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Margarida Ottoni - O Planeta dos Homens Sem Cor (pdf(rev)

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egular de motor fez-me sentar e ficar à escuta. Que seria? Ronco de<br />

carro ou de motocicleta não era; barulho de avião ou de helicóptero,<br />

também não. Era um som diferente de to<strong>dos</strong> que já ouvira. Muito<br />

incômodo, agredia-me os ouvi<strong>dos</strong> até deixá-los doendo! Entretanto, não<br />

podia dizer que fosse alto ou forte.<br />

Curiosa, ergui-me, cheguei à janela, debrucei-me. Vi o mar,<br />

quebrando na praia distante, a piscina prateada de luar e o clube<br />

fechado e escuro. Nada mais! Contudo, o ruído fino e desagradável que<br />

me fazia tampar os ouvi<strong>dos</strong> pairava no ar amedrontando-me. Seria uma<br />

máquina infernal? Estaria no pavimento térreo? No telhado?<br />

Pouco a pouco, o gramado, em frente à portaria, foi-se<br />

ruborizando à luz que vinha do alto, e o som terrível começou a baixar<br />

de intensidade. Arregalei os olhos, assustada. Havia algo ali! Um objeto<br />

muito grande, circular e metálico, dava voltas e mais voltas sobre o<br />

clube, estendia os faróis para a piscina, para o campo de esporte, para o<br />

prédio, como se estivesse à procura de alguém ou de alguma coisa. Ia e<br />

vinha. ora devagar, ora depressa, subia e descia facilmente, deslocava-<br />

se para a direita e para a esquerda, em linha reta ou em espiral. Piscava<br />

múltiplas cores e girava como pião.<br />

Senti o coração pular dentro do peito. Quis gritar para chamar<br />

meus pais que dormiam no quarto ao lado, mas faltou-me a voz. Dos<br />

lábios, saiu-me apenas um murmúrio entrecortado de medo:<br />

— Meu Deus! Isto é um...<br />

Devagar, a coisa estranha aproximou-se do gramado. A menos<br />

de um metro do solo, imobilizou-se, e o ruído incomodativo cessou. As<br />

luzes, porém, continuaram a varrer o local.<br />

Fiquei rija de espanto, com to<strong>dos</strong> os senti<strong>dos</strong> presos à misteriosa<br />

aparição. Ah! Se tivesse comigo a máquina fotográfica! Se houvesse<br />

mais alguém acordado para testemunhar o que acontecia! Se tivesse<br />

ânimo para ir acordar meus pais!<br />

Em vez disso, um torpor nunca antes experimentado amorteceu-<br />

me os gestos e perturbou-me as idéias. Ainda que desejasse desviar os<br />

olhos do objeto que via, não o conseguiria nem por um instante.

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