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Nenhum dos mortos era jovem demais para assaltar bebês mortos marchando para a cidade dos mortos Por volta das duas horas da madrugada encontramos uns quatrocentos bebês mortos cantando canções de lamento e marchando para a Cidade dos Mortos. Marchavam como soldados, e esses bebês mortos não se desviavam para a mata como os adultos mortos faziam ao nos encontrar. Todos eles levavam varas nas mãos. Ao percebermos que esses bebês não se preocupavam em entrar na mata, paramos num canto da estrada para que assim eles pudessem passar calmamente. Mas, em vez disso, começaram a nos bater com as varas, e sendo assim fugimos para a mata. Não estávamos preocupados com os riscos que poderiam existir à noite naquela mata, porque para nós não poderia haver nada mais temível do que aqueles bebês. Não paramos de correr, mas mesmo quando já estávamos bem afastados da estrada eles ainda continuavam a nos perseguir. De repente, encontramos um homem enorme carregando nos ombros uma imensa sacola, e na hora em que nos viu ele nos prendeu (minha mulher e eu) dentro da sacola, assim como um pescador apanha peixes com sua rede. E quando isto aconteceu os bebês mortos voltaram para a estrada. Dentro da sacola havia muitas outras criaturas, mas que por enquanto não vou descrever. Ele nos levava cada vez mais para o interior da mata. Tentamos de todas as maneiras sair da sacola, mas era impossível, pois ela havia sido amarrada com fortes e grossas cordas. Tinha cerca de cento e cinquenta pés de diâmetro e espaço para umas quarenta e cinco pessoas. Ele carregava a sacola nos ombros, e não sabíamos para onde nos levava. Também ignorávamos se ele era um ser humano ou um espírito, e até se pretendia nos matar. Ainda não sabíamos de nada.

Nenhum dos mortos era jovem<br />

demais para assaltar bebês mortos<br />

marchando para a cidade dos mortos<br />

Por volta das duas horas da madrugada encontramos uns quatrocentos bebês<br />

mortos cantando canções de lamento e marchando para a Cidade dos Mortos.<br />

Marchavam como soldados, e esses bebês mortos não se desviavam para a<br />

mata como os adultos mortos faziam ao nos encontrar. Todos eles levavam<br />

varas nas mãos. Ao percebermos que esses bebês não se preocupavam em<br />

entrar na mata, paramos num canto da estrada para que assim eles pudessem<br />

passar calmamente. Mas, em vez disso, começaram a nos bater com<br />

as varas, e sendo assim fugimos para a mata. Não estávamos preocupados<br />

com os riscos que poderiam existir à noite naquela mata, porque para nós<br />

não poderia haver nada mais temível do que aqueles bebês. Não paramos<br />

de correr, mas mesmo quando já estávamos bem afastados da estrada eles<br />

ainda continuavam a nos perseguir. De repente, encontramos um homem<br />

enorme carregando nos ombros uma imensa sacola, e na hora em que nos<br />

viu ele nos prendeu (minha mulher e eu) dentro da sacola, assim como um<br />

pescador apanha peixes com sua rede. E quando isto aconteceu os bebês mortos<br />

voltaram para a estrada. Dentro da sacola havia muitas outras criaturas,<br />

mas que por enquanto não vou descrever. Ele nos levava cada vez mais para<br />

o interior da mata. Tentamos de todas as maneiras sair da sacola, mas era<br />

impossível, pois ela havia sido amarrada com fortes e grossas cordas. Tinha<br />

cerca de cento e cinquenta pés de diâmetro e espaço para umas quarenta e<br />

cinco pessoas. Ele carregava a sacola nos ombros, e não sabíamos para onde<br />

nos levava. Também ignorávamos se ele era um ser humano ou um espírito,<br />

e até se pretendia nos matar. Ainda não sabíamos de nada.

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