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Margarida Ottoni - O Planeta dos Homens Sem Cor (pdf(rev)

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Comecei, então, a sentir uma força irresistível dominar-me,<br />

suscitando-me a vontade de ir lá fora, para vê-lo de perto. Seria por<br />

natural curiosidade minha, ou viria da atração inevitável daquele enge-<br />

nho? Impossível descobrir, inútil querer raciocinar, sob tamanha tensão<br />

nervosa!<br />

Como autômato, deixei a janela, corri à sala, girei o trinco da<br />

porta, puxei-a para trás, acendi a luz do corredor e, qual um raio, desci<br />

a escada. Num minuto cheguei à portaria. Abri-a com mãos trêmulas e<br />

vi-me a alguns metros da máquina fantástica!<br />

Inconsciente do perigo, corri para ela, mesmo descalça,<br />

magoando os pés nas pedrinhas do chão. Atingi o gramado e continuei<br />

a avançar, resoluta até que, sem forças, estaquei ofegante e confusa.<br />

Da nave, um farol de cor alaranjada iluminou o lugar e pegou-<br />

me em cheio. Cobri os olhos com as mãos, estonteada, e desequilibrei-<br />

me. Cai de bruços e assim fiquei, paralisada, sentindo o latejar<br />

acelerado do coração, que parecia querer saltar do peito.<br />

Surpreendentemente, o ruído infernal recomeçou, e o engenho<br />

ergueu-se como um bólido. Um momento depois, o silêncio e a paz<br />

haviam voltado. Rolando no chão, virei-me para o céu e ainda pude vê-<br />

lo afastar-se, até desaparecer entre as estrelas.<br />

Senti nas costas a umidade do solo. Sentei-me e observei o<br />

ambiente que readquirira a habitual tranqüilidade noturna. Olhei o<br />

gramado muito próximo e rememorei todo o acontecimento. Ainda<br />

trêmula, ergui-me e examinei o lugar onde pousara o objeto terrificante.<br />

Nada existia de anormal, nem sequer vestígio! Ele partira sem deixar<br />

marcas de sua passagem.<br />

Suspirei, aliviada. Ajeitei os cabelos e a roupa e já ia voltando ao<br />

prédio, quando percebi um vulto a distância. Parei para fixá-lo. Ele veio,<br />

então, ao meu encontro. À luz pardacenta do luar, não consegui<br />

distinguir-lhe as feições, mas notei, pelo porte, que se tratava de um<br />

homem. Vestia macacão escuro, calçava botas claras e usava capacete à<br />

moda <strong>dos</strong> corredores de automóvel de Fórmula 1.<br />

— Deve ser um motoqueiro metido a bacana! — pensei. — Vou

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