é importante<br />

ter alguns cuidados com estes meios, essencialmente<br />

ao nível preventivo.<br />

Para além <strong>das</strong> tarefas mais específicas efectua<strong>das</strong> pelo<br />

Módulo de Manutenção, ainda é de destacar o apoio<br />

prestado aos exercícios de CRC, às diversas Operações<br />

e exercícios efectuados pelas Companhias e pelo<br />

Batalhão, actividades que não deixam muito tempo,<br />

para o merecido descanso e a participação em alguns<br />

eventos de lazer, mas, sempre que possível, os elementos<br />

da Manutenção fazem questão de estar presentes.<br />

No Teatro de Operações e no que diz respeito ao reabastecimento<br />

de sobressalentes Classe IX, o recurso<br />

ao mercado local e a alguns Contingentes, tem sido<br />

primordial, face á não existência de voos de sustentação,<br />

apenas houve um reabastecimento por via rodoviaria.<br />

É de salientar o apoio prestado pelo Contingente<br />

Francês, situado em Novo Selo, às viaturas Auto Blindado<br />

Ligeiro Panhard M11, quer ao nível do reabastecimento<br />

da classe IX, quer na montagem de pneus e<br />

ao nível o material de intendência.<br />

São muitos e variados os desafios enfrentados e que<br />

foram assumidos colectivamente. Por isso mesmo, os<br />

objectivos até agora alcançados, pertencem a todos<br />

os militares do Módulo de Manutenção. Mas o mais<br />

importante, é sentirmos que o 1BIMec, conta efectivamente<br />

com o Pessoal da Manutenção, o que significa<br />

que cumprimos o nosso dever e que contribuímos para<br />

o prestígio do 1BIMec e de Portugal.<br />

É gratificante para o Oficial de Manutenção, verificar<br />

que todos os militares do Módulo de Manutenção,<br />

se têm aplicado com todo o seu saber e empenho no<br />

serviço prestado, mostrando deste modo, uma grande<br />

amizade e camaradagem.<br />

KTM 45


Introdução<br />

A FRAGO 1 4255 ETO IV da KFOR, determina<br />

que a KTM seja projectada para a Multi National<br />

Battle Group North (MNBG-N), de 08 a 14 de Fevereiro<br />

de 2010, devido à rotação da Força Dinamarquesa<br />

e ao facto <strong>das</strong> Companhias Francesa e Grega serem,<br />

respectivamente, reserva do Battle Group Norte e da<br />

KFOR. A B Coy da KTM, deslocou-se, uma vez mais,<br />

ao Norte do Kosovo, para conduzir, não uma Operação<br />

de Reconhecimento (como da primeira vez), mas sim,<br />

uma Operação de Proximidade, em reforço ao MNBG-<br />

N, do dia 08 até ao dia 13 de Fevereiro. A Companhia<br />

instalou-se em Campo Belvedere – local de onde desenvolveu<br />

esta Operação.<br />

Durante esta semana, foram efectua<strong>das</strong> três tarefas distintas:<br />

