Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet
Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet
Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
ENTREVISTA COM DANIEL AARÃO REIS Fº<br />
mais prepara<strong>da</strong> politicamente. Então, quando ele foi<br />
preso, nós tivemos esse movimento de libertá-lo, coisa<br />
que, aliás, o apavorou muito: ele tinha muitas dúvi<strong>da</strong>s<br />
sobre a nossa capaci<strong>da</strong>de — dúvi<strong>da</strong>s acerta<strong>da</strong>s —, e temia<br />
que uma tentativa de libertação pudesse resultar em<br />
morte para nós e para ele mesmo. Recebemos uns recados<br />
dele, ficamos até um pouco ofendidos na época. Mas<br />
era muito difícil fazer isso e a idéia de um <strong>seqüestro</strong> ficou<br />
assim no ar. Havia a idéia de seqüestrar um general.<br />
Até que essa idéia do <strong>seqüestro</strong> do embaixador norteamericano<br />
surgiu dentro <strong>da</strong> organização. Alguns dizem<br />
que ela já teria sido sugeri<strong>da</strong>, há mais tempo, por um<br />
militante nosso, que era estu<strong>da</strong>nte de economia, José<br />
Roberto Spiegner, que morreu em 1970, aos 19 anos.<br />
Ele e o Sérgio Rubens, que era estu<strong>da</strong>nte de psicologia,<br />
teriam tido essa idéia, conversando, mas assim muito de<br />
brincadeira. Posteriormente, em termos mais precisos,<br />
a idéia foi trazi<strong>da</strong> para a direção <strong>da</strong> organização, <strong>da</strong> qual<br />
eu fazia parte, pelo Franklin Martins, que tinha conversado<br />
com o Cid Benjamin a esse respeito. Nós ficamos<br />
muito encantados — eu, o Cláudio Torres, que fazia<br />
parte <strong>da</strong> direção também —, porque a perspectiva que o<br />
Franklin nos trouxe não visava a apenas pegar o embaixador<br />
e trocá-lo pelo Vladimir. Mas se trataria de uma<br />
ação que se inseriria num contexto mais amplo.<br />
ESTADO — Que perspectiva era essa?<br />
REIS — Os movimentos de guerrilha urbana tinham feito<br />
muitas ações até então, mas ações que eram muito isola<strong>da</strong>s,<br />
várias inclusive não se reivindicavam como ações<br />
73