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Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet

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DANIEL AARÃO REIS Fº<br />

Grande. Cuba, nas barbas do grande império, já não<br />

mostrara o caminho? A legen<strong>da</strong> do Che Guevara, transformando<br />

os Andes numa ardente Sierra Maestra, estimulava<br />

todos os delírios. Além disso, a revolução cultural<br />

na China e os movimentos sociais na Europa e<br />

nos Estados Unidos inebriavam. Os sistemas estabelecidos<br />

pareciam vacilar. O tempo do calmo e sereno debate,<br />

dos cálculos cui<strong>da</strong>dosos <strong>da</strong> correlação de forças,<br />

cedia lugar ao tempo <strong>da</strong> ação transformadora, dela é<br />

que surgiria o novo mundo e o homem novo, a revolução.<br />

Não se tratava mais de morrer, mas de matar,<br />

pela revolução 5 .<br />

Assim, antes <strong>da</strong> radicalização <strong>da</strong> ditadura, em 1968,<br />

e antes mesmo <strong>da</strong> sua própria instauração, em 1964, estava<br />

no ar um projeto revolucionário ofensivo. Os dissidentes<br />

se estilhaçariam em torno de encaminhamentos<br />

concretos, formando uma miríade de organizações<br />

e grupos, mas havia acordo quanto ao nó <strong>da</strong> questão:<br />

chegara a hora do assalto.<br />

Neste quadro os revolucionários não resistem, atacam.<br />

Alegaram, em seu favor, que os autênticos<br />

revolucionários não pedem licença para fazer a revolução.<br />

Seria o caso, talvez, de pedir licença ao seu próprio<br />

povo. Ora, a história evidenciou que não havia condições<br />

para qualquer ataque ao sistema capitalista e que o grau<br />

de desconforto <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de com sua ditadura era mais<br />

do que relativo...<br />

5. A fórmula é de Regis Debray em La critique des armes (Paris, Seuil,<br />

1974).<br />

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