Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet
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ENTREVISTA COM CLÁUDIO TORRES<br />
A cena <strong>da</strong> libertação do embaixador corresponde ao que aconteceu?<br />
CLÁUDIO — É outra distorção que o filme faz, e não faz<br />
inocentemente. O embaixador foi libertado na medi<strong>da</strong> em<br />
que o <strong>seqüestro</strong> tinha sido vitorioso, nosso objetivo tinha<br />
sido cumprido, os companheiros nossos já estavam chegando<br />
ao México, então o embaixador foi libertado depois de<br />
ter sido bem tratado, tratado com respeito, e em circunstâncias<br />
evidentemente adversas. O embaixador, inclusive, demonstrou<br />
um certo reconhecimento à forma como tinha<br />
sido tratado. Isso é perfeitamente verificável pelas declarações<br />
que deu após o <strong>seqüestro</strong>. Pois bem, o embaixador foi<br />
libertado, foi conduzido dentro de um Volkswagen dirigido<br />
por mim, com o Jonas atrás e ele ao meu lado. Nós<br />
descemos a rua Barão de Petrópolis, onde ficava o aparelho,<br />
atrás vinha o nosso carro de segurança, mas nesse momento<br />
uma caminhonete do Cenimar, uma Rural Willys, entrou e<br />
começou a seguir o cortejo. Só que não se deu conta de que<br />
havia um segundo carro de segurança nosso atrás dela. Então,<br />
quando chegamos próximo ao sinal <strong>da</strong> Tijuca, o Jonas<br />
me avisou: “Nós estamos sendo seguidos, procure se desvencilhar.”<br />
Consegui passar no sinal já vermelho e com isso<br />
impedi que os carros atrás me seguissem, inclusive o nosso<br />
próprio carro de segurança não conseguiu passar. Então ficaram<br />
parados no sinal, o primeiro carro de segurança, a<br />
Rural Willys <strong>da</strong> repressão e o segundo carro de segurança<br />
nosso. Foi nesse momento que um dos companheiros de<br />
um desses carros pegou a metralhadora, engatilhou e mandou<br />
os caras irem embora. Ameaçou a repressão e ela, que<br />
estava totalmente inferioriza<strong>da</strong>, resolveu ir embora. Isso no<br />
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