patrulhas de presença à Area of Responsibility<br />

(AOR) atribuída, guarnecer um Posto de Observação<br />

(PO) e reconhecimento à rede eléctrica de Mitrovica.<br />

A nossa AOR, MITROVICA<br />

Mitrovica, área de responsabilidade da B Coy durante<br />

a operação, é uma cidade que, devido ao seu passado<br />

e à natural fronteira que existe entre Albaneses e Sérvios,<br />

é considerada como “local sensível” ou “Hot-<br />

Spot”. O obstáculo natural que separa as duas etnias<br />

é o Rio IBAR: a Norte do rio instalaram-se os Sérvios<br />

e a Sul, os Albaneses, sendo este o facto que traduz a<br />

singularidade e especificidade desta cidade. Um exemplo,<br />

é o facto de existirem instituições públicas diferentes<br />

a cumprir o mesmo fim, de um lado para outro do<br />

rio, nomeadamente de fornecimento de electricidade.<br />

Outro bom exemplo, são as estruturas políticas paralelas<br />

existentes a Norte, que, por estarem mais próximas<br />

da vizinha Sérvia, funcionam melhor e conseguem<br />

mais autonomia do que as restantes, espalha<strong>das</strong> pelo<br />

Kosovo.<br />

Quando se fala em Mitrovica fala-se em locais, tais<br />

como: o Tribunal e a Ponte de Austerlitz (também<br />

designada por Main Bridge ou ponte principal), por<br />

serem pontos de referência devido aos tumultos, manifestações<br />

e confrontos, que nesses locais ocorreram.<br />

46 KTM<br />

Patrulhas de Presença<br />

Esta tarefa tinha como finalidade garantir o Situational<br />

Awareness (SA) garantindo alerta oportuno de qualquer<br />

alteração à situação. Foram desenvolvi<strong>das</strong> por Secções,<br />

a uma ou duas viaturas (quando possível).<br />

Na matriz de execução, constavam os locais, as horas<br />

de início e términos e se a patrulha tinha tradutor disponível.<br />

As patrulhas não tinham um padrão, ou seja,<br />

houve a preocupação de não começarem sempre à<br />

mesma hora, nem ser sempre às mesmas localidades<br />

ou com um itinerário obrigatório. O Comandante de<br />

Secção teve um papel preponderante para não dar azo à<br />

criação de rotinas, percorrendo, por exemplo, trajectos<br />

diferentes de abordagem às localidades e de regresso ao<br />

Campo Belvedere.<br />

Posto de Observação<br />

À tarefa de guarnecer o PO, estava igualmente associada<br />

a finalidade de garantir o SA, através do alerta em<br />

tempo, de alterações à situação, mas com a preocupação<br />

acrescida de comunicar a circulação de viaturas da<br />

KEK 2 e viaturas do SOI (Unidade Especial da Kosovo<br />

Police, Albanesa), no sentido de Zvecan.<br />

Cada Pelotão ficou responsável por guarnecer o PO<br />

durante dois dias não consecutivos. Sendo uma tarefa<br />

de Secção, cada Comandante de Pelotão dividiu o dia<br />

pelas suas três Secções.<br />

Para auxiliar o cumprimento desta missão, para além<br />

da sua viatura Iveco, cada Comandante de Secção teve,<br />

no local e em permanência, uma VBR Chaimite V200,<br />

do Pelotão.<br />

Mais uma vez, o trabalho de planeamento do Comandante<br />

de Secção foi fulcral! A decisão do material<br />

colectivo e individual a levar para o PO, foi determinante<br />

para o bem-estar dos militares, durante o “lapso<br />

de tempo” que tiveram de cumprir aquela tarefa. Um<br />

bom exemplo foi a preocupação de carregar os conjuntos<br />

de iluminação e da utilização dos aparelhos de visão<br />

nocturna.<br />

Reconhecimento à rede eléctrica<br />

Sendo Mitrovica abastecida por três postos de transformação<br />

de energia, coube a cada Pelotão estudar<br />

um posto e seguir as suas linhas, ficando distribuído<br />

do seguinte modo: Mali Zvecan para o 1PelAt, Mitro-


vica-1 para o 2PelAt e Mitrovica-2/3 para o 3PelAt.<br />

Pretendia-se, desta forma, obter uma perspectiva global<br />

da distribuição eléctrica e estudar a competição entre<br />

as duas empresas de fornecimento de energia – KEK<br />

e EPS .<br />

Devido ao empenhamento <strong>das</strong> Secções nas tarefas de<br />

efectuar patrulhas e guarnecer o PO, os Comandantes<br />

de Pelotão, chamaram até si a responsabilidade de<br />

fazer este levantamento. Foi um trabalho interessante<br />

que suscitou muitas dúvi<strong>das</strong> iniciais, muitas discussões<br />

importantes e uma perspectiva diferente de olhar para<br />

os “postes de electricidade”.<br />

Concorrendo para o objectivo, podemos evidenciar as<br />

seguintes actividades:<br />

- Entrevistas com as empresas do sector, inicialmente<br />

através do Comandante de Companhia e, mais pormenorizadamente,<br />

pelos Comandantes de Pelotão;<br />

- Reconhecimento às linhas de 35Kw e de 10Kw;<br />

- Apresentação dos resultados obtidos em formato<br />

power point.<br />

Conclusões<br />

Esta Operação foi um sucesso devido à aplicação e esforço<br />

de toda a Companhia. O estado final pretendido<br />

“imagem de saber fazer e profissionalismo” foram, sem<br />

dúvida, alcançados!<br />

Para além da imagem de sucesso, vai-nos ficar na<br />

memória pelo irrepreensível trabalho de apoio de serviços<br />

prestado, que nos proporcionou uma rápida e<br />

confortável instalação em Corimec, tendo sido a consequência<br />

da sinergia entre os comandos da B Coy e do<br />

MNBG-N.<br />

A alimentação – com qualidade excepcional e na quantidade<br />

desejada – foi um factor de motivação para trabalhar<br />

e muito importante para a quebra da rotina <strong>das</strong><br />

refeições do Campo Slim Lines.<br />

Podemos concluir que, quando possível, as Companhias<br />

devem trabalhar em locais que já tenham desenvolvido<br />

operações. Relembramos que a Companhia<br />

tinha trabalhado nesta área, numa Operação de Reconhecimento,<br />

o que se traduziu numa maior facilidade<br />

de navegação e, consequentemente, maior facilidade<br />

em trabalhar/operar.<br />

Com o deslocamento a Mitrovica, ficámos com um<br />

conhecimento pormenorizado <strong>das</strong> diferenças entre o<br />

Sul e o Norte do Rio Ibar e constatámo-lo na primeira<br />

pessoa.<br />

Através do espectro geral da actividade operacional <strong>das</strong><br />

Secções e da exigência requerida nas tarefas por elas<br />

desenvolvi<strong>das</strong>, quer parecer-nos que os Comandantes<br />

de Secção fizeram um grande trabalho. Uma <strong>das</strong> causas<br />

do sucesso desta operação foi o facto de se terem dado<br />

as “ferramentas” e as Secções desenvolvido o seu trabalho,<br />

tendo sido evidenciado muito profissionalismo<br />

no planeamento e na condução <strong>das</strong> tarefas.<br />

Outro vector, deveras importante para o resultado muito<br />

positivo, foi o trabalho dos Sargentos de Pelotão. A<br />

monitorização, ou seja, o controlo e acompanhamento<br />

KTM 47


<strong>das</strong> Secções, bem como, a ajuda na pesquisa e na interpretação<br />

dos dados obtidos nos reconhecimentos,<br />

foram as tarefas em que mais se destacaram.<br />

No que concerne ao reconhecimento à rede eléctrica,<br />

podemos concluir o seguinte:<br />

Não há concorrência entre a KEK e a EPS;<br />

Em caso de necessidade, pode haver troca de energia<br />

entre as duas empresas, mas, neste momento, não<br />

existe;<br />

A estação de Mali Zvecan (da EPS) fornece energia a<br />

Alesia;<br />

A estação Mitovica-1 (da EPS) fornece energia a toda a<br />

margem Norte do Rio Ibar;<br />

A estação MITROVICA-2/3 (da KEK) fornece<br />

energia a toda a margem Sul do Rio Ibar e a Donje Vinarce<br />

e Gusavac, aldeias do Norte (única excepção ao<br />

facto <strong>das</strong> estações abastecerem o lado do rio onde estão<br />

instala<strong>das</strong>);<br />

Existe passagem de linha do Norte para o Sul do Ibar,<br />

mas esta linha da EPS não fornece nenhuma casa do<br />

lado Albanês.<br />

Rematando as considerações finais, evidenciamos a<br />

singularidade da cidade de Mitrovica, cidade diferente<br />

de todo o Kosovo. Confirmámos essa diferença, ao sen-<br />

48 KTM<br />

tir o pulso da população durante as patrulhas.<br />

Das ruas aperta<strong>das</strong> e da falta de luz natural de algumas<br />

localidades do Norte da cidade, sentimos algo de estranho<br />

e, por vezes, até hostil. A Sul do Rio Ibar, com mais<br />

pessoas, comércio e áreas verdes, tudo é mais pacato,<br />

se bem que igualmente diferente, do resto do Kosovo.<br />

Para os “Tigres” foi, sem dúvida, a melhor, a que mais<br />

desafios trouxe e a mais motivante, de to<strong>das</strong> as Operações<br />

que realizámos no Kosovo, em 2009/2010.


