17.04.2013 Views

Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet

Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet

Versões e Ficções: O seqüestro da História - DHnet

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

HISTÓRIA: FICÇÃO, REALIDADE E HIPOCRISIA<br />

roteiro, a direção de cena e a montagem), o último trabalho<br />

do cineasta carioca Bruno Barreto, coriscou como<br />

um raio os céus de um Brasil que ain<strong>da</strong> tem memória,<br />

chamuscando de maneira indelével a nossa história contemporânea<br />

e mexendo em feri<strong>da</strong>s ain<strong>da</strong> não de todo<br />

cicatriza<strong>da</strong>s. E, como é um trabalho bem feito na sua<br />

carpintaria técnica, o filme agra<strong>da</strong>, emociona e... ilude.<br />

Livre para escolher o tema que quiser, para manifestar<br />

o seu pensamento e para sensibilizar as pessoas<br />

para a sua obra, qualquer artista assume um compromisso<br />

ético, estético e ideológico com a socie<strong>da</strong>de em<br />

que vive. Seja para afirmá-la, criticá-la ou mesmo negála,<br />

ain<strong>da</strong> que o seu nível de consciência a respeito desse<br />

compromisso não lhe convença disso. Em outras palavras:<br />

como artista, posso produzir uma obra para tocar<br />

meu semelhante, para fazer vibrar as suas cor<strong>da</strong>s <strong>da</strong> razão<br />

e <strong>da</strong> emoção. Quero que ele compartilhe (ou não) do<br />

meu ponto de vista, seja um ponto de vista engajado<br />

n’alguma causa social ou descompromissado, alienado.<br />

Ideológico ou “sem ideologia”. Hipócrita ou sincero.<br />

Uma vez acaba<strong>da</strong> e comunica<strong>da</strong>, essa obra deixa de me<br />

pertencer (como reflexão ou mero entretenimento, dependendo<br />

do ponto de vista) e passa a pertencer ao tecido<br />

social no qual me incluo.<br />

Como a qualquer brasileiro — e não só — que viveu<br />

nas entranhas dos anos de chumbo, a polêmica cria<strong>da</strong><br />

em torno do filme O que é isso, companheiro? me atingiu.<br />

Antes de ver o filme já havia mergulhado na leitura de<br />

artigos, críticas, entrevistas envolvendo atores e personagens,<br />

reais ou fictícios. Nessa altura, duas questões<br />

142

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!