Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet
Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet
Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
O QUE É ISSO, COMPANHEIRO?: A FICÇÃO RESISTE SEM A HISTÓRIA?<br />
Na polêmica atual em torno do filme, Barreto coloca<br />
de um lado os partidários <strong>da</strong> “estrita reali<strong>da</strong>de dos<br />
fatos” (?), <strong>da</strong> história, <strong>da</strong> política, do documentário, e de<br />
outro aqueles que defendem a arte, a estética e a ficção.<br />
Ora, esses campos, já há muito, não existem separados e<br />
é <strong>da</strong> mistura deles que o cinema moderno se inventa.<br />
Para ficarmos apenas no Brasil, a obra de Glauber Rocha<br />
nos anos 60, a de Eduardo Coutinho nos anos 80 e a de<br />
Jorge Furtado nos anos 90 são exemplos vigorosos do<br />
que pode o cinema, a partir justamente de uma articulação<br />
<strong>da</strong> estética com a política, <strong>da</strong> ficção com o documentário.<br />
Deslocar a discussão para esse terreno repleto<br />
de clichês verbais é a maneira mais eficaz de desqualificar<br />
to<strong>da</strong> e qualquer crítica e reduzir o debate a mais<br />
um instrumento de divulgação do filme.<br />
CONSUELO LINS é jornalista, professora de<br />
cinema <strong>da</strong> Escola de Comunicação <strong>da</strong> UFRJ e<br />
doutora em cinema pela Universi<strong>da</strong>de de<br />
Paris III. Coordena atualmente uma pesquisa<br />
sobre as articulações entre cinema e política.<br />
154