Before being deployed to a mission like Kosovo<br />

Force (KFOR), everybody of us had to undergo<br />

various trainings and to complete several courses,<br />

according to his profession and function. During numerous<br />

exercises we had to demonstrate our abilities,<br />

because – for God’s sake – there is no need for all of<br />

our military skills during daily life back home. We are<br />

happy to live in peace in our countries, but that’s not<br />

possible for everybody in the world.<br />

For this reason many nations consent to enforce and<br />

support peace in crisis regions under the mandate of<br />

the United Nations. Therefore military means are<br />

necessary. In case of being deployed to such a mission,<br />

troops have to take up several challenges, which are not<br />

able to be trained back home, fully.<br />

First of all, being far from home and in an unfamiliar<br />

environment. In most of the cases we see ourselves<br />

confronted with foreign languages, different cultures<br />

and habits we do not understand or know, partly or<br />

even totally. Additional strains might be caused by<br />

serving in areas with a climate we are not used to. Apart<br />

from these external influences there are some internal<br />

challenges as well. The military structures and procedures<br />

are different in most of the troop contributing nations.<br />

To be successful in a mission, we need to have<br />

alongside a high level of training, the necessary<br />

flexibility to be able to adapt and integrate ourselves.<br />

For a multinational cooperation really being able to<br />

work, we need a common working language. Communication<br />

is vital. However, we can already see the next<br />

challenge, because this happens in most cases not in<br />

our mother tongue. OK, we now have to manage all of<br />

these tasks - together!<br />

After serving in our function, we cannot go home as<br />

usual to recover and relax. Everyone has the possibility<br />

to enjoy a degree of leisure. That is also necessary.<br />

Serving together at the same thing for months, also<br />

increases the interest to learn more about each other.<br />

For me it was always exciting to gain more information<br />

about the culture and customs of the comrades of other<br />

nations. It has developed some very good friendships<br />

over time.<br />

Especially in a mission abroad where we are far away<br />

from our loved ones and friends, it is important to know<br />

people with whom we can talk about everything. Who<br />

are listening, if something is depressing us. With whom<br />

we can have fun, and even celebrate. Someone you can<br />

count on - in simple words “real friends”!<br />

At this point I must express my sincere thanks to you<br />

now, the comrades of the Kosovo Force Tactical Manoeuvre<br />

Battalion (KTM). I had the pleasure and honor<br />

to serve with you in KFOR. You have certainly one of<br />

the most difficult and strenuous tasks in this multinational<br />

environment. In numerous exercises you have<br />

proven your high readiness to deploy quickly and act<br />

resolutely against possible perpetrators Kosovo wide.<br />

You were always deeply committed to perform all tasks<br />

and missions to the best of your abilities. Everything<br />

was done with a very high level of professionalism. You<br />

were able to contribute a lot to a Safe And Secure Environment<br />

(SASE) and Freedom Of Movement (FOM)<br />

in Kosovo.<br />

Even more important, from my personal point of view,<br />

is the fact that I made some real friends serving with<br />

KTM. No matter if it was during duty or leisure time,<br />

there was always a common sense of humor, Portuguese<br />

hospitality and trust that I felt in your presence.<br />

Whenever I needed something from your side it was<br />

possible. There was never a “I don’t want to” or “it is<br />

impossible”!<br />

I wish all the best, to my friends and comrades from the<br />

1st Mechanized Infantry Battalion under the command<br />

of Lieutenant Colonel Lino Loureiro Gonçalves, for the<br />

future. Have a safe trip back home to your loved ones<br />

and … I hope to see you again!<br />

OF-3 Andreas Brückner, Austrian Army<br />

Former Chief Internal Communication / PAO / HQ KFOR<br />

KTM 49


Em relação à experiência vivida até agora no<br />

Kosovo, nesta missão, os sentimentos experimentados<br />

por mim têm sido um misto de alegria, surpresa e alguma<br />

saudade.<br />

O primeiro impacto, em relação a esta nova realidade<br />

que aqui se vive, é muito diferente daquilo que eu estava<br />

habituada e que conhecia.<br />

Os costumes, a própria maneira de se viver aqui, tanto<br />

pelos cidadãos do Kosovo como pela realidade vista<br />

por mim, ou mesmo, pela minha nova rotina diária,<br />

têm sido uma experiência enriquecedora e por vezes<br />

complexa, desde a condução sem civismo por parte dos<br />

cidadãos deste País, a degradação do mesmo, os pequenos<br />

cemitérios que surgem nas bermas da estrada por<br />

onde passamos, até mesmo o cheiro vindo <strong>das</strong> centrais<br />

eléctricas que poluem o ar que se respira, ou mesmo o<br />

lixo que se amontoa aqui e ali ao virar de cada esquina,<br />

e mesmo a maneira como este País se vai adaptando à<br />

sua nova realidade, depois do conflito armado vivido<br />

50 KTM<br />

por ele.<br />

Ao ver a realidade deste País, entendo a nossa presença<br />

e a de outras forças como nós, aqui, que apesar<br />

de estar no bom caminho, ainda tem muito trabalho<br />

pela frente, tanto a nível de infraestruturas como a<br />

nível social, comercial e profissional.<br />

A nossa presença aqui, já não se limita só a manutenção<br />

de uma paz que outrora era frágil e instável.<br />

Neste momento, nota-se que o País está a crescer, graças<br />

à vontade de países como o nosso, que enviaram<br />

uma ajuda preciosa quando as pessoas em que nele<br />

viviam necessitavam de ajuda.<br />

Em suma, penso que esta experiência, irá dar mais<br />

bagagem de vida e conhecimento, para a minha vida<br />

futura.


A 29 de Março de 2009, no aeroporto João<br />

Paulo II, une-se um grupo de militares e seus familiares,<br />

para aquela que sabem ser a última vez juntos por<br />

um longo período de tempo doce amargo da saudade<br />

que já parece apertar no peito, com o crescente peso da<br />

responsabilidade de fazer voar bem alto duas Bandeiras:<br />

a de Portugal e a da Região Autónoma dos Açores,<br />

terra que nos viu crescer.<br />

Este grupo heterogéneo de pessoas, cada uma<br />

incomparável entre si, é a marca <strong>das</strong> pessoas Açorianas.<br />

Quentes de coração com o negro basalto <strong>das</strong> ilhas<br />

correndo nas veias, algo representado até no lema da<br />

Companhia de Atiradores do Regimento de Guarnição<br />

nº2 (Connosco quem quiser, contra nos quem puder),<br />

Companhia que nos enviou para o 1ºBatalhão de Infantaria<br />

Mecanizado. Batalhão este que nos aprontou para<br />

resolver qualquer adversidade no Teatro de Operações<br />

do Kosovo.<br />

Mas na nossa diversidade existe um denominador<br />

comum: a união, a camaradagem e a amizade. Grupo<br />

que já muito antes de ser reunido para o propósito de<br />

servir Portugal, se conhecia, trabalhava em conjunto,<br />

com muitas noites pernoita<strong>das</strong> “sobre as estrelas do<br />

campo” elevando assim ao expoente máximo, o espírito<br />

de entreajuda pelo camarada do lado. Este Pelotão<br />

único, que já sofreu a perda de camara<strong>das</strong> ao longo da<br />

estrada, carrega consigo a sua confiança, memória, momentos<br />

passados, conselhos e a experiência de anos.<br />

Estes Soldados, Infantes, de mãos caleja<strong>das</strong> do<br />

árduo labor com que foram criados desde tenra idade,<br />

ganharam o tempero da própria terra que lavraram, o<br />

aspecto áspero ao olho desconhecedor, mas para quem<br />

realmente conhece os Homens Açorianos, sabe que debaixo<br />

da rocha, jaz, bem guardado, o solo mais fértil de<br />

Portugal.<br />

“Somos orgulhos pelo passado que temos,<br />

E de cabeça erguida pelas provas que demos”<br />

KTM 51


Foi com a garganta seca que cruzei a Porta D'Armas<br />

pela segunda vez ao fim de mais de vinte anos, depois<br />

de ter sido a minha primeira Unidade de colocação, por<br />

opção própria, após terminar o Curso de Formação de<br />

Sargentos, em Agosto de 1985, e onde passei os três<br />

anos seguintes fazendo a minha aprendizagem de mecanizados.<br />

Olhando para o passado, as saudades são enormes, pela<br />

camaradagem, companheirismo, entreajuda, espírito de<br />

corpo e por todos aqueles chavões que nós militares<br />

usamos para definir a “amizade”.<br />

Agora as funções que desempenho são outras, mas o<br />

sentimento é o mesmo. Já não tenho uma Secção de<br />

Atiradores para Comandar, nem um M113 para cuidar,<br />

mas nem por isso as exigências são menores.<br />

Sei hoje dar valor ao SMor Faustino, que era o Adjunto<br />

do Comandante à altura, quando chamava um de<br />

nós ao gabinete porque a noitada tinha sido “um pouco<br />

atribulada” ou porque fazíamos mais barulho para encontrar<br />

a fechadura da porta. Por outro lado, também há<br />

que saber compreender aqueles para quem a formatura<br />

é um martírio, porque a noite “passou muito depressa”.<br />

Os tempos são outros, é uma verdade incontornável,<br />

dantes não havia internet, poucos tinham carro, no bar<br />

o convívio era bastante mais fácil porque era o ponto<br />

de encontro e não havia muitos mais sítios para onde ir.<br />

A vida do dia-a-dia era, tal como hoje, passada maioritariamente<br />

no campo, em treino contínuo, em exercícios,<br />

só com algumas diferenças, não havia chuveiros<br />

de campanha, não havia latrinas, não havia ten<strong>das</strong><br />

gore-tex e quando chovia só tínhamos o poncho para<br />

nos proteger, no primeiro quarto de hora.<br />

52 KTM<br />

Mas não eram estas condições que nos tiravam a<br />

vontade de bem cumprir e de fazer o nosso trabalho<br />

o melhor que sabíamos, sendo nesse espírito de entreajuda<br />

e companheirismo, peças fundamentais do<br />

excelente trabalho que desde sempre se desenvolveu<br />

neste Batalhão e que levou a que hoje o seu nome<br />

seja reconhecido por todos.<br />

Como trabalhar com pessoas nunca foi fácil, tenho tentado<br />

dar o melhor de mim mesmo, tal como me foi ensinado,<br />

e que agora também tento fazer com aqueles<br />

que estão na sua fase de aprendizagem.<br />

Tenho por este Batalhão o mesmo sentimento igual de<br />

há vinte e muitos anos atrás, a minha primeira casa… a<br />

nossa casa de sempre.<br />

E é praticamente no final de mais uma missão, <strong>das</strong> muitas<br />

que este Batalhão já viveu, desta vez como FND no<br />

Kosovo, depois de ter passado pela NRF12 que, como<br />

Sargento-chefe e ao fim de quase quatro anos como Adjunto<br />

do Comandante, o respeito e admiração que tenho<br />

por todos os militares que servem no 1º BIMec faz-me<br />

sentir um orgulho enorme em ter desempenhado estas<br />

funções.<br />

É com confiança, que o futuro desta Unidade continuará<br />

a ser brilhante como tem sido até aqui e que se continuará<br />

a fazer jus ao nosso lema:<br />

“O FUTURO DE NÓS DIRÁ”.


