17.04.2013 Views

Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet

Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet

Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ENTREVISTA COM DANIEL AARÃO REIS Fº<br />

personagens masculinos são todos caricaturais, salvo o<br />

Toledo (Nélson Dantas) e o Gabeira (Pedro Cardoso),<br />

naturalmente, que é um bom ator e ambos se sustentam<br />

bem no jeito como são apresentados. Em geral, como<br />

filme de ação, me pareceu muito mal, embora a minha<br />

antipatia por to<strong>da</strong> essa versão subjacente possa ter influenciado<br />

minha avaliação sobre o filme.<br />

ESTADO – Então, você, como professor de história — já que<br />

foram feitas diversas sessões para professores de história do<br />

Rio —, o que diria para seus alunos sobre esse filme?<br />

REIS – Eu diria que é um filme que representa uma<br />

tendência conciliadora de recuperação <strong>da</strong> memória.<br />

Acho, inclusive, que as polêmicas sobre o filme deveriam<br />

se centrar nessas questões gerais e não na coisa de<br />

se o Gabeira fez o manifesto ou não fez, se teve a idéia<br />

ou não. Essas são polêmicas interessantes, têm o seu lugar,<br />

mas acho que o fun<strong>da</strong>mental é discutir o que esse<br />

filme representa como proposta de recuperação dos anos<br />

60 e o que ele representa na luta pela apropriação <strong>da</strong><br />

memória. Não adianta os autores dizerem que quiseram<br />

fazer uma ficção, que não tem na<strong>da</strong> a ver com a<br />

reali<strong>da</strong>de. Isso é uma balela, eles estão envolvidos na luta,<br />

conscientemente ou não. Por exemplo, já existe uma<br />

pequena filmografia brasileira sobre a guerrilha urbana<br />

nos anos 60. O Murilo Salles fez um filme (Nunca fomos<br />

tão felizes), mas nenhum outro filme tinha assumido uma<br />

perspectiva tão conciliadora como O que é isso, companheiro?<br />

assume. Acho que essa é a grande polêmica em<br />

que o filme deve estar inserido — a apropriação <strong>da</strong><br />

91

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!