Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet
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PELA PORTA DOS FUNDOS<br />
abstraindo e escondendo a questão política e objetiva<br />
<strong>da</strong> ditadura — sobre a opção pela militância feita pelos<br />
jovens <strong>da</strong> época: desajustes e problemas com a família.<br />
Assim como Renée, todos os jovens militantes. Este foi<br />
o discurso <strong>da</strong> ditadura, que patologizava as manifestações<br />
de dissidência (fossem os militantes de esquer<strong>da</strong>, fossem<br />
os hippies) e responsabilizava as famílias pelo fato e por<br />
seu controle. Cecília Coimbra dedica o capítulo 7, “Um<br />
adendo às práticas psicanalíticas: a família e a subversão”,<br />
do seu livro Guardiães <strong>da</strong> ordem, ao estudo dessa questão.<br />
Acompanhando ain<strong>da</strong> a repressão de então em seus<br />
argumentos, Barreto e Serran entendem e nos dizem que<br />
a militância <strong>da</strong>queles anos se resumia a um punhado de<br />
jovens desajustados, manipulados por velhas raposas<br />
na<strong>da</strong> confiáveis (Toledo e Jonas). Daí a necessi<strong>da</strong>de não<br />
apenas de se referirem a Toledo nos mesmos moldes do<br />
livro (senil), como também o de criarem um Jonas (o<br />
coman<strong>da</strong>nte <strong>da</strong> ação, e não por acaso praticamente<br />
ausente no livro) psicopata. Isto atende também a requisitos<br />
conceituais <strong>da</strong> moderni<strong>da</strong>de neoliberal, segundo<br />
a qual um dirigente revolucionário histórico e um<br />
operário revolucionário “são coisas ridículas”, “obsoletas”<br />
ou “jurássicas”.<br />
“Humanizando”<br />
A construção <strong>da</strong> narrativa do terceiro bloco do<br />
livro (último capítulo: clandestini<strong>da</strong>de, prisão, tortura<br />
e libertação do personagem central) obedece à<br />
estrutura <strong>da</strong>s epopéias, antiga forma grava<strong>da</strong> (e legi-<br />
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