A sabedoria popular diz que “somos o que<br />

comemos” e não podia ser mais verdade. A comida<br />

que ingerimos tem um grande impacto na nossa saúde<br />

e bem-estar. Ao manter a forma física e comer bem,<br />

estamos a reduzir o risco de desenvolver doenças relaciona<strong>das</strong><br />

com a alimentação, como doenças de coração,<br />

metabólicas e cancros. Contudo, apesar de existir alimentação<br />

saudável e ser bastante simples, existe ainda<br />

muita confusão no grande público sobre o que consiste<br />

comer bem, ou a ideia geral que já está a cumprir os<br />

requisitos para uma boa alimentação, o que muitas<br />

vezes não é verdade. Por exemplo:<br />

- 69,3% <strong>das</strong> pessoas pensa que a sua alimentação é<br />

saudável;<br />

- 71% <strong>das</strong> pessoas afirma: “eu não preciso de mudar os<br />

meus hábitos alimentares, já que como bastante bem e<br />

de forma saudável”.<br />

Para se tornar ou manter saudável, o nosso corpo precisa<br />

de boa comida, e do tempo e energia para processá-la<br />

e usá-la no seu metabolismo. Uma boa nutrição fornece<br />

ao organismo nutrientes para produzir ou reparar tecidos,<br />

manter o sistema imunitário saudável e permitir ao<br />

corpo executar tarefas diárias com facilidade.<br />

A ligação entre a alimentação e as doenças está muito<br />

bem documentada, e existem vários factores que provam<br />

que o que comemos tem um impacto muito grande<br />

na forma como nos sentimos. Os nossos estilos de vida<br />

e hábitos alimentares mudaram dramaticamente nas<br />

últimas déca<strong>das</strong>. Hoje em dia, confiamos na conveniência<br />

da comida rápida, ou “fast-food” e em suplementos<br />

nutricionais do que propriamente em alimentos frescos.<br />

De facto, existe muita atenção mediática virada para o<br />

que não devemos comer, e pouca informação sobre o<br />

que devemos comer.<br />

Não existem na realidade bons ou maus alimentos –<br />

moderação e equilíbrio na alimentação são as chaves<br />

para se manter saudável. A comida deve ser apreciada –<br />

é possível comer refeições deliciosas e bem prepara<strong>das</strong><br />

que são simultaneamente saudáveis.<br />

O objectivo de uma dieta saudável, na idade adulta, é<br />

assegurar que se mantenham em forma, com vitalidade,<br />

dentes cuidados, um bom sistema imunitário, cabelo e<br />

pele saudáveis, energia abundante e um peso ideal. A<br />

longo prazo, o objectivo é minimizar o risco de doenças<br />

crónicas como doenças cardiovasculares, enfartes,<br />

diabetes, cancro e osteoporose. Tudo isto se consegue,<br />

respeitando as necessidades nutricionais do organismo,<br />

que variam de pessoa para pessoa, com o sexo e com a<br />

actividade física diária.<br />

Assim, comer bem, implica fazer uma correcta distribuição<br />

dos alimentos ao longo do dia, tanto em quantidade<br />

como em qualidade. Fica aqui um exemplo de<br />

uma dieta saudável:<br />

1) Procure iniciar sempre o seu dia com um pequeno-<br />

-almoço completo (ex.: 1 copo de leite meio-gordo, um<br />

pão escuro e uma peça de fruta);<br />

2) A meio da manhã, evite os snacks pré-preparados<br />

que são ricos em açúcar e gordura e opte, por exemplo,<br />

por um iogurte magro;<br />

3) Inicie o seu almoço com uma sopa rica em hortaliças<br />

e legumes, no prato tenha uma pequena porção de peixe<br />

ou carne acompanhada por hortícolas (em salada ou<br />

preparados de outro modo) e arroz, massa, leguminosas<br />

ou batatas; para a sobremesa procure optar sempre por<br />

uma peça de fruta fresca;<br />

4) A meio da tarde pode ingerir por exemplo 1 copo de<br />

leite e 1 pão escuro ou cereais sem açúcar, juntamente<br />

com uma peça de fruta;<br />

5) Ao jantar faça uma refeição semelhante à do almoço,<br />

mas de preferência menos abundante nas quantidades,<br />

procurando alternar sempre carne com peixe e variar na<br />

fruta consumida à sobremesa;<br />

6) Se é costume deitar-se tarde, pode sentir a necessidade<br />

de consumir algum alimento ao deitar, neste<br />

caso 1 iogurte ou uma infusão quente de cidreira ou<br />

camomila, acompanhada de um pequeno pedaço de pão<br />

escuro, pode ser o suficiente para evitar a fome durante<br />

a noite.<br />

7) Não se esqueça de beber água em abundância ao<br />

longo de todo o dia e não apenas quando sente sede!<br />

Todos os alimentos apontados podem ser substituídos<br />

por outros equivalentes de acordo com os gostos individuais,<br />

mas para o estabelecimento de uma dieta<br />

saudável deve-se procurar um Nutricionista ou na<br />

ausência deste, um Médico ou um Enfermeiro.<br />

KTM 53


VISITA CPAE<br />

No âmbito da avaliação psicológica, a Ten Susete<br />

Pereira visitou o 1BIMec/KFOR durante o período de<br />

07 a 23JAN10.<br />

54 KTM<br />

MIGHTY WESTERN WINTER KNIGHT<br />

No período de 04 a 09Jan10, no âmbito <strong>das</strong> Proximity<br />

Operations, a KTM-G, materializada pela BRAVO Coy,<br />

conduziu a Operação MIGHTY WESTERN WINTER<br />

KNIGHT, na AOR da MNTF-W, em duas “Manouvre<br />

Box”, nas regiões vizinhas dos Mosteiros de BU-<br />

DISAVCI e de GORIOK. Esta Operação teve como<br />

principal objectivo executar “intel gathering”, neste<br />

caso respondendo a requisitos de informação específicos<br />

da MNTF-W.<br />

Foram executados patrulhamentos motorizados, apeados,<br />

bem como, a montagem de PO e reuniões com<br />

as LMT e autoridades locais, com vista a identificar<br />

e relatar, entre outras menos significativas, a situação<br />

económica <strong>das</strong> populações e a opinião destas sobre a<br />

saída da KFOR, bem como, a sua futura interacção com<br />

os já referidos Mosteiros.<br />

No decorrer desta operação, por determinação da<br />

KFOR, foram, também, realiza<strong>das</strong> tarefas em apoio à<br />

visita, em 06 e 07 de Janeiro de 2010, do Presidente<br />

Sérvio, Boris Tadic, ao mosteiro Ortodoxo de DECANI.<br />

Escola Primária de Radevo, Lipljan – Intercâmbio<br />

cultural com o Colégio Nossa<br />

Senhora do Amparo de Mirandela<br />

Após a iniciativa do Colégio Nossa Senhora do Amparo<br />

de Mirandela, 05Nov09, iniciou-se em Novembro<br />

um intercâmbio cultural entre ambas as escolas, o qual<br />

foi rapidamente aceite pelo responsável pela Escola<br />

“Vuk Karadzic”.<br />

O referido colégio <strong>Português</strong> enviou material escolar,<br />

que foi entregue por uma SecAt da C Coy em 10Fev10.


