Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet
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IZAÍAS ALMADA<br />
me chamaram mais a atenção, ambas apresenta<strong>da</strong>s em<br />
entrevistas à imprensa e TV pelo próprio diretor Bruno<br />
Barreto. Na primeira delas, cito, Barreto afirma: “Fiz<br />
um filme para os jovens, para as pessoas que não conheceram<br />
aquele período <strong>da</strong> história do Brasil [os anos<br />
60]...”, afirmação que encerra um contra-ataque aos que,<br />
vivendo e combatendo a ditadura militar, ou participando<br />
do <strong>seqüestro</strong> do embaixador norte-americano,<br />
criticaram o filme pelos erros históricos e pela interpretação<br />
enganosa de alguns dos fatos narrados. A segun<strong>da</strong><br />
questão, levanta<strong>da</strong> em declaração feita em entrevista<br />
a Jô Soares, o cineasta — acompanhado do pai e<br />
produtor — sentenciou: “Fiz um filme para o mercado<br />
norte-americano, para contar aos norte-americanos uma<br />
história sobre um seu embaixador seqüestrado no<br />
Brasil no final dos anos 60, história que os próprios<br />
norte-americanos desconheciam...” Com essas duas<br />
chaves de leitura, indica<strong>da</strong>s pelo próprio realizador,<br />
fui ver O que é isso, companheiro?.<br />
A mistura <strong>da</strong> ficção com a reali<strong>da</strong>de, no início<br />
em preto e branco do filme, remeteu-me, entre<br />
outros, ao JFK de Oliver Stone, mas é um recurso<br />
efêmero e que acaba por decepcionar. Enquanto no<br />
filme de Stone a técnica documentarista informa,<br />
sustenta e faz avançar dramaticamente a narrativa <strong>da</strong><br />
investigação, aqui ela é redutora <strong>da</strong>s próprias possibili<strong>da</strong>des<br />
que contém e não passa de um simples recurso<br />
de introdução para situar o tempo do filme.<br />
Aplicado o carimbo “Anos 60”, com direito a Jobim,<br />
Vinícius, Garota de Ipanema, Leila Diniz, Garrincha,<br />
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