Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet
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MARCELO RIDENTI<br />
mara lenta, do ex-guerrilheiro e cineasta Renato Tapajós,<br />
publicado em 1977 pela editora Alfa-Omega, e logo<br />
censurado pelos militares). Nem mesmo a minissérie <strong>da</strong><br />
TV Globo sobre a esquer<strong>da</strong> estu<strong>da</strong>ntil nos anos 60, Anos<br />
Rebeldes, gerou tanta polêmica como O que é isso, companheiro?.<br />
O problema é que o filme trata de fatos e personagens<br />
reais, de uma época sobre a qual há muita curiosi<strong>da</strong>de<br />
e também muito desconhecimento. Como disse a<br />
atriz Fernan<strong>da</strong> Torres ao jornal O Estado de S. Paulo (1º/<br />
05/97, p. D-7): “Precisamos atingir os jovens, eu não<br />
aprendi na<strong>da</strong> disso na escola, o cinema tem de aju<strong>da</strong>r o<br />
brasileiro a descobrir a complexi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> história recente<br />
do país.”<br />
Com essas palavras, ela pretendeu defender a<br />
produção, mas paradoxalmente revela a questão de fundo<br />
<strong>da</strong> polêmica: será que os jovens e outros que não<br />
aprenderam “na<strong>da</strong> disso na escola” conseguirão, com o<br />
filme, “descobrir a complexi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> história recente do<br />
país”? Infelizmente, a resposta é não, como bem demonstram<br />
os artigos e entrevistas desta coletânea. Nesse aspecto,<br />
o mérito do filme é apenas o de tocar num assunto<br />
que parecia esquecido ou ignorado pelo público.<br />
Antes de ver o filme, li algumas entrevistas de seu<br />
diretor, que expressava algumas intenções pertinentes,<br />
sobretudo as de fugir de estereótipos e de evitar o maniqueísmo<br />
de apresentar uma história de mocinhos (guerrilheiros)<br />
contra bandidos (a ditadura). Também parecia<br />
coerente, cinematograficamente, a postura de não<br />
reproduzir na tela, ao pé <strong>da</strong> letra, as memórias de Gabei-<br />
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