Escola Primária de Radevo, Lipjan – Recuperação<br />

de vedação exterior e chão de uma<br />

sala/ginásio<br />

Com o nosso Módulo de Engenharia avaliámos a possibilidade<br />

de fazer a manutenção e/ou recuperação da<br />

vedação exterior e chão de uma <strong>das</strong> salas. Foram ambos<br />

concretizados, desde 21Out09 a 19Fev10, com fundos<br />

angariados com as actividades de ocupação de tempos<br />

livres e com o apoio do Colégio Nossa Senhora do Amparo<br />

de Mirandela.<br />

Escola Primária de Radevo, Lipjan – Abrigo<br />

de passageiros<br />

Na sequência da oferta de um abrigo de passageiros da<br />

empresa Portuguesa “Cabena”, e verificando a necessidade<br />

do mesmo pela escola “Vuk Karadzic”, o nosso<br />

Módulo de Engenharia procedeu à respectiva montagem<br />

em frente à escola desde 12Dec09 a 10Fev10, estando<br />

já a ser utilizado pelas crianças.<br />

EXERCICÍO MIGHTY NIGHT AIR SA-<br />

BER I & II<br />

Nos dias 15 e 21Jan10, foram realizados, em Camp Vrelo,<br />

respectivamente, pela C Coy e B Coy, os exercícios<br />

de “Cordon and Search”, escalão KTM-G. Em ambos,<br />

foram, para além da KTM-G, empenhados o GrCmd<br />

da KTM e parte proporcional de Apoio de Serviços da<br />

A Coy. Salienta-se, ainda, a presença de 4 helicópteros<br />

UH-60 da MNTF-E, durante o exercício realizado em<br />

21Jan09, materializando a projecção aérea, “Coy airlift”<br />

de parte da B Coy.<br />

Os exercícios foram enquadrados num hipotético cenário<br />

da existência de um grupo liderado por alguns<br />

“hardliners”, que operava em “Vrelo City”, e que tinham<br />

como objectivo angariar armamento e explosivos<br />

para fazer perigar o Parlamento do KOSOVO. Assim,<br />

a KTM-G tinha como missão executar uma Operação<br />

de Cerco e Busca sem consentimento, liderada pela<br />

KFOR, para deter os referidos “hardliners” e apreender<br />

armamento e explosivos ilegais encontrados.<br />

KTM 55


Visita do “Director Operations, Ministry for<br />

the KSF”<br />

Decorreu, em 19Jan10, a visita do “Director Operations,<br />

Ministry for the Kosovo Security Force” (KSF)”,<br />

Major-General Kastrati, ao 1BIMec/KFOR em SLIM<br />

LINES. Integravam ainda a comitiva, o “Director” do<br />

“NATO Advisory Team” do “International Staff, HQ<br />

NATO” Alistair Corbet, o “Operations, Land Forces<br />

Command”, Coronel Haziri e o “Commander Force<br />

Police” da KSF, Major Maloku.<br />

A estada no “Camp Portugal” começou com a presentação<br />

de boas-vin<strong>das</strong> pelo Cmdt do 1BIMec/KFOR<br />

seguido de um Brífingue, visita ao aquartelamento e<br />

almoço.<br />

56 KTM<br />

MIGHTY SOUTHERN WINTER KNIGHT<br />

No período de 18 a 23Jan10, no âmbito <strong>das</strong> Proximity<br />

Operations, a KTM-G, materializada pela C Coy,<br />

conduziu a Operação MIGHTY WESTERN WINTER<br />

KNIGHT, na AOR do MNBG-S. Esta Operação teve<br />

como principal objectivo treinar a integração e projecção<br />

da reserva do COMKFOR – nível Companhia.<br />

Como tarefa adicional foram também executa<strong>das</strong> actividades<br />

no âmbito do “intel gathering”.<br />

A operação dividiu-se em três fases distintas: patrulhamentos<br />

conjuntos aos “HotSpots” e PrDSS, treino de<br />

adaptação aos meios aéreos da MNBG-S e treino de<br />

projecção da C Coy para os PrDSS, via terrestre para o<br />

Mosteiro de ZOCISTE/ZOQISHTE e via aérea para o<br />

Mosteiro de ARCHANGEL. No âmbito do “intel gathering”<br />

foram realiza<strong>das</strong> reuniões com as LMT locais<br />

e autoridades locais, com vista a identificar e relatar,<br />

entre outras menos significativas, a situação económica<br />

<strong>das</strong> populações, especialmente nos já referidos “Hot-<br />

Spots”.<br />

COS CONFERENCE<br />

Em 20Jan10, teve lugar em “SLIM LINES”, a “Chief<br />

of Staff Conference” (COS CONFERENCE) presidida<br />

pelo “Chief of Staff” da KFOR (COS KFOR) BGen<br />

DAVID L. HARRIS, tendo participado os COS’s <strong>das</strong><br />

MNTF’s Este, Sul e Centro, dos MNBG’s N e W e da<br />

KTM e MSU.<br />

Esta actividade teve início com um “Ice-break” seguido<br />

da sessão de trabalho, que ficou marcada pela discussão<br />

dos pormenores relativos à transformação que a<br />

KFOR iniciou em Janeiro. Além dos trabalhos, destaca-se<br />

o momento para a foto de “família” e o almoço,<br />

tipicamente português.


Pela forma como toda a actividade decorreu, julgamos<br />

que o evento contribuiu manter a imagem de profissionalismo<br />

e dignificar as cores nacionais.<br />

STRONG RHINO II<br />

No dia 28Jan10, em CAMP VRELO, região de Pristina,<br />

a KTM, planeou e organizou o exercício STRONG<br />

RHINO II, sob a supervisão da KFOR – J3 CONOPS.<br />

O exercício teve como principal intuito treinar e testar<br />

a coordenação e o comando e controlo (C2) entre as<br />

Subunidades da KTM durante a escolta a um VIP.<br />

Este exercício foi enquadrado num hipotético cenário<br />

de visita de uma alta entidade sérvia ao Parlamento do<br />

Kosovo, para estabelecimento de um acordo, ”ameaçada”<br />

por “rioters”. As principais tarefas a realizar foram<br />

a segurança ao Parlamento, B Coy, escolta à Alta<br />

Entidade, C Coy, e a “Close Protection Team” (CPT),<br />

DOE. Após o deslocamento terrestre da B Coy, do Gr-<br />

Cmd, do “Freedom of Movement Detachment” (FOM)<br />

e da A Coy, foi estabelecido o perímetro de segurança,<br />

sem pressão, ao Parlamento, por parte da B Coy. Em<br />

simultâneo, parte da C Coy estabeleceu segurança à<br />

LZ, na qual estava prevista a chegada do VIP. Após a<br />

sua chegada, via aérea, o DOE e a restante parte da C<br />

Coy, constituíram-se como sua CPT e escolta respectivamente,<br />

durante os trajectos para e do Parlamento.<br />

Durante estes movimentos, executados sobre pressão<br />

dos “rioters”, foi necessário empenhar o FOM, para remoção<br />

dum “road block” e condução em segurança da<br />

alta entidade à “Landing Zone”.<br />

Para além <strong>das</strong> forças da KTM, participaram no Exercício<br />

forças da MNTF-N, o FOM e da MNTF-C e um<br />

Pelotão Irlandês de rioters.<br />

A 3ª Czechen March<br />

Em 23Jan10 decorreu, em CAMP SAJKOVAC, a 3ª<br />

Czechen March. Percorreram-se 25 km num itinerário<br />

de montanha com grandes diferenças de cota, onde a<br />

neve e, principalmente, o gelo foram uma dificuldade<br />

constante ao longo de toda a prova. Participaram nesta<br />

edição 460 elementos dos vários contingentes da KFOR<br />

e da EULEX. O 1BIMec/KFOR, foi representado por 37<br />

militares, incluindo três do sexo feminino. Mais uma vez<br />

os nossos militares esforçaram-se para chegar ao final<br />

nos lugares cimeiros desta exigente prova. Classificação<br />

geral masculina dos dez primeiros:<br />

1º Class – 1Sar Marco Bernardo, ACoy;<br />

2º Class – CADJ António Almeida, CCoy;<br />

3º Class – 2CAB Paulo Barbosa, BCoy;<br />

8º Class – SAJ João Sanches, ACoy;<br />

10º Class – Ten Luis Fernandes, ACoy;<br />

Classificação geral feminina:<br />

1ª Class – Sold Bruna Taveira, BCoy;<br />

KTM 57


STRONG RHINO III<br />

MIGHTY NORTHERN WINTER KNIGHT II<br />

No período de 8 a 13Fev10, no âmbito <strong>das</strong> Proximity<br />

Operations, a KTM, materializada pela B Coy, conduziu<br />

a Operação MIGHTY NORTHERN WINTER KNI-<br />

GHT II, na AOR do MNBG-N, em MITROVICA. Esta<br />

Operação teve como principal objectivo executar “intel<br />

gathering” – recolha de informação –, neste caso,<br />

respondendo a requisitos de informação específicos do<br />

MNBG-N.<br />

Foram executados patrulhamentos motorizados, apeados,<br />

bem como, a montagem de um posto de observação<br />

em OURCQ e reuniões com a LMT local e autoridades<br />

locais, com vista a relatar qual o estado <strong>das</strong> linhas<br />

de distribuição de electricidade, identificar e registar os<br />

principais pontos sensíveis e novas extensões da rede<br />

ainda não regista<strong>das</strong>.<br />

No dia 18Fev10, em CAMP MONTIETH, Gjilane, a KTM, planeou e organizou o exercício STRONG RHINO<br />

