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Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet

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CONTRAPONTO<br />

te força<strong>da</strong> como tem até uma certa coerência histórica.<br />

Neste ponto, em meio a tantas liber<strong>da</strong>des estilísticas no<br />

que concerne à alteração dos fatos, o filme parece ter<br />

sido particularmente fiel à reali<strong>da</strong>de. Elbrick de fato foi<br />

cortês e compreensivo com seus seqüestradores, era mesmo<br />

um crítico <strong>da</strong> linha dura no Brasil. Segundo depoimentos<br />

de participantes <strong>da</strong> ação, havia na pasta de Elbrick<br />

documentos indicando que ele estava empenhado em<br />

encontrar uma alternativa civil e menos autoritária para<br />

o impasse <strong>da</strong> ditadura brasileira. Esses documentos sumiriam<br />

logo depois do <strong>seqüestro</strong> nas mãos <strong>da</strong> repressão.<br />

Elbrick, de fato, manteve uma relação de simpatia com<br />

seus carcereiros. Agora, na ficção, funciona muito bem<br />

para encarnar a má consciência americana, essa constante<br />

ca<strong>da</strong> vez mais histriônica, determinante sobretudo<br />

nesse totalitarismo surdo <strong>da</strong> on<strong>da</strong> do politicamente correto.<br />

O personagem de Elbrick não poderia ser mais<br />

politicamente correto. Elbrick representa no filme, como<br />

deve ter tentado representar em vi<strong>da</strong>, a encarnação <strong>da</strong><br />

culpa americana.<br />

Assim, existe um e só um personagem <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> real que é<br />

homenageado por Bruno Barreto: Charles Elbrick. Não é<br />

bem ver<strong>da</strong>de que o filme absolve a ditadura (“O que é isso,<br />

companheiro? faz uma opção a favor <strong>da</strong> ditadura”, disse Daniel<br />

Aarão Reis em entrevista a Helena Salem; ver página<br />

71). Nem é ver<strong>da</strong>de que o filme é “condescendente” com o<br />

erro político que foi a luta arma<strong>da</strong>, como pretendem outros.<br />

As duas críticas não são ilegítimas, mas são parciais;<br />

espelham arestas <strong>da</strong> questão, mas ofuscam uma visão de conjunto.<br />

A finali<strong>da</strong>de dessa a<strong>da</strong>ptação cinematográfica, quer<br />

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