17.04.2013 Views

Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet

Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet

Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

APÊNDICE<br />

brasileira, que tortura e mata os seus prisioneiros para arrancar<br />

informações.” Isso foi a primeira coisa que foi dita, e<br />

isso eu inclusive informei à produção do filme anos atrás e<br />

não sei por que não foi utilizado. Aliás, a produção tem<br />

to<strong>da</strong>s as informações disponíveis, ela tem uma entrevista de<br />

três horas e meia que eu dei ao Daniel Filho e à Marta<br />

Alencar, no Rio de Janeiro, que poderia ter sido utiliza<strong>da</strong><br />

no filme. O roteirista preferiu pegar o livro do Gabeira, que<br />

era evidentemente o centro maior de inspiração do roteiro,<br />

e inclusive, na minha opinião, pegou algumas características<br />

do livro do Gabeira que já eram discutíveis e as exacerbou.<br />

Ou seja, o roteirista não teve nenhuma preocupação de<br />

corrigir <strong>da</strong>dos factuais, porque ele tinha as informações necessárias<br />

para isso, e não o fez. Em relação, portanto, a essa<br />

entrevista, fica bem claro o seguinte: nós não usamos de<br />

nenhuma violência com o embaixador, que nós avisamos,<br />

no início, a primeira observação, como eu já disse, foi no<br />

sentido de deixá-lo à vontade. Se ele quisesse responder,<br />

responderia, se não quisesse, não responderia, ou seja, se<br />

realmente fosse para fazer um contraponto do nosso comportamento<br />

com o <strong>da</strong> repressão, bastava colocar essa cena,<br />

que por si só ela seria suficiente. Acontece que o filme está<br />

interessado, na minha opinião, em fazer uma espécie de<br />

amenização dos extremos, sobretudo do extremo representado<br />

pela violência policial <strong>da</strong> ditadura. De certa forma, ao<br />

fazer isso ele vai contra a reali<strong>da</strong>de, mas não se pode estuprar<br />

a reali<strong>da</strong>de, ain<strong>da</strong> que se tenha todos os mecanismos de<br />

publici<strong>da</strong>de, de mídia, para isso. Existem testemunhas, existem<br />

pessoas que estavam lá, existem, enfim, condições de<br />

desfazer.<br />

196

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!