III, sob a supervisão da KFOR – J3 CONOPS. O exercício teve como principal intuito treinar e testar a coor-<br />

denação e o Comando e Controlo entre forças da KFOR e da EULEX, bem como, ao nível <strong>das</strong> Subunidades da<br />

KTM, o seu emprego na defesa de um ponto sensível e<br />

na garantia da liberdade de movimentos no local.<br />

Este exercício foi enquadrado num hipotético cenário<br />

de activação de um antigo PRDSS, materializado por<br />

um mosteiro Sérvio, implantado num ambiente multiétnico,<br />

”ameaçado” por “rioters”. As principais tarefas<br />

a realizar foram a segurança próxima ao mosteiro,<br />

B Coy; a segurança afastada ao mosteiro, C Coy; e a<br />

observação dos manifestantes, DOE. Após pedido de<br />

apoio da EULEX, ocorreu o deslocamento aéreo da B<br />

Coy e do GrCmd e foi estabelecido o perímetro de segurança<br />

próxima, com pressão, ao mosteiro, por parte<br />

da B Coy, no qual a EULEX participou, após coordenação<br />

com o comando da KTM, e durante o qual foi,<br />

também, necessário solicitar um “AirMedevac” para<br />

simular a evacuação de elemento da KTM. Em simultâneo e após o movimento terrestre da C e da A Coy, a C<br />

Coy iniciou a “limpeza” da área para garantir a segurança afastada do mosteiro, materializada pela montagem de<br />

dois check-points sobre pressão dos manifestantes.<br />

Para além <strong>das</strong> forças da KTM e da EULEX, participaram, também no Exercício, forças do MNBG-E os “rioters”,<br />

1 UH-60 “Blackhawk”, 2 MI 117 Croatas e a Equipa de “Imagery Intelligence” (aeronave com câmara para visionamento<br />

real no terreno) da KFOR.<br />

58 KTM


MILITARES NO KOSOVO, REZAM<br />

PELAS VÍTIMAS DA MADEIRA<br />

Em 24Fev10, os militares portugueses pertencentes ao<br />

1BIMec/BrigMec, participaram numa Celebração Eucarística,<br />

em memória <strong>das</strong> vítimas da catástrofe ocorrida<br />

recentemente na Ilha da Madeira. Esta iniciativa<br />

teve como finalidade, manifestar a solidariedade cristã,<br />

pedindo a ajuda de Deus para o Povo Madeirense. A<br />

Eucaristia foi celebrada na capela de Film City e presidida<br />

pelo Capelão do Batalhão <strong>Português</strong>, TCor. Jorge<br />

Matos. De referir ainda que, alguns Militares de outros<br />

Países ao serviço da KFOR, aderiram a esta iniciativa,<br />

tendo participado na referida celebração..<br />

CSM MEETING<br />

Em 19Fev10, teve lugar em “SLIM LINES”, a CSM<br />

and SNCO Meeting com a presença dos Commander<br />

Sergeant Major (CSM’s) de todos os MNBG’s e dos<br />

Senior Non-Commissioned Officer (SNCO’s) de todos<br />

os contingentes presentes no Kosovo.<br />

Esta actividade teve início com um “Ice-break” seguido<br />

da sessão de trabalho, onde foram apresenta<strong>das</strong><br />

duas palestras, uma relativa à formação dos Sargentos<br />

na KSF, nomeadamente a definição de critérios para ascender<br />

aos postos mais elevados da classe e outra sobre<br />

o modo de emprego da KTM após a “GATE 1” (01 de<br />

Fevereiro de 2010). Além dos trabalhos, destaca-se o<br />

momento para a foto de “família” e o almoço, tipicamente<br />

<strong>Português</strong>. Pela forma como toda a actividade<br />

decorreu, julgamos que o evento contribuiu para reforçar<br />

a imagem de profissionalismo e dignificar as cores<br />

nacionais.<br />

MIGHTY WESTERN WINTER KNIGHT II<br />

No período de 22 a 28Fev10, no âmbito <strong>das</strong> Proximity<br />

Operations, a KTM, materializada pela C Coy, conduziu<br />

a Operação MIGHTY WESTERN WINTER KNIGHT<br />

II, na AOR do MNBG-W, em duas “Manoeuvre Box”,<br />

nas regiões dos mosteiros de PEC e DECANI - dois<br />

PrDSS da NATO. Esta Operação teve como principal<br />

objectivo executar “intel gathering”, neste caso respondendo<br />

a requisitos de informação do COMKFOR, orientados<br />

para as necessidades de informações por parte do<br />

MNBG-W.<br />

Foram executados patrulhamentos motorizados, apeados,<br />

bem como reuniões, através <strong>das</strong> LMT, com as autoridades<br />

locais, com vista a identificar e relatar, entre<br />

outras menos significativas, as condições de vida <strong>das</strong><br />

populações, em como elas poderiam influenciar negativamente<br />

a SASE e a FOM. KTM 59


BALKAN HAWK 01/10<br />

No dia 03Ma10, em CAMP VRELO, a KTM, participou<br />

no exercício BALKAN HAWK 1/10, planeado e<br />

organizado pela J3 CONOPS/KFOR, com a finalidade<br />

de treinar e testar a coordenação e o comando e controlo<br />

entre forças da KFOR e da EULEX e o seu emprego<br />

no conceito “Blue” e “Red Box”, tendo o Ex.mo Cmdt<br />

da KFOR, TGen Markus Bentler, assistido às diferentes<br />

fases do exercício.<br />

Este exercício foi enquadrado num hipotético cenário<br />

de activação de um PrDSS, materializado por um Quartel-General<br />

administrativo da EULEX ameaçado por<br />

“rioters”. O GrCmd, o TOC, uma Equipa do DOE, a<br />

B Coy e a A Coy fizeram a sua aproximação do objectivo<br />

por viatura, com vista a estabelecer contacto com<br />

as forças da EULEX e estabelecer a “Red” e a “Blue<br />

Box” inicial, deparando-se com um “roadblock”. Após<br />

remoção do referido obstáculo, foi estabelecido a “Red Box” e a segurança à “landing zone”, por parte da B Coy,<br />

e o perímetro da “Blue Box”, com forças da EULEX. Com o deteriorar da situação, após mais algumas investi<strong>das</strong><br />

dos “rioters”, foi necessário solicitar o reforço na “Blue Box”, sendo para isso necessário o empenhar a C<br />

Coy, que foi projectada via aérea, 05 helicópteros, que após alguma resistência realizou o “relief in place” com<br />

a EULEX. Por fim o “redeployment” do batalhão foi efectuado utilizando os mesmos meios do “deployment”.<br />

Para além <strong>das</strong> forças da KTM e da EULEX, participaram, também, no Exercício forças do MNBG-C, o “Freedom<br />

of Movement Detachment” e “rioters” – do MNBG-E, três UH-60 “Blackhawk” , dois MI 171 e a Equipa<br />

de “Imagery Intelligence” da KFOR.<br />

60 KTM<br />

Medal Parade<br />

No dia 5 de Março de 2010, no Campo <strong>Português</strong> -<br />

Pristina, foi realizada a Cerimónia de Imposição da<br />

Medalha não Artigo 5º da OTAN, ao 1BIMec/BrigMec/<br />

KFOR que se encontra no KOSOVO em missão como<br />

KFOR Tactical Reserve Manoeuvre Battalion (KTM).<br />

A cerimónia militar foi presidida pelo TCor INF LINO<br />

LOUREIRO GONÇALVES, Comandante do 1BIMec/<br />

BrigMec/KTM/KFOR.


