Margarida Ottoni - O Planeta dos Homens Sem Cor (pdf(rev)
Margarida Ottoni - O Planeta dos Homens Sem Cor (pdf(rev)
Margarida Ottoni - O Planeta dos Homens Sem Cor (pdf(rev)
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
dias e 6 horas no de translação?<br />
Lembrava-me a todo momento de meus pais, não só porque<br />
sentia saudade deles, mas porque os imaginava cheios de preocupação<br />
com o meu desaparecimento. Coita<strong>dos</strong>! Decerto, não dormiam nem<br />
comiam, de tristeza. E a polícia estaria à minha procura, os jornais<br />
noticiando, o povo comentando. . .<br />
Súbito, pareceu-me ouvir um zumbido fino e regular. Era um<br />
som que se sobrepunha ao do correr das águas do riacho e ao do<br />
farfalhar da brisa no arvoredo. Vinha crescendo de intensidade à<br />
medida que os segun<strong>dos</strong> passavam.<br />
Reconheci-o, quando se aproximou, pois agredia os ouvi<strong>dos</strong>, até<br />
fazê-los doer, embora não fosse alto nem forte. Com o coração aos<br />
pulos, agarrei-me às grades e ergui os olhos.<br />
Divisei, imediatamente, uma nave a dar voltas e mais voltas<br />
sobre o jardim zoológico, riscando com o brilho <strong>dos</strong> faróis a mata, o rio,<br />
o jardim e as prisões. Ia e vinha, ora depressa, ora devagar, subia e<br />
descia com facilidade, deslocava-se para a direita e para a esquerda, em<br />
linha reta ou em espiral. Era grande, circular, metálica e girava como<br />
pião.<br />
— Um disco de Vigo! — pensei, radiante.<br />
Devagar, ele foi se aproximando da relva. A menos de um metro<br />
do solo, imobilizou-se. e o ruído incomodativo cessou.<br />
Percebi, então, que os homenzinhos verdes avançavam e o<br />
cercavam, arma<strong>dos</strong> com <strong>rev</strong>ólveres cúbicos. E vi também o farol de raio<br />
ultralux, paralisante, atingi-los, um a um. Ficaram to<strong>dos</strong> inertes,<br />
estendi<strong>dos</strong> no chão!<br />
A tampa do disco abriu-se, e uma passarela surgiu. Em seguida,<br />
apareceu um vulto cujas feições não pude distinguir de onde me<br />
encontrava. Desceu a rampa e dirigiu-se à minha gaiola. Dei um grito<br />
de alegria. Pelo porte e pelo andar, reconheci-o. Era Tálbor! E viera em<br />
meu socorro!<br />
Depois, foi uma agitação sem igual! Ele abriu a jaula e libertou-<br />
me. Juntos, corremos à de Lio e o retiramos dela. Em poucos minutos,