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Untitled - FALE - UFMG

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mais pequeno. Os meninos andavam de “olhos cosidos” e não viam nada.<br />

O número de escravos ia diminuindo e Quibungo já nem sugava mais os<br />

inimigos, porque sentia uma dor danada nas ventas e nem botava mais<br />

gente pra dentro da barriga das costas, porque tinha ficado muito pequena.<br />

Numa dessas guerras de pegar escravos, Quibungo grudou o chefe<br />

dos inimigos e socou ele na barriga das costas com muito trabalho, mas<br />

se apertou todo pro homem não sair, não conseguindo fazer mais nada<br />

por ter ficado muito pesado e não poder andar. A batalha continuou e os<br />

meninos foram vencidos. Quibungo botou o chefe dos inimigos pra fora e<br />

saiu correndo. Os vencedores viram que ele estava fraco e deram atrás<br />

dele gritando:<br />

Funfun Quiponguê<br />

Gbotatá, gbotatá.<br />

Corre daqui, corre dacolá, cercando ele, até que pegaram. Foi festa.<br />

Mandaram chamar o pombeiro e venderam ele com os meninos.<br />

– Vai, anda Quibungo, fazê erú a gente sem orí.<br />

Isso que oimbo quis. Trouxe ele pra fazê neném dromir.<br />

12 A vida dos quibungos<br />

Quibungo-rei<br />

Houve tempo e tempo houve que os homens só viviam em guerras e quase<br />

não trabalhavam. Isso já vinha de anos quando um dia apareceu um<br />

negrinho que ninguém dava nada por ele perguntando pelo rei de Angola.<br />

Daí a pouco ninguém podia olhar para o desconhecido que não ficasse encandeiado,<br />

pois os olhos eram de fogo e tinha fogo nos dentes, nas unhas,<br />

e nos cabelos. Afinal levaram ele, de cujo corpo saía um calorão brabo,<br />

à presença de Sua Majestade. Se o rei já era descansado, vendo aquele<br />

pedacinho de homem, nem ligou importância. O negrinho se zangou e,<br />

batendo com o pé no chão, disse ao monarca:<br />

– Sabia, seu moleza, que você vai deixar de ser a infelicidade desta<br />

nação comigo.<br />

Nem acabou de dizer o resto. Soltou uma baforada de fogo pelas ventas,<br />

desaparecendo como fumaça. O povo soube da proeza do encantado e quando<br />

duas pessoas se encontravam iam logo se cumprimentando por “moleza”.<br />

Dias depois todos corriam pra lá e pra cá, gritando:<br />

– É-vem eles.<br />

– É-vem.<br />

Eram os inimigos. O povo estava se reunindo para brigar quando<br />

apareceu o encantado com um cachorrão tão grande como nunca houve<br />

bicho maior no mundo, com uma bocona aberta nas costas capaz de caber<br />

esta casa dentro e ainda sobrar espaço.<br />

O encantando, todo cheio de fogo, tomou a frente do povo e gritou<br />

para o bicho:

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