Transferência de Autoridade (TOA)<br />

Teve lugar no dia 24 de Março de 2010, no campo militar<br />

de Slim Lines – Pristina/Kosovo, a cerimónia militar<br />

de Transferência de Autoridade (TOA) entre o 1º Batalhão<br />

de Infantaria Mecanizado (1ºBIMec) da Brigada<br />

Mecanizada e o 2º Batalhão de Infantaria Pára-quedista<br />

(2ºBIPara) da Brigada de Reacção Rápida. A TOA foi<br />

simbolizada pela passagem da Bandeira Nacional e do<br />

Guião da KFOR Tactical Reserve Manoeuver Battalion<br />

(KTM). Na cerimónia estiveram presentes distintas autoridades<br />

militares e civis da KFOR, da UNMIK, da<br />

OSCE, e da EULEX, entre outras. Salienta-se, ainda,<br />

a presença da imprensa nacional do Kosovo na cerimónia<br />

que foi presidida pelo Ex.mo Comandante da<br />

KFOR, Tenente-General Markus Bentler. No seu discurso<br />

frisou a honra que possuía em participar na cerimónia,<br />

o profissionalismo e o empenho dos Soldados<br />

do 1ºBIMec ao finalizar a sua missão com o sentimento<br />

do dever cumprido.<br />

Escola Primária de Radevo, Lipjan – Entrega<br />

de material de ginásio<br />

Na sequência da doação de fundos do Colégio Nossa<br />

Senhora do Amparo de Mirandela, em 16MAR10<br />

procedeu-se à entrega de material de ginásio à Escola<br />

“Vuk Karadzic”.<br />

Com os fundos foi possível adquirir e entregar o seguinte<br />

material: colchões de ginástica, bolas de futebol<br />

11, bolas de futsal, bola de voley, bola de basket, raquetes<br />

de badmington e outros.<br />

Após uma Secção de Atiradores da BCoy explicar<br />

como se utiliza cada peça do material, o Professor Milorad<br />

agradeceu a oportunidade de terem todo o material<br />

necessário para que as crianças possam ter aulas de<br />

educação física.<br />

KTM 61


COM KFOR speech for KTM Change of<br />

Command<br />

1<br />

Excellency, Distinguished Guests, Authorities, Task<br />

Force CDRs, the Soldiers of KTM, Ladies and Gentlemen:<br />

I am honoured to participate in this change of command<br />

ceremony here today at Camp Slim Lines. It is unlike<br />

most of the change of commands ceremonies that I participate<br />

in.<br />

Normally I look back and talk about the performance<br />

of the leaving commander, than I will look forward and<br />

outline the future challenges.<br />

Today looking back also means to think of Private First<br />

Class Jose Luis Madeira Bernardino, who passed away<br />

on the 16 March. A young brave Soldier, a husband, a<br />

father of a 5 year old son, a comrade, a friend. I would<br />

like to express my deepest sympathy. My thoughts are<br />

with his family and the whole KTM, because of this<br />

tragic loss. I would like to ask you to stand up and remain<br />

in silence for the remembrance of Private First<br />

Class Jose Luis Madeira Bernardino.<br />

Usually I pass the authority from one commander<br />

to another, as the outgoing commander heads home<br />

leaving his Soldiers behind in Kosovo to serve under<br />

the leadership of the incoming Commander. But today<br />

we honor the commander and the entire battalion’s active<br />

force. Basically, the whole KTM will change. The<br />

new Commander, LTC Nuno Moreira, is bringing in a<br />

fresh, new Battalion of experienced Soldiers. This will<br />

be a complete exchange of KFOR’s rapid reaction reserve<br />

force.<br />

62 KTM<br />

For the outgoing Commander today will mark the end<br />

of a job well done and give him a short time for rest.<br />

For the incoming Commander it is an opportunity to<br />

excel at the challenging new tasks.<br />

I am sure that today LTC Goncalves has mixed emotions<br />

after leading his troops with courage and professionalism<br />

over the last six months. With his departure<br />

comes some sadness because he ends his tour and the<br />

intense and dynamic existence that comes with being<br />

the foundation of COM KFOR’s tactical reserve.<br />

I am sure he will miss the time spent with the exceptional<br />

Soldiers of the 1st Mechanized Infantry Battalion.<br />

But all assignments come to an end and now another<br />

highly qualified officer is here to take the reins<br />

and begin his time in Command. LTC Moreira will<br />

command the 2 nd Paratrooper Battalion during the challenging<br />

assignment as COM KFOR’s tactical reserve.<br />

We have recently entered a new and exciting phase<br />

in the evolution of KFOR. The force has adapted to<br />

fit the needs of Kosovo. It is flexible, leaner, more<br />

responsive, more agile, and more mobile then ever before.<br />

However, we are moving towards the next gate,<br />

and we will significantly reduce the military footprint<br />

of KFOR in Kosovo even further. During this transition<br />

the KTM will be the tip of spear for KFOR and be<br />

the overriding force ensuring we achieve our mandate.<br />

But we won’t make any changes without much thought<br />

and preparation. We can not mess up what has been<br />

achieved by KFOR in Kosovo over the past years. The<br />

people of Kosovo believe in us; the people of Kosovo<br />

trust us and the people of Kosovo depend on us. I have<br />

absolutely no intention of letting them down. KFOR<br />

is and always will be a reliable and dependable friend.<br />

Therefore, we will continue to provide a Safe And Secure<br />

Environment for the people of Kosovo regardless<br />

of number of troops on the ground.<br />

LTC Goncalves has performed exceptionally as the<br />

Commander of the KTM. Through his diligent efforts<br />

and unwavering dedication to excellence the<br />

Soldiers of the KTM were able to grasp their mission<br />

and responsibilities. Because of their critical skills, the<br />

Soldiers of the 1st Mechanized Infantry Battalion were<br />

able to flawlessly execute their demanding missions<br />

with great precision. With the help of the outstanding<br />

leadership throughout this Battalion, Lino was able to<br />

mould this group of fine young soldiers into a cohesive,<br />

well disciplined and superbly trained force.


The Soldiers of my tactical reserve perform one of the<br />

most critical missions for KFOR. They must be extremely<br />

flexible in their execution of tasks, they must<br />

be able to rapidly deploy on a moments notice and they<br />

must be able to follow my direction without question to<br />

succeed at every mission. In other words they must be<br />

the best of the best.<br />

Let me highlight just some of the contributions and<br />

achievements of the KTM. They are experts in CRC<br />

Operations and have the ability to rapidly deploy into<br />

any area of Kosovo to maintain the Safe And Secure<br />

Environment. The training they conduct is incredibly<br />

realistic. I’ve witnessed some exceptional training. I<br />

specifically remember watching them train with Molotov<br />

Cocktail being thrown at the feet of the Soldiers,<br />

burning their pants, because that is what could happen<br />

if the situation became real and they need to be prepared<br />

to handle that.<br />

The Soldiers of the KTM standing in front of us today<br />

are men and women of distinction and their efforts<br />

are to be applauded. They have the desire to excel.<br />

During the last Dancon march, the first two to finish the<br />

march were from the KTM, the first crossed the finish<br />

line in just under 2 hours and the 2nd in just over two<br />

hours. And the first woman to finish the Dancon was<br />

also from the KTM. You are truly a dedicated group of<br />

Soldiers and you should be proud of outstanding results<br />

you have achieved.<br />

Lino, I want to sincerely thank you for your enthusiastic<br />

involvement and genuine commitment to KFOR’s<br />

mandate of a Safe And Secure Environment with Freedom<br />

Of Movement for all the people of Kosovo. I wish<br />

you continued success as you return home with this<br />

outstanding battalion. I know you will perform commendably<br />

in all your future ventures just as you have<br />

done here. I wish you a quick and safe return home to<br />

your family and loved ones.<br />

Now we welcome another exceptional Commander,<br />

LTC Moreira, who comes to us as the very successful<br />

commander of the 2 nd Paratrooper Battalion. He possesses<br />

all the necessary abilities and skills that make<br />

him a great fit to lead the KTM Battalion here in Kosovo.<br />

Nuno, I am confident that you will command the KTM<br />

in the same distinguished manner, established by your<br />

predecessor. I am certain that you and all the Soldiers<br />

of the 2 nd Paratrooper Battalion will support me and<br />

KFOR’s efforts Kosovo wide; adopting our motto,<br />

“Moving Forward”. It is a great pleasure to have you<br />

join the KFOR command team and I look forward to<br />

working with you on the challenging and demanding<br />

missions ahead.<br />

Thank you<br />

Entrega do Estandarte Nacional<br />

Teve lugar, no dia 09 de Abril de 2010 e integrada na<br />

Cerimónia Militar do dia da Brigada Mecanizada, a<br />

entrega do Estandarte Nacional à guarda do 1ºBIMec/<br />

KFOR.<br />

O Estandarte Nacional, símbolo da Pátria, que acompanhou<br />

o 1ºBIMec/KFOR durante o período em que esta<br />

Força esteve projectada no TO do Kosovo, foi entregue<br />

ao MajGen Noé Agostinho, Cmdt da BrigMec, neste<br />

dia em que a Brigada celebrava os seus 32 anos de existência,<br />

simbolizando, desta forma, o fim da Missão no<br />

Kosovo.<br />

Nesta cerimónia, salientou-se a presença do Ex.mo<br />

Chefe de Estado-Maior do <strong>Exército</strong> e de entidades civis<br />

responsáveis pelos municípios vizinhos da Brig-<br />

Mec, particularmente o Presidente da Câmara de Fronteira<br />

que acolheu, de uma forma muito hospitaleira, o<br />

1ºBIMec/KFOR nos exercícios finais que decorreram<br />

entre 13 e 23 de Julho de 2009.<br />

Na sua alocução, o Cmdt da BrigMec referiu publicamente<br />

a forma exemplar e muito profissional como foram<br />

cumpri<strong>das</strong> as missões atribuí<strong>das</strong> à Reserva Táctica<br />

