Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet
Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet
Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
HISTÓRIA: FICÇÃO, REALIDADE E HIPOCRISIA<br />
te-americano e — mesmo sabendo <strong>da</strong>s suas regrinhas em<br />
defesa do american way of life e <strong>da</strong>s maravilhas do “paraíso<br />
capitalista” — consigo distinguir e apreciar na sua<br />
imensa produção muitos <strong>da</strong>queles que deverão ficar<br />
como os melhores filmes de sempre. Inigualáveis nos<br />
gêneros do western e dos musicais, para citar apenas dois<br />
exemplos, a produção norte-americana de filmes ajudou<br />
a elevar o cinema à categoria de arte, desde os seus<br />
primórdios com Edwin S. Porter, D.W. Griffith e Chaplin,<br />
entre outros. E constitui-se hoje num dos maiores<br />
entretenimentos do mundo contemporâneo. Não comungo,<br />
pois, com aqueles que vêem o demônio no cinema<br />
norte-americano, longe disso...<br />
Pois bem: Bruno Barreto — sem que ele precisasse<br />
dizer — fez um filme norte-americano. Até aí, na<strong>da</strong> a<br />
censurar. É um direito seu como artista que trabalha<br />
naquele mercado. No caso, me atrevo a dizer, creio que<br />
escolheu a história erra<strong>da</strong>. Ou, já que o livro também<br />
não é dos mais sérios em matéria de crítica e autocrítica<br />
ao pensamento revolucionário brasileiro dos anos 60,<br />
a<strong>da</strong>ptou o livro errado. Contar para o público norteamericano<br />
que o <strong>seqüestro</strong> do seu embaixador Elbrick,<br />
em 1969 no Brasil, foi fruto <strong>da</strong> ação juvenil inconseqüente<br />
de um grupo chamado Movimento Revolucionário<br />
8 de Outubro (MR-8), grupo esse coman<strong>da</strong>do<br />
por dois mafiosos de uma tal Aliança Libertadora Nacional,<br />
pode ser palatável àquele mercado. Mas, ain<strong>da</strong><br />
assim, é ingênuo do ponto de vista político e desrespeitoso<br />
à própria memória do embaixador, homem suficientemente<br />
corajoso para criticar, na época, a ditadu-<br />
146