Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet
Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet
Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
HISTÓRIA: FICÇÃO, REALIDADE E HIPOCRISIA<br />
Pelé e Maracanã, somos apresentados aos personagens<br />
que vão fazer caminhar a ação dramática: os guerrilheiros<br />
urbanos do MR-8.<br />
Syd Field, roteirista e um dos principais teóricos<br />
norte-americanos sobre dramaturgia para cinema, no<br />
seu livro The foun<strong>da</strong>tions of screenwriting, sustenta que<br />
é preciso conhecer muito bem o personagem para poder<br />
revelar visualmente os seus conflitos (capítulo 3,<br />
página 22). E conhecer bem um personagem é saber<br />
sobre o seu passado, construir-lhe uma sóli<strong>da</strong> biografia.<br />
Segundo o próprio Field, a vi<strong>da</strong> interior de um personagem<br />
vai do seu nascimento até o filme começar. A<br />
vi<strong>da</strong> exterior do personagem é a que nós vemos na tela,<br />
aquela que vai do início ao fim <strong>da</strong> história do filme. Os<br />
personagens de Bruno não têm passado. Ou melhor,<br />
alguns têm lá qualquer coisa próxima disso, aqueles a<br />
quem o realizador e seu roteirista resolveram privilegiar:<br />
o embaixador, o policial/militar torturador e o<br />
protagonista <strong>da</strong> história, um ex-jornalista. Os outros<br />
não: sabemos apenas que são jovens que resolveram<br />
combater a ditadura, assim, vindos do na<strong>da</strong>. Seriam<br />
estu<strong>da</strong>ntes que se conheceram no movimento estu<strong>da</strong>ntil.<br />
Unem-se, três deles, a uma gostosinha, que mais tarde<br />
intuímos (por um telefonema) ter se integrado à luta<br />
arma<strong>da</strong> porque não se <strong>da</strong>va com o pai ou com a família.<br />
E todos juntos, coman<strong>da</strong>dos por um comediante <strong>da</strong><br />
Rede Globo de Televisão (Luis Fernando Guimarães) e<br />
uma caricatura de militante <strong>da</strong> esquer<strong>da</strong> revolucionária<br />
(Fernan<strong>da</strong> Torres), iniciam a primeira parte <strong>da</strong> sua ação<br />
guerrilheira, recrutados como se fossem integrantes de<br />
144