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Untitled - FALE - UFMG

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O bicho Ponguê quis, de novo, matar a menina. Mas ela pediu-lhe<br />

que a deixasse ao menos chegar à porta de sua irmãzinha casada. Foram:<br />

Lá chegando, a coitadinha cantou:<br />

Me abre a porta,<br />

Candombe-serê,<br />

Minha irmãzinha,<br />

Candombe-serê,<br />

Que o bicho Ponguê,<br />

Candombe-serê,<br />

Quer me comer,<br />

Candombe-serê.<br />

A irmã respondeu-lhe, pela mesma toada, que não.<br />

O bicho avançou para a menina, que lhe rogou para que a deixasse chegar<br />

à porta da tia. Novo canto e nova negativa da tiazinha. A menina pede para bater à<br />

porta da sua avozinha. Chegam. O bicho já estava impaciente, e a menina pôs-se<br />

a cantar. A avó respondeu-lhe que bem lhe dizia que o bicho Ponguê a havia de<br />

comer. O bicho deu então um salto para devorar a menina. Ela chorando, ainda lhe<br />

pediu que a deixasse chegar à porta de sua mãezinha. Caminharam. Chegando,<br />

a menina cantou, com as lágrimas nos olhos e soluçando que fazia dó:<br />

Me abre a porta,<br />

Candombe-serê,<br />

Minha mãezinha,<br />

Candombe-serê,<br />

Que o bicho Ponguê,<br />

Candombe-serê,<br />

Quer me comer,<br />

Candombe-serê.<br />

A mãe ouvindo a vozinha de sua filhinha correu a abrir a meia folha da<br />

porta, por onde entrou a menina. O bicho deu um salto. Ainda arranhou-a num dos<br />

ombros, deixando-a muito ferida. Mas teve de recuar, porque a porta se fechou.<br />

Quando os irmãos da menina se levantaram, de madrugada, para o<br />

trabalho, deram com o bicho Ponguê dormindo debaixo de uma árvore, em<br />

frente da casa, à espera da menina. Foram muito devagarzinho apontaram<br />

as armas e o mataram.<br />

A menina, daí por diante, nunca mais se demorou, quando ia aos<br />

mandados de sua mãezinha ou da avozinha.<br />

30 Fugas e ataques<br />

O bicho cumunjarim<br />

Era um dia um homem casado que tinha uma porção de filhos. No lugar<br />

onde ele morava, havia um quibungo, que, quando encontrava uma casa<br />

só com mulheres e crianças, com a porta aberta, de noite, entrava para<br />

comer os meninos.<br />

De uma feita, o homem saiu para viajar, recomendando muito à<br />

mulher que não deixasse a porta aberta de noite, para o bicho não comer<br />

os filhinhos deles. Assim mesmo ela fazia; mas, uma noite estava tão<br />

atrapalhada com aquele bandão de meninos – um grita, outro chora, outro<br />

choraminga, lava pé de um, deita outro… – que se esqueceu de fechar a<br />

porta da rua. Quando ela olha, lá está o quibungo, com os olhos arregalados<br />

para dentro da casa. Os meninos, coitados, ficaram para morrer de<br />

medo. Uns esconderam-se debaixo da cama, outros agarraram-se à saia<br />

da mãe, chorando.<br />

O quibungo entrou, fechou a porta, pegou num dos meninos, e<br />

perguntou à mulher:<br />

De quem é este menino?<br />

Cumunjarim,<br />

Cumunjarim gombê, humm.<br />

Respondeu a pobre, tremendo:<br />

Tornou o quibungo:<br />

Esse menino é de meu marido,<br />

Cumunjarim,<br />

Cumunjarim gombê, humm.

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