Untitled - FALE - UFMG

Untitled - FALE - UFMG Untitled - FALE - UFMG

letras.ufmg.br
from letras.ufmg.br More from this publisher
17.04.2013 Views

chorando, nas costas do quibungo. Passou pela casa dos outros parentes, e nenhum veio tomá-la das mãos do quibungo. Foi quando a avó ouviu aquela alaúza do povo, correndo e gritando: – O quibungo carregou fulana... É-vem ele com fulana nas costas... Aí, a velha correu mais que depressa, botou um tacho d’água no fogo para ferver e meteu um espeto nas brasas. Quando foi chegando perto da casa da avó, a menina foi cantando: Minha avozinha, Quibungo tererê, Do meu coração, Quibungo tererê, Acudi-me depressa, Quibungo tererê, Quibungo quer me comê. Respondeu a avó como os demais parentes haviam respondido. O quibungo, então, foi passando muito satisfeito. A velha agarrou o tacho d’água fervendo, saiu atrás dele e – zás – sacudiu-lhe nas canelas. O quibungo deu um pinote muito grande, atirando a menina no chão. Foi quando a velha deu de mão no espeto, que estava vermelho em brasa, e enfincou-lhe no pescoço, matando-o. Tomou a neta para si e nunca mais deixou que ela fosse à casa dos pais. Também a menina não quis mais sair de noite, para andar abaixo e acima. 28 Fugas e ataques O bicho Ponguê Era uma vez uma menina que não parava em casa. Se sua avozinha a mandava a algum lugar, demorava-se pelas estradas, distraída a brincar. Um dia saiu a um mandado, e por lá ficou horas esquecidas. Mal se precatou, apareceu-lhe o bicho Ponguê que por força queria comê-la. A menina começou a chorar: – Não me mates, não. Deixe-me chegar à porta de minha madrinha. O bicho consentiu. E lá foram os dois. Chegaram, e a menina cantou batendo à porta: Me abre a porta, Candombe-serê, Minha madrinha, Candombe-serê, Que o bicho Ponguê, Candombe-serê, Quer me comer, Candombe-serê. E a madrinha respondeu: Não te abro a porta, Candombe-serê, Minha afilhadinha, Candombe-serê, Eu bem te dizia, Candombe-serê, Que o bicho Ponguê, Te havia de comer.

chorando, nas costas do quibungo. Passou pela casa dos outros parentes,<br />

e nenhum veio tomá-la das mãos do quibungo. Foi quando a avó ouviu<br />

aquela alaúza do povo, correndo e gritando:<br />

– O quibungo carregou fulana... É-vem ele com fulana nas costas...<br />

Aí, a velha correu mais que depressa, botou um tacho d’água no<br />

fogo para ferver e meteu um espeto nas brasas. Quando foi chegando<br />

perto da casa da avó, a menina foi cantando:<br />

Minha avozinha,<br />

Quibungo tererê,<br />

Do meu coração,<br />

Quibungo tererê,<br />

Acudi-me depressa,<br />

Quibungo tererê,<br />

Quibungo quer me comê.<br />

Respondeu a avó como os demais parentes haviam respondido. O<br />

quibungo, então, foi passando muito satisfeito. A velha agarrou o tacho<br />

d’água fervendo, saiu atrás dele e – zás – sacudiu-lhe nas canelas. O<br />

quibungo deu um pinote muito grande, atirando a menina no chão. Foi<br />

quando a velha deu de mão no espeto, que estava vermelho em brasa, e<br />

enfincou-lhe no pescoço, matando-o. Tomou a neta para si e nunca mais<br />

deixou que ela fosse à casa dos pais. Também a menina não quis mais<br />

sair de noite, para andar abaixo e acima.<br />

28 Fugas e ataques<br />

O bicho Ponguê<br />

Era uma vez uma menina que não parava em casa. Se sua avozinha a<br />

mandava a algum lugar, demorava-se pelas estradas, distraída a brincar.<br />

Um dia saiu a um mandado, e por lá ficou horas esquecidas.<br />

Mal se precatou, apareceu-lhe o bicho Ponguê que por força queria<br />

comê-la.<br />

A menina começou a chorar:<br />

– Não me mates, não. Deixe-me chegar à porta de minha madrinha.<br />

O bicho consentiu. E lá foram os dois. Chegaram, e a menina cantou<br />

batendo à porta:<br />

Me abre a porta,<br />

Candombe-serê,<br />

Minha madrinha,<br />

Candombe-serê,<br />

Que o bicho Ponguê,<br />

Candombe-serê,<br />

Quer me comer,<br />

Candombe-serê.<br />

E a madrinha respondeu:<br />

Não te abro a porta,<br />

Candombe-serê,<br />

Minha afilhadinha,<br />

Candombe-serê,<br />

Eu bem te dizia,<br />

Candombe-serê,<br />

Que o bicho Ponguê,<br />

Te havia de comer.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!