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Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet

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EX-MILITANTE INSPIRA PERSONAGENS FEMININAS<br />

tar durante a militância, mas voltou na cadeia. Assim<br />

como a contracultura que veio depois, as drogas e o<br />

rock-n’roll, que a esquer<strong>da</strong> na época não via, mas tudo<br />

fazia parte de um mesmo conjunto. A gente queria construir<br />

sim, era o nosso sonho. E uma possibili<strong>da</strong>de.<br />

Muitos países tinham se tornado socialistas. Podíamos<br />

ter um projeto autoritário, de uma guerrilha isola<strong>da</strong>,<br />

não liga<strong>da</strong> às massas. Mas, na ver<strong>da</strong>de, fizemos mais ações<br />

arma<strong>da</strong>s do que guerrilha. Eu me digo ex-militante de<br />

uma causa, não guerrilheira. Peguei em armas, não que<br />

eu gostasse, mas era preciso fazer. Essa geração de 68 é<br />

indescritível. Como disse, não é um tempo cronológico.<br />

Em 1969, houve o <strong>seqüestro</strong>, num contexto que<br />

abrange desde a luta arma<strong>da</strong> até a luta cultural. Nós<br />

não éramos uns babacas. Claro que a ação do embaixador<br />

norte-americano foi jacobina, não tínhamos forças<br />

para o que viria depois.<br />

ESTADO – Eram todos do movimento estu<strong>da</strong>ntil?<br />

VERA – Não, não éramos todos estu<strong>da</strong>ntes: o João Lopes<br />

Salgado era um ex-militar que estu<strong>da</strong>va medicina, e o Jonas,<br />

o coman<strong>da</strong>nte <strong>da</strong> ação, um operário de origem camponesa.<br />

O Salgado atendia as pessoas feri<strong>da</strong>s nas ações. Nós<br />

tínhamos mais uma estrutura de partido, enquanto a ALN<br />

atuava em grupos. Na ação do <strong>seqüestro</strong>, participaram oito<br />

<strong>da</strong> Dissidência e quatro militantes <strong>da</strong> ALN, entre eles o Jonas<br />

e o Toledo (Joaquim Câmara Ferreira). O Marighella<br />

foi contra o <strong>seqüestro</strong>, quem foi a favor foi o Toledo. Foi<br />

um marco na vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> gente. O primeiro a cair foi o Cláudio<br />

Torres, que não disse na<strong>da</strong>.<br />

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