Untitled - FALE - UFMG
Untitled - FALE - UFMG Untitled - FALE - UFMG
A aranha caranguejeira e o quibungo Houve uma seca muito grande e não tinha nada para os bichos comerem. Então, apareceu uma árvore cobertinha de frutas maduras, muito doces, e todos eles foram comer. Só a aranha caranguejeira não pôde ir, porque tinha de atravessar um rio muito largo para chegar ao pé da árvore. Passou o urubu e a aranha disse: – Ôi! Urubu, me leva, que eu também quero ir comer uma fruta. – Trepa aqui nas minhas costas, respondeu o urubu. A aranha encarapitou-se nas costas do urubu, que saiu voando por ali afora, em busca da árvore… Chegando lá, arriou a aranha, e, quando foi para comer uma fruta, ela gritou-lhe: – Não, urubu, essa é minha. Eu já tinha marcado ela para mim, assim que fui chegando. O urubu voou e foi pousar junto a outra fruta. E, quando foi fazendo menção de bicá-la, a aranha tornou a gritar, dizendo: – Não, urubu, essa não, que eu também já tinha marcado para mim. E assim fez todas as vezes que o urubu ia comer uma fruta, até que o pobre do bicho se aborreceu com aquilo, voou e foi-se embora com a barriga vazia, deixando a aranha sozinha. Quando a aranha matou bem a fome, desceu e pôs-se em caminho para casa. Chegando, porém, à beira do rio e não podendo atravessá-lo, começou a chorar e a maldizer-se da sorte. Nisso, veio o jacaré e disse: – Comadre aranha, vamos para casa. Vosmincê dorme hoje lá com a gente e amanhã eu mando os meninos lhe passarem. Foram chegar em
- Page 2: Organizadoras Gleicienne Fernandes
- Page 6: Conversas com quibungos Escritos so
- Page 10: A vida dos quibungos
- Page 14: mais pequeno. Os meninos andavam de
- Page 18: A Kandimba, o Dumbo e o Kibungo Cer
- Page 22: Fugas e ataques
- Page 26: Com medo de tocar nas terríveis cr
- Page 30: chorando, nas costas do quibungo. P
- Page 34: - Pois eu já vou comendo ele, Cumu
- Page 38: A mulher, coitadinha, disse: E vosm
- Page 42: - Ei! Minha gente é o quibungo! -
- Page 46: Ela respondeu: Pode comê-los, embo
- Page 50: A menina, de raiva, enterrou a cach
- Page 56: casa já de noite. O jacaré disse
- Page 60: A filha que ficou com o seu pai Rez
- Page 64: A minina que ficô morano mais o pa
- Page 68: Quibungo Luís da Câmara Cascudo
- Page 72: e sociais da Bahia não diferem tan
- Page 76: o entrecruzamento de várias versõ
- Page 80: narrativa, assim como o domínio do
- Page 84: mas era feia, horrorosa, parecia a
- Page 88: lobo fantástico. Assim, há uma ap
- Page 92: Referências: BANDEIRA, Manuel. Man
- Page 96: XIMBUNGO, de pronúncia dialetal, s
- Page 100: Campos, o monstro é nomeado como b
A aranha caranguejeira e o quibungo<br />
Houve uma seca muito grande e não tinha nada para os bichos comerem.<br />
Então, apareceu uma árvore cobertinha de frutas maduras, muito doces,<br />
e todos eles foram comer. Só a aranha caranguejeira não pôde ir, porque<br />
tinha de atravessar um rio muito largo para chegar ao pé da árvore. Passou<br />
o urubu e a aranha disse:<br />
– Ôi! Urubu, me leva, que eu também quero ir comer uma fruta.<br />
– Trepa aqui nas minhas costas, respondeu o urubu.<br />
A aranha encarapitou-se nas costas do urubu, que saiu voando por<br />
ali afora, em busca da árvore… Chegando lá, arriou a aranha, e, quando<br />
foi para comer uma fruta, ela gritou-lhe:<br />
– Não, urubu, essa é minha. Eu já tinha marcado ela para mim,<br />
assim que fui chegando.<br />
O urubu voou e foi pousar junto a outra fruta. E, quando foi fazendo<br />
menção de bicá-la, a aranha tornou a gritar, dizendo:<br />
– Não, urubu, essa não, que eu também já tinha marcado para mim.<br />
E assim fez todas as vezes que o urubu ia comer uma fruta, até que<br />
o pobre do bicho se aborreceu com aquilo, voou e foi-se embora com a<br />
barriga vazia, deixando a aranha sozinha. Quando a aranha matou bem a<br />
fome, desceu e pôs-se em caminho para casa. Chegando, porém, à beira<br />
do rio e não podendo atravessá-lo, começou a chorar e a maldizer-se da<br />
sorte. Nisso, veio o jacaré e disse:<br />
– Comadre aranha, vamos para casa. Vosmincê dorme hoje lá com<br />
a gente e amanhã eu mando os meninos lhe passarem. Foram chegar em