Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet
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IZAÍAS ALMADA<br />
ra militar brasileira com maior veemência do que aquela<br />
que o filme sugere. Aliás, os norte-americanos ficariam<br />
talvez mais orgulhosos hoje, se vissem o seu embaixador<br />
criticar com mais dureza um governo ditatorial<br />
ao sul do Equador, política posta em prática a partir do<br />
governo de Jimmy Carter. Do ponto de vista dramatúrgico<br />
e de marketing, essa opção poderia ser até mais útil<br />
às intenções dos produtores em tentar conquistar o<br />
Oscar de melhor filme estrangeiro em 1998.<br />
Maior desrespeito, no entanto, fica por conta do<br />
tal filme feito para os que não conheceram ou viveram<br />
a história política dos anos 60 aqui no Brasil e que, após<br />
assistirem ao filme, afirmo, continuarão sem conhecer...<br />
Os defensores de O que é isso, companheiro? alegam que<br />
se trata de uma a<strong>da</strong>ptação livre de um momento, de<br />
um fato, <strong>da</strong> história contemporânea brasileira. Ficção,<br />
embora muito em cima <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de, mas ain<strong>da</strong> assim,<br />
ficção... E aqui chegamos, quanto a mim, ao miolo <strong>da</strong><br />
questão: a hipocrisia. A hipocrisia vem se constituindo<br />
em marca e apanágio cultural <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de brasileira<br />
após a ditadura militar. Engatinhando no governo<br />
Sarney, com a Nova República adensou-se essa prática<br />
de sobrevivência política e social, com a nefan<strong>da</strong><br />
experiência do “caçador de marajás” e agora desfila<br />
com plumas e paetês pelo governo pífio de Fernando<br />
Henrique Cardoso. Para alegria <strong>da</strong> nossa elite endinheira<strong>da</strong>,<br />
sempre perversa, e <strong>da</strong> emergente classe<br />
média sacoleira.<br />
Que bom ver um filme sobre o meu país, falado<br />
parcialmente em inglês, com alguns atores norte-ameri-<br />
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