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Textos Poéticos e Exercícios Propostos.pdf

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Se desmorono ou se edifico,<br />

se permaneço ou me desfaço,<br />

— não sei, não sei. Não sei se fico<br />

ou passo.<br />

Sei que canto. E a canção é tudo.<br />

Tem sangue eterno a asa ritmada.<br />

E um dia sei que estarei mudo:<br />

— mais nada.<br />

Disponível em: http://www.jornaldepoesia.jor.br/ceciliameireles01.html#motivo<br />

Acesso 16 Abr 2011.<br />

Em Cantiguinha, o título já sugere a musicalidade do poema. A expressão<br />

anafórica te juro, não apenas marca ritmicamente as estrofes, como lembra o<br />

refrão – recurso tão caro à canção popular. A vida é metaforizada pela<br />

inconstância do fluir das águas, ora agitadas, ora delicadas. Em Motivo, o eulírico<br />

é o cantor dos instantes fugidios, característica comum aos poetas<br />

simbolistas, que influenciaram Cecília Meireles. A imprevisibilidade da vida é<br />

reiterada pelas antíteses gozo x tormento; dia x noite; desmorono x edifico; fico<br />

x passo. A única certeza do poeta é o canto (poema), capaz de imortalizar o<br />

instante fugaz. Há presença de rima nos dois poemas; no primeiro poema,ela<br />

acontece no final de cada estrofe; no segundo, o primeiro verso rima com o<br />

terceiro e o segundo com o quarto (rimas alternadas).<br />

Soneto da separação<br />

Vinicius de Moraes<br />

De repente do riso fez-se o pranto<br />

Silencioso e branco como a bruma<br />

E das bocas unidas fez-se a espuma<br />

E das mãos espalmadas fez-se o espanto.<br />

De repente da calma fez-se o vento<br />

Que dos olhos desfez a última chama<br />

E da paixão fez-se o pressentimento<br />

E do momento imóvel fez-se o drama.<br />

De repente, não mais que de repente<br />

Fez-se de triste o que se fez amante<br />

E de sozinho o que se fez contente.<br />

Fez-se do amigo próximo o distante<br />

Fez-se da vida uma aventura errante<br />

De repente, não mais que de repente.

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