da KFOR (KTM/KFOR), enaltecendo desta forma a<br />

BrigMec, o <strong>Exército</strong> e o País.<br />

KTM 63


Na vida, tudo ou quase tudo, deve ter um princípio,<br />

um meio e um fim. Se assim não for, parece que as<br />

coisas não seguiram o seu rumo normal, podendo criar<br />

vazios, frustrações, ou até mesmo, desilusões, porque<br />

aquilo que devia ser o seu percurso normal de vida,<br />

pode ser interrompido repentinamente, por factores<br />

vários. Costumo até dizer por graça, mas com muita<br />

verdade, que a vida são três dias, três momentos diferentes:<br />

há um dia para nascer, outro para viver e um<br />

outro para morrer.<br />

O primeiro e o terceiro estão sempre garantidos,<br />

agora o segundo, depende do nosso Criador, que nos<br />

concede mais ou menos espaço de tempo para vivermos,<br />

segundo os “Seus critérios” de Pai. No entanto,<br />

também depende um pouco de cada um de nós, podermos<br />

aproveitar, ou não, o breve tempo que nos é<br />

concedido, para vivermos felizes e fazermos os outros<br />

felizes, através de uma vida digna, trabalho edificante,<br />

descobrir sempre razões para que a nossa vida tenha<br />

sentido e seja plena de paz interior, luz radiante, alegria<br />

contagiante, com a certeza da “missão cumprida”, até<br />

ao dia em que nos é passada “guia de marcha”, para<br />

aquele que desejamos ser, o “Grande Encontro” com o<br />

Deus da Vida e Felicidade Eterna. É muito importante<br />

amar a vida, trabalhar com profissionalismo, aproveitar<br />

ao máximo as potencialidades que existem em nós, no<br />

sentido de dignificarmos a Pessoa Humana e crescermos<br />

como filhos de Deus.<br />

64 KTM<br />

Por tudo aquilo que nós vemos, ouvimos e lemos,<br />

dentro <strong>das</strong> mais varia<strong>das</strong> e controversas situações da<br />

vida humana, não nos parece haver pessoas que “partem<br />

antes do tempo”?... fartas de viver? E porquê?<br />

Talvez porque não foram capazes de viver o segundo<br />

“momento” de uma forma racional, profissional,<br />

consciente e responsável. Não pensamos nós e até<br />

dizemos às vezes que, por isto ou por aquilo, o “fulano”<br />

tal… “partiu antes do tempo”? O tempo em Deus<br />

é sempre o momento presente, mas nós os humanos,<br />

criámos sempre três momentos na vida: Passado, presente<br />

e futuro. Sabemos como foi vivida a nossa vida<br />

passada, (ou não!), vivemos a vida no presente e queremos<br />

que ela se prolongue no futuro. As três etapas<br />

estão interliga<strong>das</strong> e só atingimos a “meta”, quando passarmos<br />

por to<strong>das</strong> estas etapas. Mas têm que ser vivi<strong>das</strong><br />

de uma forma consciente, crescente e comunicativa. Só<br />

assim, a vida tem sentido, tem valor.<br />

Nestes últimos tempos, que estão prestes a terminar,<br />

fizemos parte do 1ºBIMec da Brigada Mecanizada de<br />

Santa Margarida, e fomos projectados para um Teatro


de Operações de Apoio à Paz, nesta zona dos Balcãs, o<br />

Kosovo. Houve um tempo de preparação específica (o<br />

aprontamento), para nos podermos adaptar mais facilmente<br />

às exigências que nos eram coloca<strong>das</strong> pelo Comando<br />

da KFOR, para o pleno cumprimento da missão.<br />

Foi, sem dúvida nenhuma, e para quem experimentou<br />

pela primeira vez a separação do “nosso cantinho familiar”,<br />

um grande desafio à coragem, abnegação, entrega,<br />

espírito de sacrifício, ao consciente compromisso<br />

assumido em favor da Paz, à grandeza de um Povo empreendedor<br />

e conquistador, ao Bom Nome que se deseja<br />

levar sempre longe: PORTUGAL.<br />

Oxalá, tudo o que foi realizado e vivido durante os<br />

seis meses de missão, tenha contribuído, de uma forma<br />

consciente (ou não), para uma maior dignificação<br />

pessoal e profissional. O balanço terá que ser feito por<br />

cada um: dei tudo o que podia, sabia e me deixaram, em<br />

benefício do bem comum? É que a vida são só três dias<br />

… O que não foi feito, mais ninguém o fará, passou à<br />

história. É como realizar um filme e ficar espaços em<br />

branco, que não foram preenchidos.<br />

S. Paulo, o convertido a Cristo e o grande Apóstolo<br />

dos gentios, pressentindo que a sua vida estava a chegar<br />

ao fim, estando eminente o momento da sua partida<br />

deste mundo, teve a seguinte exclamação: “Combati o<br />

bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé.<br />

Só me resta …” (2Tim. 4,7…). Sejamos justos juízes<br />

em causa própria, através da análise, avaliação e julgamento,<br />

ao jeito de um exame de consciência, no sincero<br />

arrependimento e no saber pedir perdão, e sobretudo,<br />

numa atitude convicta e nobre, que nos leve à “mudança”,<br />

se queremos construir a nossa vida na verdade, na<br />

justiça, na paz e na fraternidade, verdadeiras virtudes e<br />

grandiosos pilares que nos dignificam como Homens,<br />

até porque a vida sobre a terra é tão curta, pois são só e<br />

apenas, três dias. Tenham todos e sempre, um ...<br />

... BOM DIA.<br />

KTM 65


Temos razão de sentir saudade,<br />

temos razão de te acusar.<br />

Houve um pacto implícito que rompeste<br />

e sem te despedires foste embora.<br />

Detonaste o pacto!<br />

Detonaste a vida geral, a comum aceitação<br />

de viver e explorar os rumos de obscuridade,<br />

sem prazo, sem consulta, sem provocação,<br />

até o limite <strong>das</strong> folhas caí<strong>das</strong>, na hora de cair.<br />

Antecipaste a hora!<br />

Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.<br />

Que poderias ter feito de mais grave<br />

do que o acto sem continuação, o acto em si,<br />

o acto que não ousamos nem sabemos ousar,<br />

porque depois dele não há nada?<br />

Temos razão para sentir saudade de ti,<br />

da nossa convivência entre camara<strong>das</strong>,<br />

num simples apertar de mãos, nem isso,<br />

voz modulando sílabas conheci<strong>das</strong> e banais,<br />

que eram sempre certeza e segurança.<br />

66 KTM<br />

Sim, temos saudades!<br />

Sim, acusamos-te, porque fizeste<br />

o não previsto nas leis da amizade e da natureza,<br />

nem nos deixaste sequer o direito de indagar<br />

porque o fizeste, porque te foste.<br />

Carlos Drummond de Andrade (Alterado)<br />

Bernardino,<br />

Viver nos corações que deixamos atrás<br />

de nós…. Isso, não é morrer!<br />

… de quem nunca te esquecerá!<br />

Os Teus Camara<strong>das</strong>

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!