Margarida Ottoni - O Planeta dos Homens Sem Cor (pdf(rev)
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os fundilhos de areia, como eu.<br />
Sentei-me a seu lado, observando-o. Vi-o retirar um cigarro do<br />
bolso e levá-lo à boca. <strong>Sem</strong> acendê-lo, começou a fumar.<br />
— Ué! Estava aceso? — estranhei.<br />
— Acendeu-se ao calor de meus lábios: 37 graus. Basta um<br />
trago para acendê-lo.<br />
acendeu.<br />
— Quê? — admirei-me. — Não é possível!<br />
— Sério. Quer experimentar?<br />
— Deus me livre!<br />
— Então, veja de novo.<br />
Pegou outro cigarro apagado, colocou-o na boca, e ele se<br />
— Que bacana! -- falei.<br />
— Quem inventou isto?<br />
— Meu pai. Por quê?<br />
— Porque ele devia tirar patente deste invento, sabe?<br />
Tálbor começou a rir.<br />
— Uma coisa à-toa, como esta?<br />
— À-toa? — repeti, de queixo caído.<br />
— Se você visse tudo que temos lá em casa, não se<br />
entusiasmava tanto! — concluiu. E continuou a fumar, sereno.<br />
Fiquei atenta ao cigarro. Ele o fumou até ao fim. Nada sobrou.<br />
Mas uma coisa notei durante o tempo em que estava aceso: o rosto de<br />
Tálbor mudou levemente de tom, ruborizou-se.<br />
Perguntei-lhe de supetão:<br />
— Você acredita em discos voadores?<br />
Na certa, não esperava de mim tal pergunta, pois demorou muito<br />
a responder. Entretanto, não me surpreendeu quando disse, de forma<br />
lacônica, mas sincera:<br />
— Sim.<br />
Depois, voltou o olhar para o meu e indagou:<br />
— Você não tem medo, não é?<br />
De fato, não tinha. Nesse momento, então, sentia uma